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WOM Reviews – By The Spirits / Fellwarden / Mosaic / Osi And The Jupiter / Iro Haarla Electric Ensemble / Behind / Stone Breaker / The Halo Trees / Druadan Forest / Old Sorcery / Manuel Scuzzo / Sleep Token / Sensor / Drenagem

WOM Reviews – By The Spirits / Fellwarden / Mosaic / Osi And The Jupiter / Iro Haarla Electric Ensemble / Behind / Stone Breaker / The Halo Trees / Druadan Forest / Old Sorcery / Manuel Scuzzo / Sleep Token / Sensor / Drenagem

By The Spirits / Fellwarden/ Mosaic / Osi And The Jupiter – “Songs Of Origin And Spirit”

2021 – Eisenwald

O que esperar de um disco onde estão juntos os By The Spirits, os Fellwarden, os Mosaic e os Osi And The Jupiter? Algo fantástico, certamente. Curiosamente, sem surpresa nenhuma, é precisamente isso que temos. São quatro formas de nos fazer assombrar, cada uma delas com quatro músicas. Os By The Spirits andam entre o neo folk e o ambient opressivo e depressivo. Os Fellwarden juntam o folk e o ambient de forma quase mágica, etéreo e místico, com uma beleza impressionante. Já os Mosaic são a proposta mais inquietante e experimental, ainda que assente no folk, também no ambient e até parte no noise nalguns momentos. Os Osi And The Jupiter dispensam apresentações e elevam ainda mais a qualidade, que já estava nos píncaros, com os seus quatro temas. Folk melancólico e emocional. Uma viagem, no geral, com quatro mestres distintos do folk e ambient, para lá de única. E obrigatória.

9/10
Fernando Ferreira

Iro Haarla Electric Ensemble – “What Will We Leave Behind – Images Of Planet Earth”

2021 – Svart

A jana. A toda poderosa jana! Para os amigos estrangeiros que estão a ler esta crítica com a ajuda de algum tradutor, resta apenas esclarecer que “Jana”, no nosso mundo (e não de alguma forma algo que se possa estender à língua portuguesa) é tudo aquilo que sai ou entra da/na nossa mente que poderia ser resultado do consumo de drogas mas que é apenas inspiração tresloucada. Iro Haarla é um músico/compositor finlandês(free) jazz bastante conceituado que se resolve aventurar pelo rock progressivo. Isto dito, não é dizer o mesmo que estamos perante um trabalho de rock progressivo, clássico, puro e duro. Não, é bastante experimental na forma como se apresenta. Numas vezes consegue ser apaixonante como se estivessemos a ouvir chillout. Outras parece que se está numa dimensão totalmente diferente onde o centro de diferente difere para cada uma das pessoas. Não é de fácil audição e até, com o espírito errado, é possível ficar a detestar o que se ouve aqui (uma música como “The Spirit Bear” tem esse potencial). No entanto, de uma perspectiva aventureira, muito facilmente se fica fascinado com este terreno (não totalmente virgem mas que nos parece como tal) desbravado ao longo de doze músicas. Não será para todos e apenas por essa razão se encontra nesta posição, mas é sem dúvida um disco recomendado.

9/10
Fernando Ferreira

Stone Breaker – “Acoustic Live At Restinga Sessions”

2020 – Edição de Autor

Álbum ao vivo em modo pandemia (ou seja é ao vivo mas não se ouve/sente o público) por parte dos portugueses Stone Breaker que transformam os seus temas em formato acústico e que os tornam mais intimistas de uma forma simples. Está particularmente interessante a “Green Birdy Blues” que graças à participação de Vítor Bacalhau, torna-o num bluesorro de alma enorme. De destacar também a participação de Gabriela Magalhães no violoncelo e de Daniela Dahmen no violino (aquela “Restinga” a abrir com toques de Beatles está uma coisa do outro mundo). Uma faceta diferente mas que vale a pena conhecer de uma talentosa banda portuguesa.

8/10
Fernando Ferreira

The Halo Trees – “Summer Gloom”

2021 – Edição de Autor

O título do segundo álbum dos alemães The Halo Trees vai directamente ao ponto. De várias coisas até., Para já, enquadra-se com a capa. E depois totalmente com o som e ainda com um terceiro factor. “Summergloom” transmite aquela sensação boa onda que se identifica com o Verão, com o viver a vida de forma menos acelerada, com o relaxar, quebrar com as rotinas. Mas é um Verão versãoi 2021, onde até mesmo a tradição das coisas boas já não é o que é. Não basta o Covid, não basta o planeta ir para o buraco, também temos a forma como vivemos as coisas totalmente inalteradas – claro que vivendo no planeta que vivemos, que a forma como vivemos iria ser afectada. A não ser que se esteja em negação e nesse caso a felicidade é terna. É o despertar para uma realidade que não queremos aceitar e mesmo assim encontrar alguma paz e felicidade nela. É o que sugere a música dos The Halo Trees, um indie pop rock com melodias certeiras mas que não deixam de ter um sabor agridoce. Ah, antes que me esqueça, o terceiro factor mencionado atrás é a forma como se enquadra perfeitamente com a vida.

7.5/10
Fernando Ferreira

Druadan Forest / Old Sorcery – “Split”

2021 – Werewolf

Quem nunca, em miúdo, colou horas e horas em board games, banda-desenhada do Cona, ou RPGs?! Não?! Triste vida a tua. A verdade é que, uma série de anos depois, continuo a sentir o mesmo que sentia em garoto: um imenso fascínio por todo este mundo de fantasia que, como a muitos e muitos fãs de Heavy Metal, serviu de porta de entrada para este mundo musical. A verdade é que aquelas horas passadas a jogar consola, ou a lançar os dados, teríam sido muitíssimo mais soberbas tivesse eu acesso a uma cassetezinha de Mortiis, por exemplo (surgiu anos mais tarde, e depressa foi “abraçado”). Já deveis ter percebido que aquilo de que falamos é Dungeon Synth (banda sonora para RPGs, na minha opinião… venha quem vier). Anos e anos a viver na masmorra – em certos casos masmorra deve ler-se cave da casa dos pais – o género ganhou nos últimos anos uma dimensão enorme (há um belíssimo festival nos USA).

Estou familiarizado com os nomes mais sonantes do género, mas Druadan Forest era-me desconhecido… e que bem que soa. Imaginemos Summoning – sim, haveremos sempre de lá ir bater quando se mistura Heavy Metal e Épico – e imaginemos todo o imaginário anteriormente descrito: Druadan Forest. É um Dungeon Synth suave, leve, bastante ambiental e melódico. Remete para LOTR, óbvio! Seguindo o caminho que interliga o castelo às masmorras, damos de caras com mais um artista que se remeteu a criar atmosferas gélidas e medievais: Old Sorcery. Seguimos na toada de Druadan Forest, mas aqui encontramos uma abordagem mais áspera e com um som mais… cru. Pessoalmente, prefiro esta perspectiva, soando-me mais a castelo e guerreiros e feiticeiros (libertei o puto ranhoso em mim, compreendam). Um abordagem mais clássica, por assim dizer.

Tanto um como outro conseguem, a este escriba, remeter para o ambiente que perspectivo quando me quero emergir em masmorras e dragões. É belíssima a forma como tanto V-Khaoz como Vechi Vrajitor conseguem criar música tão visual, tão “palpável”.

7/10
Daniel Pinheiro

Manuel Scuzzo – “Greetings From Scuzzo”

2021 – Misitunes

É estranho falar-se de pop experimental, não é? Como poderá o experimental – algo que tende a ir para além da zona de conforto quer dos artistas quer, e sobretudo, dos ouvintes? Como poderá ser algo inconformado na sua forma e conformado ao ponto de se tornar popular? Não, não é uma pergunta para a qual tenha a resposta e nem é daquelas de retórica. Gostava mesmo de saber. Manuel Scuzzo é um nome conhecido na cena indie alemã e talvez surja essa associação ao pop. E depois de ouvir este “Greetings From Scuzzo” até se pode perceber essa tentação. O som é bom onda, onde o baixo tem o maior destaque a nível ritmico, com uma bateria que aparenta ser programada – feeling da pop da década de oitenta e com pormenores marcantes de guitarra que fazem a diferença na forma como a música se desenrola. Os pormenores electrónicos, tal como a bateria, também são vintage e isso traz-lhe um certo carácter. Instrumental (tirando uns breves momentos de spoken word ou na “Fünf Länder Eine Reise” e “Liebeslied”) e com uma ligação também ao folk, é uma mistura que é refrescante ainda que nem sempre seja marcante. Seja como for, é bom para lavar os ouvidos e simplesmente relaxar.

7/10 
Fernando Ferreira

Sleep Token – “This Place Will Become Your Tomb”

2021 – Spinefarm

Apesar de na sua génese o som do duo Aspidium seja bastante directo, consegue-se apanhar uns pormenores melódicos bem interessantes. Algo que não seria expectável numa proposta de black/death metal. Esse até é um pormenor que vamos interiorizando bem, já que faz bem no que à dinâmica diz respeito. A questão é que conforme o álbum vai avançando, essa dinâmica vai-se tornando progressivamente menos eficaz e instala-se uma certa tendência para o marasmo onde a repetição não é definitivamente benéfica.

6.5/10
Fernando Ferreira

Sensor / Drenagem – “Split”

2021 – Enfermo Distro

Jams. No conceito, como eu o entendo, uma banda começa a tocar com vários objectivos ou até mesmo sem qualquer tipo de objectivo a não ser tocar. E nesse contexto a magia parece sempre acontecer. Claro que num contexto experimental, essa classificação de magia é sempre um bocado mais subjectiva (ainda mais do que aquela que poderia assumir inicialmente). Temos então aqui duas jams, uma dos Sensor e outra dos Drenagem. Os Sensor surgem com uma sonoridade bem mais abrasiva e caótica daquilo que lhes conhecíamos. Com uma abordagem mais apoiada no noise mas que não deixa de ir buscar algum daquele requinte jazz com que já se espera. Os Drenagem ainda acrescentam mais caos e barulho à sua metade do lançamento. A níveis quase insuportáveis. Se a sonoridade dos Sensor surge mais crua em relação ao que lhes conhecíamos, os Drenagem apresentam uma gravação em modo ensaio que terá um interesse reduzido para além do da curiosidade.

6/10
Fernando Ferreira

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