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WOM Reviews – Caliban / Fear Factory / Bodoni / Boom Dox / Blood Of The Phoenix / April 21st / To Octavia / Riseup

WOM Reviews – Caliban / Fear Factory / Bodoni / Boom Dox / Blood Of The Phoenix / April 21st / To Octavia / Riseup

Caliban – “Zeitgeister”

2021 – Century Media

Por muito que torça o nariz ao metalcore (e torço), quando é para me render às evidências é algo que o faço sem problemas. Os Caliban sempre foram para mim um bom exemplo de fazer parte de um movimento mas não estar sujeito às regras. A banda sempre cativou a sua própria personalidade e originalidade e esse sempre foi um dos motivos de interesse. “Elements” já foi lançado em 2018 e agora aqui temos o novo álbum, “Zeitgeister”. Primeiro ponto que salta à vista, álbum completamente em alemão, o que revela confiança. Podendo ser sempre um suicídio comercial, não creio que neste caso faça alguma diferença já que a banda tem um conjunto de canções forte e potente que combina a violência com melodia da melhor forma. Aqui e ali encontramos alguns pontos em comum e que poderão causar enfado a quem não gosta de metalcore mas o forte da banda continuam a ser as canções que constroem. Apesar de não ser cantando em inglês, não deixa de ser um dos trabalhos mais imediatos da banda. Se irá superar a longo prazo é algo que ainda não consigo dizer, mas é refrescante o suficiente para arriscar no sim.

8.5/10
Fernando Ferreira

Fear Factory – “Agression Continuum”

2021 – Nuclear Blast

É um regresso esperado ainda que simultaneamente agridoce. Os Norte-Americanos Fear Factory estão de volta com o seu décimo álbum de originais ‘Aggression Continuum’, no entanto este pode muito bem vir a ser o último álbum da banda ou pelo menos o último com a icónica dupla Dino Cazares/Burton C. Bell pois aparentemente o seu já longo conflito chegou mesmo a um ponto sem retorno. Estes dois incontornáveis membros da banda já na altura de ‘Transgression’ tiveram um confronto que resultou numa abrupta e precoce separação da banda, no entanto desta vez é mais provável que a separação entre os dois seja definitiva. Os Fear Factory tem de facto sido pioneiros de um subgénero especifico, apresentado desde a fase inicial da sua carreira a sua muito particular versão de Industrial levando o termo quase ao literal apresentado sonoridades sempre pautadas por um ambiente mecânico e fabril e ‘Aggression Continuum’ acaba por ser um bom exemplo do que a banda melhor sabe fazer, tendo os atritos dentro do seio da banda acabado por não se reflectirem nas sonoridades do álbum. Faixas como ‘Disruptor’, ‘Fuel Injected Suicide Machine’, ‘Manufactured Hope’ e ‘Cognitive Dissonance’ são excelentes exemplos do imponente, mecanizado e inumano poder dos riffs embebidos em Thrash Industrial “escoltados” por uma verdadeira torrente de incessantes e resilientes batidas rítmicas.

8/10
Jorge Pereira

Bodoni – “Domestik Violence”

2021 – Edição de Autor

A pergunta que nos é feita no comunicado de imprensa de “Domestik Violence” não é assim de tão fácil resposta como se possa pensar: “Como é que soa o grunge em 2021?” Isto porque sempre achei que o termo usado para categorizar todas aquelas bandas que surgiram no final da década de oitenta e meados de noventa náo foi mais do que algo usado para dar hype e que muitas editoras e revistas aproveitaram a seu favor. No entanto não deixa de ser eficaz em colocar uma ideia em mente – por muito vaga que seja afinal a amplitude de Nirvana a Soundgarden e de Alice In Chains a Pearl Jam é enorme. Ideia essa que não é defraudada pelos Bodoni. Rock, punk, alternativo, tudo junto, tudo bem mexido e misturado e estamos perante um álbum curto, intenso e que poderá agradar a todos os que gostam da vertente mais directa da música. Ou seja, agrada mais a quem gosta de Nirvana do que a quem gosta de Alice In Chains, apesar de termos aqui umas passagens a fazer lembrar estes últimos como em “Midtown Massacre”. Apesar do estilo estar mais morto que enterrado, não é razão para não se receber bem um trabalho destes que consegue causar boa impressão sem ser demasiado óbvio ou esforçar-se demasiado. Recomendado.

8/10
Fernando Ferreira

Boom Dox – “Dead Nation”

2021 – ROAR! Rock Of Angels Records

Rap metal. Um termo que nunca fez moda mas que em termos musicais sempre nos trouxe coisas boas como Rage Against Machine, Body Count (cujo baixista/ocasional vocalista Vincent Price dá aqui uma perninha na “Leave No Man Behind”) e Clawfinger para citar os mais óbvios. Não era algo que esperavamos que viesse da Rock Of Angels Records, que sempre nos habituou a propostas mais tradicionais. Uma surpresa que se revelou bastante boa. Instrumental forte, com até solos de guitarra bastante inspirados. E tenho que dizer que dos nomes atrás citados, é o de Clawfinger que faz mais sentido se bem que é com uma base instrumental bem mais orgânica. Poderá não ser a coisa mais original do mundo nem marcante, mas que é divertido e até memorável, de forma moderada, é. Definitivamente.

8/10
Fernando Ferreira

Blood Of The Phoenix – “From What We Used To Know”

2021 – Edição de Autor

Boa surpresa estes três temas dos Blood Of The Phoenix. Conforme li que eram considerados como metalcore progressivo confesso que tive alguma apreensão. Principalmente porque quando temos o uso do termo “progressivo” neste contexto, o mesmo raramente corresponde à realidade. E até nem corresponde, mas ao contrário dos casos atrás citados, o que fica também não é simplesmente “metalcore” (não que haja algo de errado com isso). A produção é crua, como se tivesse sido captada ao vivo e as vocalizações são viscerais e melódicas também. É pouca matéria para grandes conclusões mas posso dizer que no final, fica a vontade de ouvir mais. Não é metalcore progressivo e tenho até dúvidas se metalcore é a melhor forma de definir (há falta de melhor, terá de servir) mas é bom, definitivamente.

7.5/10
Fernando Ferreira

April 21st – “Courage Is Born From Fear”

2021 – Eclipse Records

Este EP marca a estreia dos brasileiros April 21st na Eclipse Records, e será uma oportunidade para a banda brasileira chegar a muitos sítios que antes não tinha capacidade para tal, isto em termos de distribuição. Som moderno, muito apoiado no metalcore (e nos seus lugares comuns) mas que consegue cativar facilmente apesar disso. Não impressiona ao ponto de ser memorável, mas certamente que os fãs do estilo vão gostar.

6.5/10 
Fernando Ferreira

To Octavia – “Somewhere In A World, Not Of The Dream”

2021 – Edição de Autor

Segundo EP dos australianos To Octavia (a sério, pessoal, os vossos nomes estão cada vez mais estranhos) que mostram saber muito bem como meter as coisas a mexer. A fórmula deles consiste em juntar rock alternativo, nu metal e claro metalcore. Tudo bem baralhado e misturado de forma a que soe (mais ou menos) original. As emoções e melodias à flor da pele mas também peso. Nada de novo nem nada de entusiasmante mas ainda assim recomendado para quem sabe que é isto que quer. É para eles que se recomenda “Somehere In A World, Not Of The Dream”.

6/10
Fernando Ferreira

Riseup – “Destructive Machine’s Chilling Time 3:27”

2021 – Eclipse Records

Da Polónia, groove. Muito groove e também peso, por parte dos Riseup com um álbum que apesar de estar a ser lançado agora em 2021 poderia igualmente ter sido lançado em 2011 – ou até mesmo antes – que não iria ser deslocado. E com isto vem a sensação de não ser nada de propriamente novo. Todavia, e este é um ponto importante, há diversão para todos os que gostam de algo que tanto pode pender para o já se conhece do nu metal e também do thrash mais groove. Estilisticamente até bate nos botões correctos para os fãs deste estilo mesmo que não tenhamos aquele tema emblemático capaz de conquistar um indeciso.

6/10
Fernando Ferreira

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