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WOM Reviews – Carcolh / Ritual King / Felgrave / Sarin / Starified / Córtege / Dislaze / Slough Of Despair

WOM Reviews – Carcolh / Ritual King / Felgrave / Sarin / Starified / Córtege / Dislaze / Slough Of Despair

Carcolh – “The Life And Works Of Death”

2021 – Sleeping Church Records

Que grande álbum. Será um bocado cedo para dizer isto, até porque normalmente a coisa até pode correr mal neste tipo de futurologia, mas este tem tudo para ser um dos grandes álbuns de 2021 dentro do doom metal. Um álbum onde os riffs são excelentes e memoráveis e onde a voz consegue soar bem refrescante. Não é, contudo, um álbum totalmente imediato porque há um tema, “Aftermath” que poderá inverter a tendência dos temas anteriores. No entanto esse tema menos low profile torna-se essencial para antever “Sepulchre”, o épico que fecha o álbum de forma sublime. Tirando esta questão que poderá fazer alguns menos entusiastas desistirem, este é um álbum espantoso que vos irá surpreender tanto quanto a mim surpreendeu.

9/10
Fernando Ferreira

Ritual King – “Ritual King”

2020 – Ripple Music 

Que groove tão bom. A sério, como é que é possível haver alguém que não gosta disto? O factor meio etéreo, meio psicadélico aliado ao peso dos riffs, com o baixo a marcar o groove, com ou sem a guitarra por cima, seja no ritmo ou seja a solar – e com o wah, os solos são de chorar, literalmente por mais. Pressupõe, obviamente gosto pelo rock clássico da década de setenta, pelo stoner psicadélico e pelo espírito arrastado do doom (ou seja da base que os Sabbath criaram quando na verdade estavam a apoiar-se no blues obscuro da década de sessenta para criarem algo completamente novo). Um álbum que se ouve muito bem e que nos faz encostar e apreciar as coisas boas da vida. Desde que a música esteja no topo dessa lista, obviamente.

9/10
Fernando Ferreira

Felgrave – “A Wanning Light”

2020 / 2021 – Personal Records

Lançado apenas de forma digital no ano passado e agora repescado pela Personal Records para uma edição em CD, a estreia desta one-man band noruguesa é bem interessante. Algures entre o death metal cavernoso e um doom metal mais expansivo, o resultado é, no mínimo, entusiasmante.  A melancolia e a melodia unem-se numa frente que é tanto opressiva como pesada. Os temas, quase todo longos, não tornam este trabalho aborrecido, sentindo-se que não temos momentos mortos por aqui – algo que é mais que notório no épico final “Oracular” com doze minutos de música. Um nome a reter certamente no espectro do death/doom metal.

9/10
Fernando Ferreira

Sarin – “You Can’t Go Back”

2021 – Prosthetic Records

Há discos que demoram tempo a conquistar. Que são exigentes, peculiares, estranhos e obrigam à procura por parte do ouvinte dessas mesmas características – que normalmente não são aquelas que se têm na hora de ouvir música. Isto de uma forma geral, claro. E depois há discos que nos capturam à primeira, que têm um gancho (normalmente mais que um mas muitas das vezes basta apenas um) que nos agarra logo. Mesmo que saibamos que até possa ser algo que nunca mais se vá ouvir na nossa vida, que não seja a nossa praia. Não sendo essa a minha experiência pessoal com “You Can’t Go Back” dos canadianos Sarin, é sem dúvida esse o impacto e o poder que têm para causar. Visceral e emocional, duas características que são sempre vencedoras. Um álbum curto mas que preenche espaços vazios que nem sabíamos que existiam. Discos assim são mesmo especiais.

9/10
Fernando Ferreira

Starified – “Fat Hits”

2021 – Ripple Music

“Fat Hits” é um título arrogante, não é? Bem, pelo menos confiante, ou simplesmente bem humurado. Quanto a mim até representativo do que se pode ouvir aqui. Temos o som gordo do rock ora stoner ora alternativo (de uma maneira southern) que tem sido aprimorado e que encontra aqui no seu terceiro álbum o seu expoente máximo. A voz de Vadim Ambastsumian (que não só tem um nome complicado, como tem um excelente timbre e é ainda o baterista da banda – quão old school é isso?) é fantástica e agarra-nos, com tantos ganchos quanto os das guitarrass. A sua versatilidade é a sua grande arma e mesmo não conseguindo manter sempre altos os níveis de intensidade – também faz parte da dinâmica – é fonte de prazer crescente e que tem muito mais a ofercer do que se esperaria à partida de um álbum stoner.

8/10
Fernando Ferreira

Córtege – “Chasing Daylight”

2021 – Desert Records

Heavy Ambient Doom. É uma descrição inventada como qualquer outra. Eu gosto destas descrições, não delas em si mas da forma como obriga a que se tente descobrir de onde é que ela veio. Outras descrições parvas ainda são melhores, como se que isto é o equivalente a termos os Shadows (sim, aqueles que começaram nos anos sessenta e são a base para o pós rock) a tocar funeral doom com o John Carpenter (sim o realizador de filmes de terror e também compositor das bandas sonoras dos seus próprios filmes) como teclista. Estapafúrdio,  não é? Mas resulta até porque é bastante próximo do que podemos ouvir aqui. Música instrumental, barulhenta quando quer assim como deixa o espaço respirar quando precisa. Cinematográfica e com capacidade para criar imagens. Nem é preciso justificar mais, estamos convencidos.

8/10 
Fernando Ferreira

Dislaze – “Zero”

2020 – Edição de Autor

Estreia sólida por parte dos brasileiros. “Zero” é um álbum que parece mais simples de catalogar do que é realmente. Esta é uma preocupação inútil, poderá pensar o caro leitor, e é, de certa forma. Apenas achei importante porque reflecte a sua versatilidade. Temos um pouco de espírito gingão, temos o groove do metal mais moderno, temos excelentes e inspirados solos de guitarra. Não, não é tarefa fácil defini-los mas poderá ser uma boa forma de se tornarem memoráveis mesmo que não sejam um poço de originalidade. A originalidade está sobre-valorizada, principalmente perante álbuns destes. Quando o groove e o feeling se juntam, o resultado só poderia ser bom.

8/10
Fernando Ferreira

Slough Of Despair – “Catacombs Of Terror”

2020 / 2021 – Chaos Records / Personal Records

Estreia dos gregos Slough Of Despair, que foi lançada sobre a forma de independente no ano passado e que agora foi repescado pela Chaos Records e a Personal Records. Temos uma sonoridade lenta e arrastada que nos primeiros instantes nos traz ali uns repentes de Paradise Lost e My Dying Bride antigo, onde o death e o doom se fundiam de forma bastante peculiuar e memorável. É esse sentimento nostálgico (mais do que propriamente a referência a estes ou outros nomes específicos) que vai preenchendo os espaços conforme os temas se sucedem. Será o suficiente para quem procura algo do dito período em questão (final da década de oitenta e inícios da década de oitenta) e, obviamente, tem amor ao doom. A sobriedade é a sua grande arma – conseguindo superar a unidimensionalidade do seu som.

7/10
Fernando Ferreira

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