Review

WOM Reviews – Clayhands / A River Crossing / Jordsjø / Anarch

WOM Reviews – Clayhands / A River Crossing / Jordsjø / Anarch

Clayhands – “Is This Yes?”

2021 – Bird’s Robe

Pós-rock cinematográfico é logo à partida um rótulo que nos cativa. Afinal a imagem surge sempre associada ao som, mesmo que seja na nossa cabeça apenas. E este particularmente, onde a imagem evocada são de filmes que nunca foram filmados (e provavelmente nunca serão). A nossa cena favorita. Clayhands neste “Is This Yes?” começa de mansinho, à boa maneira pós-rock. Quase sem se dar por ele. Quando se dá conta já lhe demos três voltas seguidas e estamos a preparar-nos para ir para a quarta quando o corpo físico dá sinal de que estamos há muito tempo sem ingerir sustento. Poderá ser perigoso para o corpo mas fará milagres para a mente!

8.5/10
Fernando Ferreira

A River Crossing – “Forsaken”

2021 – Antigony

A maneira de fugir a becos sem saída é sem dúvida olhar para além das barreiras que supostamente estão a prender a criatividade. Na minha opinião foi precisamente isso que os A River Crossing fazem neste “Forsaken”, que juntam à sensibilidade pós-rock, que continua bem presente a nível instrumental, algo extra. Esse algo extra até pode ser algo mais comercial ou de fácil acessibilidade mas não diminui em nada a música que está presente neste disco. A intensidade emocional é bastante acima da média – aliás, tal como é esperado num disco de pós-rock – mas é a riqueza do extra que faz com que este disco escorregue tão bem. Sem dúvida que estamos perante um álbum que qualquer fã do estilo vai gostar assim como vai apelar para além dessa esfera.

8.5/10
Fernando Ferreira

Jordsjø – Pastoralia”

2021 – Karisma

A banda fundada em Oslo, em 2014, sempre teve pretensões de transpor a magia dos anos 70 para o nosso tempo com toques de produção mais apurados e cuidados. Ora, “Pastoralia” foi o lançamento de 2021 que traz à superfície um som à Camel e Gentle Giant e uma inteligência muito sinfónica à Yes. O som neste longa-duração é muito progressivo, apesar de não ter grandes picos de intensidade narrativo ou instrumental. Ainda assim, é um belo álbum e demonstra que a magia dos anos 70 pode perdurar com grupos como os Jordsjø.

8/10
Fernando Ferreira

Anarch – “Talsa”

2021 – Dungeon Squid Productions

Na minha cabeça sempre dividi o pós-rock e o pós-metal pelo peso. Ambos dependem muito do sentido de atmosfera mas o segundo por norma carrega no peso como se não houvesse amanhã. E no conceito lírico na maior parte das vezes não há. Ora este “Talsa” consegue trocar-me as voltas. Por um lado tem um peso negro para o qual não estava preparado, por outro tem aquela sensibilidade emocional bem própria do pós-rock. O que interessa isto, são só prateleiras, certo? Sim, mas as nuances, as nuances são tudo, principalmente quando nos permitem distinguir num campo onde as distinções são difíceis de encontrar. Esta one-man band é bastante interessante por conseguir apresentar uma identidade própria embora lhe falte um certo valor orgânico que seria fundamental ter. Valor orgânico que podemos ignorar focando outros valores mas fica no ar a questão de como seria isto se fosse menos maquinal.

7/10
Fernando Ferreira

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