WOM Reviews – Depths Of Hatred / Winterleaf / Hanternoz / Meadows End / Mara / Dargor / Solfernus / Dreams In Fragments
WOM Reviews – Depths Of Hatred / Winterleaf / Hanternoz / Meadows End / Mara / Dargor / Solfernus / Dreams In Fragments
Depths Of Hatred – “Inheritance”
2021 – Prosthetic Records
Há alturas na vida em que eu penso que não percebo nada disto. Como quando vejo os Depths Of Hatred definidos como deathcore. Isso faz confusão porque os elementos característicos do estilo não estão presentes – isto não invalidando a qualidade ou não desses elementos. A banda tem si muitos elementos modernos na sua música, onde até se aproximam mais do metalcore do que propriamente do deathcore, principalmente pela forma como usam a dicotomia entre as vozes limpas e guturais. A melodia é sem dúvida essencial para o que se pode ouvir aqui reforçando ainda mais o peso quando o mesmo explode. Seja provocada pelos samples orquestrais como pelas guitarras lead em harmonia. É o terceiro álbum, que surge após sete anos do segundo ter sido editado e que demonstra a banda como estando a um nível enorme de qualidade que recomendo conferir. Se vos fizer confusão a dança de rótulos, sigam apenas a música.
9/10
Fernando Ferreira
Winterleaf – “Leaves Of Winter”
2021 – Edição De Autor
Equilíbrio muito interessante entre o death metal melódico e o doom metal mais melancólico neste trabalho de estreia da one-man band grega Winterleaf. Recomendo vivamente para quem tem saudades desta sonoridade que era mais comum de encontrar na década de noventa. Sem revivalismos forçados, com um som moderno, a qualidade deste EP é tremenda que consegue impressionar apenas com dois temas – desconsiderando a intro “Perpetual…” Peso, melodia e um extremo bom gosto na composição. Futuro que será brilhante, certamente.
9/10
Fernando Ferreira
Hanternoz – “Au Fleuve De Loire”
2021 – Antiq Records
Tenho que começar por confessar que esta vida de andar sempre a ouvir música não é fácil. Isto se se coloca em cima de si a pressão de querer fazer um bom trabalho. Isto porque, as primeiras audições a este “Au Fleuve De Loire” não trouxeram um efeito positivo. Ou pelo menos pela qualidade que tem e merece. O estilo mais clássico do black/death metal melódico que vai beber muito aos elementos folk e ao conceto pagão não teve o impacto esperado – sendo um género que tenho um especial carinho. Nestes casos, em que se fica com a sensação de que esta impressão não será a final, o melhor a fazer é haver um pousio para mais tarde voltar a ele. E eis que essa pausa revela-se (quase) milagrosa para ver e sentir a música de outra forma. O seu carácter épico e pagão não é novo – a ideia de que se tinha do “clássico” manteve-se – mas este duo francês mostra que apesar dos treze anos de ausência, isso não serviu para que mudassem a sua identidade nem sequer para ficar estagnados no tempo. Uma evolução na idade estabelecida é o que conquista todos os que gostarem de folk, metal, melodias, peso e o imaginário de tempos já idos ou que foram apenas imaginados.
8.5/10
Fernando Ferreira
Meadows End – “Sojourn”
2016/2018 – Black Lion Records
Lançado há cinco anos atrás, este álbum recuperado não muito tempo depois pela Black Lion Records e até hoje mantém o seu poder intacto. Melódico e fazendo uma junção entre os estilos mais extremos – embora tenha de confessar que é o death metal que tem avanço nesta corrida – com resultados fantásticos. É um álbum para um público definido, porque nem sempre quem gosta de guturais aprecia esta dose de melodia e vice versa. Contudo o resultado é mesmo fantástico e temos aqui um álbum sólido ao qual é difícil de largarmos sem ouvir até ao final – apesar de ser bastante longo. Mesmo havendo muitos lugares comuns neste estilo, a banda sai-se bem, com um trabalho que é sempre refrascante. Mesmo com cinco anos em cima. (Aposto que com muitos mais até).
9/10
Fernando Ferreira
Mara – “Djävulstoner”
2021 – WormHoleDeath
Mais uma estreia por parte da sempre atenta WormHoleDeath. Os Mara são suecos e tocam uma personalidade forma de death metal melódico que apela também ao metal mais pagão. Não é por serem suecos que assumem a forma mais tradicional do estilo. Aliás, admito que apenas os classifico dessa forma por proximidade porque o seu som é realmente algo único – na medida em que é possível dizer uma coisa destas hoje em dia. A conjugação dos vários elementos da música extrema surge de forma a beneficiar os ganchos melódicos que são eficazes mas que também beneficiam o lado mais épico. Parece-me no entanto que a banda anda à procura do seu som mas sendo este primeiro álbum é natural que isso aconteça. Seja como for, por aquilo que apresentam, o resultado é bem positivo.
8/10
Fernando Ferreira
Dargor – “Descent Into Chaos”
2021 – Edição de Autor
Segundo EP dos polacos Dargor, que trazem uma sonoridade mais melódica dentro do reino do black metal. EP que é apresentado de forma bastante sui generis, através do Youtube, onde é tocado pela banda na íntegra. Não sei se o mesmo vai ter edição física, mas esta apresentação está fantástica em termos de imagem e som e ao conhecer estas músicas desta forma é um impacto totalmente diferente. Sabe a pouco para ficar com uma ideia definida do potencial da banda, mas parece-nos que o mesmo é imenso.
8/10
Fernando Ferreira
Solfernus – “Neoantichrist”
2017 – Satanath Records
Opção estranha receber uma promo digital em que todo o álbum está condensado numa só faixa. Obriga mesmo a ouvir o trabalho por inteiro, algo que é natural para mim, já que prefiro ouvir os trabalhos como um todo. A sonoridade é black metal melódico mas com grande foco na parte metal – ou seja, riffs, leads e até groove (calma pessoal, podem largar as pedras, nada que faça sair de carácter o que se entende por black metal melódico). Esta banda da Républica Checa tem um potencial muito grande e apesar de alguns lugares comuns, há por aqui muitos temas de valor – mas ouvir tudo de seguida também não é tortura nenhuma.
7.5/10
Fernando Ferreira
Dreams In Fragments – “When Echoes Fade”
2021 – Boersma Records
Segundo álbum dos suiços Dreams In Fragments que trazem para o metal sinfónico uma inocência que se julgava perdida. Uma inocência que no seu caso resulta. Os teclados e a voz de Seraina Schöpfer são os elementos intervenientes que mais atenção conseguem concentrar e as músicas que estão aqui contidas colocam-nos a memória a trabalhar e a ir para a década de noventa à procura daquele feeling em que o metal gótico começou a dar lugar ao sinfónico – ou pelo menos começaram a andar de mãos dadas. É um álbum indicado para quem tem esse gosto mais old school com o metal sinfónico e melódico. As composições estão cheias de pormenores interessantes e até com alguns detalhes electrónicos que ficam bem. Poderá soar datado para alguns mas haverão aqueles que vão gostar deste estilo.
7/10
Jorge Pereira