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WOM Reviews – Enslaved / Collars / Weesp / Witchwood / The Oneira / Ghost Toast / Gianluca Ferro / GC Project

WOM Reviews – Enslaved / Collars / Weesp / Witchwood / The Oneira / Ghost Toast / Gianluca Ferro / GC Project

Enslaved – “Utgard”

2020 – Nuclear Blast

Estes noruegueses sempre pautaram a sua já longa carreira pela não linearidade; nunca foram só mais uma banda a tocar Black Metal de inspiração Viking / Pagan; nunca fizeram um álbum exactamente igual ao seu antecessor; nunca se conformaram com uma fórmula vencedora; sempre se dispuseram a quebrar barreira e a levar a seu som ainda mais longe. Evolução, dirão uns, mutação sonora, dirão outros, total poder sobre as suas decisões, dirá a banda, digo eu. De qualquer das formas, novo álbum de Enslaved siga o reabrir da caixa de Pandora, menos os perigos, os demónios e os cataclismos… e uma imensidão de surpresa. Mentiria se dissesse que aprecio os  Enslaved de hoje, como aprecio os Enslaved de há mais de 15 anos. Não deixo de ficar entusiasmado quando sai novo trabalho. Talvez haja uma esperança de, pelo menos, um novo “Isa”. Mas insistem em não me fazer a vontade, safados! Ao invés, dão mais um passo – na direcção escolhida – e apresentam mais uma visão muito pessoal do som Enslaved. “Utgard”, uma miscelânea de Prog com momentos mais ásperos e gélidos: Enslaved sound! Toda a estrutura musical é um reflexo da criatividade dos membros da banda, que conceberam uma entidade que se destaca exactamente por esse “pequeno” detalhe: foram capazes de conceber um som próprio. Som esse que vive, hoje, com mais de um pé na esfera do Prog, tendo perdido quase totalmente qualquer marca da era Black Metal – “Eld” ou “Frost”, p.e. – as vocalizações de Grutle seguem sendo soberbas! “Urjotun” é daqueles temas que… nunca imaginei ver a dupla, Ivar e Grutle, apresentar aos fãs. Quase dançável, numa toada muito mais moderna, mas ainda assim há algo nesta que nos remete para Enslaved. Verdade seja dita, o grunho do Grutle é bastante próprio. O recurso a vozes limpas mantém-se (“Homebound” apresenta-nos as capacidades vocais de Iver Sandøy, baterista). Aqueles que não se afastaram da banda após o “Runn” (é deste para o “Vertebrae” que se sente, na minha opinião, a maior diferença) sabem perfeitamente o que podem encontrar aqui. Independentemente de não os considerar, hoje em dia, A ou B, é inegável a qualidade que a banda preserva e que explana em cada um dos seus lançamentos. Banda que extrapolou as – circunscritas – fronteiras dos géneros, regendo-se pela vontade de fazer música. Não deixa de ser engraçado, sem qualquer sentimento jocoso, ver o quanto algumas das maiores bandas do fenómeno noruguês de Black Metal divergiram do som que ajudaram a criar / solidificar. Últimas considerações: fãs de Opeth e Borknagar, já sabeis!

7/10
Daniel Pinheiro

Collars – “Tracoma”

2020 – Karma Conspiracy Records

Trabalho de estreia dos Collars, banda onde pontuam membros dos Ornaments e Nadsat. Paisagens sonoras muito interessantes, onde o pós-metal se funde com um espírito mais prog e até algo doom para nos trazer temas instrumentais que nos fazem perder fora do nosso corpo – sempre a melhor forma para se ficar desorientado. E não, não é de uma forma negativa. Com o recurso a riffs e melodias invulgares, este álbum serve como veículo para deixar sair os sentimentos mais recalcados sem que se dê conta. Mantras, ora mais suaves, ora mais violentos, que nos conduzem exactamente aonde devemos ir, mesmo que esse sítio seja desconhecido. Que provavelmente será. Não é uma viagem alegre mas isso não lhe retira a validade.

8.5/10
Fernando Ferreira

Weesp – “Боль”

2020 – Edição de Autor

Da Bielorrússia temos os Weesp, com este álbum, o seu quarto que surge pelo terceiro ano sem descanso. A língua é efectivamente uma barreira mas a fora como este pós-rock ou pós-metal soa é mesmo capaz de nos chegar ao coração – provando que a música é mesmo a linguagem universal, capaz de superar todo e qualquer obstáculo. Claro que a linguagem torna um bocado mais difícil a identificação de faixas individuais, mas por um lado, ainda bem, já que parece ser uma boa desculpa para ouvir a obra como um todo. Será sem dúvida proveitoso. Quererei voltar aqui muitas mais vezes no futuro.

8.5/10
Fernando Ferreira

Witchwood – “Before The Winter”

2020 – Jolly Roger

Terceiro álbum dos Witchwood que trazem aquele som boa onda vindo da década de setenta. Em vez de emular o som clássico do rock, aquilo que temos é uma autêntica máquina do tempo que nos transporta com classe por toda uma época, que se formos a ver bem, não existiu mesmo (pelo menos, não no plano existencial para quem não viveu a dita épica) e apenas está preenchido na nossa cabeça pela imagens que trabalhos como este nos trazem. Classe inesgotável e boa onda que parece que é eterna. Parece? Se calhar é…

8.5/10
Fernando Ferreira

The Oneira – “Injection”

2020 – Rockshots Records

The Oneira são uma banda de rock progressivo e “Injection” é o seu mais recente trabalho. Gostei especialmente dos arranjos vocais, uma voz melódica e limpa a destacar-se. Destacam-se também os variados solos de teclado que, no meu entender, funcionam bem com o restante instrumental. Também tem bons solos de guitarra e no teral trata-se de um álbum com excelentes melodias.  Recomendo vivamente para fãs de rock dos anos 80 e power melodico e progressivo.

8/10
Nídia Almeida

Ghost Toast – “Shape Without Form”

2020 – Inverse Records

Os Ghost Toast são ainda um grupo relativamente desconhecido do público português, sobretudo pelo facto de fazerem questão de se manterem na obscuridade com um rock progressivo instrumental. Desta feita, em Março de 2020, “Shape Without Form”, nome inspirado num poema de T.S.Elliot, é um longa-duração com um conceito dinâmico sobre teorias comportamentais dos seres humanos. Instrumentalmente, não há muito a dizer, devido a uma qualidade óbvia de um quarteto que toca junto há muitos anos. Os temas têm uma toada realmente pesada, com vários artífices técnicos e de produção a completarem as faixas, juntamente com um conceito muito progressivo. A sonoridade é claramente progressiva, apesar de o grupo ser apelidado de rock progressivo, muito do que se ouvirá neste disco é de metal progressivo puro e duro, com as músicas “Y13”, “Frankenstein’s”, “Eclipse” e “W.A.N.T.” a merecerem especial atenção. Os húngaros podem não surpreender os seguidores com este quarto álbum, mas conseguem envolver a audiência com um belo conjunto de faixas pesadas e realmente bem estruturadas. Pode não ser o melhor álbum instrumental alguma vez lançado, tendo até sido ‘apupado’ por outra crítica profissional, mas consegue atrair a atenção com um conceito imaginativo e sem letra, enrolando-nos num mundo que pertence aos Ghost Toast, mas que é criado com o apoio de muitas outras obras, incluindo os filmes “1984” ou “Apocalypse Now”.

7/10 
João Braga

Gianluca Ferro – “Cosmic Dead Ringers”

2020 – Volcano Records

Gianluca Ferro tem um talento impressionante. Multi-instrumentista que poderá dar mais nas vistas pelo seu trabalho de guitarra mas que também se pode considerar um excelente compositor. “Cosmic Dead Ringers é o quarto álbum de originais e é mais um passo em frente naquilo que o músico faz. Temos uma base moderna, djenty, onde se juntam arranjos que não estariam desfasados de uma dessas novas ondas de metal progressivo. Sendo pequeno, é um trabalho que se absorve bem, sem qualquer problema. Aliás, o único problema será mesmo sentir-se ao longo do caminho como algo banal. Bem construído, bem tocado e bem produzido, mas… banal.

6/10
Fernando Ferreira

GC Project – “Two Of A Kind”

2018 – Sliptrick Records

Interessante projecto de rock progressivo que dá repentes daquele rock FM bastante em voga na década de oitenta. Poderá parecer a junção de sentimentos contraditórios mas os dois até se enquadram bastante. Se calhar será a isso que se refere a capa/título – mas provavelmente não. Não consegue cativar o suficiente para que nos lembremos dele muito tempo após o termos ouvido mas ainda assim, quando se ouve, ouve-se bem. Até conseguimos encontrar aqui algum peso, nomeadamente no trabalho de percussão.

5.5/10
Fernando Ferreira

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