WOM Reviews – Eschaton / Apathie / Irae / Nocturnes Mist / NEDXXX / Donarhall / Coil Commemorate Enslave / Belore / Etoile Filante
Eschaton / Apathie – “Lichtkvlt”
2019 – Edição de Autor
Bom, este Split teve mais impacto que muitos álbuns. Começando logo com os austríacos Eschaton que apresentam uma mistura muito bem equilibrada de black e death metal, com uma vertente técnica que não só é surpreendente como muito eficaz. E os alemães Apathie podem ter uma abordagem mais apoiada no black metal tradicional da segunda vaga, mas a sua eficácia não é menor. Poder com duas bandas em vertentes diferentes mas que se complementam de forma perfeita em conjunto. Sem dúvida que foi a melhor forma de fechar 2019. Com negritude do maior nível.
9/10
Review por Fernando Ferreira
Irae – “The Old Ways”
2019 – Purodium Records
Como o próprio nome indica, o que temos aqui são mesmo as velhas formas do black metal representadas – isto se não formos rigorosos, já que estas velhas formas não são bem a génese do estilo e sim a segunda vaga, reduzida a algo bastante cru a nível sonoro mas que nem por isso deixa de apresentar algo de qualidade. Vinil lançado simbolicamente a 25 de Dezembro, no (suposto) dia de nascimento do nosso senhor Jesus Cristo, com três temas em cada lado (isto contando com a intro “Initiation” do lado A. Apesar da já referia qualidade agreste e rústica, este EP assume-se como um item bem apetecível, pela qualidade das músicas em si, estando aqui expostas uma das melhores faces dos Irae. Aquela “Above The Stars Of God” é um clássico instantâneo.
9/10
Review por Fernando Ferreira
Nocturnes Mist – “Marquis of Hell”
2019 – Séance Records
Austrália, aquele país que ainda que sendo enorme, vê grande parte do seu território habitado por animais selvagens e alguns aborígenes… caricato, não? Mas, noutros aspectos da vida, o Ratio Qualidade/Quantidade VS Espaço Geográfico, não se aplica. No que à Música Extrema se refere, a Austrália é Marca de Competência: Diocletian, Drowning the Light, Bestial Warlust ou Sadistik Execution… tudo bandas ferozes e capazes de trucidar, facilmente, uma série de dingos raivosos!
Estes Nocturnes Mist não são menos antigos que alguns dos nomes supracitados, são, talvez, menos visíveis na cena mundial. É pena. Eu próprio desconhecia a banda e fiquei positivamente agradado com o que ouvi. Em certos momentos é claramente australiano e descortinamos aquela visceralidade que ouvimos em Destroyer 666, por exemplo!
Não se assemelham àquela máquina avassaladora que são uns Diocletian. Os Nocturne Mist aportam à sua música igual medida de velocidade e raivoso Black Metal, como retiram o pé do acelerador e nos apresentam uma Wolves Of Satan”, mais lenta, com guitarras mais melódicas e menos aceleradas, os próprios vocais abrandam, tornando-se mais profundos!
Todo o álbum é um misto de camadas sonoras, em que passamos do visceral ataque de Black Metal, com uma guitarra acutilante e uma bateria fortíssima e veloz, com vocais à medida do instrumenttal, para uma malha – que na minha opinião é das melhores – como a já referida… o outro extremo. “Summoning” é um excelente exemplo desta alternância que nos é apresentada ao longo destes 8 temas: um passo mais lento, que de repente entra num túnel e acelera desmesuradamente… mantendo os vocais profundos e um quase declamar.
Interessante a variedade que nos é dada a escutar em pouco menos de 40 minutos. As vocalizações adequam-se a cada um dos temas e às suas necessidades, dando também elas muito de si aos mesmos.
“Treacherous Ways”, a encerrar o álbum, e as suas mudanças de ritmo! Soberbo, este tema! Longo, melódico, lento, denso! Uma excelnte conclusão para o regresso destes australianos.
8/10
Review por Daniel Pinheiro
NEDXXX – “NEDXXX”
2019 – Norma Evangelium Diaboli
E agora algo… ligeiramente diferente. “NEDXXX” é o álbum de estreia auto-intitulado deste estranho e misterioso projecto. Trata-se de um black metal dissonante (ou mesmo para lá disso) e claustrofóbico que não consegue fornecer conforto ao ouvinte, muito graças também a alguns requintes de industrial e noise (mas nada que faça colocar essas duas palavras como forma de definição). Aliás, o conforto está precisamente no desconforto, algo que se consegue atingir após algumas audições destes oito temas que pouco mais reúnem que trinta minutos. Um trabalho que ainda assim não é fácil de absorver, mas que é fácil de memorizar. Ou melhor é fácil de memorizar a sensação de desconforto que consegue trazer para cima do ouvinte. Normalmente não somos fãs deste tipo de coisa, mas devo dizer que aqui ficámos… intrigados.
7/10
Review por Fernando Ferreira
Donarhall – “Helvegr”
2019 – Symbol of Domination Prod.
Black metal atmosférico não é algo assim fora do normal, agora black metal atmosférico instrumental e onde não se sente falta da voz, isso é que já não é tão comum. Principalmente com este nível. Se a descrição até agora não vos fascinou, então temos que referir que não se trata de qualquer coisa pós-qualquer-coisa, ou mais uma deturpação do género. Poderá ser uma abordagem melódica, mas não existe aqui nada que não encaixe por exemplo no feeling de uns Burzum nos seus momentos mais compassados (e mais inspirados, importante referir). Um álbum que nos ia passando despercebido mas que felizmente não aconteceu. Grande vício.
9/10
Review por Fernando Ferreira
Coil Commemorate Enslave – “The Unavoidable”
2019 – Edição de Autor
Isto é chato… não só chegámos mais tarde a este lançamento – editado no final de 2019 – como também quando chegámos a ele, a própria banda, ao que tudo indica, já cessou funções. E até é pena porque apesar de alguma confusão na nossa cabeça nas primeiras audições em relação ao estilo de som praticado, a qualidade está evidente. Entrando por caminhos pós-black metal e com pormenores que por vezes nos parecem tão estranhos (à nossa concepção daquilo que seria o som da banda) como se tivessem antenas no alto da pinha. E no entanto, resulta, resulta muito bem. Quanto mais se ouve, mais se entranha e menos se estranha. Ou continua a deixar de ter peso esse facto. “Nemesis” é um bom tema para resumir todas estas questões. Acabaram talvez cedo demais mas este duo finalizou a carreira em grande.
8.5/10
Review por Fernando Ferreira
Belore – “Journey Through Mountains And Valleys”
2020 – Northern Silence Productions
Após alguns tempos sem recebermos notícias por parte da nossa referência para o black metal mais exótico, a Northern Silence Productions, eis que eles voltam e em grande, com esta estreia dos Belore. Ou melhor devemos dizer simplesmente Belore, já que este é um projecto one-man band que nos deixou uma óptima impressão, principalmente pela forma é apresentado um estilo que nunca nos preencheu por completo, infelizmente. Estão a ver os Summoning? Mais concretamente a frustração com que nos deixam por não apresentarem um álbum com o som em condições? Pois bem, aqui, não temos tanto essa frustração. E digo tanto porque as guitarras poderiam estar realmente um pouco mais poderosas. Ainda assim, uma valorosa estreia.
8/10
Review por Fernando Ferreira
Etoile Filante – “Magnum Opus Caelestis”
2020 – Northern Silence Productions
Depois do EP de estreia de 2014, finalmente chega o álbum de estreia dos Etoile Filante, um duo francês misterioso que nos trás um black metal atmosférico ou mesmo ambient. O álbum começa logo com o tema título, épico de mais de vinte minutos, que acaba por ser a peça central deste trabalho. Não vou mentir, apesar de esteticamente, o dido tema ser bastante agradável, é algo bastante difícil de digerir. No entanto existem ganchos suficientes para cativar todos os que apreciam o género. Os restantes temas são mais fáceis de absorver principalmente o excelente e, até de certa forma, emocional, “Feu Prométhé”. Estreia interessante, esperamos ver e ouvir mais.
7/10
Review por Fernando Ferreira
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