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WOM Reviews – Gotthard / Crippled Black Phoenix / Massimo Pupillo / Barbar’O’Rhum / Tuatha De Danann / J Tex / Monograms / Fluppe

WOM Reviews – Gotthard / Crippled Black Phoenix / Massimo Pupillo / Barbar’O’Rhum / Tuatha De Danann / J Tex / Monograms / Fluppe

Gotthard – “Steve Lee – The Eyes Of A Tiger: In Memory Of Our Unforgotten Friend”

2020 – Werewolf Records

Este é mesmo um daqueles casos em que o título diz logo tudo. Com o décimo aniversário do desaparecimento do mítico vocalista (dez anos, já passaram mesmo dez anos) os Gotthard decidiram lançar para o público esta homenagem que no fundo é também um presente para os fãs da banda e do vocalista. Trata-se de um registo dos arquivos da banda com a prestação de Steve Lee à volta dos quais os Gotthard construíram uma espécie de unplugged – que conta inclusive com o actual vocalista Nic Meader a fazer coros. Em alguns temas é mesmo assombroso, principalmente na incontornável “In The Name” ou nas covers “Hush” popularizada pelos Deep Purple no final da década de sessenta ou na “Eye Of The Tiger” dos Survivor, que dá o título ao álbum. Exceptuando por este tema que tem duas versões, acústica e electríca, trata-se de um álbum acústico sentido e até assombroso, poder ouvir novamente a voz de Steve Lee a revisitar alguns dos melhores temas. O tom é baladesco, mas a qualidade é fora da escala.

9/10
Fernando Ferreira

Crippled Black Phoenix – “Ellengaest”

2020 – Season Of Mist

Certas bandas já nos habituaram ao inesperado. Normalmente são essas bandas que acabam sempre nos surpreender. Pela positiva ou pela negativa. Como este “Ellengaest” dos Crippled Black Phoenix. Se o anterior álbum não impressionou, este parece que impressiona a dobrar. No conteúdo “Great Escape” era tocante mas musicalmente não foi tão eficiante quanto eu desejaria. Pois essa eficácia desejada está aqui presente. Profundamente cinematográfico, este é um álbum que vai criar imagens enquanto conta histórias. E emocionar como nunca o fez antes. Curiosamente Anathema é um dos nomes que me ocorreu ao ouvir estes temas. Curiosamente porque Vincent Cavanagh, vocalista do grupo britânico que entrou recentemente em hiato, é um dos convidados do álbum. Este é um trabalho que é praticamente impossível de rotular a não ser pelo nome da banda e ainda não será suficiente. Temos americana à la Nick Cave, temos progressivo melancólico depressivo como se os Neurosis tivessem a tocar covers de Anathema, temos pós punk como se os Sisters Of Mercy se tivessem decidido a fazer um tema novo finalmente e temos, lá está, a sensação de que estamos a ver um filme sem imagens. Um filme de beleza arrepiante.

9/10
Fernando Ferreira

Massimo Pupillo – “The Black Iron Prison”

2020 – Subsound Records

A ambient music não tem de ser sempre “creepy” mas se for, melhor ainda. É o que acontece o primeiro álbum a solo de Massimo Pupillo dos Zu. Consta que é inspirado nos romances de ficção ciêntifica e escritos esotéricos de Philip K. Dick. A parte esotérica é algo que se sente muito bem logo na abertura com a “My Inaugural Address At The Great White Throne Judgement Of The Dead”, sendo bastante desconfortável. Sem ser agressivo, é um ambient que nos deixa desconfortáveis, perfeito para ilustrar momentos de alta intensidade e ansiedade (ou caso se queira aumentar ainda mais os níveis do mesmo) nalgum filme, sem necessariamente ser de terror. Não é fácil de ouvir e absorver, mas ainda assim assombrante o suficiente para nos deixar fascinados.

8.5/10
Fernando Ferreira

Barbar’O’Rhum – “Journal De B’O’R”

2020 – Mannequin Vanity Records

Piratas franceses. Não sei se os franceses tinham piratas mas estes Barbar’O’Rhum são bastante convincentes. Pendem mais par ao folk rock do que para o folk metal – as guitarras não são assim tão pesadas – mas têm excelente gosto musical naquilo que fazem. Virtuosismo e boa disposição (daquilo que conseguimos perceber do francês) fazem deste um trabalho a visitar algumas vezes. A produção poderia ser um pouco mais forte no instrumentos rock (guitarra, baixo e bateria), soando um bocado artesanais, mas ainda assim, há por aqui momentos sublimes como a instrumental “Boire, Occire, Rire”. Boa onda. Literalmente.

8/10
Fernando Ferreira

Tuatha De Danann – “The Tribes Of Witching Souls”

2019/2020 – Trollzorn 

É tão bom ser colocado no devido lugar, não é? Isto de andar todos os dias a ouvir música vinda de todos os mundos dá-nos a falsa sensação de sabedoria suprema que se destrói por completo quando surge uma banda fantástica com já uma carreira considerável – mais de vinte cinco anos. Apesar do nome me ser bastante familiar, este EP, lançado no ano passado e agora reeditado pela Trollzorn, foi uma verdadeira surpresa, com uma sonoridade folk celta de tal forma refrescante que é um autêntico vício. Fiquei com vontade de ouvir o que está para trás, o potencial é enorme.

9/10
Fernando Ferreira

J Tex – “Neon Signs & Little White Lies”

2020 – Heptown Records

E agora que tal um bocado de country, Americana? Confesso que não sendo apreciador absoluto de country, esta vertente mais folk (ou seja, Americana) acaba por me conquistar. Claro que a primeira coisa que se pensa é em filmes de western mas isso também já é fruto de termos contacto com o estilo musical através dos filmes. Para quem gosta do estilo, é impossível não bater o pezinho ao som do violino em “This Old Banjo” ou “Sometimes I Feel Like An Angel”. Acredito que poderá servir como curiosidade para muitos e que depressão dedicarão muitas vezes tempo, mas para quem gosta de world music e das várias culturas musicais espalhadas pelo globo, vai apreciar este álbum por parte de alguém que tem raízes tão europeias como norte-americanas.

7/10 
Fernando Ferreira

Monograms – “Only A Ceiling Stay Inside Forever”

2020 – Papercup Music

A nostalgia tem um forte papel a desempenhar aqui. Os Monograms vão buscar o pós-punk e o espírito da música industrial arcaica para lhe dar uma vibe forte de darkwave, com os cenários em que mergulha a ganhar uma vida própria. Não é de espantar que tenha sido um álbum que tenha sido inteiramente idealizado e produzido durante esta pandemia. Sente-se a frieza desse isolamento, ainda que em muitos aspectos nos relembre momentos idos, em que se poderia fazer algo tão simples como dançar numa discoteca. A ironia do título também põe em nu esta mesma sensação de claustrofobia. Não sendo especial fã deste género tenho que reconhecer que está bem construído e conseguido.

7/10
Fernando Ferreira

Fluppe – “Billstedt”

2020 – Chateau Lala / La Pochette 

Indie cantado em alemão. Hoje em dia chega-nos tudo à porta e, não, não me estou a queixar. Não desta vez, pelo menos, já que estes quatro temas ouvem-se mesmo muito bem, com pitadas aqui e ali de pós-punk (mas não demasiado para não se tornar noutra coisa). Não é memorável mas ouve-se bem. Por vezes só precisams é de coisas assim.

6/10
Fernando Ferreira

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