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WOM Reviews – Hifiklub, Matt Cameron, Reuben Lewis, Daffodil / Kekal / Lament Cityscape & Theologian / Albert Cummings / Maud The Moth / Magni

WOM Reviews – Hifiklub, Matt Cameron, Reuben Lewis, Daffodil /
Kekal / Lament Cityscape & Theologian / Albert Cummings / Maud The Moth / Magni

Hifiklub, Matt Cameron, Reuben Lewis, Daffodil – “Rapture”

2020 – Electric Valley Records

Que tal irmos ali a outra dimensão? Peço desculpa, se calhar estou a meter a fasquia demasiado elevada, empolgado pelos nomes envolvidos e por andar a passear em viagem astrais. Uma das duas. Os Hifiklub são um trio francês que já habitou o público a coisas estranhas. A questão que este disco responde é “o que aconteceria se a eles se juntasse o baterista Matt Cameron (Pearl Jam e ex-Soundgarden), o trompetista jazz Reuben Lewis e o produtor Daffodil”? Responde de forma algo enigmática e até inesperada. Este trabalho leva-nos por caminhos ambient, trip-hop, cool jazz, tudo de uma forma tão convencional que se torna inconvencional. São seis temas mas é como se fosse um só, e é para ouvir de uma assentada. Para quem gosta de meditações de meia hora fica com a sensação de que poderíamos ter aqui um bocado mais de música mas as coisas boas da vida são assim. Fora do nosso controlo e apenas temos que as aproveitar.

9/10
Fernando Ferreira

Kekal – “Quantum Resolution”

2020 – Eastbreath Records

Sempre achei (e disse algumas vezes) que o rótulo avant garde envolve alguma preguiça. Com ou sem razão aqui cedo à preguiça porque estes indonésios levados da breca só podem tocar avant garde. Dizer que tocam uma espécie de metal industrial tão esquisito quanto melódico e que mesmo assim conseguem trocar-nos as voltas com sequências e riffs que noutro contexto teriam um impacto metálico elevado seria bem mais parvo do que que render-nos ao avant garde. Não é um trabalho fácil de ouvir mas também não é um bicho de sete cabeças e consegue surpreender em muitos momentos. Sim, é esquisito e sim muitas das vezes perde-se em devaneios mas mesmo nessas alturas é uma questão de perspectiva. Quando pensamos que eles estão perdidos, percebemos no reencontro que fomos nós que não tinhamos acompanhado o seu andamento.

9/10
Fernando Ferreira

Lament Cityscape & Theologian – “Soft Tissue: Excised Edition”

2020 – Edição de Autor

Podemos dizer que isto é uma reedição da colaboração de 2016 que juntou os Lament Cityscape a Theologian, no entanto, tal como está indicado no próprio título, não só temos as músicas originais com novas misturas como ainda tem seis novas remisturas que faz com que se sinta que se está perante um monstro totalmente diferente. O resultado é abrasivo e desolador de uma forma ainda mais intensa que o original. Quase parece que estamos perante uma obra nova, com um impacto mais duradouro.

9/10
Fernando Ferreira

Albert Cummings – “Believe”

2020 – Provogue

Blues, apenas blues. Há uma classe imbatível no blues. Ainda mais que no jazz. Comparo em muitas coisas o blues ao metal (principalmente subgéneros como o death metal sueco), principalmente pela forma que em termos evolutivos, não há muito mais a mostrar, não há muito mais a revelar. E ainda assim temos sempre vozes diferentes (e daquelas que saem das cordas vocais e das cordas de uma guitarra) que nos cativam. Albert Cummings não é um estranho a estas andanças, apesar de ter apenas pouco mais de vinte anos de carreira – quando se fala de blues pensamos sempre em alguém com setenta anos de carreira. As várias facetas que explora são viciantes e este álbum é obrigatório para quem ama e respira blues.

8/10
Fernando Ferreira

Maud The Moth – “Orphne”

2020 – Música Máxica / Nooirax Producciones / La Rubia Producciones

Assombrante. Maud The Moth, nome enigmático para um disco com igual poder de enigma. Vamos tentar desvendar este enigma então. Trata-se de um projecto que tem como figura central Amaya López-Carromero, pianista, cantora e compositora que tem um forte background em música clássica, folk, jazz e até rock, algo que se nota aqui, com todas as vertentes a misturarem-se. Mas há algo mais, um certo espírito místico que não é comum. Aliás, apesar de não ser uma das influências declaradas, Diamanda Galas é um nome que me surgiu em mente ao ouvir este álbum. Componente ambient está fortemente enraizada, mesmo que na sua forma se afaste bastante ao que que é esperado do estilo.

8/10
Fernando Ferreira

Lament Cityscape – “The New Wet”

2020 – Edição de Autor

Um dos primeiros lançamentos deste fatídico ano de 2020 foi o Ep ‘The New Wet’ dos Californianos Lament Cityscape. Composto apenas por três temas ‘The New Yet’ é uma verdadeira amálgama de Industrial mergulhado numa atmosfera de decadência e depressão. ‘The New Wet’ começa com a faixa ‘Running Out of Decay’, e logo aqui começa a ser evidente a grande influência dos Nine Inch Nails nas sonoridades da banda, riffs a destilar Industrial com pontuais vestígios de Sludge num ambiente apocalíptico e austero acompanhados por vocalizações submersas em efeitos e ecos que de resto se mantem ao longo de todo o EP. Segue-se ‘Seepage’ que apensar de começar numa toada mais sedutora com alguns arranjos a fazer lembrar Depeche Mode culmina num clímax de destrutivo Thrash Industrial. ‘Borer’ encerra o EP ‘The New Wet’, uma música que explora até à exaustão um delírio Industrial sujo e corrupto envolto num ambiente fúnebre e ruinoso. Lament Cityscape destacam-se essencialmente pela sua originalidade mais uma vez reforçada com este ‘The New Wet’.

7.5/10 
Jorge Pereira

Lament Cityscape – “The Pulsing Wet”

2020 – Edição de Autor

O som dos Lament Cityscape trouxe-me nostalgia. Deu recordações das primeiras vezes que ouvi uns Ministry ou uns Misery Loves Co., onde há sem dúvida um peso industrial na base, mas também temos o peso do rock/metal em termos de estruturas dos temas. E é surpreendentemente eficaz. Ambiências soturnas, peso monolítico e abrasivo. Nunca a distopia nos soou tão bem.

7.5/10
Fernando Ferreira

Magni – “Magni”

2020 – Dead Games Records

Certas descrições enganam. Como esta que nos chegou no comunicado de imprensa – progressive blackened folk. É uma forma de colocar a coisa, uma forma que não considero especialmente boa para descrever o que se pode ouvir. Talvez o termos neo folk mais adequado já que de black metal não há aqui nada e muito menos progressivo temos. Mas será que é mau? Não, de todo. Dentro dos parâmetros do neo-folk, é até bom. Com uma toada melancólica (alguns poderão achar monótona), estes quatro temas são indicados para quem aprecia o género e o imaginário pagão.

6.5/10
Fernando Ferreira

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