WOM Reviews – Jinjer / Interloper / Docaos / Demetra’s Scars / Impure Wilhemina / Watching Tides / Staind / Growth
WOM Reviews – Jinjer / Interloper / Docaos / Demetra’s Scars / Impure Wilhemina / Watching Tides / Staind / Growth
Jinjer – “Wallflowers”
2021 – Napalm
É interessante acompanhar o percurso de uma banda como os Jinjer, uma banda que vai conquistando cada vez mais terrenos, mais fãs e desbravando novas fronteiras. Ainda estão longe de ser um fenómeno global que arraste multidões, mas ao nível underground, o seu crescimento tem sido sólido e contínuo. Por aquilo que “Wallflowers” mostra, a banda poderá dar mais um salto de gigante. É um álbum que flui e não nos faz pensar em rótulos. Uma banda que tem a sua identidade tão bem formada que o que apresenta é apenas um aprimorar disso mesmo. Sem muitos gimmicks e sem evidenciar vontade de optar pela via mais comercial – apesar da voz limpa de Tatiana continuar a aparecer, há um equilíbrio com os guturais (apesar de ficar a sensação que os guturais ganham claramente) e os temas, no seu global são mais brutos e intensos, sem deixar de evidenciar maturidade. Poderá ser um trabalho que solidifique a sua posição entre os que apreciam metal moderno e inventivo. E uma surpresa para quem os viu como apenas um produto da moda.
9/10
Fernando Ferreira
Interloper – “Search Party”
2021 – Nuclear Blast
Confesso que sou daqueles que fica céptico a cada banda que surge colada (quer intencionalmente ou não) ao rótulo metalcore progressivo. Isto porque estes dois elementos, por tradição não convivem bem. Não convivem porque a cada caso, o que se verifica é que ou não é metalcore ou não é progressivo. Na estreia dos californianos Interloper, percebe-se perfeitamente o uso do rótulo como até se justifica. Há um feeling moderno e remotamente associado ao metalcore (ainda que mais melódico), como também mergulha de cabeça no progressivo com solos fantásticos, ritmos e estruturas de músicas complexas e o sentimento que (para mim é o que define o progressivo género) é de nos levar de ponto “A” para o ponto “B”. A segunda questão em relação a “Search Party” é que não só é um álbum de metalcore progressivo como é um excelente álbum de metalcore progressivo! Estes temas colam-se ao cérebro imediatamente e o sentimento de prazer que provocam é raro de aparecer. Não revolucionam nada mas fazem aquilo que por vezes é mais difícil de fazer: grandes temas que todos em conjunto resultam num excelente álbum.
9/10
Fernando Ferreira
Docaos – “Escolha: Keywords”
2021 – Edição de Autor
O inglês pode ser a língua natural da música pesada, mas há um poder especial para quando o português é utilizado. Quer seja no de Portugal como no de Brasil, no caso dos Docaos que se estream com este EP estranhamente intitulado “Escolha: Keywords”. A sonoridade podemos dizer que se encaixa numa mistura entre nu metal e alternativo mas são descrições bastante simplistas para a qualidade que a banda evidencia. Há um tema em particular que mostra todo o seu potencial – “Enredo de Fabiano em Ré Menor” – um tema verdadeiramente épico e que mostra que esta banda apesar de soar moderna, está longe de ser apenas mais uma. Poder e peso mas muito sentimento. Recomendado e obrigatório seguir.
8/10
Fernando Ferreira
Demetra’s Scars – “Demetra’s Scars”
2021 – Sheratan
Interessante EP de estreia desta banda italiana que se apresenta com um metal alternativo raçudo e poderoso. Especialmente poderoso, quer instrumentalmente quer em termos de voz. O metal alternativo teve especial impacto arrastado pelo sucesso do nu metal e acabou por ficar sempre associado ao género, também pela falta de elementos que o distinga mas os Demetra’s Scars demonstram vitalidade e criatividade suficientes para não ficarem reféns do que já foi feito. Aqui, o poder instrumental – além das referidas guitarras, há que referir o trabalho ritmico – são fundamentais para que, aliados à voz forte de Pahann faz com que seja uma estreia muito interessante e um nome a tomar em consideração.
7/10
Fernando Ferreira
Impure Wilhemina – “Antidote”
2021 – Season Of Mist
Impure Wilhemina apresenta “Antidote”, um álbum de 50 e poucos minutos caracterizado pelo seu ambiente bastante alternativo. Situando-se numa onda hipnótica de música transcendente que se caracteriza como “no papel é metal, mas ao mesmo tempo é algo fora disso”, trata-se de um álbum que certamente dividirá os fãs entre os que o adoram e os que o detestam. Outros, como eu, estão em conflito interno. Não gosto da sonoridade suspensa deste estilo de música, contudo, é um facto de que não se pode considerar música mal trabalhada. Pelo contrário, é música muito bem trabalhada num estilo de som que simplesmente detesto, portanto o que fazer? Honestidade com nota de rodapé e avaliação média. É um trabalho para os ouvintes mais alternativos dentro desta nossa familiazinha alargada. Aqueles que se encaram como tradicionais (e quiçá isso albergue também aqueles que ainda são acusados de não ser “real metal” nos tempos de hoje, como ouvintes de new metal e metalcore) provavelmente não encontrarão muita coisa aqui que lhes agrade, na minha opinião. Ritmos lentos, vozes mais ou menos limpas, guitarra psicadélica, mas/e deprimida e a aproximação ao rock alternativo são a imagem de marca que dominam Antidote, apesar de não serem as únicas nele presente. Portanto, se isso parece algo que vos agrade, toca a ouvir este trabalho dos Impure Wilhemina.
7/10
Matias Melim
Watching Tides – “We’ve Been So Close Yet So Alone”
2021 – This Charming Man
O título indica desde logo o nível emocional que vamos ter aqui. Para quem não conhece os Watching Tides poderá ficar surprendido por esse factor. “We’ve Been So Close Yet So Alone” não só é um grande título – real em muitos aspectos da nossa vida inseridos na sociedade “moderna – como também um bom tema em conjunto com uma série de outros onde as melodias do punk rock melódico (ou até mesmo hardcore) se fundem com um espírito emo poderoso. Claro que é necessário ser-se fã dos estilos atrás mencionados mas os fãs de rock (principalmente rock moderno) de certeza que não vão conseguir resistir a estas melodias e a este nível de emocionalidade.
7/10
Fernando Ferreira
Staind – “It’s Been Awhile – Live From Foxwoods 2019”
2021 – Alchemy Recordings
Confesso que nunca fui grande conhecedor dos Staind, exceptuando o tema que dá titulo a este álbum ao vivo e que é o seu grande sucesso. Apesar de terem tido sucesso e sido colados ao movimento nu-metal, também nunca os encarei como tal. Eis que agora o primeiro álbum que ouço é precisamente este álbum ao vivo e posso dizer que a minha opinião não mudou em muito – fazem realmente o rock/metal alternativo que pensava que fizessem – mas consigo reconhecer-lhes valor para além do tema que vista as coisas (talvez por o ter ouvido demasiadas vezes no passado) até é o mais fraquinho. Poderão não ser revolucionários, poderão não ser uma banda muito activa (com Aaron Lewis, o vocalista, a concentrar-se mais na sua carreira a solo) mas este apanhado é uma boa forma de presentear os fãs e de talvez ganhar mais alguns.
7/10
Fernando Ferreira
Growth – “Capitalist Supremacy”
2021 – Edição de Autor
Primeiro álbum de originais deste projecto Growth que junta uma base industrial com (algum) black metal – e não, apesar da capa parecer uma simples caricatura, o black metal é mesmo uma parte integrante do som de Growth. Não é uma abordagem nova e nem é particularmente entusiasmante para quem gosta de algo mais convencional. No entanto, para quem gosta de recuar uns anos, poderá haver saudosismo na forma como o metal e o industrial se fundem. O que implica indirectamente haver um bom espaço de manobra e progressão.
6/10
Fernando Ferreira