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WOM Reviews – Kayak / Psychonaut / Sâver / Xavier Boscher / It Bites / Yawning Man / Tuesday Sky / Mothman’s And The Thunderbirds / Terravoid

WOM Reviews – Kayak / Psychonaut / Sâver / Xavier Boscher / It Bites / Yawning Man / Tuesday Sky / Mothman’s And The Thunderbirds / Terravoid

Demolizer – “Upgrade”

2021 – InsideOut Music

Os Kayak são talvez uma das bandas mais clássicas de rock progressivo europeu. A banda holandesa teve sucesso no seu próprio país durante a década de setenta acabando no início da de oitenta. Só mesmo no limiar da mudança de século é que voltaram e desde então não pararam. E também demonstraram de que foi mais do que viver à conta do passado, conseguindo ganhar uma reputação intocável graças a álbuns cheios de classe. “Out Of This World” é mais um, com aquele feeling boa onda (“Waiting” é excelente exemplo e até atípico daquilo que a banda faz, mas é um representativo da sua qualidade) mas também com uma profundidade lírica e musical que deixa qualquer um que saiba reconhecer a excelência musical em sentido. São pouco mais de setenta minutos que passam num instante e mais um (décimo oitavo) álbum da mais clássica banda de rock progressiva vinda da Holanda.

9/10
Fernando Ferreira

Psychonaut/Sâver – “Emerald”

2021 – Pelagic

Junção fantástica dos Psychonaut aos Saver, um split que assume outros propósitos do que aquele que encontramos normalmente no underground. Para já, e apesar de ser apenas uma faixa para cada banda, consegue ter quase um impacto de um álbum. Ajuda também o facto de cada uma das faixas ser uma autência viagem – não só por serem enormes mas também pelo seu conteúdo. Os Psychonaut começam mais dentro do seu espírito mas conseguem explorar bem as dinâmicas que são necessárias para manter um tema de mais de quinze minutos interessante. Já os Sâver começam com uma toada quase chillout durante os primeiros oito minutos e que vão desaguar num transe movido a guitarras, reforçando o tal espírito de viagem que referi atrás. Um split que mostra ser muito mais que um split com dois grandes valores do pós-metal da actualidade.

9/10
Fernando Ferreira

Xavier Boscher – “Earthscapes”

2021 – Edição de Autor

Xavier Boscher é um guitarrista francês com experiência na cena metal mais prog (com destaque para Continuum e Nebuleyes) sem esquecer a passagem pelos Misanthrope na viragem do milénio) e que tem tido uma carreira interesante a solo, uma carreira longa que tem neste Earthscapes o seu mais recente capítulo. Devo dizer que fiquei impressionado com o seu talento e com vontade de conhecer a sua carreira mais a fundo (que confesso se resumia aos álbuns de Misanthrope onde participou). Earthscapes é um trabalho assente mais nas ambiências prog típicas de alguns guitar heros como Tony Macalpine. Apesar dessa identificação, aquilo que se salienta mais aqui é o estilo discreto mas muito próprio de Bosher, o que faz com que este seja um álbum obrigatório para quem gosta de rock/metal instrumental com aquele cheirinho a prog.

8.5/10
Fernando Ferreira

It Bites – “Map Of The Past”

2012/2021 – InsideOut Music

It Bites, um nome que não é dos mais conhecidos vindo da Inglaterra mas que conquistou uma base forte de seguidores e de apreciadores pelo mundo fora, vê agora o seu quinto álbum reeditado pela InsideOut, editora que também lançou o trabalho originalmente em 2012. A banda passou por uma carreira cheia de instabilidade, com duas interrupções e várias mudanças de formação mas este álbum é presentativo da sua brilhante capacidade de fazer excelente música. “Map Of The Past” é um trabalho especial, não só por ser o primeiro álbum conceptual como também por ser um excelente álbum conceptual. Aquele art rock tão próprio dos britânicos e que nos faz pensar em bandas como Marillion, Genesis e Alan Parsons. Sem ser extravagante e complicado na sua estrutura, é um álbum mesmo assim que é preciso dedicar-lhe o seu tempo, mesmo com algumas canções a entrarem imediatamente – como o tema-título.  Uma nova oportunidade para quem não o apanhou na altura.

8.5/10
Fernando Ferreira

Yawning Man – “Rock Formations”

2005/2021 – Ripple Music

Regresso ao álbum de estreia dos Yawning Man, uma banda que apesar se ter estreado nos discos em 2005, já existia desde 1986. A sonoridade da banda desde sempre foi impulsionadora do desert/stoner rock mas a vertente apela mais ao pós rock do que ao doom metal e isso é algo que se sente logo aqui em “Rock Formations”. Um trabalho onde a música instrumental flui calmamente, sem pressas mas também sem letargias. É um álbum clássico quer pela forma como soa refrescante em qualquer dos contextos/géneros citados atrás e até pelo como parece que saiu directamente da década de sessenta, adormecido em estado criogénico. Mais de quinze anos depois mantém esse estado de frescura intocado.

8/10
Fernando Ferreira

Tuesday Sky – “The Blurred Horizon”

2021 – Metal Blade

Regresso do projecto de Jim Matheos (dos Fates Warning) que é um verdadeiro bálsamo para os ouvidos de quem aprecia toadas melódicas e calmas. A guitarra obviamente que é o instrumento de destaque – nem poderia ser doutra forma – e apesar da proximidade estilística com o pós rock, a forma como estas composições fluem e apontam mais para caminhos ambient. O que é uma lufada de ar fresco. E não é alheio o uso da electrónica que faz com que esses ambientes surjam de forma mais acentuada. Um trabalho quase instrumental, exceptuando pela cover “Everything Is Free” que tem voz de Tim Bowness com quem Matheos já trabalhou no passado, e uma surpresa bem agradável para os aficionados da ambiência na música.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Mothman’s And The Thunderbirds – “Into The Hollow”

2021 – Edição de Autor

O comunicado de imprensa refere que este trabalho dos Mothman’s And The Thunderbirds é recomendado para fãs de bandas como Conan, Mastodon e Devin Townsend. O mau de citar nomes, ainda por cima nomes como estes, é que haverá sempre uma desilusão ao ouvir a música por muito que a mesma tem qualidade. “Into The Hollow” é um trabalho variado que usa o músculo do rock e metal alternativo para furar caminho. Também lhe vale a qualidade das linhas vocais e da variedade com que vai apresentando ao longo do seu curto álbum de estreia. Apesar de não concordar com as referências, percebo o porquê delas estarem aqui: temos um feeling progressivo, alguma complexidade mesmo que isso não signifique temas longos e um som cru que torna tudo mais interessante. Por outro lado, falta aquele impacto que faça o ouvinte render-se imediatamente. Será um aprimorar da fórmula provavelmente.

6.5/10
Fernando Ferreira

Terravoid – “Ectogenesis”

2021 – Liminal Spaces Distribution

Primeiro EP desta one-man band sueca que nos apresenta um metal avantgarde com alguns laivos progressivos. “Ectogenesis”, e vamos já pôr isto em pratos limpos, não é um EP fácil de absorver ou até mesmo ouvir. Há uma componente digital que poderá desmotivar quem seja transportado para duas décadas atrás onde isso era sinónimo de falta de condições. Não que esteja a condenar algo que não se controla, apenas porque esse elemento digital depressa soa a artificial e como uma barreira para que as músicas possam soar da forma como deveriam – não se exclui a hipótese do artista, Oliver Palmquist, tivesse como objectivo o que se pode ouvir aqui. O impacto não é memorável.

4/10
Fernando Ferreira

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