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WOM Reviews – Lord Of The Lost / Empyrean Fire / Endless Chain / Belle Morte / Cemetery Echo / Subway To Sally / Cyan Insane / Mortyfear

WOM Reviews – Lord Of The Lost / Empyrean Fire / Endless Chain / Belle Morte / Cemetery Echo / Subway To Sally / Cyan Insane / Mortyfear

Lord Of The Lost – “Judas”

2021 – Napalm

Os Lord of the Lost são daquelas bandas cuja versatilidade nos consegue surpreender a cada lançamento. Três anos depois de “Thornstar” surgem com “Judas”, o que apenas confirma esta minha afirmação. “Judas” é um álbum conceptual, que conta a história de Judas Iscariotes, baseada no seu próprio evangelho – que se diz ser composto por conversas entre Judas e Jesus – e que atribui a este apóstolo um papel bem diferente do que está descrito no Novo Testamento da Bíblia. Dividido em dois álbuns, “Damnation”, o negro, e “Salvation”, o branco, “Judas” conduz-nos a uma viagem introspectiva que ultrapassa as barreiras da religião e abre as fronteiras para uma experiência muito mais que musical.

Lord of the Lost conduzem-nos numa dicotomia ente branco e negro, bem e mal, condenação e salvação, iniciada com tambores em ritmo tribal no chamamento hipnótico de “Priest”, terminando com “Work of Salvation”, um tema que nos envolve na tranquilidade de coros e piano e ascende ao quase etéreo, passando pelo encantamento exótico de “Argent” e pelo calor íntimo e sensual de “My Constellation”. Ao longo de todo o álbum é notável a segurança e maturidade da banda, sem que tenham perdido a irreverência que tanto os caracteriza. Instrumentalmente, revelam a coesão de quem sabe bem o que faz e como se faz, acompanhando Chris Harms que, com a sua voz multi-dimensional, nos penetra a mente, ora sussurrando como um fantasma, ora estremecendo como trovões com os seus intensos guturais.

Muito podia escrever sobre este álbum, pois são 24 temas que quanto mais se escutam, mais se descobrem. Mas prefiro que cada um de vós descubra “Judas” e o interprete por si. Eu descrevo-o como um álbum forte, intenso, que mais do que saber ouvir, requer saber sentir. E tenho a certeza que que a mim, me vai fazer sentir muito e muitas vezes!

10/10
Rosa Soares

Empyrean Fire – “Deliverance”

2020 – Heavy Gloom Productions

Como tenho a política de não deixar ninguém para trás – mas infelizmente os recursos são limitados – aqui estou numa incursão por 2020, e de lá trago um álbum de estreia valoroso de black metal melódico. Empyrean Fire faz lembrar a aura excitante que o estilo atravessava em meados da década de noventa, onde tinhamos a criatividade a trazer novos marcos todos os meses. “Deliverance” poderá não ter o poder de conseguir sozinho trazer esses tempos (nenhum álbum e/ou banda tem poder para isso) mas fala ao coração de quem aprecia o peso, a atmosfera e aura blasfema todos juntos em temas marcantes. Excelente estreia, recomendada, ouçam o último tema “Final Battle” se não acreditam.

9/10
Fernando Ferreira

Endless Chain – “Forthcoming Past”

2021 – Rockshots Records

Álbum de estreia de um projecto com um vasto número de convidados de luxo dentro da cena escandinava. Este projecto idealizado pelo compositor Timo Mölsa conta ainda com a presença de nomes como Mikko Heikkilä (Dawn Of Solace, Black Aeon Sun), Ville Hovi (Blackstar Halo), Aki Salonen (Nemecic), Sami Yli-Sirniö ( guitarrista dos Kreator, Waltari), Antti Kolehmainen, (Waltari) e Samuli Mikkonen (Korpiklaani).Já é um pouco comum termos estas iniciativas deste estilo, onde há uma toada heavy/power metal que é previsíveil. Aquilo que “Fortcoming Past” é bom é pela forma como surpreende, como consegue entrar pelos campos do rock/metal de orientação mais gótica sem o ser taxativamente gótico. No final é uma constante (boa) surpresa apreciar estes temas que soam diversificados pelas diferentes vozes usadas mas que conservam um fio condutor que os une a todos. Surpreedentemente eficaz e algo que que poderá dar ainda melhores frutos no futuro.

8.5/10
Fernando Ferreira

Belle Morte – “Crime Of Passion”

2021 – WormHoleDeath

Sem grandes expectativas, os Belle Morte conseguiram cativar-me facilmente, isto mesmo de não escaparem ou terem qualquer receio em relação aos lugares comuns do metal gótico e sinfónico. Para quê? Porque não assumir aquilo que se é. Contra os lugares comuns, acredito que a melhor arma são sempre músicas competentes e não invenções. A voz de Belle Morte está no centro de tudo – até porque não temos muitas mais informações acerca deste projecto, sequer se é uma banda ou se é um projecto bielo-russo com músicos de sessão. De alguns arranjos electrónicos a grandes solos de guitarra, este parece ser um álbum completo para quem gosta de gothic metal. Completo e mais que recomendado!

8.5/10
Fernando Ferreira

Cemetery Echo – “Come Share My Shroud”

2021 – Petrichor

Poderemos ter todos sofrido de goticidade abusiva umas décadas atrás, muito também graças à sua junção com o doom, death e black metal, mas quando a coisa é bem feita, os nossos ouvidos recebem-na de braços abertos. E até de forma surpreendente tendo em conta a capa que dava indicação de algo mais próximo do death metal mas não o que se tem é mesmo rock gótico e do bom. O facto do  EP ser curto faz com que se queira voltar a dar várias voltas por aqui. Boa aposta.

8/10
Fernando Ferreira

Subway To Sally – “Eisheilige Nacht – Back to Lindenpark”

2021 – Napalm 

Não sou especial fã dos Subway to Sally mas também não sou particular conhecedor, sempre os vi como espécie de cópia dos In Extremo quando na realidade já existem há mais tempo. Engraçado como somos enganados por aquilo que julgamos saber. Este álbum ao vivo marca o regresso da banda a Lindenpark, a sala onde a banda tocava anualmente na sua terra natal, uma espécie de celebração que foi transferida para outro local com maior capacidade de alojar pessoas. Obviamente que em 2020 esse problema não se colocou e foi a desculpa perfeita para voltarem a um sítio que conheciam muito bem. A particularidade deste álbum ao vivo é de ser representativo dos tempos de pandemia. Ou seja, ao vivo mas sem público. Som perfeito, actuação da banda energética apesar da ausência de reacção mas para quem tem curiosidade por eles ou simplesmente é muito fã, é um álbum recomendado. Para quem não tiver aversão a ouvir música cantada em alemã e gostar de folk rock/metal.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Cyan Insane – “Stab Your Demon”

2021 – Edição de Autor

Apesar de ser o segundo EP da banda dinamarquesa, é o primeiro que ouço deles e posso dizer que fiquei rendido. Quando se fala em death metal melódico hoje em dia, há sempre uma réstia de influência metalcore a surgir – o que de certa forma é natural já que um lançou as bases para o outro – mas aqui tal não é notório. Ainda assim há uma tonalidade moderna nestes quatro temas que é assinalável mas não lhes tira nem mérito nem impacto, principalmente quando se tem as guitarras em harmonias e com muitos leads e solos. Boa apresentação, venha mais.

7/10
Fernando Ferreira

Mortyfear – “My Dystopia”

2021 – Inverse Records

Sinal de cautela quando se encontra num comunicado de imprensa como descrição estilística da obra em questão apenas “Metal”. Ou seja, estamos perante uma obra de tão vasta miscelânea de estilos que os responsáveis pelo marketing simplesmente disseram “que se lixe”. Ou então é preguiça mas não é passa muito tempo do início da primeira audição a “My Dystopia” para que nos sentamos consternados e de total apoio ao departamento de marketing da Inverse Records. Isto porque os Mortyfear não são mesmo fáceis de decifrar. Aliás, até de ouvir simplemente, não é uma tarefa fácil. Até o Metal Archives anda à toa – segundo eles trata-se de thrash/death melódico, uma descrição tão boa para eles como para uns Mr. Bungle ou Fântomas, se estes tivessem uma inclinição para algo a fugir ao gótico. Elementos electrónicas, guinadas estilísticas capazes de vazar a vista (ou os ouvidos) e um álbum complicado de digerir. “Plastic World” é capaz de ser a excepção, um tema que está muito bem conseguido assim como o final “Dark Waters”. Desafiante e denso, este trabalho é recomendado para quem é aventureiro em relação à sua música. No entanto, sendo o segundo trabalho, fica a vontade de conferir a estreia de 2006, “God’s Skin”. Se calhar é esse que é death/thrash melódico…

6/10
Fernando Ferreira

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