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WOM Reviews – Malignament / Archemoron / Funeral Storm / Synteleia / Funeral Fullmoon / Vrexiza / Astral Tomb / Cryptic Evil / Kriegsgott

WOM Reviews – Malignament / Archemoron / Funeral Storm / Synteleia / Funeral Fullmoon / Vrexiza / Astral Tomb / Cryptic Evil / Kriegsgott

Malignament – “Hypocrisis Absolution”

2021 – Primitive Reaction

Para quem teme pela renovação do sangue/talento na música são bandas como os Malignament que conseguem garantir a esperança em relação ao futuro. “Hypocriosis Absolution” é o álbum de estreia dos finlandeses (ou finlandês, não é muito claro que seja uma banda ou que se trata de uma one-man band) e conseguem trazer uma lufada de ar fresco sem apresentar rigorosamente nada de novo. Nem sequer fazer-nos pensar nisso. Apenas black metal, com um ambiente apropriado e que vai ao encontro do que qualquer fã procura. Quem começa a carreira desta forma, só poderá ter um futuro brilhante.

8.5/10
Fernando Ferreira

Archemoron – “Flagellum I”

2021 – Satanath

Este é um bom nome do black metal grego. E quando se fala de black metal grego espera-se sempre um som específico. Peculiar. Tendo em conta que a banda começou com uma componente death metal integrada, o som que trazem agora é puro black metal – e com isto refiro-me a tradicional, com aquele toque grego. Poderá soar como uma proposta pouco excitante e inovadora e até será provavelmente no entanto a forma como os solos são encaixados aqui e trazem uma carga melódica que até não estaria desajustada a um álbum de Iron Maiden (vá, com alguns limites, é apenas para marcar uma posição) e que resulta na perfeição – “When Blades Shape Our Feelings” é um excelente exemplo. Um surpreedente álbum que vai para além do black metal sem ter intenções ou ambições de fazer isso.

8.5/10
Fernando Ferreira

Funeral Storm / Synteleia – “The Ancient Calling”

2021 – Hells Headbangers

Splits e a dificuldade que tenho em tomá-los como válidos ahahah! “The Ancient Calling” é a união de duas entidades das ilhas gregas: Funeral Storm e Synteleia. 2019 apresentou-me os gregos de Funeral Storm, e que bela surpresa foi. Black Metal grego que tresanda a Black Metal grego. Simples? De certa forma sim. Aqueles que estão familiarizados com o “sub-género” sabem bem o que esperar: aquilo que os Rotting Christ não fazem há anos… e uma excelente reprodução de Black Metal melódico, claro! Nightfall e Septic Flesh, circa anos 90, é do melhor que recordo ouvir em garoto! Toda a melodia tão específica das bandas helénicas está presente no tema de Funeral Storm, e segue para a outra metade deste Split pertencente a Synteleia. De certa forma, ambos temas fundem-se facilmente. Muitíssima melodia, muitíssimos riffs sacados das ruas de Atenas. O de Funeral Storm reflecte toda a experiência que estes possuem (não esquecer o Senhor Stefan Necroabyssious e os seus Varathron), e quão perfeita é a sua homenagem (ou criação lógica) ao Black Metal Helénico. Quanto a Synteleia, a qualidade está bem latente neste tema, que não haja dúvida, mas está uns pontos abaixo daquele criado pelos parceiros de Split. Em jeito de conclusão, e ainda que aponte um “vencedor”, o equilíbrio é bem audível. Só “critico” o facto de sermos brindados com somente 1 tema que cada banda.

8/10
Daniel Pinheiro

Funeral Fullmoon “Revelation of Evil”

2020/2021 – Inferna Profundus Records / Consumed By The Flames  Productions / Adramalech 

O Magister Nihilifer Vendetta 218 é um mestre! Review feita! Sem brincadeiras, o homem é o portador de uma capacidade de criar algum do mais espantoso Black Metal que tivemos a oportunidade de ouvir, nos últimos 10 anos (exagero?). “Revelação do Mal” é o primeiro álbum do homem depois de uma demo, um EP e um split. A evolução é notória, e com isto não quero desmascarar a ideia de que os seus primeiros lançamentos foram maus, muito pelo contrário (“De Occulta Symphonie” é muito, muito, muito bom)! MNV218 continua o seu caminho, a sua forma muito pessoal de encarar este género musical como um veículo, como um suporte para a faceta espiritual do Ser. Isto é Black Metal e feito na perfeição. Apenas adoro o facto de podermos ouvir cada instrumento, mantendo uma produção lo-fi, “podre & suja”, é o que isso faz por mim. O som do MNV218 leva-me a diferentes níveis desta existência. Sim, soa absurdamente teatral. Pode até ser visto como uma expressão de admiração de fã fanático, mas é uma excelente peça de Black Metal! “Cursed of my Poison Mind” é um excelente exemplo do som de Funeral Fullmoon. “Revelation of Evil” é um dos filhos da pandemia: claustrofóbico e Black Metal cortante; vozes soberbas que quase infligem dor emocional ao ouvinte. Chegamos ao fim sem muita noção de que chegámos à última nota de “Sussurros de um Morto Negro”, muito satisfeitos com a experiência… à espera de mais.

8/10
Daniel Pinheiro

Vrexiza – “Vrexiza”

2021 – Signal Rex

O Canadá tem uma longa história no Black Metal, sendo a casa de bandas e artistas conhecidos. Vrexiza é um trio de Ontário, Toronto, das vastas terras congeladas do Norte. Conseguem muito bem, se me permite dizer, criar um muito bom Black Metal. Quatro faixas sobre Guerra e Conflitos que não caem nos clichés do War Metal. Na verdade, considero que a música tem um certo nível de complexidade, detalhes elaborados, aqui e ali, que compõem um lançamento muito bom. Inspirado em conflitos mundiais, a auto-intitulada Demo é uma excelente apresentação para uma banda que fundiu o lado violento ao lado melódico, e acabou com essas 4 faixas. Tem poder, tem riffs e ganchos, e tem um alto nível de energia! Às vezes, curto e preciso é o melhor, pois não há necessidade real de esticar as coisas. Vrexiza é Black Metal, e o Black Metal é bom.

7/10
Daniel Pinheiro

Astral Tomb – “Degradation of Human Consciousness”

2021 – Blood Harvest

Para muitos, o simples facto de mencionarmos a Blood Harvest, é sinal de qualidade! Estes Astral Tomb já não fazem parte do roster, mas este trabalho foi editado pela referida label, o que significa mais ou menos o mesmo, certo? Certo. E que temos aqui, diante de nós? Death Metal podre e arrastado, daquele no qual até eu consigo encontrar coisas boas, e apelativas! O Death Metal saídos dos EUA é sobejamente conhecido. De Obituary a Morbid Angel, de Death a… Blood Incantation. Lento, bastante lento, e pesado, como que uma espessa parede de som; vocalizações saídas do túmulo, de certeza! Estes malucos juntaram-se em 2018, ainda sob a nomenclatura de Ring Nebula, para em 2019 assumirem o nome que ainda hoje ostentam. Caramba! Até mesmo a mim, que não sou fã de Death Metal, estes 3 temas conseguem provocar algumas mazelas. Adoro o facto de o som soar velho, como que gravado num qualquer barracão nas imediações de um pântano na Flórida. Death Metal dos USA é na Flórida, certo? Anyway, groovy as fuck e denso, denso! Não cai na fórmula que associa a velocidade a vocalizações “animais”. Não. Cria uma estrutura bastante mais complexa que isso. Ganharia com uma produção mais limpa? Provavelmente. Seria o mesmo? Qual teria sido o resultado do “Night of the Living Dead” se o Senhor Romero tivesse acesso a tudo aquilo que hoje impera no cinema mundial? Exactamente isso em que (espero) estás a pensar. Para fãs de Death Metal que se apresenta como uma alternativa às bandas de sempre, mantendo a veia Norte-americana.

7/10 
Daniel Pinheiro

Cryptic Evil – “Under the Ruins of Purity”

2020 – Wulfhere Productions

Durante anos, a cena do Black Metal dos Estados Unidos foi olhada de lado. Os músicos e bandas eram considerados “inferiores” ao que era feito deste lado do oceano. Verdade seja dita… Judas Iscariotes é um exemplo perfeito de excelente Black Metal, bem como Absu, só para citar dois que eu realmente aprecio. A questão é que o Black Metal sempre foi visto como um género europeu (isto soa… mau?), que tem a sua raiz neste velho continente, o que significava que éramos os artesãos perfeitos para o conseguir. Os anos passaram, o Black Metal evoluiu, ou, neste caso, desvoluiu-se, e os Estados Unidos da América intensificaram-se, e começaram a entregar coisas boas. Projectos começaram a surgir de debaixo de cada rocha, que levam ao bom, e ao mau. O Cryptic Evil é um desses casos: começou em 2019, quando toda a onda de Black Metal já estava a vapor, e lançou um EP (aquele sobre o qual está a ler) em 2020, e um álbum em 2021 (“Blasphemous Towers of Lust”). O que nos deu a dupla, formada por Azrin Gorehammer e Ekhal, o Blasfemo? É Black Metal, ponto final. A questão é que algumas bandas são realmente capazes de realizar trabalhos surpreendentes, e inovadores; outras são apenas simples e “monocromáticas”. Não há pormenores que o atraiam e o façam querer ficar, ou mesmo regressar. É um Black Metal de ritmo médio, com muitas e muitas melodias, mas simplesmente não deixou uma marca em mim, por si só. Há muito groove, especialmente na bateria. A voz não é muito diferente de tantas outras no estilo. Tem uma estrutura que cai no Black Metal mais lento e “mais denso”. De uma forma geral, é muito simples e linear. Será isto um sinal da estagnação do género? Será isto uma consequência de uma cena (USBM) cheia? O que é que eu sei? Muito pouco. Por favor, experimente, talvez aprecie.

6/10
Daniel Pinheiro

Kriegsgott – “H8 4All”

2020 – Art Of Propaganda Records

Após uma introdução mais extensa que o normal, somos recebidos de uma forma um tanto ou quanto… violenta, qual máquina de guerra. De certa forma a introdução, deveras militarista e austera, já nos preparava para o que lhe seguiria. Kriegsgott – Deus de Guerra – é obra de Shadow, mais conhecido pelo seu trabalho com Black Altar, e uma das figuras do Black Metal austríaco (ainda que resida em Londres).

Aquilo que conhecemos de Black Altar não está tão presente neste projecto. Aqui, a “violência” é mais audível e palpável; um curto EP de menos de 11 minutos, que nos apresenta um Black Metal despido de melodias suaves, preferindo a já referida violência sonora, à qual também acrescenta um groove bastante ritmado (ver o início da ” H8 4All”). Falo da introdução, do seu esquema muito belicoso e martial, e de algum modo esse é o fio condutor do EP: maquinal, bélico e violento; a “pintura musical” de um cenário de guerra de tempos passados. Curto, eficaz e directo ao assunto, mas que não aporta nada de novo. Não podemos querer que cada novo trabalho de Black Metal acrescente algo de novo à sonoridade, certo? É isso que passa, e para aqueles que gostam desta expressão do género, enjoy.

6/10
Daniel Pinheiro

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