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WOM Reviews – Malist / Griffon / Ordinul Negru / Varde / Darkenhöld / Gergovia / The Last Seed / Ignis Noctem

WOM Reviews – Malist / Griffon / Ordinul Negru / Varde / Darkenhöld / Gergovia / The Last Seed / Ignis Noctem

Malist – “Karst Relict”

2021 – Northern Silence Productions

Terceiro ano consecutivo em que a one-man band russa lança um álbum, e este sendo precisamente o terceiro, tenho logo curiosidade em saber como será. Curiosidade ainda para mais aguçada com um trabalho de arte fantástico – a sério, esta capa em vinil deve ser um assombro extraordinário. Pelo menos tão grande como é em termos musicais. Há contornos melódicos claros que não lhe retiram a abrasividade e esses ganchos melódicos são também o que tornam este conjunto de temas bem mais memoráveis, além de os tornarem dinâmicos entre si. Há um conceito também por trás – este é um final de uma trilogia – mas sem ter acesso a letras ou textos, só posso dizer que a música por si só vale a aquisição. Épico como qualquer coisa conceptual exige, esta foi uma excelente surpresa. Recomendada surpresa. Resta apenas saber se depois desta trilogia, o que virá de seguida.

9/10
Fernando Ferreira

Griffon – “o Theos, o Basileus”

2020 – Les Acteurs de l’Ombre Productions

Segundo álbum de originais dos franceses Griffon e um álbum que vem carregado de expectativas e ainda as consegue superar. O seu black metal surge de forma bastante simples (não confundir com simplista), algo que poderá ser inesperado para que está convencido que o black metal francês é todo repleto de dissonâncias e estruturas complexas. A simplicidade de “o Theos, o Basileus” é de assumir sem receios os aspectos mais melódicos e belos da música (como a pianada na “Abomination”) e ainda assim não se desviar um mílimetro da identidade criada – ainda que essa identidade se note estar em formação. Ou seja, é melódico em igual medida em que é pesado e violento. Esta continua a ser a melhor conjugação que se pode fazer.

9/10
Fernando Ferreira

Ordinul Negru – “Nebuisa”

2020 – Loud Rage Music

Só para matar as saudades depois de uma série de álbuns de qualidade, os polacos Ordinul Negru regressam com o seu black metal dissonante e claustrofóbico. Aquilo que faz com que esta banda seja tão bem sucedidade criativamente é a forma como não têm qualquer tipo de receio ou constrangimento em fazer algo diferente. Não é que “Nebuisa” seja profundamente diferente do que têm feito até aqui ou até de que algumas bandas já o fizeram no passado, mas a forma como estabelecem fronteiras em campos familiares (mesmo que sejam campos onde a dissonância impera) e ao mesmo tempo decoram esse mesmo espaço com algo que prende a atenção é de mestre. A atmosfera, como seria de prever, é metade do poder de fogo que se tem por aqui, sendo mesmo o que segura canções que à partida poderiam se tornar algo aborrecidas pelo seu andamento mais lento. Não só serve para matar as saudades dos fãs como também para atrair mais fiéis.

8/10
Fernando Ferreira

Varde – “Fedraminne”

2021 – Nordvis Produktion

Black metal peculiar. Quando se pensa numa banda vinda da Noruega, normalmente não se pensa em black metal peculiar – embora existam provas em contrário o suficiente para se poder poder apelidar tal afirmação como pura parvoíce – mas esta estreia dos Varde consegue mesmo evocar os espíritos mais negros, ainda que numa afinação pagã, de forma inesperada. Há um aspecto ritualista nestes temas, sem dúvida, assim como também temos uma abordagem pagã que vai para além do artwork, assim como uma ligação ténue ao death metal e a componentes mais melódicas – o tema título não tem distorção e é hipnótico. Apesar desta especificidade que os impede de serem arrumados facilmente, não deixam de ter neste trabalho uma obra interessante à qual nos sentimos atraídos para ela. É uma estreia interessante por parte de uma banda que creio que vá surpreender no futuro.

8/10
Fernando Ferreira

Darkenhöld – “Arcanes & Sortilèges”

2020 – Les Acteurs De L’Ombre Productions

Quinto álbum dos franceses Darkenhöld que continuam a apresentar o seu black metal medieval de forma bem convincente. O facto de cantarem em francês, totalmente reconhecível apesar da aspereza da voz, dá um toque especial mas é a música e as suas muitas entoações medievais – ou pelo menos com aquilo que reconhecemos no nosso imaginário como meieval – que é o grande trunfo. Para os apreciadores de black metal levemente melódico, esta é uma proposta recomendada, principalmente para quem gosta do seu black metal com (bons) solos de guitarra.

8/10
Fernando Ferreira

Gergovia – “In Requiem Aeternam”

2020 – Wolfmond Production

Gosto tanto de one-man bands como por vez desconfio delas. É o facto de ter apanhado, nos meus anos de formação e crescimento musical no lado mais extremo do metal coisas díspares como Striborg no lado do mau e Diabolical Masquerade no lado do bom. E a, por vezes, elevada actividade editorial é sinal de que há pouco cuidado com aquilo que se deita cá para fora – raras são as vezes em que estamos perante génios. Ora Gergovia, uma one band de black metal que em mais de quinze anos de carreira conseguiu já editar onze álbuns é uma quantidade significativa. Felizmente essa regularidade editorial não revela baixo nível qualitativo, pelo menos a avaliar pelo mais recente, “In Requiem Aeternum”. Bom gosto nas melodias e nas dinâmicas, sem perder o peso de vista. A primeira metade do álbum poderá ser mais interessante que a segunda, mas no global é um álbum que irá surpreender de certeza a quem não julgava que tivesse este impacta. Resta saber é se os outros dez anteriores álbuns são igualmente bons. A avaliar pelo o que ouvimos aqui, arrisco a dizer que sim.

7.5/10 
Fernando Ferreira

The Last Seed – “Revenant”

2020 – Nihilistische Klangkunst

As terras germânicas têm, este ano, sido palco de lançamentos de bastante qualidade, e TLS não fica atrás de muito do que saiu este ano. Naturais de Nuremberga, este duo – Arges e Neideck – juntou-se em 2017, e desde então editou 2 álbuns (“Hellboy”, de 2018, e “Revenant”. De 2020). Não deixa de me fazer sorrir o ponto a chegámos desde que, em 1987, foi editado o “Deathcrush” – peguemos neste, sff. O Black Metal, como entidade que se adapta, evolui e se multiplica, mantém-se estoicamente altiva e de raízes bem afincadas em solo fértil! Já o disse um sem número de vezes, e não me farto de o declamar: não há subgénero do Heavy Metal tão dado à evolução, como o Black Metal. E de que forma estes TLS contribuem para a cadeia evolutiva do mesmo? Não serão, porventura, os arautos de mais uma vaga do género, mas são uma mostra da capacidade do mesmo! Serão assim tão awesome? Tão deveras interessantes. Melodias bastante equilibradas, ainda que por vezes tenhamos a ideia de já termos ouvido tal… no tema anterior. De certo modo a banda criou uma sonoridade para este trabalho, e anda um pouco em redor da mesma. Atenção que não é totalmente prejudicial. Gostando de um tema, provavelmente iremos gostar dos demais. A nível de som: é Black Metal com raízes nos 90, com a já referida atenção a linhas melódicas bastante cuidadas, onde há um dinamismo Lento VS Acelerado / Suave VS Agressivo. Este trabalho não vive somente na “bolha” do Black Metal, saltando da mesma com vista a recolher detalhes que enriquecem o trabalho final. O down side que encontro aqui: temas muito longos, que por vezes nos arrastam e nos suplantam, tal é a extensão. Funcionaria melhor, na minha modesta opinião, se a diversidade encontrada dentro de cada um dos temas, fosse mais explorada. De qualquer modo, não deixa de ser, de modo algum, um álbum bastante interessante e acessível.

7/10
Daniel Pinheiro

Ignis Noctem – “Thy Lord Chaos”

2017 – Vacula Productions

“Thy Lord Chaos” é o sexto álbum do duo norte-americano Ignis Noctem e também o segundo editado pela banda em 2017. A banda teve uma regularidade impressionante até 2018 mas infelizmente, a avaliar por este trabalho, a qualidade deixa um bocado a desejar. Produção arcaica consegue perdoar desde que o ambiente e ideias nos tragam valor acrescentado. Neste caso não há mesmo nada que se saliente, infelizmente e quando há, são lugares comuns desinspirados. Ainda assim fico com curiosidade para ouvir o que está para trás. Talvez seja masoquismo.

3/10
Fernando Ferreira

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