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Álbum do Mês – Abril 2021

Álbum do Mês – Abril 2021

É dia das mentiras – pelo menos agora que estamos a publicar este top – mas é completamente verdade que temos aqui uma selecção fantástica e bastante diversificada do melhor que passou pela nossa mesa de trabalho. Mas também… não é assim todos os meses? Este é especial, garantimos. E não é mentira!

20 – The Flaming Sideburns – “Silver Flames”

Svart Records

Poderá ser algo prematuro de dizer quando ainda não é possível ter uma percepção real de 2021 mas por aquilo que me tem passado pelas mãos (e pelos ouvidos) este parece ser um excelente ano para o rock. Muitas propostas, tanto mais modernas como mais vintage, se têm insinuado com sucesso. Este nome também não será nada estranho para os mais atentos. Os The Flaming Sideburns lançaram um álbum de estreia que se tornou clássico em 2001 – “Hallelujah Rock’n’Rollah” e agora estão de volta com a mesma formação e sente-se que há algo especial no ar. Aquele rock visceral mas também cheio de alma, é o que “Silver Flames” traz. Mais do que ser retro (ou retro, retro, já que se poderia afirmar que a banda estava a tentar recapturar o feeling de há vinte anos atrás que tentava recapturar de vinte anos anos), é música que se ouve sem querer pensar em mais nada. Onde se fica despido sem grandes superficialidades – não sendo necessário para isso algo profundo. No fundo, e parafraseando Rolliong Stones, é apenas rock’n’roll mas a malta gosta.

9/10
Fernando Ferreira

19 – Evil Drive – “Demons Within”

Reaper Entertainment

Terceiro álbum dos finlandeses Evil Drive que parece ser a resposta às preces dos fãs de death metal melódico. Principalmente daqueles que gostam quando as guitarras vão buscar a melodia ao metal mais tradicional. Com a voz poderosa de Viktoria Viren a comandar os destinos, é difícil não pensar logo em Arch Enemy, mas não é algo que surja muitas mais vezes como ponto de comparação. Os Evil Drive soam a si próprios, algo que é importante principalmente quando se atinge o patamar do terceiro álbum, o que poderá definir o resto da carreira. Poderoso em muitos aspectos e refrescante sem sentir a necessidade de inventar muito. Fantástico.

9/10
Fernando Ferreira

18 – Hot Breath – “Rubbery Lips”

The Sign Records

Não sei se é fruto da idade, mas porque é que estas bandas que têm um som vintage têm um impacto tão grande em mim. Serei eu ou será mesmo o rock de outrora superior ao que tem raízes assentes no presente? Provavelmente serei eu, mas de qualquer forma, mesmo que não seja a vossa praia, é impossível ficar-se indiferente à classe daquilo que temos aqui. A voz de  Jennifer Israelsson São mesmo o principal destaque e este power trio faz lembrar o poder e importância da bateria e baixo para construir a base de uma canção, mesmo que depois seja relegada para uma posição mais discreta. “Rubbery Lips” é um álbum que nos faz relaxar e sentir o rock como nos lembravamos que ele era quando começámos neste caminho de viver a música pesada. Simples mas fantástico

9/10
Fernando Ferreira

17 – Soothsayer – “Echoes Of The Earth”

Transcending Obscurity

Quantas estreias não me passaram para as mãos e me deixaram completamente derreado? O preconceito de que os álbuns de estreia estão longe de ser obras-primas nunca fez sentido, mas agora faz ainda mesmo, dada a percentagem de bandas que vão surgindo com a surpresa de apresentar trabalhos que se revelam marcantes. Mesmo que demorem a atingir esse estatuto. “Echoes Of The Earth” demora o seu tempo a insinuar-se mas vai fazê-lo de forma segura até que não restem qualquer dúvidas que é um álbum diferente dos outros, um álbum com capacidade para suportar o teste do tempo. Há por aqui uma magia própria, talvez até inocência, de uma estreia, mas sinto que esta é já a identidade destes irlandeses. Um álbum de doom sujo atmosférico e emocionalmente épico!

9/10
Fernando Ferreira

16 – My Refuge – “The Anger Is Never Over”

Pride & Joy Music

Começar o processo de análise de um disco com um déjà vú nunca é bom. Neste caso foi a intro da música “Immortal Fire” que me fez lembrar a “Be Still And Know” dos Machine Head. Não conhecendo os My Refuge, até esperava que fosse algo do género da banda norte-americana que viesse a soar. Surpresa quando a coisa descamba (no melhor dos sentidos) rapidamente para um heavy/power metal cheio de raça e energia. E não é um caso isolado ao tema de abertura, todo o álbum está cheio de grandes temas, hinos que convidam à participação dos ouvintes – obviamente que num contexto ao vivo, este impacto seria sempre superior. Apesar do que a capa poderá sugerir – e realmente merecia uma capa melhor – este é um excelente álbum por parte dos italianos. É também o regresso após sete anos de silêncio. Se é para quebrar o silênciio que seja mesmo assim!

9/10
Fernando Ferreira

15 – Intonate – “Severed Within”

Willow Tip Records

Uma das memórias que guardo dos primeiros tempos da World Of Metal é da forma como estava completamente fascinado com a quantidade de propostas boas que nos chegavam do Canadá. Entretanto essa vaga foi-se atenuando – até porque também tinhamos bastantes propostas de outros sítios a clamar pela nossa atenção. Mas assim que vejo e, principalmente, ouço este segundo álbum dos canadianos Intonate, a nostalgia voltou logo. Death metal técnico e retinques progressivos – sem que este género seja dominante na sua identidade – capaz de deixar qualquer um de joelhos. Cinco temas chega para nos abrir o crânio sem grandes dificuldades mas com muito talento. Ou por outras palavras, parece fácil. Quando se fala em death metal técnico, pensa-se logo em riffs complicados, estruturas densas e passagens impossíveis, mas aqui nunca temos a técnica à frente da músicae esse é um dos seus maiores triunfos.

9/10
Fernando Ferreira

14 – The Sun And The Mirror – “Dissolution In Salt And Bone”

Brucia Records

Como podem ver pela capa, não estamos perante uma banda banal. A imagem nem sempre deve ser definitiva para fazer o julgamento de uma banda, mas normalmente ajuda muito. No entanto, o facto de ser estranha não nos dá a mínima ideia do quão boa é esta proposta. Nem sequer pistas para além do rótulo “estranho” que se poderá querer formar naturalmente. The Sun And The Mirror é um duo tão invulgar quanto a sua música. De um lado temos Reggie Townley que está encarregado da voz, guitarra, baixo, bateria e parafernália electrónica. Do outro temos Sarah Townley (serão familiares ou um casal, das duas uma) que está encarregue do violoncelo. Poderá achar-se que a balança está desequilibrada mas o impacto e importância do instrumento clássico é tal que molda por completo este som. Ambient vêm-nos à cabeça, mas há um forte teor experimental que está por aqui e que é o que faz este trabalho tão fantástico e ao mesmo tempo hipnótico. Não será para todos e deverá requerer algum estado de espírito prévio para que se possa apreciar devidamente, mas tem poder suficiente para que, caso não estejamos com disposição para tal, ficaremos logo após alguns breves instantes.

9/10
Fernando Ferreira

13 – Unflesh – “Inhumation”

Edição de Autor

O segundo álbum dos Unflesh é bomba. Para quem gosta da sua música extrema com graus elevados de bom gosto nas estruturas das composições assim como nos pormenores técnicos, é mesmo um festim. Claro que não é válida a sua excelência apenas por este detalhe. A sua capacidade de impressionar vai para além das capacidades técnicas e assenta mais na forma como as mesmas são usadas para se ter música desafiante e interessante. Um álbum deste género é aquele que nos dá sempre coisas novas a cada audição e devo confessar que, principalmente ao nível das guitarras, há por aqui muito suminho a retirar. E até os riffs meio ambíguos que ora parece que são death metal ora são de algo mais black também ajudam a manter esta dinâmica. Um regresso em grande e mais uma para a categoria  “como é que uma banda destas não tem editora?” Puro vício!.

9/10
Fernando Ferreira

12 – Bend The Future – “Without Notice”

Tonzonen Records

Jazz rock. Ou melhor prog/jazz rock. É um rótulo com capacidade para nos dar o que pensar. Claro que quem já anda nisto há algum tempo sabe que a realidade normalmente é algo distante do rótulo. Por isso é que a surpresa é ainda maior, porque podemos considerar que temos aqui mesmo uma espécie de jazz rock, com relação directa com o progressivo. Aliás, nesse aspecto, o saxofone (que dá logo aquele feeling jazz) é o instrumento que mais aponta na direcção do rock progressivo clássico – ou do art rock (ou cá em Portugal rock sinfónico). É um álbum que mexe-se de maneira diferente. Até faz com que o tempo se mova de forma diferente. A complexidade das suas composições (o jazz também não surge aqui por acaso, não é só pela sonoridade do saxofone) não nos afasta como acontece por vezes no jazz, pelo contrário, é quase uma vertente cool e ligeira, tal é a forma como as melodias são simplificadas ao inverso do que o que acontece com a parte rítmica e com as composições em si. Hipnótico e que nos faz a pensar que até gostamos de jazz. Se ele fosse todo assim, gostaríamos sem dúvida nenhuma.

9/10
Fernando Ferreira

11 – Creeping Fear – “Hategod Triumph”

Dolorem Records

Disse-nos a Dolorem Records que este álbum, “Hategod Triumph”, o segundo dos franceses Creeping Fear, é death metal triturador que mistura novas com velhas influências. Tenho que concordar e não precisei muitas audições para ficar rendido a essas evidências. A banda regressa após a estreia em 2017, que não conheço mas que depois disto fiquei com curiosidade para conhecer. A brutalidade aqui evidenciada não é desprovida de nuances e melodias – mesmo que para os leigos elas pareçam escondidas de forma enigmática. Temas curtos e directos mas ideais para quem gosta da sua brutalidade interessaante – interessante numa vertente inesgotável que até pede por sucessivas audições. E nós obedecemos com gosto.

9/10
Fernando Ferreira

10 – The Throne – “Pestilent Dawn”

Redifining Darkness Records

Quando vemos que se tem uma intro, os nossos olhos podem revirar ainda que involutariamente. Quando são intro destas, até que se anseiam por ela. É perante o bom gosto metálico que os The Throne conseguem desde cedo conseguir a nossa atenção. A banda norte-americana eleva os níveis de intensidade metálica até à estratosfera e isto de forma totalmente natural. A mistura entre o black e o death metal é perfeita (poderão pensar em Behemoth como uma referência, mas apenas como isso) e a melodia que surge é sempre de uma forma violenta e até macabra. De uma forma épica. As linhas de guitarra são técnicas mas não esquecem o groove, as vozes são variadas – ora “rasgadas” ora guturais – mas nunca deixam a intensidade baixar. Imaginem uns Vader se estes decidissem a tocar a intensidade dos Morbid Angel num contexto Behemoth e poderão ficar perto do que está aqui. Trinta minutos, violência a rodos. Estamos servidos.

9/10
Fernando Ferreira

9 – Wheel – “Preserved In Time”

Cruz Del Sur Music

Por vezes os melhores trabalhos chegam sobre as capas mais insuspeitas. “Preserved In Time” não tem uma capa vistosa. É deliciosamente vintage (ainda mais que o seu próprio som mas não deixa de ser adequada) mas não é atractiva ao olho da forma que a música nos encanta e agarra, ainda que adequada ao heavy/doom metal clássico. Marca do terceiro álbum (o tal) que também cala o silêncio editorial de oito anos. Bem, se era necessário esse tempo todo para que voltassem com uma obra do calibre deste trabalho, então que seja. Não se apressa obras-de-arte, é uma das mais valias do metal nos dias de hoje (não é regra geral mas aplica-se mais hoje em dia do que anos atrás) e o resultado fala por si. Nomes como Trouble e Candlemass são referências mas apenas por aproximação, já que não há uma aproximação de identidade e sim de género. Para quem pensa no género como algo aborrecido, serve como prova estes sete hinos onde o riff (sempre o riff) é sempre gancho certeiro para que o resto (e o resto é de classe inegável, canções que elevam o género a um novo grau de excelência) nos soe com algo único. E fantástico.

9/10
Fernando Ferreira

8 – Cathartic Demise – “In Absense”

Edição de Autor

Não é a primeira vez que falo do metal canadiano, mas ultimamente parece que estou a voltar a esse bom hábito. Bom hábito que tem que ser obviamente motivado e impulsionado por álbuns como este “In Absence”, o álbum de estreia ambicioso dos Cathartic Demise. A mistura entre death e thrash metal é um dos ingredientes mas é o factor progressivo que faz com que este seja um trabalho memorável. Curiosamente o elemento que o torna mais difícil de absorver, mas neste contexto é mesmo aquilo que o torna único. Elemento que não o molda, mas que oferece as características necessárias para que se tenham temas épicos mas sem serem aborrecidos. Aliás, a intensidade é mesmo uma característica forte daquilo que temos aqui e o factor que faz com que esta banda soe tão única sem reunir elementos na sua fórmula que à partida sejam extraordinariamente diferentes. Há um no entanto que se destaca, a identidade da banda. Não esquecer que estamos a falar do primeiro álbum e apresentar já algo com esta categoria à primeira faz com que a fasquia fique mesmo elevada. “Preocupações” para o futuro, agora é mesmo curtir um dos álbuns do ano.

9/10
Fernando Ferreira

7 – The Limit – “Caveman Logic”

Svart Records

A forma mais fácil de definir (ou divulgar) os The Limit é mesmo anunciar que temos aqui The Stooges com Pentagram, Testors e Dawnrider. Bastava isto, não é? Obrigado e boa dia, boa tarde ou boa noite, consoante a hora do dia que estiverem a ouvir isto. Um projecto único que conta com Bobby Liebling dos Pentagram, Sonny Vincent dos Testors (a saber, banda clássica de punk rock nova iorquina), Jimmy Recca dos The Stooges e Hugo Conim e João Pedro Ventura dos Dawnrider. O resultado? Uma maravilha proto-punk, hard rock ou simplesmente rock cheio de classe num álbum que poderá não ser imediatamente eficaz, mas que com consequentes audições se vai tornando imprescindível. Toda a música (digna de nota) cresce, evolui dentro do ouvinte, jogando com as suas próprias sensibilidades, mas “Caveman Logic” fá-lo de uma forma impressionante. Orgânica e clássica. Podem dizer que é retro e o diabo a quatro, mas terão que admitir que é bom. Ponto. Temos lá a culpa que música de décadas atrás tenha sido tão boa que continue a ter reflexos nos dias de hoje? Merece que seja mais do que apenas mais um projecto.

9/10
Fernando Ferreira

6 – Benthos – “II”

Eclipse Records

O atractivo de estar nisto da música é mesmo saber que estamos sempre sujeitos a ser surpeendidos por novas entidades. A surpresa tem seu nome Benthos, uma banda que se assume (ou é assumida como tal no comunicado de imprensa) como metal progressivo experimental e que tem em “II”, ironicamente, o seu álbum de estreia. É impossível não pensar em Leprous ao ouvir temas como “Debris Essence” onde a emocionalidade expressa na voz e reforçada pelo instrumental. Esse tema, que surge a meio do álbum é também uma peça de destaque e uma excelente carta de apresentação para o que a banda italianafaz uns momentos mais contidos, outros onde vão full throttle como no tema título. É nítido que a banda não ficará por aqui e que há todo um caminho evolutivo a percorrer. Ainda bem que o poderemos fazer com eles.

9/10
Fernando Ferreira

5 – Dead World Reclamation – “Aura Of Iniquity”

Edição de Autor

Devo dizer que esta foi uma surpresa inesperada (claro que se fosse esperada não era surpresa, mas é para verem como foi o impacto). Ora temos uma banda que nos chega rotulada como death metal técnico e com muito de deathcore. A parte deathcore da coisa não causa ânimo – não por ter algo contra o género mas por ser previsível ao que iria soar. Quando os primeiros segundos de “Ripped From The Grave” se faz ouvir, com um shred de guitarra bruto dos queixos, fico logo refém. “E já que fico preso”, pensei eu, “mais vale explorar esta prisão”. Primeira coisa a reparar, temos teclados que dão um ar clássico de black metal melódico da década de noventa – a relembrar Cradle Of Filth – que tanto causam estranheza a início como se entrenham muito facilmente.  As músicas em si apontam em várias direcções mas não é possível definir onde exactamente os situamos. O que é excelente, porque é desta forma que se consegue cativar o interesse de alguém como eu que consome música quase vinte e quatro horas por dia. Equilíbrio fantástico entre melodia e técnica e um excelente álbum. É o segundo álbum da banda – o primeiro terá passado um bocado despercebido mas fica a curiosidade para ver como é que o mesmo é – mas parece-me que é a partir daqui que a sua carreira começa verdadeiramente.


9/10
Fernando Ferreira

4 – Worst Doubt – “Exctinction”

BDHW Rec.

A estreia dos Worst Doubt dá-se com uma bujardona que nem vinte cinco minutos chega a ter. Se tivesse mais, também dúvido que tivessemos capacidade física para a receber. Hardcore metalizado mas longe dos lugares comuns que pensamos assim que pensamos no género. É um disco também doloroso, porque é aquele que nos impele ao movimento e traz-nos à memória corpos a voar em movimentos mais ou menos graciosos de acrobacias não aconselháveis a todos vós aí em casa. Unidimensional – nem é preciso dizer, certo? – violento – idem, idem, aspas, aspas – mas com uma identidade musical bastante interessante e que nos garante que esta será uma banda de onde podemos esperar coisas boas. O primeiro álbum, que embora seja curto, já garante muitas.

9/10
Fernando Ferreira

3 – Vokonis – “Odyssey”

The Sign Records

Acho que podemos já estabelecer aqui um padrão nas minhas análises. Sempre que eu começo por dizer “que capa fantástica”,  o álbum, a música em si vai no mesmo sentido. Os Vokonis fazem por tudo para continuar esta bela tradição. Não só a capa é mesmo fantástica como a música é da mais brilhante – afirmação sempre sujeita a escrutínio que só o tempo poderá colocar em perspectiva. De qualquer forma é um daqueles álbuns que sabemos que pertence perfeitamente a um género – neste caso o stoner rock/metal – mas que tem tanto mais a oferecer que quase parece blasfémia apenas considerá-lo refém desse “pequeno” reduto estilístico. Este é um trabalho ao qual caímos logo de amores à primeira. A voz, as músicas, os riffs, os solos, a base rítmica e até os teclados cortesia do convidado Per Wiberg (dos Opeth e dos Spiritual Begars), é um sem número de atributos que se encontra, onde quer que nos voltemos. “Odyssey” é exactamente aquilo que acho que uma banda deve ser em 2021 – quando temos toda a questão da validação e continuação da música pesada, está aqui o que se deve fazer: pegar no que se gosta, injectar-lhe alma própria e o resultado é sempre diferente e original. Se for particularmente inspirado como é o caso, então ainda melhor.

9/10 
Fernando Ferreira

2 – Witchseeker – “Scene Of The Wild”

Dying Victims Productions

O impacto que este álbum teve em mim fopi o mesmo que tive quando ouvi bandas como Stallion, Stryker, Enforcer e Toxikull pela primeira vez. Aquele regresso aos tempos em que andava a descobrir a música pesada e tudo era novo e a alegria de encontrar bandas que não só eram típicamente heavy metal mas como também tinham temas rápidos onde esse entusiasmo fervilha. Este segundo álbum tem esse poder e esse impacto. E é tudo em bom, não se trata de apenas um passeio pela nostalgia que tem esse único objectivo. Temos canções com capacidade para se tornarem imortais. Estamos numa altura em que é difícil termos bandas a sobressairem e em que existem muitas propostas a exigir a nossa atenção. Poderá jogar a favor a banda ser de Singapura, mas o factor decisivo será mesmo a sua música que é de uma qualidade incontornável. Produção crua, grandes temas, é isto o heavy metal nos dias de hoje: excelente!

9/10
Fernando Ferreira

1 – Cannibal Corpse – “Violence Unimagined”

Metal Blade Records

Este é um dos álbuns mais ansiados no mundo death metal. Não nego que esta afirmação terá origem no facto de ser um grande fã da suca carreira como um todo mas também é inegável que a recente saída de Pat O’Brien (que na prática já tinha acontecido há alguns anos) um guitarrista que moldou e muito o som da banda e a entrada de Erik Rutan (que na prática já fazia parte da banda quer como produtor quer como músico de sessão) colocavam as expectativas em altas. Estando a  ouvir o álbum (non stop) mais de um mês antes do mesmo sair, não tenho a percepção de como o mesmo será recebido e quanto mais o ouço, mais díficil fica de dizer. Isto porque a banda apresenta-se bem mais catchy. O contributo de O’Brien ficou lendário por trazer as músicas mais desafiantes tecnicamente, o que nem sempre é algo amigo do ouvido. Aqui temos algo diferente. Poderoso sem vacilar mas com ganchos mais eficazes. Se estão a perguntar se tal é possível, bem, o Erik Rutan fê-lo nos seus próprios Hate Eternal com grande sucesso, a meu ver. Não, este não é um álbum descaracterizado da identidade da banda, não é um álbum de Erik Rutan. É um álbum de Cannibal Corpse, uma banda com mais de trinta anos de carreira que continua a inovar e apresentar excelentes trabalhos sem desvirtuar a sua identidade. E o título é profético a esse respeito. A mudança nem sempre é má, neste caso foi fantástica.

9/10
Fernando Ferreira

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