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WOM Reviews – Murro / Nyt Liv / Enola / Battosai / Kehlvin / Inner Terrestrials / Iron Bars / Poisoned Speed

WOM Reviews – Murro / Nyt Liv / Enola / Battosai / Kehlvin / Inner Terrestrials / Iron Bars / Poisoned Speed

Murro – “Misantropo”

2021 – Raging Planet

Segundo álbum dos Murro que poderá sentido para muitos como o primeiro. E isso até não é uma injustiça muito grande porque este “Misantropo” assume-se como o início de uma nova era da banda lusitana. A voz de Hugo Cão é poderosa e cavernosa, que acrescenta mais peso à música que, por si só, tem sempre um lado visceral muito presente. Ainda na voz, é possível fazer a ligação com Rui Sidónio e até com Adolfo Luxúria Canibal, na entrega e nas letras que são ainda mais viscerais. Musicalmente é um daqueles álbuns que se ouve rapidamente e que quando chega ao final fica-se com a necessidade de querer (precisar) ouvir outra vez. Um álbum também que deverá resultar muito bem em cima de um palco. Agora finalmente é algo que não terá de ser adiado e esperemos que possa ser apreciado várias vezes e em vários palcos espalhados pelo país.

8.5/10
Fernando Ferreira

Nyt Liv – “Den Døde Sol”

2021 – Indisciplinarian

O hardcore nórdico sempre foi (e continua a ser) uma vertente mais violenta, mais corrosivamente melódica e por consequência, mais interessante do que qualquer outra. “Den Døde Sol” é o segundo álbum dos dinamarqueses  Dyt Liv e consegue conjugar muito bem todas estas vertentes a um ponto de extremo máximo. Algo que até a própria linguagem, estranha para grande parte de nós, latinos, assume-se como uma vantagem por acrescentar agressividade ao seu som. Passa a correr e depressa também se põe a tocar outra vez, é a chamada pescadinha de rabo na boca em modo hardcore. Daquelas deliciosas de experienciar.

8.5/10
Fernando Ferreira

Enola – “Inner Ruins”

2021 – Vollmer Industries/ Burial / Drown Within / Fresh Outbreak / Desperate Infant / P.O.G.O. 

Estreia dos franceses Enola que têm andado a solidificar o seu caminho através do lançamento de EPs e de muitos concertos e como tal avançaram agora para o seu álbum de estreia. “Inner Ruins” é uma bola suja de hardcore e pós-hardcore que vai também meter-se pelo sludge como se este tivesse a ter ocasionalmente um romance proibido com o noise rock. O resultado é termos peso visceral e corrosivo mas também um apurado sentido de melodia que puxa pelas nossas emoções. É o tipo de mistura que faz com que seja irresistível mesmo para quem não gosta habitual deste tipo de som. É uma negritude que se instala como se tivesse encontrado uma alma gémea. Vão ver que sim, que é isso mesmo que vão sentir.

8.5/10
Fernando Ferreira

Battosai – “Battosai”

2021 – Spinda

Punk rock melódico e cheio de garra vindo de Espanha. O que para uns poderá ser foleiro, para mim é algo que consigo valorizar mais hoje em dia – o facto de cantarem na sua língua. Poderá não ter tanto estilo como o inglês mas a música é a única linguagem universal, seja qual for a língua em que é cantada. Este disco tem melodias que se colam logo à primeira, indo por caminhos mais imediatos e melódicos do punk rock ou até mais alternativos. Seja o que for resulta muito bem, principalmente por conseguir estabelecer uma identidade própria (ao primeiro disco é de valorizar) mas também indicar boas indicações das suas influências que em conjunto vivem em harmonia. E nós vamos nessa facilmente.

8/10
Fernando Ferreira

Kehlvin – “Holistic Dreams”

2021 – Division

Se querem saber o equilíbrio quase perfeito (se não perfeito mesmo) entre o hardcore/pós hardcore e o sludge, apresentamos aqui os Kehlvin, onde com “Holistic Dreams” lançam mais uma bomba visceral e de difícil absorção mas que era mesmo aquilo que precisávamos e até antecipávamos após seis anos de ausência. O tempo de ausência poderá ter aumentado as perspectivas o que poderá atravessar-se no caminho da apreciação deste álbum mas o mesmo também fez com que a banda colocasse as suas melhores características ao serviço da música, ou seja, a junção das duas vertentes enunciadas no início desta crítica: a abrasividade do (pós) hardcore e o desespero pesadíssimo do sludge. “Electric Monks” é um dos temas mais desafiantes do álbum mas também aquele que resume a sua essência na perfeição.

8/10
Fernando Ferreira

Inner Terrestrials “Heart Of The Free“

2021 – Sanctus Propaganda

O punk inglês é sempre mítico. Embora, para mim, o punk tenha começado efectivamente com os Ramones e com muitas indicações de bandas como os New York Dolls, o que se passou na Inglaterra tanto com o punk como com o hardcore e crust continua a ser marcante. Ah e claro, com o ska e o dub. Falar dos Inner Terrestrials é falar um pouco da mistura disto tudo mas sobretudo do ska, punk e dub. Som boa onda, com aquela agressividade ocasional e com letras de contestação social é uma mistura que nunca vamos querer passar. Temas como “Eco War” e “Na Pasaran!” dizem tudo.

7/10 
Fernando Ferreira

Iron Bars – “Iron Bars”

2021 – Sanctus Propaganda

Punk/Hardcore como se estivessemos na década de ouitenta, quando o hardcore começa verdadeiramente a explodir no underground. Três temas, curtos e directos ao assunto mas também com algumas melodias inesperadas que se colam ao cérebro – aquela “War With Myself” revela-se um verdadeiro caso de feitiçaria hardcore. Uma banda interessante para quem gostas das origens do estilo, bem dispostas daquilo que temos hoje em dia.

7/10
Fernando Ferreira

Poisoned Speed – “Live And Greasy”

2021 – Barhill

Consta que a banda por aí desde Setembro do ano passado… o que não é dizer muito, não é verdade? Mas sabemos que isso não interessa nada, nada à volta do essencial interessa. E o que é o essencial? A música. A música dos Poisoned Speed faz justiça ao título do álbum e ao nome da banda. Música uptempo, porca e javarda – o facto de ser gravado ao vivo favorece definititvamente mas cheira que a banda num estúdio não tem muito mais asseio do que a javardice aqui apresentada. E ainda bem, porque soa refrescante, uma espécie de Motörhead ainda mais porco e punk. Muito a evoluir é certo, mas como soam agora já é bastante interessante.

7/10
Fernando Ferreira

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