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WOM Reviews – Nattverd / Demonia Mundi / Kruzifix / Isgherurd Morth / Hoth / Cunnilingus / Impurity / Silenced Minstrel

WOM Reviews – Nattverd / Demonia Mundi / Kruzifix / Isgherurd Morth / Hoth / Cunnilingus / Impurity / Silenced Minstrel

Nattverd – “Vandring”

2021 – Osmose Productions

O riff, o todo-poderoso riff. Em muitos géneros a importância deste elemento é fulcral e o black metal é um deles. Os noruegueses Nattverd sabem disso bem – de certeza, não acredito que esta quantidade de riffs excelentes seja um puro acaso, principalmente em 2021 quando já temos quase trinta anos de black metal de segunda vaga em cima. Ao terceiro álbum temos uma colecção fantástica de músicas que trazem o melhor daquilo que se entende por black metal. Correcção, daquilo que eu entendo por black metal – apesar do estilo ser tão hermético, a pluralidade de definições do género é no mínimo irónica. Catchy de uma maneira que muitos trves se sentirão desconfortáveis mas mantendo a sua identidade (e a do género, lá está) intacta. “Vandring” é um daqueles álbuns que poderá não ser considerado clássico devido à altura em que surge, em que não há mais novidades neste segmento, mas tem as características como tal, sendo que o principal é daqui a vinte anos pegar nele com o mesmo entusiasmo que pego nele agora. Tem esse poder.

9/10
Fernando Ferreira

Demonia Mundi – “In Grembo Mater…”

2021 – Cult Of Parthenope

Sinal de perseverança ou simplesmente teimosia, quando vemos uma banda com quase trinta anos de carreira a chegar apenas agora, em 2021, ao seu álbum de estreia? Talvez ambas, mas é sempre bom ver esse sentimento de não desistir ver nascer uma obra como este álbum. O black metal melódico que contém seria revolucionário na década de noventa quando começaram – ou pelo menos teria um grande impacto – mas não soa datado aqui. Contém as suas limitações (a bateria programada é uma delas) mas nem mesmo essas beliscam um pedaço que seja da qualidade deste álbum. Inocência do estilo numa altura em que ela não existe praticamente, mas quando essa inocência surge com a qualidade com que está aqui presente, é porque é mesmo algo especial. Conceito rico, musicalmente, na mesma frequência… Demoraram muito tempo para o lançar cá para fora mas esperemos que agora não seja preciso esperar tanto tempo.

8.5/10
Fernando Ferreira

Kruzifix – “Apeling Darkness”

2021 – Edição de Autor

Depois da demo “Inferi Occultum” no ano passado, chega o primeiro EP do projecto nacional Kruzifix, uma one-man band a cargo de João Amado dos Beyond Carnage. One-man band de black metal para quem ainda esteja na dúvida. É uma excelente surpresa, principalmente por soar mesmo orgânica e por conseguir criar um ambiente memorável – como já disse algumas vezes, a atmosfera criada no black metal é quase tão importante como a música em si. Tecnicamente, o ponto que me surpreendeu mais foi o som da bateria, que está mesmo muito bem conseguido, cru mas definido. A forma como as melodias de teclados também são discretas e essencias para a tal atmosfera também é uma nota importante. Voz, guitarras, tudo no ponto. São três temas que sabem a pouco mas é sempre bom quando é assim, não é?

8/10
Fernando Ferreira

Isgherurd Morth – “Hellrduk”

2021 – Repose Records

Muitas vezes me pronunciei contra o uso excessivo do termo avant garde (assim como até o experimental e o progressivo) mas como tudo na vida, quando se fala, devemos esperar que essas voltem até nós para me morder no traseiro. Os Isgherurd Morth são uma banda de black metal – quanto a isso não existem dúvidas – mas que apresentam algo mais que não é possível de definir facilmente. O tal “je ne sais quois”. Andamentos mais compassados mas sem ser doom. Melodias invulgares mas sem ser propriamente experimental. Complexidade mas sem ser propriamente técnico ou progressivo no sentido tradicional do género. É um álbum intrigante e que convida (obriga!) a mais audições. É um álbum desafiante e que poderá sofrer por isso, devido à nossa, ouvintes, incapacidade de o encaixar num sítio qualquer para melhor absorção. Mas tem muitos outros elementos que nos prendem. A atmosfera, os riffs de guitarra memoráveis e a versatilidade das suas músicas são armas às quais não se consegue ficar indiferente. Estreia valorosa para uma banda com capacidade de surpreender.

8/10
Fernando Ferreira

Hoth – “Beyond The Black Gate”

2021 – Edição de Autor

Ataque duplo de J.A.. O mítico líder dos Decayed sempre teve a sua própria maneira de fazer as coisas e esta espécie de split é um retrato disso mesmo. “Beyond The Black Gate” é o quarto álbum do seu projecto Hoth e aqui vem em conjunto com o álbum de 2019 dos Cunnilingus, “The Second Cumming”. Vou focar aqui apenas Hoth. Este projecto – praticamente uma one-man band com dois músicos de sessão – tem muito de Decayed em si, principalmente Decayed dos tempos da bateria programada, mas não se trata apenas disso. Há uma maior amplitude em relação aos géneros capturados apesar de o podermos situar no black metal. A forma crua e aquele ambiente muito específico de certeza que vai agradar a quem acompanha o trabalho de J.A. A crítica a apontar será que talvez não exista um distanciamento muito grande entre o que os Decayed já fizeram e aquilo que temos ao longo destas dez faixas, mas o público alvo é mesmo os que gostam de black metal de acordo com os pergaminhos da primeira vaga, sem grandes influências escandinavas, por isso até poderá não ser um grande problema.

7/10
Fernando Ferreira

Cunnilingus – ”The Second Cumming”

2019/2021 – Edição de Autor

(Re) Lançado em conjunto com o novo álbum de Hoth, temos este outro projecto de J.A. onde a vertente aqui é diferente dos meandros do black metal… diferente mas não muito distante. Segundo álbum de originais que traz uma abordagem mais thrash metal, tradicional e também com um conteúdo lírico bem diferente, focado… bem, basta ler os títulos e até o nome da banda para se ter uma boa ideia. Apesar de conseguirmos reconhcer de caras o estilo de J.A., há por aqui um feeling tradicional que até é refrescante no contenxto daquilo que nos costuma apresentar. A voz de Jorge Divinus tem aquele impacto que nos remete para os anos dourados da música extrema em Portugal mas carece de dinâmica na sua entrega. Seja como for, o objectivo aqui é mesmo thrashar (de forma necro) e thrashar nós conseguimos sem grande dificuldade. Duas boas bandas/projectos juntas no mesmo CD em quase oitenta minutos de música. Assim vale a pena investir num CD.

7/10 
Fernando Ferreira

Impurity – “Into The Ritual Chamber”

1996 / 2020– Greyhaze Records

A Greyhaze continua a explorar o underground brasileiro e desta vez o alvo foi “Into The Ritual Chamber”, dos Impurity, originalmente lançado em 1996 e agora disponibilizado em CD, vinil e cassete. Apesar de ser um dos nomes históricos do black metal brasileiro, é um nome que teve uma exposição algo tímida em relação a outros que transitaram da década de oitenta. Este é o seu segundo álbum e tem poucos argumentos para garantir o interesse desta reedição, para além do estuto que adquiriu no underground ao longo dos anos. Para já tem pouco mais de vinte e cinco minutos – o que dificilmente o poderemos chamar como um “longa-duração” – e depois a sua música nunca chega a ultrapassar, tirando um ou outro momento, a mediania, optando quase sempre por um midtempo previsível e que faz com que os temas sejam todos mais ou menos semelhantes.  Só mesmo para os coleccionadores  e fãs da banda.

4/10
Fernando Ferreira

Silenced Minstrel – “Volume 5”

2020 – Edição de Autor

Este é o segundo álbum da one-man band da Malásia Silenced Minstrel que ouço, que depois de me causar pesadelos com o quarto volume, volta agora para o quinto, sem necessidade. A qualidade é ainda inferior e ouvir isto é um verdadeiro pesadelo – redundância? Talvez mas é apropriado neste contexto. Produção caseira, ideias básicas e ainda pior produção. 2020 não precisava de mais um álbum assim… Apesar do ano horrível que foi, não era preciso mais.

3/10
Fernando Ferreira

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