WOM Reviews – Neal Morse / Albinobeach / Acid Mess / Bulb / Airbag / Lament / Ring Van Möbius
WOM Reviews – Neal Morse / Albinobeach / Acid Mess / Bulb / Airbag / Lament / Ring Van Möbius
Neal Morse – “Sola Gratia” InsideOut
2020 – InsideOut Music
Por esta altura as convicções religiosas de Neal Morse já não são mistério nenhum. Nem o seu talento e criatividade aparentemente inesgotáveis. Sempre pronto para lançar música cá para fora e sempre com conceitos interessantes, aqui em “Sola Gratia”, o seu mais recente trabalho a solo, não é uma excepção. O conceito é sobre o percurso do apóstolo Paulo e do seu caminho de redenção. Musicalmente é soberbo, um luxo dentro daquilo que foi e é o rock progressivo. Tudo flui de forma simples, com as melodias a serem marcantes – há por aqui fortes influências gospel que ajudam a esse efeito. Poderá não haver tempo hoje em dia para apreciar álbuns como antes, do início ao fim e sem estar a querer julgar ninguém, mas aqui está mesmo uma obra que exige tal. Puro prazer auditivo. Será provavelmente o meu trabalho favorito da carreira a solo do músico.
9.5/10
Fernando Ferreira
Albinobeach – “The Ladder”
2020 – Edição De Autor
Música instrumental que tanto dá para o progressivo como para o pós rock poderá pensar-se que é algo que já não traz novidade nos dias de hoje. Talvez não, mas com esta sensabilidade pelo menos temos a certeza de que se trata de algo verdadeiramente único. “The Ladder” é o segundo álbum dos sul africanos Albinobeach. A pausa de cinco anos entre álbuns é compreendida logo desde o primeiro momento quando se sente a forma como estas sonoridades foram tão pensadas como sentidas, não deixando nada ao acaso. Principalmente a simplicidade que transportam dentro de si. Simplicidade que apenas é quebrada pelos sentimentos que se poderá ter interiormente (ou não). Seja como for, e divagações aparte, este é um álbum que rapidamente se instala confortavelmente e não quer sair nem por nada.
8.5/10
Fernando Ferreira
Acid Mess – “Sangre De Outros Mundos”
2020 – Spinda Records
Excelente surpresa estes Acid Mess. Com uma sonoridade que anda algures entre o stoner/prog rock e o rock psicadélico, somos embalados por tapeçarias sonoras muito interessantes por esta banda espanhola, que já anda por aqui há já alguns anos. Aliás, este é o terceiro álbum, um que se percebe como culminar de um processo de maturação que só beneficia a música e os fãs da mesma. Há uma pluridade de referências e influências (em alguns momentos por exemplo parece que estamos perante flamenco) o que obriga automaticamente a ter os horizontes musicais a estarem escancarados. Algo que faz com gentileza. Recomendado conhecer.
8/10
Fernando Ferreira
Bulb – “Archives Volume 3”
2020 – Century Media Records
Por esta altura já é chover no molhado explicar o que é este projecto Bulb e o que representa, não é? No entanto poderão haver sempre almas distraídas e para eles dizemos sucintamente que trata-se da reunião de faixas retiradas do arquivo de Misha Mansoor dos Periphery. Neste terceiro volume temos mais dez temas que andam pelo metal moderno e por algumas ambiências prog, temas instrumentais que de vez em quando surgem com passagens de canções dos Periphery. Para os fãs dos Periphery e para quem gosta de prog onde o peso do metal moderno é proiminente, nem é preciso dizer mais nada.
8/10
Fernando Ferreira
Airbag – “All Rights Removed”
2011/ 2020 Karisma Records
Uma das questões que sempre acompanharam os Airbag é a proximidade a Pink Floyd e isso já começou bem cedo. Neste segundo álbum já se levantava esse ponto mas na minha opinião isso não evidencia a qualidade da música da banda nem a sua identidade que, sim, tem muito em comum com paisagens estabelecidas pelos Pink Floyd mas também com muitas outras. Há por aqui ecos de outras bandas como os Riverside ou Anathema e Steven Wilson. Essa é apenas uma distracção daquilo que interessa. Este álbum que agora é reeditado mostra-nos que a sua música prova ser tão imortal como a dos clássicos, ou melhor, que já é um clássico. Como álbum, não é o trabalho mais forte, mas o tema título, que abre, e o épico de quase vinte minutos “Homesick” que fecha, são sem dúvida destaques maiores da carreira da banda. Uma reedição resmasterizada que merece ser aproveitada para todos os coleccionadores e amantes de rock progressivo de classe.
8/10
Fernando Ferreira
Airbag – “The Greatest Show On Earth”
2013/2020 – Karisma Records
Terceiro álbum dos Airbag, que também tem honras de ser remasterizado e reapresentado para os fãs de rock progressivo que os mostra em grande forma. A guitarra de Bjorn Riis continua a ser para mim o grande destaque mas não quero injusto e deixar de lado a importância de como tudo se conjuga na perfeição para termos um conjunto de temas marcantes sendo que “Redemption” é um deles. Sou suspeito porque considero os Airbag um dos grandes grupos de rock progressivo da actualidade, capaz de fazer música intemporal. Este é um dos seus trabalhos marcantes e sem dúvida algo que vale a pena agarrar se ainda não o tiverem.
8.5/10
Fernando Ferreira
Lament – “Visions And A Giant Of Nebula”
2020 – Casus Belli Musica
Álbum de estreia dos Lament que nos trazem uma espécie de pós-black metal muito interessante. Digo espécie porque apesar de alguma identificação na estética do black metal, não me parece que seja algo que coadune por completo. Tal como com os Alcest, que são um dos nomes que vêm bastante à baila (mais que seja interiormente) ao longo destes seis temas. Ambientes melancólicos e belos que nem mesmo com a (alguma) abrasividade das guitarras e da voz deixam de ter o seu apelo. Não é original nem nos é apresentado como tal. Poderá (irá!) irritar todos aqueles que já não suportam este tipo de coisa. Pessoalmente, a minha resistência é elevada, portanto é muito bem recebido.
8/10
Fernando Ferreira
Ring Van Möbius – “The 3rd Majesty”
2020 – Apollon Records Prog
O comunicado de imprensa diz que os Ring Van Möbius são considerados como a verdadeira banda de rock progressive. Usando de métodos e equipamentos analógicos, isso é algo que se salienta logo à primeira. Mas também a música vai nesse sentido, como se os Yes da década de setenta fossem uns meninos na arte de viajar na maionese. O orgão Hammond domina por completo o som da banda e isso, junto com os devaneios, poderá fazer com que este trabalho seja um bocado difícil de digerir. Começar com um tema de mais de vinte minutos também é a prova de que eles se estão a borrifar por complete. Exuberante e excêntrico mas muito bem feito onde a ambição é suportada por talento. É recomendado apenas para proggers experientes. Os outros poderão fartar-se logo no devaneio inicial do já citado épico “The Seven Movements Of The Third Majesty”.
7/10
Fernando Ferreira