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WOM Reviews – Nova / Aodon / Ayr / Inferit / Novae Militiae / Neverbreath / Impera / Transzendenz / Schizochristo

WOM Reviews – Nova / Aodon / Ayr / Inferit / Novae Militiae / Neverbreath / Impera / Transzendenz / Schizochristo

Nova – “Veniamo Dal Cielo”

2020 – ATMF

Formados em 2003, os Nova são uma banda italiana de black metal que já conta com três álbuns no cartório. O último, Veniamo Dal Cielo foi lançado em Dezembro A.C. (Antes de Covid) e demonstra-se como um trabalho ambicioso focado em esoterismo, elemento já ilustrado na capa pouco usual no mundo de black metal (só um “anjinho” e cores claras sem qualquer tipo de obscurantismo lá metido). Contudo, quando mergulhamos neste trabalho, verificamos como os elementos black metal são abundantes e variados, conseguindo libertar-se de alguns dos clichés do género. Este é um tipo de black metal variado; é claramente um tipo de som que se desenvolve, isto é, não opta por estagnar num conjunto de sons ruidosos e evolui de faixa para faixa no sentido da própria transcendência sonora. Claro que não são apenas misticismos no horizonte, várias das opções tomadas notam-se bem carregadas dos elementos de explosivos e bastante indicativos de desejos de moshpits pouco ordenados, enquanto que também surgem elementos mais ambiente e melancólicos (excluindo obviamente a parte do vocal que se mantém sempre no estado de ferocidade metaleira). Resumidamente, alcança-se bem o estatuto esotérico com este trabalho.

9/10
Matias Melim

Aodon – “11069”

2020 – Willowtip Records

Provenientes de França e formados em 2016, os Aodon são uma banda de black metal que já desenvolveu dois trabalhos. “11069” é o seu segundo trabalho e devido à minha particular dificuldade na interpretação de francês, vou optar por nem me aventurar pelo conteúdo lírico deste álbum. Assim, a sonoridade desta banda situa-se um pouco do lado mais atmosférico da cena black metal levando por vezes ao afastamento total da conceção de black metal que todos temos. Mais precisamente, em termos sonoros a banda não transmite a ideia de tristeza, infelicidade e malvadez, mas sim uma ideia de desespero (proporcionada principalmente pelo vocal rasgado) épico e extraordinário. Pelo menos no início. Posteriormente, o álbum demonstra a sua dinâmica que é bastante acentuada pela alteração de tonalidade verificada de faixa em faixa: claro, escuro, claro, escuro e por aí adiante. Por outras palavras ,enquanto que há variáveis mais tocadas pelo ambient e pelo o lado menos demoníaco, outras são precisamente o inverso, algo positivo, já que dá uma certa sensação de incerteza ao ouvir o álbum, mas sempre com uma boa ansiedade. Este é um álbum muito interessante principalmente pelo facto de que não apresenta tendências muito batidas dentro do género e por conseguir apaziguar o não apreciador de black metal. Por isso e pela evidente qualidade contida dentro deste trabalho (é um daqueles casos que leva ao desejo de ser ouvido ao vivo), é que este álbum é bastante aconselhado para audição. O potencial aqui contido de black metal transcendente é explosivo.

8.5/10
Matias Melim

Ayr – “The Dark”

2020 – Edição de Autor

Depois de nove anos de ausência (grande parte desse tempo, a banda esteve congelada), com três eps lançados, os Ayr voltaram com um álbum de estreia. A ambiência deste trabalho é fantástica, muito próximo do black metal depressivo mas também com igual peso no atmosférico. Facilmente somos engolidos por este mundo, é pena é que o mesmo nos pareça tão finito no final. Apesar de termos quase quarenta minutos de música em seis temas, no final parece que só tivemos mesmo três. O que vale é que esses três, não desvalorizando os apontamentos atmosféricos a intervalar, são mesmo muito bons.

8.5/10
Fernando Ferreira

Inferit – “Diverge In The Absence Of Light”

2020 – Wolfmond Production

Mas até quando é que vamos ter bandas de back metal a lançar álbuns de estreia bombásticos? Não é para responder, esta é mesmo uma pergunta de retórica. Este trabalho traz-nos black metal uptempo mas sem medo de ser dinâmico. Sem grandes invenções à roda – que foi feita foi para rodar, ora depressa, ora mais devagar, “Diverge In The Absence Of Light” é um trabalho que vai buscar os ambientes gélidos (graças a uma escolha acertada nos riffs em tremolo picking) da segunda vaga do black metal e que acrescenta ainda um carácter próprio. Mais um para ouvir até gastar.

8.5/10
Fernando Ferreira

Novae Militiae – “Topheth”

2020 – Goathorned Productions

Apenas com o grafismo da capa de ‘Topheth’ (uma espécie de “fotografia” do inferno), já dá para ter uma pequena ideia do seu conteúdo e ao que vem os Novae Militiae com este seu segundo álbum de originais. Em ‘Topheth’ os Novae Militiae apresentam-nos um Black Metal cru, genuíno e uniforme não comprometido com intromissões de outros subgéneros. A grande imagem de marca de ‘Topheth’ será porventura o seu ambiente, uma aura tenebrosa, sepulcral, religiosa, ritualística, aterradora e demoníaca que se mantem durante todo o álbum transportando-nos para uma insana e torturante descida ao inferno. Com vocalizações atípicas e uma composição que evidência muito mais a intensidade do que a velocidade pode-se afirmar que ‘Topheth’ nem é à partida um álbum que cumpra os habituais pergaminhos do Black Metal o que não deixa de ser curioso. Um inevitável e particular destaque para a faixa ‘The Call Of Aeshma’, uma sinistra, hedionda, asfixiada e mefistofélica marcha militar que poderia muito bem ser a banda sonora de um qualquer exército dos mortos. Os Novae Militiae conseguem assim desbravar terreno no populoso meio do Black Metal Francês em grande estilo deixando excelentes indicações para o seu próprio futuro.

8/10
Jorge Pereira

Neverbreath – “To Defile Is To Transcend”

2020 – Edição de Autor

Neverbreath, haverá nome mais evil que este? Provavelmente sim, mas vamos dar-lhes o benefício da dúvida. Apesar da sua designação não ser muito assustadora, já o som impõe algum respeito. Temos um black metal musculado e até bastante próximo do death metal que nos faz lembrar a espaços Dissection nas melodias. Alguma previsibilidade se começa a instalar logo desde cedo mas felizmente para contrapor temos dinâmicas que impedem que este álbum se torne aborrecido. Agora há uma questão que temos que referir. A promo que recebi tem duas misturas do álbum. Uma com um som forte e poderoso e outra com a designação “Trv Blk Mtl Mix” que transfigura consideravelmente o produto final, tendo um alcance diferente. Primeiro lançamento valoroso que deixa em aberto a nossa opinião definitiva – até porque não sabemos qual será a mistura oficial.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Impera / Transzendenz – “Der Transzendentale Imperator”

2020 – Wolfmond Production

Quando se tem um split que junta os Impera e aos Transszendz, não há grandes margens para dúvidas em relação ao que vamos encontrar. Black metal cru e levemente depressivo de parte a parte. São quatro temas, dois para cada banda e ainda uma intro que não se sabe muito bem quem foi o responsável. Recomendado para quem gosta da vertente mais primitiva do estilo, embora não seja memorável.

6/10
Fernando Ferreira

Schizochristo – “Mundo Sin Fin”

2020 – Edição de Autor

Apesar de ter uma clara preferência pela música com uma produção poderosa (na minha opinião, aumenta o seu potencial peso), o black metal é dos poucos estilos que consegue contornar esta “regra”, onde por vezes o som mau tem o seu charme. Até chegarmos a álbuns como “Mundo Sin Fin”, que embora tenha o seu charme lo-fi, nitidamente precisava de uma mão mais atenta na hora de misturar/produzir. Isto porque, mesmo sem perceber nada disto, dá a sensação de que pelo som da bateria estar demasiado alto (e comprimido) o resto sofre parecendo que se está a ouvir a música debaixo de água, principalmente quando o ritmo aumenta a velocidade. Algo que prejudica desde o início a apreciação. Não é trve da minha parte, eu sei, mas todos temos os nossos defeitos.

4/10
Fernando Ferreira

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