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WOM Reviews – Sarcator / Wehrmacht / Wehrmacht / Trallery / Needless / Tease The Demon / Atrocitus / Ranger

WOM Reviews – Sarcator / Wehrmacht / Wehrmacht / Trallery / Needless / Tease The Demon / Atrocitus / Ranger

Sarcator – “Sarcator”

2020 – Redefining Darkness Records

Aquele “huh” inicial da “Abyssal Angel” é a cerveja do bolo thrash metal que tanto apreciamos. E como esse é o primeiro tempo, fica-se logo apresentado. Death/black thrash a fazer lembrar o impacto que bandas como Kreator e Sodom tiveram quando os ouvimos pela primeira vez. Aliás, há muitas mais referências a surgirem aqui, em relação a esse impacto mas antes que se pense que é uma colecção de riffs roubados ou algo assim do género, quero garantir que o que temos é mesmo uma sensação de algo refrescante e algo novo. Sei que é um paradoxo perante tudo o que disse atrás mas não deixa de ser essa a sensação. A produção é poderosa mas vintage o suficiente para nos dar esse ambiente  – algo que a distorção e sobretudo o ligeiro reverb na bateria cria com excelência. Esta é uma verdadeira pérola recomendada para todos/as os/as amantes de thrash metal. Mesmo que não gostem da abordagem mais extrema, garanto que não vão ficar desiludidos/as.

9/10
Fernando Ferreira

Wehrmacht – “Shark Attack”

1987 / 2021 – Hammerheart Records

Agreste e cru como a capa. Esta banda norte-americana é um bocado um clássico esquecido do crossover mas estas reedições da Hammerheart (“Shark Attack” e “Biërmächt”, os dois únicos álbuns que a banda lançou) servem para manter a memória viva. É um chavascal de todo o tamanho que impressiona pela sua violência. Estamos a falar de 1987, quando o death metal dava os seus primeiros passos, o thrash metal estava a caminho do seu auge comercial e depois tínhamos bandas como os Wehrmacht que apresentavam de forma crua e grosseira mas com um humor desconcertante. “Shark Attack” grita clássico por todos os poros e que até aos ouvidos de hoje, pouco habituados a uma produção tão rude, soa revolucionário. Os homens não dão descanso ao longo de trinta e seis minutos. Vale a pena conhecer para todos os que gostam de crossover e thrash clássico.

8.5/10
Fernando Ferreira

Wehrmacht – “Biërmächt”

1989 / 2021 – Hammerheart Records

Segundo álbum dos Wehrmacht que mostra a banda um bocado mais refinada, até no seu de senso de humor. Com esse refinar de operações, perdeu-se um pouco da brutalidade da estreia mas isso está longe de fazer este “Biërmächt” menos essencial para quem gosta de crossover. Até será mais indicado para começar já que o primeiro apresenta uma banda bem mais potente. Haverá sempre duas perspectivas e haverá sempre quem prefira o aspecto revolucionário da estreia mas este é mais indicado para quem apenas quer ouvir guitarras a rasgar e boa diversão metálica. Ou crossoveriana. Seja como for, é para aproveitar a reedição.

8.5/10
Fernando Ferreira

Trallery – “Isolation”

2019 – Rocket Music

“Isolation” é o terceiro álbum dos espanhóis Trallery e consegue causar logo um bom impacto desde o início. Quando estou a ouvir uma banda pela primeira vez, essa primeira impressão é muito analítica, mas também há muito do seu feeling que deverá fluir. Com os Trallery, o que passou foi um feeling de thrash moderno com algumas tendências progressivas. Claro que quando a voz de Humberto Pol entra em acção, há um choque, já que o poder da sua garganta coloca-nos já no campo do death/thrash metal. Nada que no fundo manche esse tal primeiro impacto. “Isolation” – título premonitório este, um ano antes de isto ir tudo para o cano – é bastante diversificado mas o seu ponto mais forte mesmo é a capacidade técnica dos seus executantes em criar temas que despejam groove, técnica mas não se esquecem que estamos aqui para ouvir canções e não itens de uma checklist de como capturar a atenção de uma audiência com um déficite de atenção cada vez mais precário. Boa surpresa, dá vontade de conhecer os trabalhos que ficaram para trás.

8.5/10
Fernando Ferreira

Needless – “Heresy”

2019 – Edição de Autor

Hoje em dia é preciso muito mais que ser brutal, para conseguir chegar algum lado. Claro que esta declaração é tão vaga e útil como a palabra brutal – ou qualquer outro adjectivo. Só podendo falar por mim, posso dizer que esta estreia dos Needless, já de 2019, toca em todos os pontos certos. A violência metálica está cá mas também o gosto pelos riffs intricados, pelos ganchos melódicos nas melodias das guitarras e pela versatilidade da voz que tanto vai para o gutural para um tom de voz mais rasgado. E a acumular a tudo isto temos grandes temas que convidam ao movimento. O que é, por si só, uma vitória, estando nós mergulhados num mundo de apatia. “Heresy” tem tudo para viciar desde logo ao primeiro contacto.

9/10
Fernando Ferreira

Tease The Demon – “A Series Of Unfortunate Events”

2020 – Edição de Autor

O título até parece desajustado, mas todas as considerações acerca do mesmo, da capa e do logo, ficam para trás, dado a a forma como este thrash/death metal melódico se infiltram de forma impressionante. Algumas das vocalizações poderão custar a entrar – para quem for fã de Macabre e das suas vocalizações mais alucinadas, poderá já estar preparado – mas é mesmo um detalhe porque instrumentalmente este álbum é um vício. Orgânico, com uma produção que mantêm as coisas no real sem necessidade de plastificar muito o som, e com aquele feeling de que estamos a assistir um ensaio da banda e podemos ver (e sentir) o quão todos se estão a divertir. É esse sentimento de diversão que passa por aqui. Boa banda, estes dinamarqueses.

8/10 
Fernando Ferreira

Atrocitus – “Man (Un) Kind”

2020 – Edição de Autor

O título do EP de estreia dos brasileiros Atrocitus apontou na direcção da música com o mesmo nome (sem os parêntesis) dos Metallica, uma música que até nem é das melhores (nem perto nem de longe) do álbum em questão. Felizmente que em vez do midtempo aborrecido dessa música, que o que temos aqui é mesmo uma batida uptempo (exceptuando a “Mindblock” que mesmo em midtempo tem uma intensidade bruta) numa produção crua mas suficientemente límpida para que se percebam os muitos pormenores de guitarra. Death/thrash metal com garra e muito a oferecer. Este é só início.

7/10
Fernando Ferreira

Ranger – “Insurgency”

2021 – Edição de Autor

Já me estava a interrogar por onde andariam os Ranger. Depois de um excelente “Speed& Violence” de 2016 a banda entrou num hiato e agora regressam com esta demo de três temas. Uma demo que demonstra que a banda continua com aquela garra speed thrash mas de uma forma bastante crua. Dolorosamente crua. Parece uma demo da década de oitenta, que claro, tem o seu encanto mas perde o seu poder neste contexto. Espero contudo que seja algo que embrionário de um regresso aos discos em grande.

6/10
Fernando Ferreira

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