WOM Reviews – Sepiroth / Saille / Helslave / Gateway / Terminal Carnage / 3rd War Collapse / Konkhra / Crucifixion Ritual
WOM Reviews – Sepiroth / Saille / Helslave / Gateway / Terminal Carnage / 3rd War Collapse / Konkhra / Crucifixion Ritual
Sepiroth – “Condemned To Suffer”
2021 – Petrichor
Dá-lhe forte e feio! A curta intro enigmaticamente intitulada ”45362971N126375544E“, toda ela a puxar ao ambient macabro, faz-me logo pensar que a coisa vai escalar e rapidamente e assim é. Death metal bruto e sem deixar grande espaço para contemplações mas que consegue perceber que a boa porrada só é melhor apreciada se for dada com algum direito a descanso, com algumas nuances. Algo que temos aqui com excelência o que faz com que trablho, curto, seja uma autêntica lufada de ar fresco. Não é preciso reinventar o que não precisa de ser reinventado, só é preciso mostrar saber como fazer músicas com qualidade e que tenham alguma mais valia em relação à concorrência – que é feroz neste estilo de música. A tradição holandesa na mortandade é forte, mas os Sepiroth estão mais interessados em fazer valer o seu som e identidade do que percorrer caminhos demasiadamente percorridos. E também provam que é possível incorporar melodia sem que a violência seja afectada.
9/10
Fernando Ferreira
Saille – “V”
2020 – Edição De Autor
Chris Reese e Tom Dring dos Corrupt Moral Altar têm uma nova aventura musical, estes Lake Baihal, e apesar de ser apenas um tema, em termos de duração, podemos dizer que se trata de um EP já que são quinze minutos, numa autêntica viagem de montanha-russa, com vários géneros a juntar-se do black ao doom metal, onde até solos de saxofone se fazem sentir. Tudo flui de forma perfeita. De tal forma que a cada vez que ouvimos há novos pormenores a surgir e novas perspectivas. E é apenas um tema. Imaginem um álbum inteiro.
9/10
Fernando Ferreira
Helslave – “From The Sulphur Depths”
2021 – Gruesome Records
Edição em cassete do segundo álbum de originais dos deathsers italianos Helslave que mostraram que a longa demora em editar este trabalho não foi indicativo de falta de inspiração. Claro que podemos dizer que neste espectro do death metal, já muita coisa foi feita e ouvida principalmente para os lados da Suécia – sítio de onde parece que este “From The Sulphur Depths” também veio. Para quem gosta destes destinos, também não se vai importar que não existam grandes surpresas, ainda mais sendo bem feito e com garra como é o caso. Não conhecendo o que está para trás, e tendo a noção de que houve uma evolução na sua música para chegar a este ponto, em relação ao futuro só tenho a dizer que mais vale esta paragem do que inventar algo pior. “From The Sulphur Depths” poderá lembrar outras coisas mas são boas memórias. Excelentes até.
8/10
Fernando Ferreira
Gateway – “Flesh Reborn”
2021 – Chaos Records
Ainda não é desta que Gateway lança o segundo álbum, sendo o quarto desde 2015 e também o primeiro desde 2018. Nova música, quando boa, é sempre motivo para celebrar e aqui temos o death/doom metal cavernoso com invulgar peso e invulgar capacidade para apelar nos abrandar a pulsação como se estivessemos a descer na caverna até uma profundidade tal que até o tempo pára por lá. Menos unidimensional que se espera à partida, é um bom regresso desta one-man band. E mais que nunca abre o apetite para o segundo álbum que depois deste aperitivo é mais que devido.
8/10
Fernando Ferreira
Terminal Carnage – “The Sickening Rebirth”
2021 – Great Dane Records
Spooorting! Até parece que é de propósito a estreia do duo alemão Terminal Carnage ter este título e ter estas cores. Calma, calma, não estamos a ceder às pressões sociais de falarmos de desporto nestas páginas. Até porque a música continua a ser aquilo que mais nos interessa. Death metal old school e cavernoso, bem old school que chama a nossa a atenção desde o primeiro momento. Não é preciso grande técnica e a voz até é unidimensional – sendo bastante identificável com aquelas primeira impressões que se teve com o estilo, principalmente no início da década de noventa. Esse encanto álgico, tem muito a ver com a forma como este disco é recebido, não nego, mas é também como que estarmos confrontados com as raízes do estilo, interpretadas com excelência e paixão. Faz toda a diferença. Pequena nota para o último tema, “Obituary After Death”, não tem aquele título por acaso.
8/10
Fernando Ferreira
3rd War Collapse – “Damnatus”
2021 – Guttural Brutality Productions
Os 3rd War Collapse são uma nova banda/projecto que junta músicos finlandeses e brasileiros, um projecto que se insere no contexto de brutal death metal e que traz bons argumentos para fazer valer a sua música. Infelizmente acabam por ser prejudicados pelo facto das guitarras estarem algo apagadas na mistura, sendo esse destaque dado à bateria. Musicalmente temos boas indicações e variações e bom poder metálico mas a falta de volume nas guitarras (já nem falo no baixo) acaba por ser aquilo que está sempre presente ao longo de todos os temas. Vontade de ouvir mais e com as guitarras a gritar.
7/10
Fernando Ferreira
Konkhra – “Sexual Affective Disorder”
1993/2021 – Hammerheart Records
Reedição muito apetitosa do clássico álbum de estreia dos Konkhra. O álbum até pode não ser o ponto mais alto da carreira da banda mas ouvindo-o hoje em dia nota-se o quão estavam À frente do seu tempo, com um death metal a apostar mais no groove e em soluções de guitarra que pareciam ir beber mais a uns Pantera do que a uns Obituary ou Benediction. A produção não é brilhante faltando-lhe algum brilho mas é também um retrato fiel da época. Para acompanhar temos os temas do EP de 1992 “Stranded” (mais tradicional no death metal e na produção podre) e da demo “Malgrowth” de 1991 que curiosamente até está mais próxima do álbum de estreia em termos de estilo e produção do que o EP que se lhe seguiu. Apetecível para os coleccioniadores.
7/10
Fernando Ferreira
Crucifixion Ritual – “Gouging The Eyes Of Angelic Purity
2021 – Invictus Productions
Demo podre. Descrição rápida e eficaz deste primeiro lançamento dos irlandeses Cruxifixion Ritual. Uma demo que se tivesse sido lançada em 1985 tinha desculpa para o seu som. Nos dias de hoje é estética que pode ou não resultar. Resultaria mais se tivessemos ambiente e/ou uma profundidade musical invulgar mesmo que afundada num som estupidamente distorcido do baixo e da bateria abafada, isto já sem dizer dos guturais que são primitivos e remontam aos primórdios da música extrema. Tem o seu encanto, é certo mas se por vezes temos dificuldade em apreciar os já citados primórdios, pior ainda será quando aparecem bandas novas a soar como se não tivessemos mais de três décadas de história da música extrema em cima.
3/10
Fernando Ferreira