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WOM Reviews – Taumel / October Falls / Alexander / Gong Wah / Iboga Gazebo / Fismits / SJ Denney / Bulb

WOM Reviews – Taumel / October Falls / Alexander / Gong Wah /
Iboga Gazebo / Fismits / SJ Denney / Bulb

Taumel – “There Is No Time To Run Away From Here”

2020 – Tonzonen Records

Dark jazz é um rótulo apelativo, doom jazz então rebenta pelo meio qualquer um mas o melhor deste trabalho dos Taumel é que sendo minimalista, consegue preencher o vazio do silêncio de forma arrepiante. As coisas passam-se à velocidade de um caracol depois de enfardar quinze leitões ao almoço e antes de dormir a sesta. Sim, este som tem a capacidade de irritar qualquer fã de música pesada pela forma como é deliciosamente boa onda e perfeito a criar ambientes próprios de um filme noir. É o verdadeiro álbum de ambient sem o ser propriamente. E seja o que for que é, soa bem, soa mesmo muito bem.

9/10
Fernando Ferreira

October Falls – “Syys”

2020 – Purity Through Fire

Não há fome que não dê em fartura. Esta interessante banda finlandesa (que por acaso até começou como uma one-man band) esteve sete anos silenciosa editorialmente (pelo menos de material original, já que em 2014 lançou a compilação “Kaarna”) e agora, em 2020 lança dois álbuns, primeiro “Fall Of An Epoch” em Maio e agora em Outubro (claro), este “Syys”.  Sabia logo à partida que aquilo que teríamos aqui iria pender para o folk acústico, não só pela abordagem do já citado “Fall Of An Epoch” como também o facto do logo na capa indicar isso mesmo – é costume este logo surgir neste tipo de álbuns. Acústico e apoiado unicamente em guitarras e num violencelo (muito discreto), com a ajuda de alguns sons da natureza para dar ambiência, este é um trabalho que nos transporta para algo mais próximo da natureza. Uma viagem evocativa que não nos importamos (fazemos de questão) de repetir vezes sem conta!

9/10
Fernando Ferreira

Gong Wah – “Gong Wah”

2020 – Tonzonen Records

Diferentes sensações que tie conforme fui mergulhando neste trabalho auto-intitulado. A primeira foi de fuzz, que estavaria bem num stoner, mas a melodia já apontava na direcção de um noise rock mais simpático ou até indie rock. A voz, todavia, dava logo moca instantânea, apetecendo dar mais uma baforada antes de começar a voar em direcção ao espaço. Ao longo do álbum vamos percorrendo e aternando estes vários sentimentos e formas de sentir, mas a constante é que o poder para estas viagens e mudanças de humores vem todo da música. Há algo de muito estranho e ao mesmo tempo sensual nesta música. Provavelmente a sua sensualidade reside mesmo no facto de ser estranha. É um álbum de estreia que promete muito e é pena que surja agora numa altura em que não sabemos quando é que teremos música ao vivo porque seria fantástico ver/ouvir uma banda como esta no nosso Sonicblast.

9/10
Fernando Ferreira

Iboga Gazebo – “Dose Age”

2020 – Golden Robot Records

Que doce embalo os Iboga Gazebo nos trazem com este álbum de estreia. “Dose Age” poderá ter uma capa que mete medo à noite escura mas musicalmente é um doce de pessoa. Ou álbum. Uma aura de rock indie e até de shoegaze é o elemento que liga todas estas dez canções. Isso e a voz de Kim Yang, que nos fazem sentir como se estivessemos a caminhar no ar. A banda que está por trás é bem experiente – músicos que já colaboraram com nomes como PIL, Jane’s Addiction, Fiona Apple e The Church. Poderá ser algo que potencial poderá deprimir, há uma toada cinza à volta destes temas mas é de uma classe inegável.

8/10
Fernando Ferreira

Alexander – “I”

2020 – Superbob Records

Duo de Alexandres (Kyle Alexander do Canadá e da banda Zaum na voz, sintetizadores e baixo, e Jörg Alexander da Alemanha e da banda Jelousy Mountain Duo na bateria) que traz um álbum inquietante. Um álbum capaz de gerar pesadelos para quem gosta da música em todo o seu esplendor e banalidade. Aqui temos dois temas longos que inserem-se no noise e no drone mas também no experimentalismo, sendo difícil de encarar de outra forma que não essa – experiências sonoras, impossíveis de serem reproduzidas ao pormenor, algo que também não deixa de ser refrescante nos dias de hoje. Futuras experiências aguardam-se com expectativa.

7/10
Fernando Ferreira

Fismits – “Before The Hindsight”

2020 – Edição de Autor

A cena de África do Sul é muito rica, com novos nomes a surgir em catadupa. The Fismits é um desses novos nomes que tem em “Before The Hindsight” o seu álbum de estreia. Um belo álbum de estreia que vai buscar várias diferentes sensações do rock. Ele vem-nos rotulado como indie mas há por aqui algo que me faz recuar um pouco mais até antes da década de noventa. Uma leveza e suavidade contagiante mas igualmente uma considerável mestria na forma de fazer temas cativantes, temas que colocam vários elementos à nossa disposição para nos fisgar a atenção. Várias facetas que só fazem com que seja um trabalho com um alcance considerável para quem gosta do seu rock melódico e eclético. Boa surpresa.

7.5/10 
Fernando Ferreira

SJ Denney – “An Island Of Clouds”

2020 – The Animal Farm

A capa colorida faz antever algo pop. Até poderá ser pop mas a ser, será algo mais próximo da década de oitenta. A primeira faixa a capella faz lembrar a mítica “Caravan Of Love” dos The House Martins, curiosamente. Mas tal como no caso deles, é um tema único, já que o que temos no resto deste EP é um rock indie suave, onde, sim, as melodias e coros vocais assumem um papel de grande importância. Melodias bonitas e na sua grande maioria melancólicas – “This World Moves On” movida a piano é um excelente exemplo. Um nome a acompanhar.

7/10
Fernando Ferreira

Bulb – “Archives: Electronic”

2020 – InsideOut Music

Tem sido uma verdadeira saga, acompanhar os trabalhos arquivados e agora apresentados ao público de Misha Mansoor dos Periphery. A versatilidade do músico converteu-me em fã, eu que nunca prestei especial atenção à sua obra. Pois bem, este volume até poderia não ser o que mais ansiava, já que o título indica logo a natureza destas composições. Indica em parte. Porque se o preconceito dita que vamos estar perante música de dança, aquilo que temos na realidade vai um pouco mais além. Sim há temas onde temos esse fantasma a pairar, como na “Blue”, mas mesmo nesses momentos há uma aura quase chillout que anda presente e que nos consegue fascinar. Um bocado frenético para ser chillout mas lá está, essa aura é forte. Ainda assim, perante os outros volumes, este será o que menos interesse oferece para os fãs de algo mais tradicional, sendo que o momento mais alto será a longa “Absent” que abre o disco.

6.5/10
Fernando Ferreira

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