WOM Reviews – The Lords Of Altamont / Swallow The Sun / King Woman / King Buffalo / Idolos / La Nausée / Paradise Lost / Kalmo
WOM Reviews – The Lords Of Altamont / Swallow The Sun / King Woman / King Buffalo / Idolos / La Nausée / Paradise Lost / Kalmo
The Lords Of Altamont – “Tune In, Turn On, Electrify”
2021 – Heavy Psych Sounds
Este mantra representado no título, “Tune In, Turn On, Electrify”, poderia ser um mandamento para todo um estilo. “Living With The Squares” consegue logo torná-lo bem claro em pouco mais de três minutos e meio. O fuzz e o groove apontam na direcção do stoner, mas o pedigree rock clássico e um espírito psicadélico são adições que fazem com que a música tenha um impacto muito maior e muito mais alargado. Rock é definitivamente, rock com melodias intemporais – não que as já tenhamos ouvido antes mas evocam-nos memórias que até temos como queridas. É impossível não ouvir este disco e não bater o pézinho, não abanar a cabeça lentamente de olhos fechados. Haverá melhor droga que a música? Duvido. “Million Watts Electrified” é exemplo desse poder. Electrify!
9/10
Fernando Ferreira
Swallow The Sun – “20 Years Of Gloom, Beauty And Despair: Live In Helsinki”
2021 – Century Media Records
Concerto registado e retirado da digressão de celebração dos vinte anos da carreira da banda, um concerto que ocorreu no final de Fevereiro antes da invasão generalizada do Covid. E é uma celebração que, sim, merece ficar registada para a posteridade. Mesmo que opte por um alinhamento que nem sempre concordo na teoria. Ou melhor, por duas formas de alinhamento que nem sempre concordo. A primeira, está presente no primeiro CD onde temos o segundo disco do álbum “Songs From The North”, ou seja, o que corresponde a “Beuaty”, e que é totalmente acústico. O segundo é um alinhamento feito por uma votação dos fãs e que compreende toda a carreira – não propriamente toda mas não tem qualquer limite em relação aos temas escolhidos. Digo na teoria, porque na prática fiquei agarrado a este disco como se tivesse sido o alinhamento escolhido por mim próprio. A primeira parte, acústica, consegue ter uma força que em disco não tem e também revela a coragem da banda – embora não perceba ao certo a razão de apostar nesse disco em específico. Não é importante. A segunda metade é obviamente a favorita e a selecção está equilbrada, indo buscar clássicos incontornáveis da banda assim como algumas surpresas como “Empires Of Loneliness” e “Swallow (Horror Pt. I)”. Não tivemos acesso ao suporte visual mas mais que recomendado.
8.5/10
Fernando Ferreira
King Woman – “Celestial Blues”
2021 – Relapse
A estreia de King Woman não cumpriu em parte aquilo que o EP “Doubt” prometia e no entanto já passaram quatro anos, o que fez com que as minhas expectativas dessem lugar a curiosidade. E posso dizer que o impacto de “Celestial Blues” foi bem superior ao da estreia. Sente-se como um álbum mais maduro e também mais pessoal, com as experiências pessoais de Kris Esfandiari a darem uma intensidade redobrada. Essa intensidade lírica junta-se também a uma voz mais sóbria por parte de Esfandiari e a maior uso de dinâmicas. “Celestial Blues” não traz o sentimento de excitação que “Doubts” traz mas por esta altura já ninguém esperava isso. O que traz é um doom metal que tanto vai ao rock como ao sludge e tanto consegue ser pesado como ao mesmo tempo sensível, não deixando ninguém indiferente. Puxa pelo ouvinte mas não faz com que seja uma experiência tão pesada e esgotante que não se queira repetir.
8.5/10
Fernando Ferreira
King Buffalo – “The Burden Of Restlessness”
2021 – Stickman Records
Formados nos Estados Unidos em 2013 os King Buffalo já contam com quatro álbuns de originais sendo que o ultimo, ‘The Burden Of Restlessness’ tem apenas dois meses mas já se prefigura como um dos grandes álbuns de 2021. Refrescante e extra-sensorial são talvez os termos que melhor descrevem a essência de ‘The Burden Of Restlessness’. Os King Buffalo que desde tenra idade começaram a explorar as sonoridades que encaixam entre o Stoner Metal e o Psychedelic Rock mostram agora o resultado de toda a sua evolução e amadurecimento neste ‘The Burden Of Restlessness’ absorvendo as varias influências acumuladas e transfigurando o seu som para uma espécie de “sopa esotérica” de Post-Stoner, Progressivo e Psychedelic Rock com grande destaque não só para uma secção rítmica a fazer lembrar os Tool ou os Deadsoul Tribe como para os riffs psicotrópicos que suscitam uma falsa sensação de improviso muito na onda de Porcupine Tree. Destaque para a qualidade técnica e criatividade e faixas como ‘Burning’, ‘Locusts’ ou ‘Grifter’ como também para a meticulosa produção, a bafejar a perfeição.
8.5/10
Jorge Pereira
Idolos – “Náa” 2021
2021 – Non Posse Mori
O “Prolog” que inicia este trabalho dá-nos um caminho de pós-doom metal épico e atmosférico que deixa logo entusiasmado, um caminho que depois tem o acrescento do black metal logo no tema “The Descent”. A ambiência da intro é aquela que permanece embora a componente doom fique pelo caminho. Qualidade acima da média para fazer canções épicas mas com uma produção primitiva que até lhe confere carácter acrescido e resulta neste contexto. Uma banda que se fica com vontade de conhecer melhor.
8/10
Fernando Ferreira
La Nausée – “Battering Ram”
2021 – Spectral Hound
EP de estreia do projecto belga La Nausée, que podemos dizer que se insere no espectro do sludge metal metalizado e até hardcorizado. Ou seja, algo com bastante distorção – até na voz o que resulta por momentos mas depois acaba por se tornar cansativo – e peso. É a parte do peso e de serem descargas não muito alongadas, que faz com que se fique impressionado com o que se pode ouvir aqui. Um bom início, fica a expectativa para ver o que vem de seguida.
7.5/10
Fernando Ferreira
Paradise Lost – “At The Mill”
2021 – Nuclear Blast
Não é surpreendente ter um álbum ao vivo dos Paradise Lost nesta altura da vida da música pesada. Nem mesmo tendo sido lançado apenas alguns (escassos) meses após a rendição ao “Gothic” no mítico Roadburn em 2016. Ainda assim, a forma não deixou de ser surpreendente por momentos. Todos sabemos como os álbuns ao vivo, ou pelo menos alguns deles, assumem uma parte de “falso” com os overdubs feitos em estúdio mas apesar disso, não deixa de ser estranho a banda apenas tocar sem interacção com o público. São os frutos dos tempos que vivemos mas que tem impacto nos produtos. A produção crua e o registo mais directo até parece mais próximo de um ensaio. O alinhamento é abrangente e há muito por onde escolher. Podemos sempre queixar-nos desta ou daquela terem ficado de fora (como “True Belief”, “Forever Failure” entre muitos outros). Naturalmente o álbum que assume maior destaque é o mais recente, “Obsidian” mas esse destaque também é feito com apenas três temas. É um álbum ao vivo atípico para tempos atípicos por parte de uma banda que tem uma história rica em música boa. Sabe a pouco quer na forma quer no conteúdo. A última seria esperada, perante já citada riqueza. A primeira, nem tanto.
7/10
Fernando Ferreira
Kalmo – “Gehinnom”
2021 – Sliptrick
As dificuldades que se encontram a ouvir um disco nem sempre são indicadores de uma apreciação menos positiva. Principalmente se ouver pequenas migalhas que são deixadas para trás e que poderão significar que se está perante uma pérola potencial. E depois temos os casos que são mesmo aquilo que parecem. Kalmo, one-man band finlandesa, até consegue ter algumas ideias interessantes mas nunca as consegue transpor para temas igualmente interessantes e muito menos memoráveis. O seu doom metal enegrecido desde o início que faz com que o ouvinte lute contra o aborrecimento e não consegue melhorar este estado de espírito ao longo dos seus seis temas. E dura menos de meia hora… parece que dura três.
3/10
Fernando Ferreira