WOM Reviews – The Moon and The Nightspirit / Nero Di Marte / Juracán / Lurker Of Chalice / Tic Tic / Satanath / Striborg / Prefix Suffix / Extra-Time
WOM Reviews – The Moon and The Nightspirit / Nero Di Marte / Juracán / Lurker Of Chalice / Tic Tic / Satanath / Striborg / Prefix Suffix / Extra-Time
The Moon and The Nightspirit – “Aether”
2020 – Edição de Autor
Como todos já deverão saber, há bandas que conseguem ser metal sem ser metal. São como se adotados forçosamente pela comunidade sem eles próprios saberem. Este, tal como Heilung com quem partilha várias semelhanças, parece-me ser um desses casos. The Moon and The Nighspirit são um duo húngaro dedicado àquele estilo de folk ambiente que lida bastante com os tribalismos e os misticismos ancestrais das raízes europeias. Aether é o sétimo álbum desta banda e liga-se ao tema do Cosmos, da Natureza e da espiritualidade, tudo através de conteúdo lírico bastante minimalista mas que claramente marca o seu ponto, mesmo que cantado numa língua pouco falada por estas costas. O tom desta banda é significativamente mais radiante e positivo que o de outras, apesar de também ele assentar no manto de misticismo que este estilo de música normalmente cria (e antes que venham dizer que estes dois são cópias de outros tantos, estes iniciaram a sua carreira em 2003). Os instrumentos são muito diversificados mas mesmo assim conseguem criar uma sonoridade bastante cómoda e até familiar que certamente agradará a muitos daqueles que já se reconhecem como fãs deste sub-sub-sub género. Resumidamente, é excelente música de instrospecção e de ligação à Natureza com marca húngara, algo menos não tão comum dentro do nosso cantinho metaleiro. Portanto, agarrem nas vossas ervas daninhas e virem-se para a lua enquanto ouvem Aether.
9/10
Matias Melim
Nero Di Marte – “Immoto”
2020 – Season Of Mist
Esta capa é bela e enigmática, não concordam? Não nos dá qualquer indicação do que vamos encontrar mas faz o seu propósito de nos deixar intrigados. Pois bem, o som é exactamente o mesmo. Não nos dá grandes certezas em relação a que raio estamos a ouvir mas ainda assim é inquietante ao ponto de não querermos outra coisa. Podemos notar alguns trejeitos (algumas audições depois, confesso, porque as primeiras é sempre com aquele sentimento de “o que raio acabou de passar por cima de mim) de post-metal. Não sendo especial fã de dissonâncias e afins, devo dizer que aqui elas encontram em pleno a sua razão de ser. Aliás, encaixam de tal forma que até se sente que são harmonias mais do que dissonâncias. Daqueles discos que é para ouvir de seguida e que deve ser compreendido e interiorizado como um todo. O que também por vezes parece impossível. Mas não é. Espantoso.
9/10
Fernando Ferreira
Juracán – “Jarineo”
2020 – Anima Recordings
Ambient não é um estilo que nos faça pensar em guitarra eléctrica ou acústica mas “Jarineo” é um álbum que muda isso. A base é o acústico, com uma guitarra eléctrica (mas sem quase distorção) por trás e tudo isto sai da mente de Pierre Carbuccia, um multi-instrumentista que tem uma capacidade enorme para transmitir e moldar emoções que não estávamos à espera de ter. Fala-se também em pós-rock e tal não é descabido, mas esta mistura toda traz-nos algo único. Suave, como se fosse um atalho para aprender a levitar. Que não é aprender, é apenas deixar-nos ir por “Jarineo”.
8.5/10
Fernando Ferreira
Lurker Of Chalice – “Tellurian Slaked Furnace”
2020 – Nuclear War Now! Productions
Lurker Of Chalice é outra expressão musical de um tal de Jef Whitehead, mais conhecido como Wrest. Uma expressão musical defunta, pelo menos há quinze anos, tendo apenas lançado um álbum de originais e duas demos. O que temos aqui a título póstumo é uma compilação dos melhores momentos dessas demos e ainda material inédito, compilado de forma a que se tenha um trabalho, com mais de uma hora, mais coerente. Experimental pela forma como encara o black metal e como o mistura com ambient de uma forma completamente orgânica, esta é a despedida ideal para um projecto que desde o início não teve qualquer tipo de pretensão.
8/10
Fernando Ferreira
Tic Tic – “Comfort In The Echo”
2020 – Apollon Records
Este até poderá ser um bocado “off topic”, mas tenho que confessar (aliás, já o fiz diversas vezes) que adoro coisas trip hop. Durante muito tempo acreditei que tudo o que era electrónico era o inimigo. Felizmente que hoje tendo os horizontes mais largos é fácil perceber que a música continua a ser dividida entre a boa e a má e que o peso não está exclusivo de coisas com distorção. Bem, não é que este seja um desses casos embora a melancolia ajude a que exista uma aproximação a esse estado. Há nostalgia quer da década de oitenta quer da década de noventa, mas as imagens que nos surgem em mente não são velhas e gastas, são novas. Para estados de espírito específicos mas não para todos os ouvintes.
7/10
Fernando Ferreira
Satanath / Striborg – “Prisoners Of The Solar System”
2020 – GrimmDistribution / Deathportal
Apesar das expectativas estarem bastante em baixo a cada álbum ou EP (ou split como neste caso) que tenho que analisar de Striborg, o primeiro impacto foi positivo, principalmente com a primeira metade dos Satanath, que é assombrosa e “spooky” de uma maneira sóbria. O mesmo não se pode dizer de Striborg que usa uma sonoridade que até faria sentido na mudança da década de setenta para oitenta, como banda sonora de um filme de terror. Não me interpretem mal, eu adoro as bandas sonoras do John Carpenter, mas isto é algo bem pior. Tanto os teclados, como a bateria, totalmente descontextualizada, nada corre bem aqui. Pelo menos na primeira audição. Depois disso até pode ser que se receba melhor mas no final opinião continua a ser: Vale unicamente pelo lado de Satanath.
6/10
Fernando Ferreira
Prefix Suffix – “Qualities Of Naught”
2020 – Virkelighedsfjern
Prefix Suffix é uma one-man band que junta a música extrema com noise (mais ou menos) industrial. Neste caso a música extrema parece ser, em grande parte, o black metal. Não é, contudo, um álbum de black metal industrial. Indicado sobretudo para quem gosta de música mais experimental e noise, esse é o grande público dos Prefix Suffix. Ainda há algumas surpresas como a cover de G.G. Allin, “Snakeman’s Dance” que ajuda a que este álbum seja ainda mais diversificado. Esse acaba por ser o seu maior pecado, já que acabamos por não sentir que haja um elo de ligação entre todos os temas. No geral, não nos impressionou.
5/10
Fernando Ferreira
Extra-Time – “Graham Avenue”
2020 – Intelligent Music, Ltd
Esta é uma estreia invulgar. São vinte temas em mais de noventa minutos – fico a interrogar-me se isto existe em formato físico. Não é importante para a análise, apenas uma curiosidade. Em relação à música, temos rock suave e pouco empolgante que apesar de estar bem feito, simplesmente não causa reacções de maior. Talvez estejamos mal habituados, talvez apenas quisessemos algo para fazer sair da norma. Qualquer coisa que não seja banal. Fico dividido em considerar este trabalho mau ou apenas fraco – há uma diferença entre os dois. Sim, é possível um disco que não tendo defeito nenhum teoricamente na prática seja um analgésico que é fraco o suficiente para que se sinta toda a agonia da vida.
4/10
Fernando Ferreira