Review

WOM Reviews – Total Death / Rainbow Bridge / Sons Of Otis / Celestial Season / Die Ego/ Cryptae

WOM Reviews – Total Death / Rainbow Bridge / Sons Of Otis / Celestial Season / Die Ego/ Cryptae

Total Death – “Mar De Aguas Amargas”

2020 – Sun Empire Productions

Seis anos depois, aqui está o novo álbum de originais dos Total Death, depois do excelente EP “La Noche Oscura Del Alma”. Se o dito EP mostrava uma acentuada dinâmica estilística, aqui temos uma abordagem mais pesada, ainda que melancólica mas com as melodias a serem mais opressivas. Se o início poderá parecer algo lento, na forma a que o impacto não é tão imediato como o EP poderia sugerir, essa ilusão depressa se desfaz e este revela-se um vício bem eficaz. Um vício de miséria a caminhar a passos largos para a depressão, mas isso também já não será propriamente novidade por esta altura. Emocionalmente potente, metalicamente quase perfeito, esta é mesmo uma das melhores bandas da América Latina de death/doom metal da actualidade.

9/10
Fernando Ferreira

Rainbow Bridge – “Unlock”

2020 – Edição De Autor

Sonzão. Podre, mas sonzão. É esta a diferença entre a queixa de que a produção é má e a queixa de que as músicas não empolgam. Quando a música fala mais alta, o som não interessa (assim) tanto. É o caso de “Unlock”, um EP com quase cinquenta minutos que resulta do pausa que a banda foi obrigada a dar por causa do período de confinamento, que os fez começar a trabalhar no próximo álbum de originais. O que temos então são cinco temas, cinco longas jams às quais é impossível não sentir o feeling do rock ora stoner ora psicadélico mas sempre instrumental. É podre mas é tão bom… como não gostar disto?

9/10
Fernando Ferreira

Sons Of Otis – “Isolation”

2020 – Totem Cat Records

Já há muito tempo que não tínhamos jarda de qualidade por parte dos Sons Of Otis. Correcção, de qualidade ou sem ser de qualidade, a banda já estava ausente desde 2012 (sem contando com o álbum ao vivo de 2018) mas parece que quem sabe não esquece. Continuam a plantar cannabis dentro das nossas colunas e a fazer soltar um fumo transcendente a cada malhão. “Blood Moon” vai buscar inspiração à capa e começa logo por estabelecer um padrão – aquele que também já se esperava encontrar. Movimentos letárgicos como se todo o sol do Alentejo nos estivesse a castigar de uma vez só. Este não é um tipo de coisa popular, definitivamente. Ainda por cima com a tonalidade psicadélica é um daqueles factores que fazem parte do seu ADN e é necessário ter um amor por este tipo de coisa ou então será apenas uma boa cura para insónias. Como somos bom apreciadores destas substâncias psicotrópicas legais, obviamente que “Isolation” é um daqueles álbuns que nos permite a nossa actividade favorita. O dolce fare niente ao som de um grande stoner/doom.

8/10
Fernando Ferreira

Celestial Season – “The Secret Teachings”

2020 – Burning World Records

Este era um álbum que não esperava, sinceramente. Os Celestial Season sempre foi um daqueles amores não confirmados da minha vida metálica. Não confirmados porque o primeiro tema que ouvi deles foi no terceiro volume da mítica compilação da Nuclear Blast, “Death… Is Just The Beginning”, com o tema “Above Azure Oceans”, uma autêntica obra de arte retirada da demo “Promo de 1994”. Apesar de ter apreciado os seus álbuns como “Forever Scarlet Passion” e “Solar Lovers”, a abordagem parecia sempre distante do impacto que aquele doom etéreo teve. Apesar da banda já ter regressado à vida depois de alguns anos de silêncio, apena agora efectivam esse regresso com um álbum de originais onde o doom está de volta, depois de andarem bastante tempo no stoner. Doom cavernoso que faz o ouvinte recuar uma boa série de anos. Algo que fez-me ficar imediatamente entusiasmado. “The Secret Teachings” não é perfeito, nem tão pouco desprovido de pontos que mereçam crítica mas é-nos honesto e soa visceral como há muito tempo esta banda não soava. Foi (é!) uma excelente surpresa e recomendado a todos os que gostam de doom metal à antiga.

8/10
Fernando Ferreira

Celestial Season – “Solar Lovers”

2020 – Burning World Records

Reedição do segundo álbum de originais dos Celestial Season, um guilty pleasure meu do doom metal (e de certa forma do stoner). Apesar desse estatuto, os Celestial Season nunca conseguiram viver à altura das expectativas que sempre tive deles, mas sendo imparcial e objectivo, não há como negar que, apesar de uns assomos mais fuzz e stoner, este é um excelente álbum de doom metal. O violino dá aquele toque de classe e após estes anos todos, envelheceu muito bem. Soando belo e melancólico mas ao mesmo tempo, longe de ser polido. Temas como “The Scent Of Eve” são de uma beleza avassaladora e a fagulha para aquele sentimento que me levou a ficar fascinado com esta banda tantos anos atrás.

8/10
Fernando Ferreira

Celestial Season – “Forever Scarlet Passion”

1993 / 2020  Burning World Records

Confesso que à primeira audição não fiquei fã deste álbum, culpa das malditas expectativas. E graças a elas durante muito tempo não voltei a ele. Agora, por motivos da reedição remasterizadas deste trabalho, tenho que dizer que o mesmo soa melhor que nunca. Som cru que não desmente o período em que foi registado mas onde está presente a melodia e o peso do doom metal clássico. Tudo bem, soa um bocado a My Dying Bride, e o violiono não ajuda a distanciar mas a verdade é que os Celestial Season sempre tiveram um feeling muito próprio que aqui está em todo o seu esplendor. Uma oportunidade para arrebanhar um clássico. Como bónus temos a faixa “Surreal” retirada do lado B do single “Flowerskin” editado no mesmo ano.

8/10 
Fernando Ferreira

Die Ego – “Culto”

2020 – Edição de Autor

Estreia dos britânicos Die Ego que evocam influências de Pantera, Metallica e Slipknot, referências já clichês para um certo estilo musical. O que não deixa de ser uma surpresa quando encontramos algo com groove, sim, mas também com uma vertente tradicional que se mostra natural e fluente – os solos de guitarra são particularmente bons e cheios de feeling. Produção forte, orelhuda, voz poderosa e uma secção rítmica coesa, o primeiro embate destes temas é considerável, mesmo que na prática consigamos perceber que não temos aqui grandes novidades. O andamento compassado faz com que não seja assim tão disparatado o rótulo “doom metal” no metal archives, com aquela toada southern/stoner que sobressaíria mais não houvesse um peso absurdo constante. O que é bom. Banda a acompanhar.

7.5/10
Fernando Ferreira

Cryptae – “Nightmare Transversal”

2020 – Sentient Ruin Laboratories

Vamos lá voltar até às cavernas enquanto ainda é noite e ainda temos alguns séculos de miséria pela frente até que a humanidade consiga despertar das ilusões que a têm entretido desde o início da sua existência. Este pesadelo dos Cryptae é mesmo transversal a toda a sua obra e não esperaríamos que isso mudasse agora apenas porque estão a editar a sua estreia discográfica. Sujo e feio,bastante desagradável como se nos caíssem em cima um camião cheio de carvão que nos deixasse a ver tudo de forma monocromática. Não é um álbum que recomende para quem gosta de música com melodia (embora seja inevitável a mesma na música) ou que nos faça pensar em coisas positivas. Nada disso, isto é um o ódio à humanidade como se o ódio à humanidade estivesse preso a uma roda de hamster e obrigada a correr aumentando assim mais o seu ódio. Não é, definitivamente para fracos.

7/10
Fernando Ferreira

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