Review

WOM Reviews – WinterMoonShade / Powerwolf / Ghosther / Mons Veneris

WinterMoonShade – “Eternal Haunted Shores”

2022 – Art Gates

Segundo álbum dos WinterMoonShade, uma banda que tem demonstrado um ritmo de trabalho assinalável e a trazer frutos, pelo menos criativamente. “Eternal Haunted Shores” é um trabalho sólido de black metal ligeiramente melódico a relembrar a melhor tradição da década de noventa. É nostálgico sem o querer ser explicitamente, faz-nos relembrar como este estilo era excitante há quase três décadas atrás. Melodias de guitarras salientam o poder de temas como “Lusitania Night Noises” e “Nightfall Muse Medusa”, onde é dispensada exuberância dos teclados (aliás, como em todos os outros restantes trabalhos) para termos as guitarras a criarem ambiências que nos soam logo clássicas. Sabendo que ainda há um caminho a percorrer, até agora esse percurso tem sido entusiasmante e com música memorável a comprová-lo. Este foi passo em frente nesse percurso.

8.5/10
Fernando Ferreira


Powerwolf – “The Monumental Mass: A Cinematic Metal Event”

2022 – Napalm

Por esta altura, já caiu em desuso queixar-me de álbuns ao vivo que foram gravados de espectáculos em stream. Perdão, álbuns ao “vivo”. Brinco, claro, até porque a situação que vivemos foi de excepção e as bandas tiveram que se reinventar de tentar salvar um barco em chamas. “The Monumental Mass” é então um álbum que captura toda a sumptuosidade dos Powerwolf num alinhamento que reúne grande parte dos seus clássicos. E para os fãs soa exactamente como deve soar, bombástico e poderoso. Para quem não é fã, não existe grande diferença entre o que ouvem aqui ou ouvem em disco, sem bem que aqui temos um pouco mais de eco que dá mais estilo à coisa. É um lançamento que não sendo propriamente aquilo que será mais memorável dentro do formato ao vivo (que também já estã em desuso de qualquer forma) não deixa de ser um produto obrigatório para todos os fãs).

8/10
Fernando Ferreira


Ghosther – “Immersion”

2022 – Doc Gator

É possível ter uma aversão à fórmula moderna de fazer música onde há a tendência para a standardização e para tornar as coisas cada vez mais plásticas e estéreis e mesmo assim apreciar música de forma positiva que se encaixem precisamente neste tipo de descrição? Claro que sim! E nós somos o exemplo perfeito disso mesmo, algo que “Immersion”, o segundo álbum dos Ghosther mostra na perfeição. O som da banda anda naquela linha muito fina entre o rock e metal alternativo que também vai buscar elementos ao metalcore, mais que não seja nos valores de produção. Apesar de se sentir como um trabalho fruto do seu tempo (e com poucas hipóteses de ir para além deste quadro temporal) “Immersion mostra um bom número de músicas e argumentos para nos cativar com boas melodias e boas ideias. É um álbum que tem tudo para agradar quem segue este tipo de som mais alternativo.

7.5/10
Fernando Ferreira


Mons Veneris – “Torches of Entrancement”

2022 – Signal Rex 

A cena do Black Metal português é uma das mais fortes, hoje em dia. É um prazer, como já devem ter lido anteriormente na minha escrita, poder admirar a qualidade dos nossos artistas. Seja um Black Metal bruto, ou um Black Metal mais melódico, os músicos portugueses de Black Metal são um tipo muito particular. Dito isto, acolhemos um dos maiores nomes da cena portuguesa: Mons Veneris está de volta. Usando “maior” estou longe de incluir o músico, e a sua Arte, em qualquer tipo de esfera megalómana do Black Metal, onde tudo é mainstream… e aceitável, e puro, e “de acordo com as regras”. Mons Veneris ensinou-nos bem; fomos programados para esperar o inesperado deste companheiro. A sua música não é linear, e depois de anos sem conseguir “diluir-me” na sua Mente, aceitei a forma como ele opera, e estou agora a saudar o homem pelos seus esforços. O género pede que as suas barreiras sejam quebradas; basta quebrá-las… mas não percam de vista os princípios, a base sobre a qual o som foi trabalhado, e aperfeiçoado. Sei como isto soa, e aguento o desafio, o nome a chamar, o que quer que seja; é uma perspectiva elitista do género? Talvez… Esqueçamos isso e ouçam as minhas palavras. Mesmo quando não consegui compreender Mons Veneris na sua total extensão, fui sempre capaz de apreciar as atmosferas que criou. Os sons – e odores – assombrosos que emanam do trabalho do homem, são notáveis. Parece antigo, sabe? Assemelha-se às primeiras vezes em que se ouviu Ulver, por exemplo, e se questionou como, e onde, isso foi gravado. Não que Mons Veneris soe como Ulver, mas o calor, o som rude, a sensação de que tem muito pouca – se alguma – pós-produção, e a honestidade que se pode extrair das qualidades do homem, que nos são oferecidas sob a forma de música. Este EP de 2 canções é, mais uma vez na minha opinião, um exemplo muito bom dos dois lados do homem: O lado Black Metal;  e o lado Ambient/Atmosférico. Eles têm uma relação muito boa, como temos visto ao longo dos anos (desde 2003, e a contar), e vemo-lo levar a sua experimentação cada vez mais longe. Só ele pode arriscar alguns destes passos, não temendo o que as pessoas possam dizer. Atrevo-me a dizer que ele não se preocupa com as pessoas; e por que razão o deveria fazer? “(A Torch) …” é a faceta do Black Metal de Mons Veneris, no seu melhor. Melodias pungentes e infestadas de raiva; enquanto “(Entranced) …” é uma… uma experiência estranha que é. Abruptum, é uma daquelas bandas que me vêm à cabeça… era estranha, arriscada, soberba. Foram para isso numa época em que todos seguiam o mesmo caminho. Criaram uma perspectiva musical que muitos captaram, e o homem por detrás do nome Mons Veneris fez o mesmo. O que é isto? Alguns dirão que entendem de onde vem o Artista; alguns vão marginalizar e voltar para os seus álbuns de Black Metal que não o forçam a pensar, a ouvir mais do que uma vez e a ir fundo no que tem à sua frente. Agora isto pode parecer elitista, mas sempre encarei Mons Veneris como uma experiência, mais do que apenas música, e acredito que o homem por detrás disto tem a mesma opinião. Que ele me corrija, se necessário. Como conclusão: há sempre um sentimento de orgulho em ver um Artista com o qual se pode relacionar, um compatriota, atingir este nível de Criatividade e Musicalidade. Que todos possamos festejar sob estas Nuvens Negras.

7/10
Daniel Pinheiro


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