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WOM Reviews – Wolf / U.D.O. / Knightsune / Slaves To Fashion / Quis Deo / Númenor / Amoriello / Velvet Viper

WOM Reviews – Wolf / U.D.O. / Knightsune / Slaves To Fashion / Quis Deo / Númenor / Amoriello / Velvet Viper

Wolf – “Mal Camino”

2021 – Edição de Autor

Por vezes acontecem coisas do demónio. Tenho aqui esta promo e não faço ideia de como é que ela chegou até mim – poderá parecer algo caricato (e é!) o estado deplorável em que estou que nem sei como é que as promos que tenho foram enviadas ou por quem. É também fruto do nosso crescimento e do facto de quando as coisas não são enviadas por e-mail tornam o seu rasto mais difícil de perceber. Seja como for e desculpas aparte, isto para dizer que não sei muita coisa sobre a banda mas que o som fala por si. E até me cala. Heavy metal sul-americano – do Chile – cantado em castelhano mas com uma classe fantástica. Cheio de poder, raça metálica que faz com que seja definitivamente uma das grandes surpresas do ano no que ao heavy metal. A banda diz que toca hard’n’heavy como se fazia na década de setenta e oitenta. Na minha opinião o seu som soa completamente actual – obviamente tendo em conta aquilo que foi feito nas referidas épocas – mas nem soa retro ou como desesperadamente a tentar soar aos chamados “golden years” da música pesada. Até me faz pensar que se for para aparecerem desta forma misteriosa na minha mesa de trabalho, que seja bombas desta qualidade.

9/10
Fernando Ferreira

U.D.O. – “Live In Bulgaria 2020 – Pandemic Survival Show”

2021 – AFM Records

Mestre U.D.O., sempre em ação! Em tempos pandémicos, surge um DVD/Cd duplo, gravado ao vivo, a 18 de setembro na Bulgária. Acima de tudo, sabemos que as condições em que estes eventos terão de ser realizados nestes tempos e este não fugiu, naturalmente, às regras de segurança locais. Tendo como pano de fundo um deslumbrante Anfiteatro Romano em Plovidv, perante 2500 fans, Mr. Dirkschneider e seus pares apresentam um total de 25 músicas, entre as quais, muitos clássicos do tempo dos Accept e naturalmente muito material da carreira solo do Mestre. “Tongue Reaper” abre o caminho para uma audição deliciosa. Por aqui podemos disfrutar de temas como “In The Darkness”, “Animal House”, “They Want War” do primeiro trabalho solo intitulado “Animal House” e “Princess of the Dawn”, “Fast As A Shark”, “Metal Heart”, “Midnight Mover”, “Balls To The Wall”, clássicos antigos dos Accept, e claro, muito mais há para ouvir. Para quem é fã, como eu é imperdível!

10/10
Fernando Ferreira

Knightsune – “Knightsune”

2021 – Edição de Autor

Da vizinha Espanha surge-nos mais uma proposta de som heavy metal tradicional, naquela que é a primeira gravação oficial dos Knightsune, depois de lançarem uma série de gravações demo nos últimos dois anos. O ponto de atenção no som da banda é a parceria de guitarras entre Víctor V. Gairhald e Diego “Alas” Alastruey, que debitam riffs e solos cheios de energia e entusiasmo, naquela sonoridade por vezes de guitarra dupla dando uma dinâmica ao excelente heavy metal que a banda produz, influenciado por muito do que se fez na golden age do heavy. Há por aqui sinais excelentes e promissores, assim a banda não se desvie do caminho traçado, de um futuro brilhante num meio muito, mas muito concorrido. Recomendo!

9/10
Miguel Correia

Slaves To Fashion – “The History Of Heavy Metal”

2021 – Edição de Autor

Interessante conceito e ideia por parte desta banda norueguesa, da qual desconhecia por completo a sua existência. Consta que lançaram dois álbuns (não há grande informação sobre eles) e entraram em hiato em meados da década passada, voltando no ano passado com este álbum ambicioso e conceptual que se presta a conta a história do heavy metal, tal como o título sugere. Ora um conceito assim tão ambicioso precisa ter música que o apoie. E até tem, embora esta resposta ainda seja dada com alguma hesitação. “1970” por exemplo tarda a ter o efeito desejado – com óbvias aproximações a Black Sabbath no início e Deep Purple mais para o fim. Como será de esperar e com cada faixa a evocar espíritos e bandas diferentes, o álbum acaba por soar mais a compilação do que propriamente a um trabalho sólido e tal poderá ser visto como uma desvantagem. O facto da sonoridade em si também ir mudando – além das diferenças entre aquilo que querem focar, também tiveram a ajudar o facto de cada música ter sido gravada em momentos diferentes. Mas é uma boa proposta e, como disse no início, uma excelente ideia. A música obviamente fica com uma enorme expectativa em cima, expectativas enormes que será sempre incapaz de cumprir. De resto é uma boa forma de estudar a história do som sagrado. Além da já citada “1970” temos “The Priest Of Maidenhead” (Priest/Maiden); “Sex, Drugs & Rock ‘N’ Roll” (a cena hard rock glam);  “Thrash Of The Titans” (as letras são compostas por álbuns de thrash metal e com uma passagem à la “Master Of Puppets”); “Expressions Of Extremity” (dedicado às sonoridades mais extremas da década de oitenta, de Kreator a Celtic Frost, de Candlemass ao death metal, com parageme passagem pelo black metal claro); “Garden Of Chains” (fantástica mistura entre Soundgarden e Alice in Chains como o título sugere);  “The Evergrowing Tree” (metal progressivo, groove, industrial, funeral doom, gothic metal, tudo junto num épico de treze minutos); “The Power Of Metal” (power metal obviamente); “The Nu Wine” (nu metal, obviamente, mas também o punk pop rock moderno); “Too Close (To See Cleraly)” (metalcore, metal sinfónico e folk metal). Bem construído e poderá ser apenas um daqueles casos que se ouve bem uma vez para mostrar aos amigos, mas ainda assim, não posso deixar de valorizar este trabalho porque fazer algo assim é mesmo só de alguém que gosta tanto de metal como nós. Respect.

8/10
Fernando Ferreira

Quis Deo – “Defiled Creation”

2020 – Edição de autor

Quis Deo são uma banda americana de heavy metal formada pelos irmãos Joshua Larson (Guitarra/Voz) e Dave Larson (Bateria) e a sua proposta musical, “Defiled Creation”, é um álbum conceitual, de sonoridade heavy, que descreve o lento colapso dos Estados Unidos, consumido por dentro pela ganância e corrupção de sua classe dominante e intencionalmente habilitado pelos membros das instituições religiosas.

O álbum varia de passagens acústicas suaves, a melodias e harmonias vocais com uma abordagem progressiva e pesada onde se sentem influências de muitos subgéneros pesados, como folk, black, death, thrash e metal mais tradicional. Não é um disco de fácil audição, pois necessita de algumas passagens até sentirmos efetivamente a força que a banda pretende que ele certamente tivesse, pois por vezes é complexo e os melhores momentos são aqueles em que as coisas simplesmente acontecem de forma simples!

8/10
Miguel Correia

Númenor – “Draconian Age”

2021 – Elevate Records

Os sérvios Númenor estão de volta com o seu quarto álbum após uma ausência de quatro anos, apenas atenuada pelo EP “Make The Stand” editado pouco tempo antes do álbum. Esse dito tema é aquele que abre “Draconian Age” e fica-se logo com a sensação de familiaridade. Depois de termos ouvido a voz arranhada de Despot Marko Miranović e de surgir logo uma outra mais melódica – a banda usa ambas – pensei, “bem a voz limpa está mesmo parecida com o Hansi Kürsch”, só depois reparando que era mesmo o vocalista dos dos Blind Guardian que estava a cantar como convidado. A voz limpa – presumo que a cargo de Željko Jovanović” – que surge no resto do álbum não é tão marcante quanto a de Hansi mas cumpre bem a sua funlção. A junção da vertente mais extrema fica confinada apenas na voz porque instrumentalmente é power metal que se tem, o que não é mau. Seria bom é que a produção fosse um bocado melhor, mas também um pouco de sonoridade mais crua também não faz mal a ninguém. Banda com qualidade, com espaço para evoluir mas que já consegue impressionar com alguns temas. A voz acaba por ser o ponto mais fraco, mas não compromete a apreciação positiva deste álbum.

7/10 
Fernando Ferreira

Amoriello – “Dear Dark”

2021 – Sliptrick Records

Amoriello é um projeto montado pelo guitarrista americano Thomas Amoriello, autor de livros infantis e que aqui é responsável por tocar guitarra principal e rítmica, acompanhado pelo brasileiro Carlos Zema nos vocais, Emilio Martinez no baixo, Ken Stravopoulos na bateria e Anthony Stahl nos teclados. Este EP de cinco faixas é muito marcado pela linha sonora hard rock e metal épico, um pouco na linha de nomes como os Kamelot, Dio e Crimson Glory, mas não vai além do interessante, não sendo uma audição que nos prende ou dê vontade de voltar a ouvir! Há bons momentos, bons solos, boa intenção, mas não passa a fronteira do memorável.

6.5/10
Miguel Correia

Velvet Viper – “Cosmic Healer”

2021 – Massacre Records

Depois do regresso ao passado com os dois álbuns dos Zed Yago reeditados sobre a bandeira dos Velvet Viper, está aqui o álbum de originais. Colocar estas duas fases lado a lado até poderá fazer mais mal do que bem – eram bandas diferentes, sem dúvida, mas a voz é a mesma ainda que separada por trinta anos. Apesar da raça heavy metal, estes temas não soam tão imediatos e pujantes como o que seria desejável. A produção é algo estranha e os temas também falham em conseguir agarrar-nos pelos colarinhos tal como se desejaria e a voz de Jutta Weinhold acaba por soar desenquadrada. Talvez seja apenas mais exigente do que se esperaria e talvez estes temas acabem por desabrochar mais tarde, mas a primeira impressão que fica é de um álbum longe de ser consensual, apesar de conter bons temas.

6/10
Fernando Ferreira

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