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WOM Reviews – Xeper / Alkerdeel / Abigor / Holdlajtorja / Suffering Hour / Meister Leonhardt / Plague Weaver /Chalice / Illska

WOM Reviews – Xeper / Alkerdeel / Abigor / Holdlajtorja / Suffering Hour / Meister Leonhardt / Plague Weaver /Chalice / Illska

Xeper – “Ad Numen Satanae”

2021 – Soulseller Records

Os italianos Xeper até podem não ser daquelas bandas que todos os anos tem qualquer coisa cá fora mas garantidamente que quando lançam um álbum, o mesmo é digno de interesse. Algo que se sente sobretudo em “Ad Numen Satanae”, o seu quarto trabalho de originais. Obviamente que temos a base das ambiências da vaga escandinava, mas depois há um sentido de melodia (macabra, note-se) que é acrescido e que faz com que essa ambiência seja multiplicada exponencialmente. Mesmo quando a mesma se repete perpetuamente (ou assim parece ser) gerando um efeito hipnótico que não é tão simples de atingir quanto possa parecer. Aqui parece fácil, sem dúvida. Rápido e furioso (pouco mais de meia hora) e termina de forma misteriosa. A pedir mais. E nós obedecemos.

9/10
Fernando Ferreira

Alkerdeel – “Slonk”

2021 – Consouling Sounds

As capas de Alkerdeel, para quem não conheço os belgas, são sempre algo que não reflecte de todo o que se passa no seu interior. Pelo menos a estética da mesma não faz prever a agressividade e ritualismo cru e blasfemo que aqui se passa. “Slonk” quebra o silência de quatro anos e é uma jarda agreste de black metal embebido daquele lamaçal que é mais comum encontrar no sluge. É como que um regresso ao lado mais primitivo do black metal ou até mesmo do metal como um todo. Primitivo, com produção tosca mas ainda assim com um poder de impacto que parece que entra directamente para o cérebro sem nos deixar grandes hipóteses a não ser obedecer. Daquilo que sobrar do cérebro, já que o potencial destrutivo é enorme.

9/10
Fernando Ferreira

Abigor – “Totschläger (A Saintslayer’s Songbook)”

2020 – W.T.C. Productions

Os Abigor sempre foram uma banda aparte dentro do espectro do black metal europeu. A agressividade e primitividade da sua música nunca disse que não à melodia e nunca fez que perdesse o seu encanto. Mesmo sendo uma referência no género, a banda austríaca nunca dispensou a evolução, algo que é bem patente neste trabalho para quem acompanha o seu som desde o início da sua carreira. E ainda assim soam bem a Abigor, mesmo naqueles momentos que seriam dispensáveis – como o uso de alguns teclados ou pela menos da forma que são usados. Mesmo esses momentos são bem, porque é Abigor, é aquilo que esperamos. Talvez soe como um fechar do círculo, mas a evolução que se nota ao nível da qualidade dos riffs e solos (e temos muitos e bons) diz bem com a produção que continua a ser crua. É uma boa surpresa para quem lhes perdeu o rasto. Certas coisas mantém-se as mesmas e isso é positivo. Mesmo que nós todos já tenhamos avançado.

8.5/10
Fernando Ferreira

Holdlajtorja – “Ab Oriente Ad Occidente”

2020 – Edição de Autor

A sonoridade logo inicialmente não engana, é um lançamento embrionário. Tem o seu encanto analisar demos quando cresci muito com elas, com a sua mística, que foi desvirtuando/desaparecendo com o passar dos tempos, a partir do momento em que se convencionou no mundo digital lançar EPs. Esta banda húngara estreia-se mas consegue deixar as orelhas levantadas ao ouvinte. Para lá da sonoridade típica de ensaio e nostálgica das demos da década de noventa, encontramos uma abordagem dissonante e incomum para o black metal. Até mesmo ritualista, com muitas sonaridades orientes pelo meio que dão um toque de clássico. Está tudo muito em bruto mas o potencial é enorme, é algo que sente!

8/10
Fernando Ferreira

Suffering Hour – “The Cyclic Reckoning”

2021 – Profound Lore Records

A hora do sofrimento chegou mas este sofrimento, comparado com tudo o que estamos a viver até não é mau de todo. Mas este é peculiar, um sofrimento que não vai encantar até mesmo aqueles que gostam de sofrer. E daí talvez não, até porque a primeira coisa que salta ao ouvido é o som/tom da guitarra que graças a um efeito de pitch (calculo eu) dá a sensação de estarmos perante uma guitarra desafinada. É apenas a sensação, porque o efeito que se estranha acaba por ser o grande diferenciador de outras propostas de death/black metal. E enquanto se anda à luta com este detalhe, estamos a ser indotrinados com “The Cyclic Reckoning”. Sabe bem ouvir algo assim quando tudo tenta (ou é) igual. Até na blasfémia. Sobretudo na blasfémia.

8/10
Fernando Ferreira

Meister Leonhardt – “Meister Leonhardt”

2021 – Purity Through Fire

Num tempo em que está tudo escarrapachado na internet e nas redes sociais, até é refrescante não saber a mínima ideia sobre algo. Ou melhor seria se não tivessemos como missão a divulgação dos trabalhos e obras dessas mesmas entidades. Aí é só simplesmente chato. Bem, o Mestre Leonardo, do pouco que sabemos, é uma entidade russa, nova nos escaparages e este primeiro álbum intitulado começa logo por me trocar as voltas. “The Coldest Fire” é uma intro à la dungeon synth e faz pensar que estaremos provavelmente perante a cura contra as insónias, tal é a simplicidade da melodia que é apresentado. Quando se passa para o segundo tema, dá-se a surpresa. Que dura meio segundo. Estamos então perante black metal podre, com boas melodias em tremolo picking e com aquele feeling underground que remete para a escandinávia nos seus níveis mais subterrâneos. Para quem viveu o underground desses tempos, até é um regresso interessante, uma viagem nostálgica proveitosa com boas dinâmicas. É podre, a produção é tosca, mas o que se perde nesse campo, compensa-se no ambiente criado. Claro que quem não gostar de sons a puxar ao lo-fi, não vai ficar louco por isto, mas há um público fiel que vai receber de braços abertos.

7.5/10 
Fernando Ferreira

Plague Weaver – “Ascendant Blasphemy”

2021 – Edição de Autor

“Ascendant Blasphemy” é a estreia dos canadianos Plague Weaver – dos, ou do já que Thorn, também conhecido como Radoslaw Murawski ou simplesmente RM, parece ser o único membro oficial, tendo convidado JC para a voz. É por este ponto que começo. A voz que seria perfeita para qualquer projecto ou banda de black/death metal, aqui parece que carece de trazer o dinamismo desejado. É quando aprofundamos neste dilema que nos deparamos que o problema poderá estar mesmo na base e na estrtura da música em si A simplicidade rítmica da bateria, presumo que seja programada, também não ajuda à coisa. Algumas boas ideias mas que não conseguem ser projectadas para além da mediania a não ser quando temos algo mais fora da caixa, como o solo memorável da “Blood Runs Not”. É o primeiro álbum, esperemos o que a evolução vai trazer.

5/10
Fernando Ferreira

Chalice / Illska – “Split Demo”

2021 – Nomad Snakepit Productions

Este é um lançamento que interesssa, potencialmente, mais pela importância histórica doq eu propriamente pela música em si. É um daqueles nichos de mercado que tem sempre quem se interesse. A saber, os Chalice lançaram uma demo e este split e depois mudaram de nome para Svartsyn – isto tudo em 1993. Já os Illska só editaram estes dois temas e desapareceram sem deixar rasto. Tudo muito podre, e com um sonzinho mau (ou necro, consoante preferirem) e que pode ter algum encanto para quem ficou preso à época específica da música extrema. Neste split, quem ganha a luta acaba por ser mesmo Illska que trazem melhores temas.

5/10
Fernando Ferreira

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