Review

WOM Reviews – Zayn / Eastern High / Messier 16 / Airbag / Pentesilea Road / Threads / Wine Guardian

WOM Reviews – Faustian Pact / Lake Baikal / Ossaert / Deadspawn /
Beast Of Revelation / Fosch / Aspidium / The Spirit

Zayn – “Fields Of Gold

 2021 – No Profit Recordings

Esplendoroso álbum por parte de uma banda que surge como uma completa desconhecida que nos chega da Croácia – também não é dos países que se pense quando se fala de música pesada. A sua fórmula passa por trazer música instrumental cheia de peso mas que não se consegue encaixar facilmente em qualquer categoria ou rótulo. Doom, stoner? Elementos, sim, alguns. Assim como também pós-rock ou até pós-metal. Progressivo definitivamente. Então em que ficamos. Música instrumental e cinematográfica, que nos transporta a alma sem quase darmos por isso, que nos faz mergulhar numa série de imagens. Aliás, num mundo próprio ao qual meia hora é manifestamente pouco, mas que é também desculpa mais que convincente para voltar à carga assim que acabar.

9/10
Fernando Ferreira

Eastern High – “Halo”

2021 – Edição De Autor

“Halo”, o segundo álbum dos suecos Eastern High, é uma obra de arte. A sensibilidade do metal progressivo por vezes perde-se entre complexidades desnecessárias e/ou tentativas de modernização ou de colagem a modernizações que de progressivo não têm nada. O poder da música deveria ser medido unicamente pela eficácia com que as músicas têm impacto no ouvinte e não pela forma como soam na moda ou conseguem ser intelectualmente/tecnicamente superiores ao resto da humanidade. Considerações que “Halo” torna evidente, logo na abertura com a emocional “Ashes To Ashes”. O peso também faz parte das suas características base mas sempre de mãos dadas com excelentes e memoráveis melodias e refrões. Temos sempre que lutar contra a ilusão e a arrogância de sobrepormos os nossos gostos pessoais acima do distanciamente que é imperioso ter neste tipo de trabalho, mas os Eastern High dificultam bastante essa tarefa assim como o tentar não dizer que se está perante um dos discos do ano ao ouvir “Halo”.

9/10
Fernando Ferreira

Messier 16 – “Iota”

2021 – Edição de Autor

Nova banda norueguesa que se estreia e sim, tem o seu quê de black metal. Principalmente (e exclusivamente) a nível da voz – Jonas Ulrik Eide (vocalista e guitarrista, estratega e principal compositor) tem um timbre rasgado e ácido. Já instrumentalmente as coisas são bem mais latas e imprevisíveis. Depois de uma excelente peça instrumental em piano a servir de intro (“Scriabin: 12 Etudes, Op. 8, No. 11 in B-Flat Minor”), é com “Singular” que as coisas começam realmente a aquecer. Melodias de guitarra complexas e um ambient avantgarde – a fazer lembrar o trabalho a solo de Vintersorg nos seus momentos mais prog fusão. É difícil conseguirmos encontrar um estilo ou algo onde nos possamos apoiar. É difícil também absorvê-lo, já que são canções que estão constantemente a trocar-nos as volta. No entanto isso não lhe diminui o impacto. Talvez até tenha o efeito contrário. “Iota” será subestimado ou até ignorado, mas se lhe for dado a devida oportunidade, poderá apreciar-se a beleza que tem.

8.5/10
Fernando Ferreira

Airbag – “Identity”

2009/2021 – Karisma Records

Sempre que há um lançamento dos Airbag, o meu sentido de aranha começa a tilintar. Mesmo que seja uma reedição do seu álbum de estreia, remasterizada por Jacob Holm-Lupo, conhecido músico, compositor e produtor norueguês. E aquela que é a primeira obra-prima da banda escandinava surge com um tratamento de classe que faz com que seja uma reedição muito apetecível para quem não apanhou a edição original doze anos atrás. Rock progressivo com uma melancolia muito própria que aqui já era reconhecível, a identidade dos Airbag que tanto gostamos e nos apaixonámos irremediavelmente, ainda que de uma forma embrionária. Melancolia e beleza que nos faz perder o sentido do tempo. Para os fãs e para quem simplesmente gosta de rock progressivo de classe superior.

8.5/10
Fernando Ferreira

Pentesilea Road – “Pentesilea Road”

2021 – Edição de Autor  

Pentesilea Road é o nome do projecto de Vito F. Mainolfi e este trabalho auto-intitulado é o primeiro da carreira da banda. É um trabalho onde a exuberância instrumental faz parte mas não é o ponto principal. Aliás, poderíamos ter suposto isso pelo facto de Vito ser um talentoso multi-instrumentista mas não há exageros nem se sente a necessidade de exibir qualidades técnicas. Aliás, tirando a voz de Lorenzo Nocerino (que não sendo má, parece demasiado característica dos lugares comuns do prog rock/metal), não há nada aqui que não soe perfeito. Os temas conseguem cativar e fazer com que nos percamos neles, no melhor dos sentidos. Um surprendente álbum que recomendamos aos amantes do prog.

8.5/10
Fernando Ferreira

The Wring – “The Wring2 – Project Cipher”

2021 – WormHoleDeath

Projecto por parte do guitarrista Don Dewulf que começou em 2015 onde inicialmente começou como banda mas depois de um primeiro álbum se dissolveu. Coube a Dewulf continuar com o barco recorrendo a uma série de músicos contratados/convidados. Algo que nem se nota pela forma como “Project Cipher” soa. É curto – não chega a meia hora – mas o potencial é imenso. Algo que poderia até ir muito mais do que um simples projecto. A musicalidade expressa pela voz aponta na direcção do rock/metal progressivo mas o instrumental é endiabrado, capaz de elevar a coisa a um nível inesperado. Sem dúvida que um grande álbum mas fazia falta definitivamente pelo menos mais um tema.

8/10 
Fernando Ferreira

Threads – “Akasha”

2021 – Edição de Autor

O início de “Tessera” aponta imediatamente para Pink Floyd. Sendo o primeiro tema deste “Akasha” e também o primeiro tema que conheço os Threads, só posso classificar como arrogância o pensamento de “já sei o que aí vem”. Ironicamente pouco tempo depois dos segundos iniciais, a música começa a ir numa direcção mais alternativa que, por uma vez na vida, é refrescante. Não me entendam mal, a abordagem progressiva continua bem presente, apenas temos a acrescentar a veia progressiva que ora se tornam mais evidentes no som das guitarras – os momentos já referidos atrás – ora estão mais presentes na forma como os temas são construídos. Estreia que mostra uma banda que poderá surpreender ainda mais. Têm capacidade para isso.

7/10
Fernando Ferreira

Wine Guardian – “Timescape”

2021 – Logic Il Logic Records / Burning Minds Music Group

“Timescape” é um álbum diferente. Mistura em si diferentes estilos e tons que criam uma atmosfera bastante específica que poucos outros álbuns conseguem igualar. Agora a questão é: é este um álbum para todos? Provavelmente não. A voz tende a enquadrar-se num estilo próximo do melódico enquanto que o restante trabalho instrumental enquadra-se num “progressivo” com uma vasta amplitude de tons, pelo que se torna difícil fechá-lo entre as paredes de um género específico. Apesar de apreciar a grande variedade deste álbum, a verdade é que no final de contas não é um álbum para mim porque, embora o trabalho seja dotado desta maleabilidade, os momentos em que a voz se mistura com o instrumental tendem a ser demasiado semelhantes entre si numa onda que se aproxima de alguns estilos de post-metal/post-rock. Pode-se dizer que é um álbum polémico em termos de gostos.

6.5/10
Matias Melim

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