ReviewTops

WOM Tops – Top 20 Brutal Death Metal / Grindcore Albums 2020​

WOM Tops – Top 20 Brutal Death Metal / Grindcore Albums 2020

2020 foi mau para muita coisa na música, mas este foi um ano em que as sonoridades mais extremas nos apresentaram uma vasta oferta de lançamentos. Como tem sido hábito, apresentamos aqui tanto lançamentos de Brutal Death Metal assim como de Grindcore, dois estilos que se contemplam muito bem, apesar das diferenças entre ambos. Bem vindos ao lado extremo.

20 – Neptunus – “Planetary Annihilation”

Miasma Records / Vomit Your Shirt

Os Neptunus tocam (estão preparados?) Spacetechdeath/Aliencore, algo que à partida poderá parecer disparatado mas ao ouvir fará todo o sentido. Aliás, até poderá parecer familiar de acordo com o que os Rings Of Saturn fazem, mas podemos dizer que os indonésios não surgem (demasiadamente) colados, nem aos norte-americanos nem a qualquer outro. Assim sendo, e trocando por miúdos, o que temos é um brutal death ultra técnico mas que tem argumentos suficientes para nos manter bem interessados e ocupados durante menos de meia hora. O pormenor da duração acaba por ser mesmo um pormenor e joga a favor, porque há tanto a acontecer que mais acabaria por ser contraproducente. Se alguma vez se perguntaram de qual o limite da música extrema numa vertente técnica, ela está aqui.

Fernando Ferreira

19 – Houkago Grind Time – “Bakyunsified (Moe To The Gore)”

Outrageous Weeb Power Productions / Grindfather Productions / Pyschocontrol

Este é daqueles discos cuja premissa tinha tudo para dar errado. One-man grind-band japonesa? Uma capa que não lembra ao Tom do Facebook em 2009? Só coisas boas, portanto. No entanto, o que temos é mesmo um festival de coisas boas em formato grindcore. Bem produzido, bem bruto e uma sucessão de bardoadas na tola, umas atrás das outras, que até dá dó. No melhor dos sentidos, claro. Intercalado com uns curtos samples do que suponho ser animes – são apenas curtos segundos porque isto fica despachado em 20 minutos, não há tempo a perder. Muitas vezes queixei-me de analisar álbuns que abaixo de meia hora, mas tendo em conta o vício que isto é – chegar ao fim, volta a dar mais uma volta e quando se dá conta já se passou uma hora num instante – não há mesmo por onde me queixar!

Fernando Ferreira

18 – Pilori – “À Nos Morts”

Edição de Autor

Trabalho de estreia dos franceses Pilori, que nos trazem aquele death/grind/crust/hardcore cheio de gravilha que tanto gostamos. É daquelas descargas curtas e grossas, mas não podemos dizer que seja propriamente um lançamento unidimensional. Temos até várias moods do que aquela do death/grind mais habitual e é nesse ponto que esta estreia consegue nos deixar entusiasmados. Para lá de sermos fãs do género, é bom ver que ainda perante algo bastante específico, conseguimos ser surpreendidos. Ponto para os Pilori, que iniciam a carreira já com a World Of Metal como fã.

Fernando Ferreira

17 – Putrid Offal – “Sickeness Obsessions”

Xenokorp

Death/grind impiedoso e bruto, aliás como deve é suposto ser. Os Putrid Offal são uma das grandes referências da podridão francesa e são uma daquelas bandas da qual se espera sempre algo em grande. Neste caso foram cinco anos de espera pelo que a expectativa era também grande. Expectativas que foram bem tratadas por quarenta minutos de violência sonora. E até custa a acreditar que este seja apenas o segundo álbum da banda, cuja carreira começou há trinta anos atrás – embora tenha havido uma interrupção de quase vinte anos. Custa a acreditar quer pela vitalidade com que nos atinge, quer pela frescura. É um clássico instântaneo. E talvez inesperado para quem não os conhece.

Fernando Ferreira

16 – Unmerciful– “Wrath Encompassed”

Willowtip Records

O ritmo editorial dos Unmerciful é proporcionalmente inverso à velocidade com que atacam as suas músicas. Terceiro álbum surge após quatro anos o segundo e catorze anos após o primeiro. Trata-se de death metal bem bruto, sem qualquer contemplações e sem dar hipótese para respirar. Com esta brutalidade toda, é natural que seja algo que apenas os fãs fanáticos das sonoridades mais extremas dentro do death metal estejam receptivos, mas entre esse logo, não há razões para queixa porque “Wrath Encompassed” é o álbum perfeito para encher a cabeça.

Fernando Ferreira

15 – Dephosphorus – “Sublimation”

7 Degrees Records / Selfmadegod Records / Nerve Altar Records

Composto em torno de uma temática de ficção científica, ‘Sublimation’ é já o quarto trabalho de originais dos Gregos Dephosphorus. A própria banda identifica o seu estilo musical como um inovador Astrogrind, que decomposto até representa bem a amálgama sonora de ‘Sublimation’ pois se à original mistura de Grindcore/Death Metal juntarmos toda a atmosfera sideral do álbum acaba por fazer todo o sentido. ‘Sublimation’ tem no entanto muito mais camadas do que aparenta à primeira audição, dentro das caóticas e aleatórias mudanças de velocidade que os Dephosphorus se vão especializando, vão-se encontrando várias e criativas influências como é caso do Sludge Metal em ‘Βορά Των Αιώνων (Devoured By Aeons)’, o Black Metal em ‘Εξύψωση (Sublimation)’ ou o Doom Metal em ‘Προς Το Απόκοσμο Φως Του Πυρήνα (Towards The Eerie Light Of The Core)’. ‘Sublimation’ é sem dúvida um álbum com uma personalidade única impregnado de coesos e engenhosos riffs rodeados por insanos e ressonantes guturais embutidos num ambiente alienígena. Os Dephosphorus conseguem com ‘Sublimation’ vincar a sua marca própria na música mais extrema.

Jorge Pereira

14 – Fuck The Facts – “Pleine Noirceur”

Noise Salvation

Cinco anos de silêncio para uma banda como os Fuck The Facts não é normal. Nada normal mesmo. O que vale é que para compensar os canadianos regressam com um dos seus álbuns mais dinâmicos de sempre. A própria banda assume isso mesmo, afirmando que o mesmo tem material que poderia estar em três Eps distintos. Mas não se sente que seja uma manta de retalhos, há uma unidade forte ao longo destes doze temas. Por muito que se já tinha dito isto antes, sente-se mesmo como uma viagem de montanha-russa, da qual não queremos largar mão tão cedo. O grindcore pode ser, para muitos, um beco sem saída criativo, onde se está condenado a seguir uma certa fórmula. Os Fuck The Facts (e nunca o nome da banda soou tão verdadeiro) prova mais uma vez que isso é errado.

Fernando Ferreira

13 – Basement Torture Killings – “Lessons In Murder”

Bizarre Leprous Production

Depois de ver os Basement Torture Killings ao vivo, numa excelente prestação no Oeste Underground, posso dizer que fiquei imediatamente fã, com uma intensidade impressionante em cima do palco. Podemos dizer que em estúdio essa brutalidade está bem afinada. Quarto álbum, curto e grosso, com o death/grind apurado. Tudo no ponto certo, com as guitarras a soarem mais brutais que nunca e onde os riffs são aquela cereja em cima do bolo. Beryl está com um vozeirão mais potente que nunca e é a cereja em cima de bolo que dá vontade de devorar. Lições em brutalidade que qualquer estudioso de death/grind não vai querer/poder dispensar.

Fernando Ferreira

12 – Ancharge – “A.P.A.B. (All Politicians Are Bastards)”

Edição de Autor

Rui Vieira e José Graça não brincam em serviço. Ainda a poeira não pousou do álbum dos Commando e eis que nos é apresentado Ancharge, o projecto da dupla que visa explorar uma sonoridade mais death/grind/crust, sempre com uma voz crítica em relação ao que os rodeia. Apesar de poder ser apelidado de música de protesto, a mesma é apolítica e apela ao pensamento individual. Curto – vinte e dois minutos – cru, mas muito poderoso, “A.P.A.B.” é um vício para quem, tal como a banda, tem saudades de um tempo mais saudoso da música extrema e onde o grind e o punk andavam de mãos dadas.

Fernando Ferreira

11 – Concede – “Indoctrinate”

Petrichor

Da Austrália chega-nos o demónio da Tazmânia. Ok, ok, eu sei que esta afirmação está errada em vários níveis mas é apenas para que se tenha noção do nível de jarda que temos aqui. É um álbum de estreia por parte deste duo que nos fazem lembrar um outro duo onde temos alguém responsável por todos os instrumentos, neste caso Jay Huxtable (e que também dá uma perninha na voz) e Peter Emms na voz (que deve ter precisado de cuidados intensivos após a gravação. Não só “Indoctrinate” é barulhento, cheio de feedback como também um grindcore/power violence viciante ao qual não conseguimos parar de ouvir. São quinze temas cuspidos em pouco mais de vinte e dois minutos. Algo que é algo frustrante, confesso mas que o botão repeat ajuda muito bem. Também é importante notar que mais do que os vinte e dois minutos referidos atrás é algo que poderá por em risco a integridade física do ouvinte e, sobretudo, daqueles que estão em seu redor. A espiral de violência poderá ser impossível de conter.

Fernando Ferreira

10 – Twitch Of The Death Nerve – “A Resting Place For The Wrathful”

Comatose Music

O impacto que os Twitch Of The death Nerve teve na sua actuação do Xxxapada Na Tromba ainda ecoa dentro de nós até ao dia de hoje. Este segundo álbum era portanto bastante aguardardo e era exactamente o que se esperava. Death metal bruto dos queixos que castiga o cabedal com prazer, tanto quanto provoca nos nossos ouvidos. Em pouco menos de meia hora, a banda britânica traz-nos mais oito bujardas que foram feitas para ser tocadas em cima de um palco. Violência sónica unidimensional mas que nos é apresentada com classe. E com muitas rodagens em cima, é bom sentir que aguenta com mais umas voltas sem enjoar. Claro que o requisito para ser fã da brutalidade é inevitável, e para esses, há por aqui um prato cheio de coisas boas.

Fernando Ferreira

9 – Abrupt Demise – “The Pleasure to Kill and Grind”

Raw Skull Recordz

Um risco comum neste trabalho de risco de comentador-nabo de música é o de começar a fazer uma review de um álbum que clica a 100% antes de dormir…é uma experiência massacrante e deixa várias cicatrizes a nível cerebral a nível do cérebro do género de: quero dormir e quero ligar isto às colunas no máximo. Esta foi a minha experiência com The Pleasure to Kill and Grind dos holandeses Abrupt Demise. É um álbum de death metal (ou grind, sei lá) e além de intenso, tem uma cadência alucinante que varia entre o acidente de carro a alta velocidade e o marchar barbáro das hordas metaleiras prontas para aniquilação. O vocal coloca-se de forma perfeita nesta manta de destruição ao ponto de soar bem numa espécie de rouquidão propositada a meio do álbum, mas são a guitarra e a bateria que abrem as portas do inferno perfeito evocado neste trabalho. E não esquecer o abanão da terra provocado pelo baixo na faixa Canibal, claro. Não há muito mais a dizer – Ponto positivo: álbum do caraças, dos que mais me cativou nos últimos tempos; Ponto negativo: perdi todo o sono às três da manhã. É de facto o prazer de matar e do grindar, uma cura instantânea para a molesa com que nos contaminou a cerveja corona extra de 2020. Selo Anti-Aborrecimento-Covid 19.

Matias Melim

8 – Blutrină – Modulating Convulsion of a Uranium Infused Haemorrhoid Coalescing with a Trapezoidal Signal into a Paradigm”

Edição de Autor

Por um momento assustei-me, pensava que o nome do álbum era o nome da banda. Os Blutrinã segue a vertente grindcore, com recurso a inúmeros samples, no entanto há algo que os torna bem distintos. Sim, distintos. Para já os samples são todos (ou pelo menos assim nos pareceu) retirados de desenhos animados dos Looney Toons, mas depois também nos trazem uma produção poderosa, solos de guitarra, solos de saxofone (que encaixam de forma fantástica) e até outras referências (como a melodia do tema da banda sonora do filme original do Super-Homem) no meio de muita loucura e boa disposição. Poderoso musicalmente, desconcertante liricamente, esta banda Romena, conquistou-nos sem esforço!

Fernando Ferreira

7 – Axia – “Adrenalizer”

Raging Planet

As mudanças no alinhamento dos Axia, que em 2018 foram uma das boas revelações do underground nacional, são aquelas que se destacam antes sequer de os ouvirmos. Sai Zé Pedro (baixo – Holocausto Canibal, Grunt, entre muitos outros) e Alex Vale (voz – Grunt) e entra Miguel Inglês (Equaleft) para a voz e o baixo fica encarregue de Max Tomé que acumula funções com a guitarra. O grindcore surge igualmente acutilante mas com uns ocasionais melódicos que os colocam próximo do punk (ainda que mesmo muito ocasionamente) e uma garantia que dinâmicas por aqui não faltam mesmo. E por dinâmicas também incluimos algumas ambiências quase atmosféricas que surgindo em alguns temas. Tudo junto resulta num álbum fantástico e curto de uma forma criminosa (vinte minutos apenas). A sério, deveria ser proibido termos algo tão bom a durar tão pouco tempo!

Fernando Ferreira

6 – Stench Of Profit – “No Place To Hide”

Lethal Scissor Records

Jardaaaaa! Da grossa! E inesperada. Quero dizer, não que perante a capa, título de álbum e música tivessemos dúvida, mas se não tivessemos acesso a isto e nos focássemos muito no primeiro tema “The Lake Of Void”, ainda pensaríamos que estavamos perante uma proposta synth wave ou então alguma banda sonora da década de oitenta. Mas não, é mesmo grindalhada da boa, sem perdão e com muito pouco tempo para respirar – o maior que se tem é mesmo na primeira música. Estreia de uma banda que já tinha prometido bastante com uma demo, um split e um EP mas que agora cumpre de forma assertiva. E que descarga de raiva esta é… vicia!

Fernando Ferreira

5 – Grid – “Livlseda”

Edição de Autor

Curto mas bruto – a nossa própria versão da expressão “Short But Sweet”. Brutalidade como gente grande, naquela vertente crust/grind que tanto gostamos, mas sempre com capacidade para soltar melodia quando é necessário. Neste tipo de coisa nunca se pensa que é necessário mas vejamos como uma música como “Disinformation = Facts”. Só é pena que dure tão pouco tempo. É dos raros casos em que temos muito gosto em ouvirmos novamente duas ou três vezes, sem nos cansarmos e no final ficar ainda a saber a pouco. É assim tão curto. É assim tão bom.

Fernando Ferreira

4 – Stigmatized – “A Wall Of Falseness”

Fresh Outbreak Records, Mastice Produzioni, Ganamala Autoproduzioni, Fast’n’loud Records, Sedation Records, Impeto Records, Italian Extreme Underground, Nothing Left Records

Bujardona, daquelas que até faz crescer pelos no peito. “A Wall Of Falseness” poderia bem chamar-se “A Wall Of Porradeness” tal é o alto nível de fruta que é distribuída por aqui. Em vez de ser uma descarga constante de brutalidade death/grind, é uma descarga dinâmica que deixa um vazio profundo quando a música acaba. Tal como cratera que fica após a queda de um meteorito gigante capaz de provocar a extinção de toda a vida no planeta terra. O vazio que fica no final é exactamente esse. Bem dito sejas botão do play.

Fernando Ferreira

3 – Shackles – “Hatred’s Reservoir”

Resist Records

Bruto e feio. Desagradável. Basicamente “Hatred’s Reservoir” é 2020 sob o efeito de esteróides. E zangado, que vem direito a nós com vontade de nos foder o cabedal, algo que o faz sem grande esforço e até nem grande satisfação porque é assim tão insignificantes que somos para eles. Tudo isto em pouco mais de vinte minutos, que nos passam por cima como se fosse um tufão com pressa de ir para casa. Em relação ao som em si e à produção, a questão que fica é… será possível ser frio e impessoal e ao mesmo tempo orgânico? Sim, é uma forma de descrever o som dos Shackles. Ou de descrever a coça que se leva em menos de meia hora. Aliás, basta o tema-título a abrir para ficarmos logo K.O..

Fernando Ferreira

2 – Depraved – “Raped Innocence”

M.U.S.I.C. Records

Que jardona bruta! Pode parecer parvo mas nos dias de hoje temos tanta música nova e por vezes tão parecida entre si que quase é novidade recebermos um disco de death/grind puro. “Raped Innocence” é o quarto trabalho dos franceses Depraved e quebra um jejum de seis anos, o que já consider´vel. Mas se é para ficar seis anos sem lançar nada, o melhor é que depois se lance uma bomba destas para nos deixar derreados. Death, grind e porque não crust? Faz sentido e este é um dos trabalhos mais furiosos que ouvimos desde já em 2020. Uma potência que é urgente ouvir. Palavra da WOM!

Fernando Ferreira

1 – Bas Rotten – “Surge”

Raging Planet

Que jarda. J A R D A ! A sério, os Bas Rotten devem ter encetado uma das grandes estreias do ano de 2020. E não é limitada ao contingente nacional. De todo o planeta, Lua e Marte. Porra, do sistema solar. Brutalidade grindcore mas com uma clareza de espírito e um caos controlado impressionante. Tudo é perceptível o que só faz com que tudo seja ainda mais poderoso. Grind apunkalhado ou acrustalhado. São dezassete temas que passam realmente num instante (para aí em vinte minutos se tanto se não for em menos) e que obriga a dar mais umas quantas voltinhas. Zangado e com vontade de destruir, mas com a razão toda do seu lado. Surge é um hino à violência justificada.

Fernando Ferreira

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.