WOM Tops – TOP 20 Death Metal 2019
WOM Tops – TOP 20 Death Metal 2019
Já tínhamos entrado brevemente pelos domínios do death metal, mas agora é a altura de nos focarmos no género mais puro, de ir beber à fonte. E como tem sido exemplo nos últimos anos, 2019 não foi fraco em propostas que nos vão acompanhar ao longo dos anos. Temos aqui então vinte propostas que nos marcaram durante 2019.
20 – Corrosive – “Nourished By Blood”
Black Sunset / MDD
Os alemães Corrosive voltam para o seu terceiro álbum e mais uma dose infecciosa de death metal bruto. O death metal dificilmente oferece mistérios para o seu habitual fã mas ainda assim os alemães conseguem aqui dar-lhe um feeling bem distinto graças a algumas melodias de guitarra bem caçadas. A brutalidade é tudo mas fica por vezes a ideia que se a banda apostasse mas nessa diferenciação conseguiria resultados superiores. Ainda assim, não há nenhuma razão para nos queixarmos. Groove metálico, brutalidade e uma produção arrasa-quarteirões mas sem sacrificar nenhuma da sua vida. O que é que podemos querer mais?
Fernando Ferreira
19 – Nocturnal Hollow – “A Whisper Of A Horrendous Soul”
Redefining Darkness Records / Raw Skull Recordz / BlackStorm Productions
Nocturnal Hollow são uma das grandes bandas da Venezuela. Em menos de dez anos, este é já o seu quinto álbum de puro death metal, embora não soe parecido com o metal mais típico da América do Sul. Na realidade soa como se viesse do meio das entranhas suecas. Gravilha com fartura na distorção e aquele feeling imortal de Entombed. O que lhe falta em originalidade tem de sobra em poder bruto que soa sempre bem, aquela suecada fantástica que temas como “Midnight Burial” tão bem transmitem.
Fernando Ferreira
18 – Ad Patres – “A Brief Introduction To Human Experiments”
Xenokorp
É um fenómeno dos tempos modernos, depois do primeiro álbum lançado, uma eternidade para deitar cá para o segundo. Felizmente que o parto do segundo álbum dos Ad Patres é sobretudo violento no som, o que faz com que nem sequer pensemos que estiveram sete anos sem lançar nada (isto sem contar com o single de avanço para este álbum “Symbiosick”). Nem há tempo para tal. Em pouco mais de meia hora, leva-se uma coça monumental de death metal que vai buscar as melhores ferramentas para construir um death metal variado, com dinâmicas bem assinaláveis e um feeling metálico digno dos clássicos. Tudo isto sem estar propriamente a soar a requentado – algo que por vezes surge mais vezes do que gostaríamos.
Fernando Ferreira
17 – Embrional – “Evil Dead”
Edição de Autor
A Polónia já é há muito tempo uma garantia do melhor death metal mesmo que habitualmente o death metal de lá nos venha tingindo com outra coisa qualquer. Não no caso dos Embrional que nos trazem death metal bruto, puro e duro. Ao terceiro álbum não se desviam um bocadinho desta sua intenção e trazem-nos oito faixas unidimensionais de porrada. Mas lá por serem unidimensionais, não se pense que são básicas ou pouco dinâmicas. Níveis técnicos bastante elevados e uma eficácia assinalável. Poderá passar despercebido perante a concorrência mas mereciam que isso não acontecesse.
Fernando Ferreira
16 – Body Harvest – “Parasitic Slavery”
Comatose Music
Jardona bruta que nos chega do Reino Unido. Cinco anos após a estreia, os britânicos Body Harvest sobem um pouco a fasquia da intensidade com este segundo álbum que é uma autêntica lição de como dar porrada e deixando marcas bem visíveis. E a primeira coisa que salta ao ouvido após a primeira audição é o facto de apesar de termos um trabalho uptempo, unidimensional na sua violência, não deixa de ser, de uma forma algo distorcida, dinâmico ao ponto de nos deixar empolgados a cada faixa que se apresenta. Ajuda também os argumentos técnicos serem bastantes e usados de forma inteligente. Resultado? Death metal bruto e do bom!
Fernando Ferreira
15 – Antropomorphia – “Merciless Savagery”
Metal Blade Records
Incrível reparar como estes Antropmorphia, uma banda holandesa de culto da década de noventa e que lançou um álbum que passou algo despercebido em 1998, acabou pouco tempo depois para voltar dez anos à activa e conseguiu tornar-se uma das propostas de death metal mais interessantes vindas do seu país. O apoio da Metal Blade foi essencial assim como a qualidade dos álbuns que sucederam, sendo que este é já o quarto e podemos ver (sobretudo) ouvir) como apesar da evolução da banda, continua bem fiel ao death metal tradicional. Não podemos dizer que temos aqui um álbum vistoso em termos comerciais, mas para os amantes da mortandade metálica, está aqui um grande álbum.
Fernando Ferreira
14 – Wretched Fate – “Fleshletting”
Redefining Darkness Records
Quando os Wretched Fate nos foram apresentados, foram-no com entusiasmo. A editora descreve este álbum como uma mistura entre a tradição sueca, familiar à banda já que são suecos, do death metal como também a abordagem mais moderna de bandas como Cannibal Corpse. Podemos compreender esta descrição e concordamos com ela – sinceramente não temos melhor. O entusiasmo da editora por Fleshletting é compreensível e totalmente partilhado por nós. Este álbum não tem nenhum filler – e estamos a falar de quase uma hora de duração, com treze temas – e é das coisas mais dinâmicas que ouvimos nos últimos tempos. Se vai estar na lista dos melhores álbuns de 2019 da generalidade das pessoas/entidades como a editora prevê… não temos como dizer. O que podemos dizer é que estará na nossa.
Fernando Ferreira
13 – Musmahhu – “Reign Of The Odious”
Iron Bonehead Productions
A continuar a tendência de 2018, temos mais uma estreia no mundo da música extrema, desta feita os Mushmahhu, banda sueca que apresenta um poderoso death metal bruto e meio épico que não deixa de surpreender. Um álbum que é composto por sete temas, sendo que o do meio, “Burning Winds Of Purgatory (Mellanspell)”, funciona como um interlúdio, mais curto que os restantes inteligentemente colocado no meio do trabalho que dá um novo poder a todo o álbum. Talvez seja um trabalho unidimensional mas não existem dúvidas da sua eficácia. Death metal bruto mas épico, longe de ser banal.
Fernando Ferreira
12 – Hedonihil – “I”
Inverse Records
Este é um projecto paralelo de membros de Swallow The Sun que é bastante diferente daquilo que a banda finlandesa fãs. Death metal bruto e vitaminado que nos traz um ataque unidimensional mas que não deixa de ter sempre um bocado de melodia que lhe assenta como uma luva. Juuso Raatikainen, baterista, foi o fundador e surge acompanhado por Mikko Kotamäki (vocalista) e Juho Räihä (guitarrista) e o resultado são estes nove temas brutos que impressionam mesmo pela violências que temas como “Anti-Human Agenda” trazem. Aliás, esse tema é exemplar para representar a banda. Sem dúvida um dos álbuns ninjas deste ano que recomendamos.
Fernando Ferreira
11 – Orthostat – “Monolith Of Time”
Sangue Frio Produções
Longe vão os tempos em que se tinha de dar o desconto das propostas que nos chegavam da América do Sul. Agora é precisamente o contrário. Quando temos um álbum de estreia como este “Monolith Of Time dos brasileiros Orthostat, as expectativas são altas mas mesmo assim não estávamos preparados para uma bujarda tão forte como este death metal que é tão bruto como tradicional, principalmente pela forma como apresentam certos detalhes, como os solos de guitarra. Músicas com estruturas que vão para além do que o simples death metal corriqueiro deveria apresentar, e é graças a isso que a banda apresenta temas furiosos que tanto podem ter quatro minutos como nove. E soa tudo bem.
Fernando Ferreira
10 – Deathswarm – “Shadowlands Of Darkness”
Chaos Records
Não há o que enganar. Mesmo sendo o álbum de estreia, basta dar algumas pistas como Bolt Thrower, Master, Repulsion e dizer que a coisa vem da Suécia para ficarmos logo fisgados. E quando assim é, também temos que lançar logo o nosso aviso de que quem procura coisas originais, não as vai encontrar aqui e que essas coisas originais também não são garantia de qualidade. Pouca coisa é hoje em dia. A não ser, claro, death metal sueco. Podemos dizer que o que temos aqui é o elo perdido com a sonoridade clássica dos Bolt Thrower, mesmo que isso ofenda alguns puristas. Só os surdos é que não partilharão essa opinião. Este é um trabalho de death metal clássico e dos viciantes.
Fernando Ferreira
9 – Accursed Spawn – “The Virulent Host”
PRC Music
O Canadá continua a ser um viveiro fantástico para abrutalidade da música extrema, uma convicção que temos desde que iniciámos este caminho aqui por este World Of Metal e que de vez em quando vamos tendo lembranças como este “The Virulent Host”, que é uma bujardona de death metal fantástica, onde a brutalidade anda de mãos dadas com aqueles elementos mais tradicionais do metal que não dispensamos, principalmente no trabalho de guitarras. E não deixa de ser impressionante a forma como uma banda apresenta um conjunto de canções que se enquadra dentro do que é normal num género, e mesmo assim conseguir soar-nos fresco como se tivessemos recuado dez ou vinte anos no tempo. É exactamente essa a sensação que temos aqui conforme nos viciamos com “Interrogated Bludgeonment” e “The Virulent Host”, dois exemplos da qualidade que aqui temos.
Fernando Ferreira
8 – Skorbutiks – Archaeonecrosis
The Spew Records
Probably, the worst aspect of this album is talking to a friend of yours and saying: “I’ve heard an awesome band” and realizing you don’t know/can’t pronounce neither the name of the band nor the name of the album. Skorbutiks is an Italian death metal band started in 2011. Although the album we present here today is their first one, the band has released both an EP and Split in the past, however let’s focus on the task here: reviewing/commenting Archaeonecrosis. One as me, may consider the death metal genre to be kind of worn-out, however there are always sometimes when a band appears and makes you believe otherwise, and this was one of those times. There seem to be three aspects that characterize Archaeonecrosis, them being: brutality, melody and mysticism, the latter being somewhat vestigial. Starting on the brutality, you can find it basically over the entire album but with precise focus on the vocals (that resemble a more perceptible Cannibal Corpse). When it comes to the melody part, there are some solos here and there as well as some riffs that really give another feel to the album overall. When it comes to mysticism, you have one or two tracks that let down on the melody and brutality and there seems to be some kind of aura that really appeals to the mystic side of music, but as I’ve said this part is vestigial, and as soon as you realize it, you get bombed once again qith an explosion of force. It’s a very good listen and, for some reason I can’t point out, it sounds different from your generic death metal band. However, it seems the band has gone through some internal problems, let’s hope they get fixed in some way and that the band keeps releasing such good albums as this one in the future.
Matias Melim
7 – Vitriol – “To Bathe From The Throat Of Cowardice”
Century Media Records
Que granda “padrada” que este álbum é! E sim, é mais um álbum de estreia. A Century Media Records está com um grau de eficácia impressionante e “To Bathe From The Throat Of Cowardice” é um daqueles trabalhos que prova isso mesmo. Death Metal Bruto, sem concessões mas ainda assim capaz de debitar solos inspiradíssimos e cheios de melodia. Longe de ser um festim técnico mas nem por isso a ser um regress ao primitive passado do death metal, este álbum é sem dúvida um prato cheio para quem já tinha saudades de ser agarrado pelas partes baixas de forma ameaçadora – de sentido figuado, claro, não queremos causar expectativas falsas para os que gostam de “rough and kinky”. Uma prova que o género está de excelente saúde e que há sempre forma de apresentar novos caminhos para a renovação do mesmo. Os Vitriol são uma das boas hipóteses para tal.
Fernando Ferreira
6 – Diabolical – “Eclipse”
Indie Recordings
Que excelente surpresa que foi este álbum dos Diabolical. A banda poderá ter passado um pouco abaixo dos radares nos últimos anos, mas este trabalho garante que isso mude nos próximos tempos. Um álbum grandioso que conta com arranjos orquestrais grandiosos que nos lembram um pouco os Behemoth mas mantém ao mesmo tempo a brutalidade característica do death metal com que já nos habituaram, sem desvirtuar a sua própria identidade. Um impressionante e viciante álbum de originais que sem dúvida que marcará 2019.
Fernando Ferreira
5 – Venom Prison – “Samsara”
Prosthetic Records
Capa… curiosa… É parvo começar desta forma, mas não só a pintura está bem feita como aquilo que mostra é bem intrigante. É uma mulher com vários ventres a… pôr ovos e a chocá-los? Isto de passar o dia a ouvir a música e a trabalhar na WOM poderá deixar os sentidos cansados mas é mesmo isso que parece. Felizmente que assim que se mete “Samsara” a tocar, as atenções voltam-se todas para aí. E com razões bem válidas para tal. Death metal triturador liderado por uma voz que tem tanto de extremo como de refrescante, sendo uma espécie de registo seco e rouco que acaba por trazer ainda mais poder à música. A vocalista, Larissa Stupar até nem varia muito a sua abordagem mas a mesma acaba por ainda assim ser vencedora. Grande e bruto álbum!
Fernando Ferreira
4 – Memoriam – “Requiem For Mankind”
Nuclear Blast
Detesto falar nisto outra vez mas a acreditar no velho mito urbano de que um terceiro álbum da carreira de uma banda/artista tem o poder de determinar como a mesma será no futuro, então só temos que sorrir porque este “Requiem For Mankind” finalmente materializa tudo aquilo que os Memoriam antecipavam desde a notícia da sua criação. Após um meio gás “The Silent Vigil” (onde a produção fraca nitidamente prejudicou a criatividade do mesmo), este terceiro trabalho não só é o retrato mais Bolt Thrower que a banda alguma vez apresentou na sua ainda curta carreira (aquela “Shell Shock” até arrepia) como é, simultaneamente onde a sua identidade surge mais firmada. Paradoxo? Sim, mas sem dúvida que a descrição mais certa que conseguimos fazer de momento. Death metal britânico que tanto é clássico como se mostra actual (mais outro paradoxo) e grandes malhas que não conseguimos parar de ouvir em loop. Sem enjoar. Este é, definitivamente, um grande álbum!
Fernando Ferreira
3 – Baest – “Venenum”
Century Media Records
As estreias, mesmo aquelas que nos impressionam, por vezes perdem-se no tempo. No caso dos Baest, eles nem nos deram tempo para isso. A banda dinamarquesa, lançou pelo segundo ano consecutivo um álbum e este segundo trabalho parece elevar toda a fasquia da banda uns pontos acima. Temos mais dinâmicas, temos mais variedade e temos uma abragência e alcance bem mais superior. O resultado final sem dúvida que é um passo em frente e que nos deixa rendido, e para esse resultado nem sequer é preciso colocar nas contas a cover dos Bolt Thrower, “No Guts No Glory”, exclusiva da versão digipack.
Fernando Ferreira
2 – Possessed – “Revelations Of Oblivion”
Nuclear Blast
Uma das maiores bandas de Death Metal de sempre e que tem em Jeff Becerra um líder cujo o exemplo de determinação deveria ser uma inspiração para muitos. Parece muito dizer isto? Humm, a mim não e podem discordar, na boa, mas eu mantenho a mesma opinião. “Revelations Of Oblivion” é apenas o terceiro disco, ok, mas fazer algo deste calibre depois de “Seven Churches” e “Beyond The Gates” é sustentador da minha afirmação inicial. Ao ouvir “No More Room in Hell”, single escolhido para apresentar o disco, fiquei algo ansioso por deitar mão a esta review e claro, as expectativas não saíram goradas. Brutal, pesado, enérgico e as habilidades de composição de Jeff intactas, 30 anos depois. Uma lição de puro Death Metal marca de forma muito natural todo este retorno. Vale mais tarde do que nunca!
Miguel Correia
1 – Vltimas – “Something Wicked Marches In”
Season Of Mist
Extreme metal do melhor! Conta a historia que Rune “Blasphemer” Eriksen (ex- Mayhem, Ava Inferi, Aura Noir) tinha uns riffs guardados á espera da luz do dia. Este decide chamar baterista Flo Mounier (Cryptopsy) e começar este projecto quando chega a altura de encontrar vocalista. Um telefonema para David Vincent (Morbid Angel) e assim nasce Vltimas. Gravar o álbum torna-se um processo longo. Partes criadas nos Estados Unidos, outras em Portugal nos estúdio de Rune, de volta aos E.U.A. e finalmente para Inglaterra onde gravam o álbum e seu consequente lançamento.A primeira impressão ao ouvir este álbum é que é bem limpo, feroz e curto. Limpo em relação a ser muito bem produzido com um som moderno. Feroz não só na rapidez de execução da guitarra de Rune e acompanhamento de precisão incomparável nos pés e mãos de Flo mas na voz de Vincent, mostrando que este ser humano é um dos melhores no género. Curto porque nem chega a 40 minutos de duração e por vezes da a sensação de ser uma só faixa mas a diversidade das melodias de guitarra de Rune separam essa ideia. Sim. As faixas rápidas são impressionantes mas são os temas em que a cena abranda onde se encontra do melhor que estes mestres produzem. É um trabalho que poderia ser diferenciado em três partes diferentes. Cada qual é sábio na sua arte mas o resultado final faz com que Vltimas seja mais do que uma equipa de super heróis. São sem sombra de dúvida uma banda…e que banda! A música é facilmente memorável. “Monolilith” por exemplo. Os acordes iniciais ficam tatuados na memória e diariamente em repetição na cabeça. 2019 ainda está longe do fim mas Something Wicked Marches In pode ser considerado um dos álbums do ano. Altamente e repetidamente recomendado!
Fernando Monteiro