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WOM Tops – Top 20 Pós-Rock Albums 2020

WOM Tops – Top 20 Pós-Rock Albums 2020

Este é um género que tem sempre uma forte componente cinematográfica. Onde a música anda sempre mais perto da emoção, do contar histórias e criar imagens. E uma certa fórmula.  Isso tudo está presente nestas vinte escolhas mas também o elemento da surpresa, tudo junto, dá um top… Top!

20 – Juracán – “Jarineo”

Anima Recordings

Ambient não é um estilo que nos faça pensar em guitarra eléctrica ou acústica mas “Jarineo” é um álbum que muda isso. A base é o acústico, com uma guitarra eléctrica (mas sem quase distorção) por trás e tudo isto sai da mente de Pierre Carbuccia, um multi-instrumentista que tem uma capacidade enorme para transmitir e moldar emoções que não estávamos à espera de ter. Fala-se também em pós-rock e tal não é descabido, mas esta mistura toda traz-nos algo único. Suave, como se fosse um atalho para aprender a levitar. Que não é aprender, é apenas deixar-nos ir por “Jarineo”.

Fernando Ferreira

19 – Weesp – “Боль”

Edição de Autor

Da Bielorrússia temos os Weesp, com este álbum, o seu quarto que surge pelo terceiro ano sem descanso. A língua é efectivamente uma barreira mas a fora como este pós-rock ou pós-metal soa é mesmo capaz de nos chegar ao coração – provando que a música é mesmo a linguagem universal, capaz de superar todo e qualquer obstáculo. Claro que a linguagem torna um bocado mais difícil a identificação de faixas individuais, mas por um lado, ainda bem, já que parece ser uma boa desculpa para ouvir a obra como um todo. Será sem dúvida proveitoso. Quererei voltar aqui muitas mais vezes no futuro.

Fernando Ferreira

18 – Albinobeach – “The Ladder”

Edição De Autor

Música instrumental que tanto dá para o progressivo como para o pós rock poderá pensar-se que é algo que já não traz novidade nos dias de hoje. Talvez não, mas com esta sensabilidade pelo menos temos a certeza de que se trata de algo verdadeiramente único. “The Ladder” é o segundo álbum dos sul africanos Albinobeach. A pausa de cinco anos entre álbuns é compreendida logo desde o primeiro momento quando se sente a forma como estas sonoridades foram tão pensadas como sentidas, não deixando nada ao acaso. Principalmente a simplicidade que transportam dentro de si. Simplicidade que apenas é quebrada pelos sentimentos que se poderá ter interiormente (ou não). Seja como for, e divagações aparte, este é um álbum que rapidamente se instala confortavelmente e não quer sair nem por nada.

Fernando Ferreira

17 – Naat – “Fallen Oracles”

Argonauta Records

Os Naat são daquelas bandas que se pode encaixar em centenas de lugares diferentes e haverá sempre a sensação de que algo ficou de fora, ou algo não está bem. Bem, são os dramas da imprensa musical. “Fallen Oracles” é um fantástico álbum instrumental, dentro do pós-rock ou pós-metal, com um potencial enorme para nos levar a viajar para outros mundos. Claro que alguns dos lugares comuns dos estilos estão aqui, especialmente a apetência para os climaxes e para a melancolia épica, no entanto, o impacto é mesmo enorme. Para quem gosta do efeito hipnótico que a música deixa e sobretudo para quem gosta de música instrumental para deixar em transe, “Fallen Oracles” cumpre a função na perfeição.

Fernando Ferreira

16 – Taured – “Taured”

Edição de Autor

Não há muitas informações acerca dos Taured, apenas que são italianos e que tocam um stoner metal expansivo e algo psicadélico. Algo, calma, não propriamente psicadélico. A música é instrumental e é perfeita para quem quiser meditar ou transcender este mundo físico que cada vez nos esmaga mais e parece como uma prisão – aliás, tal como a própria capa demonstra. Para os fãs de música instrumental, de stoner e de progressivo (ou pós-rock), este será certamente um álbum muito apetecível.

Fernando Ferreira

15 – Threestepstotheocean – “Del Fuoco”

Antigony Records

Threestepstotheocean é um nome que já conquistou bastantes fãs no mundo do pós-rock em particular e da música instrumental em geral. A banda italiana é mestre em criar tapeçarias sonoras que cativam e fascinam simultaneamente.  A capa poderá não ser um bom indicativo para o misticismo que contém mas esta é mesmo uma sonoridade que compensa toda e qualquer forma de arte mais humilde. O seu pós-rock dinâmico não se furte a cruzar fronteiras quando necessário, tudo em nome da música, que, graças a isso, fica bem dinâmica e rica em ganchos. Para começar qualquer tipo de viagem, este é sem dúvida o ponto de ignição perfeito.

Fernando Ferreira

14 – Sólstafir – “Endless Twilight of Codependent Love”

Season Of Mist

Sólstafir certamente não será um nome desconhecido para muitos, mesmo que alguns destes não conheçam os seus trabalhos. Formada em 1995 na Islândia, esta banda desenvolveu uma celebrada carreira dedicada ao black metal e, mais recentemente, ao post-metal. O seu mais recente projeto, o “Endless Twilight of Codependent Love”, enquadra-se neste último estilo. Apesar de já ter mencionado no passado que me é difícil compreender ou apreciar os estilos “post” admito, no entanto, que “Endless Twilight of Codepent Love” é um álbum com uma sonoridade cativante que me agradou bastante mais do que inicialmente esperara. É um álbum repleto de melancolia, mas que nem por isso deixa de ter os seus momentos mais intensos. Além disso é também curioso reparar como apesar de ser um álbum particularmente longo (pouco mais de 1 hora) consegue evitar repetições, mantendo-se sempre num tom romântico-melancólico bastante diferenciável de faixa para faixa, sendo excecional na criação do seu ambiente. É um excelente álbum de entrada para qualquer um que nunca tenha ouvido esta banda com atenção visto que deixa uma grande curiosidade pelos outros trabalhos da banda situados dentro do post-metal (algo incrível em mim). O Pai Natal veio mais cedo com “Endless Twilight of Codependent Love”.

Matias Melim

13 – Calea Dreaming – “Red Cedar Falls”

Edição de Autor

O que temos quando juntamos pós-rock com melancolia típica de doom metal e tremolo picking à la black metal? Alcest? Ok, até pode ser, o que dá validade a esta questão. Toda a cena do pós-black metal pode ser algo que até entrou nos nervos de muita gente mas temos de ter a capacidade para conseguir separar o trigo do joio e neste caso, os Calea Dreaming até conseguem surprender pela forma que mantendo a sua música instrumental acabam por manter-nos interessados em temas que são na sua maioria longos. Paisagens sonoras que nos são apresentadas e mesmo custando a interiorizar – admito que realmente custa – dá-nos prazer redobrado para cada audição.

Fernando Ferreira

12 – Collapse Under The Empire – “Everything We Will Leave Beyond Us”

Spinefarm Records

Os While She Sleeps talvez tenham ficado mais familiares aos ouvidos dos fãs de música pesada por terem sido anunciados para o VOA 2019. Para quem gosta da mistura infalível de metalcore, com uma pitada de arranjos electrónicos e, sobretudo, melodias memoráveis, então poderão começar a fazer a preparação com “SO WHAT?”. Este é um trabalho arrojado e apostado em fazer a banda ascender de nível. É, sem dúvida, mais acessível como também mantém o peso e a sua identidade e acaba por se ouvir bastante bem para quem gosta de melodias marcantes. Boa surpresa e um dos trabalhos dentro do género em 2019 até agora.

Fernando Ferreira

11 – Ingrina – “Siste Lys”

Medication Time Records / À Tant Rêver Du Roi

A música sempre me atraiu pela sua capacidade de fazer sentir algo diferente. Extrapolar sentimentos cá dentro, elevar-nos a novas realidades, a novos mundos. A música dos Ingrina tem a capacidade de fazer isto a um nível impressionante. A junção do pós-rock com o pós-metal não poderia surgir da melhor forma, com a emotividade a estar nos píncaros. Pode-se pensar em nomes como Cult Of Luna (as duas baterias e três guitarras ajudam a isso) mas as emoções acabam por ser mais vastas, mais orgânicas. Se o conceito da banda é bastante abstracto, a sua eficácia é bastante concreta e inconfundível. Um álbum que nos permite voar de olhos fechados. Não só sem medo mas como uma total indiferença ao que se passa lá fora.

Fernando Ferreira

10 – Wolfredt – “Tides”

Moment Of Collapse Records

Este era um projecto solitário que foi expandido a quarteto, e “Tides”, o terceiro álbum de Wolfredt, é o primeiro que é produto desta nova era. “Tides” é como que uma série de mantras – sete para ser exacto – que se dotam de diversas armas mas cuja aquela que é usada como mestria é a repetição. Todo o pós-rock consiste na construção paciente (tanto por parte da banda como por parte do ouvinte) de uma obra composta por diversas peças e a cada nova peça adicionada, há um entusiasmo redobrado que faz com que a repetição seja vista e sentida como um ponto de prazer e não uma tortura. De uma forma simplista podemos dizer que esse é o modus operandi da banda. Simplista porque existe por aqui muito mais. De uma forma simplista podemos dizer que resulta. Simplista porque na realidade vicia. Certas coisas não precisam de explicação, apenas de apreciação.

Fernando Ferreira

9 – Darius – “Voir”

Hummus Records

Os Darius trazem-nos música instrumental de qualidade superior. Podemos falar de pós-rock ou até pós-metal (como é sugerido por alguns momentos da “Poppy”) mas nem é algo que esteja muito presente, esse peso do rótulo. O que fica é um disco que pega no ouvinte e o transporta numa viagem por diversos estados de reflexão. Um disco que serve como banda sonora perfeita para os dias em que vivemos de reclusão social. E reclusão social não é aquilo que gostamos de fazer mais com boa música? Estarmos sós, no nosso próprio mundo com música que nos diz aquilo mesmo que precisamos de ouvir?

Fernando Ferreira

8 – Tav – “I”

 Ván Records

Este é um disco bastante peculiar. Normalmente é negativo dizermos que algo (sobretudo se for uma peça de arte) tem um bocado de tudo mas não pertence a lado nenhum. Acontecendo isso com Tav, que tem tanto de pós-rock como de pós-metal e até pós-black metal depressivo (se é que isso existe… se não existir, viram aqui primeiro), o que temos é estranheza que depressa se entranha. Um ambiente que é tão rico como melancólico – culpa também das vocalizações – e um sentido apurado para melodias que em conjugação com arranjos inteligentes nos trazem temas que inevitavelmente conquistam todos os que gostam de algo mais melancólico. Não é a proposta mais habitual do pós-rock, como já repararam pela descrição, mas é um alento para quem julga que o género está esgotado. Se calhar está por aqui o caminho. Uma estreia fantástica.

Fernando Ferreira

7 – B R I Q U E V I L L E – “Quelle”

Pelagic Records

Os B R I Q U E V I L L E podem ser uma chatice para escrever a sua designação (abençoado copy/paste) mas compensam qualquer inconveniente pela sua música. Mesmo sendo música que nos coloca em posições ou situações algo desagradáveis. Tal como a capa, que apesar de simples, não deixa de ser perturbadora. Este novo trabalho dos belgas é tanto pesado como atmosférico, uma dualidade que até nem se assume como paradoxal mas sim como duas faces da mesma moeda. Ajudará também o facto de ter sido composto e gravado durante esta fase de pandemia. Sente-se esse sentimento de isolamento, de auto-isolamento, imposto por algo ou alguém superior a nós (esse algo podendo muito bem estar no nosso interior). Um trabalho que homenageia e coloca no centro das atenções as nossa fragilidades, mas que também revela de forma subliminar a nossa força. Visceral e que leva tudo à frente, de forma cega. Ao descrever este álbum não sei se estou a descrever o ser humano no geral (ou a minha própria pessoa no particular) ou se a descrever a música. Não se percebe muito bem onde uma começa e a outra acaba.

Fernando Ferreira

6 – Slowly Building Weapons – “ECHOS”

Bird’s Robe Records

Como definir um disco ou banda enigmática? Dá-lhe com uma capa onde aparecem quatro freiras numa espécie de miradouro e fica-se logo apresentado. Não esclarece nada em relação ao que se vai ouvir mas pelo menos fica-se logo com a ideia de que vamos estar perante algo marado. Não muito marado mas no mínimo invulgar. A sonoridade dos japoneses Slowly Building Weapons tem atmosfera suficiente para que os encaixamos no campo do pós-qualquer-coisa. Seja mais para o rock (não tem assim um peso absurdamente bruto em termos metálico) ou até mesmo para o lado do metal (porque a atmosfera, por outro lado, é opressiva e não deixamos de ter alguns momentos explosivos). Cabe à interpretação de cada um. A minha é que este é uma aura e ambiente fantástico de um álbum pouco vulgar, que oscila entre o rock e o metal mas consegue soar sempre bem e como sendo a mesma banda e não algo que aparente ser um split esquizofrénico disfarçado de álbum.

Fernando Ferreira

5 – Astodan – “Bathala”

Dunk! Records / A Thousand Arms

Astodan, banda belga que traz-nos o seu segundo álbum, este “Bathala” que vem mesmo ao encontro do que os fãs de pós-rock instrumental gostam. Não ouvi ainda o álbum de estreia, por isso a imparcialidade foi total. Até mesmo em relação ao género em si, já que reconheço de que existem características muito marcadas na sua essência que normalmente se repetem ad aeternum. Essa era a única expectatitiva e admito que um bocado tóxica, mas que a mesma foi completamente superada graças a um álbum que nos consegue abstrair de tudo o resto, da realidade, dos vírus, da estupidez humana e do que nos rodeia. E a cada audição, no final, fica o mesmo vazio. O mesmo retornar lento a uma realidade que nos parece cada vez mais feia. Consta que é inspirado numa tribo filipina que tinha por hábito enterrar os seus mortos verticalmente em árvores ocas. Tendo tudo o que se passa no mundo, acho que é das coisas que ouvi nos últimos que mais faz sentido.

Fernando Ferreira

4 – Solkyri – “Mount Pleasant”

Bird’s Robe Records / Dunk! Records

A capa do novo trabalho dos australianos Solkyri parece ser tão interessante como aquilo que muitos melómanos pensam do pós-rock mas temos que referir que é bem mais interessante. Muito mais mesmo. Somos suspeitos por gostar do género (e por sermos eternos optimistas em relação ao potencial que tem para apresentar música entusiasmante) e mais por gostarmos de música instrumental, mas este é um daqueles exemplos em como mesmo respeitando todos os tópicos do que é supostamente mau, é algo mesmo bom. Não há no entanto, e de forma taxativa, demasiados pontos em comum com as alergias que temos. Pelo contrário, há um interesse que vai crescendo a cada música e a cada audição. Quando assim é, venham lá capaz da Remax, que nós aguentamos.

Fernando Ferreira

3 – Pg.lost – “Oscillate”

Pelagic Records

Aquilo que sempre me atraiu na música dos Pg.lost, mais do que ser uma banda que reúne membros e ex-membros de outras entidades como The Great Discord, Ghost ou The Cult Of Luna, foi a forma como criam tapeçarias sonoras que nos envolvem e transportam para longe como se fossem o tapete mágico das mil e uma noites. “Versus” deixou a fasquia bem elevada e como tal seria de esperar, que as expectativas tivessem bem altas. Vou ser absolutamente sincero, não foram superadas. A marca de “Versus” continua lá, mas isso não é o mesmo que dizer que este “Oscillate” seja uma desilusão, longe disso. É um trabalho emocional e profundo, como só os Pg.lost sabem fazer e como tal, profundamente eficaz. Continua a abordagem instrumental – pelo menos não encaro que aquilo que se pode ouvir num tema como “E22” seja a utilização de voz de forma convencional – e continua também o reunir uma série de melodias que nos tocam e emocionam facilmente, sendo um regresso que nos mantém a convicção de que estamos perante uma das grandes bandas de pós-rock de sempre.

Fernando Ferreira

2 – Barrens – “Penumbra”

Pelagic Records

Este é daqueles álbuns que antes de ouvir já sabia que ia gostar. Normalmente este tipo de expectativa explodem-nos na cara, mas “Penumbra” não desiludiu. Isto tendo noção de que é o álbum de estreia e de que não os conhecíamos de lado nenhum. Poderão interrogar-se hoje em dia para que serve uma editora quando temos constantemente bandas a lançarem e promoverem os seus próprios trabalhos. Pois bem, o facto de ter visto Pelagic Records associado a este álbum fez logo com que as expectativas fossem muito maiores. E para um álbum de estreia devo dizer que está excelente. Aliás, nem se nota que é um álbum de estreia. “Penumbra” mergulha-nos num pós-rock instrumental que contorna habilmente (e com inteligência) todos aqueles lugares comuns que tanto gostamos (e alguns amam odiar) e com isso soar fresco sem soar propriamente como a reinvenção da roda. Trata-se de uma viagem pelo cosmos do nosso ser interior, da nossa escuridão, tendo sempre a música como a luz exploradora que vai explorando os nossos cantos mais obscuros. Atmosferas fantásticas, grandes temas e uma expriência mais que recomendada.

Fernando Ferreira

1 – Alex Henry Foster – “Windows In the Sky”

Hopeful Tragedy Records / Sony Music Entertainment / The Orchard

O nome Alex Henry Foster poderá soar familiar aos fãs de pós-rock. Mais concretamente aos fãs dos Your Favourite Enemies, banda onde Foster é frontman. E apesar do seu trabalho a solo, o primeiro, se possa encaixar no género pós-rock, há todo um conceito de spoken word que absorve por completo quase toda a totalidade do álbum. “Windows In The Sky” é como que declamar poesia com música a acompanhar, havendo uma desconexão aparente entre os dois mundos que estão bem ligados. Há também um certo feeling levemente) psicadélico que também nos vai envolvendo. Sem dúvida que este é um trabalho que vai cativar todos os fãs de pós rock e muitos mais.

Fernando Ferreira

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