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WOM Tops – Top 20 Stoner Rock/Metal 2019

Dead Witches – “The Final Exorcism”

Stoner é um daqueles subgéneros que cresceu cada vez mais até perder esse estatuto, com várias ramificações. Ora mais rock, ora mais metal, ora mais doom, ora mais sludge… várias faces para o som que tem o fuzz como principal arma de arremesso. 2019 trouxe-nos muita coisa boa e ela estão todas aqui. Se começar a cheirar a incenso… não é bem incenso.

20 – Dead Witches – “The Final Exorcism”

Heavy Psych Sounds

Nada como um stoner/doom metal dos Dead Witches para dar as boas vindas miseráveis a mais um ano. Os Dead Witches são mais conhecidos por terem entre as suas fileiras Mark Greening (ex-baterista de bandas como Electric Wizard, With The Dead e os 11 Paranoias) e Oliver (guitarrista dos Grave Lines e Sea Bastard). Comandados pela voz hipnótica e carregada de efeitos vintage de Soozi Chameleone, este é um álbum que consegue reunir todo aquele ambiente negro e obscuro do occult rock e adicionar-lhe ainda mais intensidade a estes ambientes, algo que não deixamos de ficar sensíveis, principalmente em malhões como o tema título ou o épico “Fear The Priest” que encerra o álbum.

Fernando Ferreira

19 – Ruff Majik – “Tårn”

Edição de Autor

Acompanhando parte da cena sul-africana que nos tem mostrado bons projectos dentro das sonoridades mais modernas, é sempre bom voltar ao tradicional com aquela magia que os Ruff Majik já nos habituaram. “Tårn” é o trabalho mais recente, com sete faixas que têm um ambiente (produção) bem podre e quase lo-fi mas que resulta na perfeição em criar aquela atmosfera bem densa como se tivessemos entrado numa sala cheia de fumo de cigarros para rir. Stoner é certo, mas de uma forma que não é comum, cheia de identidade própria que já nos têm habituado nos últimos anos. Um regresso em grande.

Fernando Ferreira

18 – Black Vulpine – “Veil Nebula”

Moment Of Collapse Records

Com uma capa que tem o seu quê de Robert E. Howard, os alemães Black Vulpine estão aí com o seu egundo álbum, “Veil Nebula” que promete não desiludir todos os que ficaram entusiasmados com a estreia de 2015. Apesar de percebermos rapidamente que o stoner da banda continua a estar presente, vemos que o mesmo cresceu e evoluiu, amadureceu para uma sonoridade que se sente como única. Dentro do espectro stoner/doom e até sludge, temos um grande trabalho, daqueles que crexcem de mansinho, sem se dar por ela.

Fernando Ferreira

17 – Worshipper – “Light In The Wire”

Demons Run Amok

Os Clime To Fear andam algures entre o death metal clássico e o uso do hardcore que se convencionou chamar de metalcore, isto nos seus primórdios e sobretudo no estilo de voz usada – sim, calma, calma detractores do metalcore, a coisa não tem nada a ver com o estilo em si (não que haja alguma coisa errada com isso). Um álbum composto por temas curtos mas directos ao assunto onde não faltam grandes riffs e bons solos de guitarra. Não é a usual proposta de death metal mas não deixa de soar refrescante por isso mesmo.

Fernando Ferreira

16 – Nebula – “Holy Shit”

Heavy Psych Sounds

Grande regresso. Isto logo antes de ouvir porque os Nebula são um dos grandes nomes do stoner que fazem a ligação com o rock mais fuzz e psicadélico e voltarem ao disco após mais de uma década de ausência e com este “Holy Shit” (grande título, já agora), até parece que não estiveram ausentes. E é mais um daqueles trabalhos que assim que começa a tocar, solta-se uma fumarada, mais que não seja etérica ou até no sentido figurado, que nos leva a ascender e a encontrar outros planos de realidade. Fantástico!

Fernando Ferreira

15 – The Fuzz Dogz – “Basement Blues Pt. 1”

Edição de Autor

Dos Stone Cold Lips foram criados os The Fuzz Dogz, um do que visa explorar as sonoridades mais blues e stoner do rock e que, por aquilo que podemos ouvir neste álbum de estreia, tem pernas para andar. São oito temas com uma produção crua mas honesta, sem fogo de artíficio, apenas com feeling e muito rock. Podemos também encontrar aqui um certo espírito mais alternativo (ou grunge) e tudo isto resulta numa identidade quase firmada e independente. Se o underground nacional tem apresentado muitas boas propostas, nem é de estranhar que os The Fuzz Dogz sejam mais uma, no entanto, aquilo que ficamos convencidos após poucas audições é que, definitivamente, não são apenas mais uma.

Fernando Ferreira

14 – Vovk – “Lair”

Edição de Autor

Sabem aquelas bandas que tentam chegar a todo o lado, acertar em vários estilos ao mesmo tempo e falham tudo? Os ucranianos Vovk não são definitivamente uma dessas. Primeiro, acertam onde apontam. Segundo, tudo flui de forma natural, onde o stoner, o progressivo, o alternativo e até algumas tendências mais matemáticas da música convergem sem que tenhamos propriamente um destaque maior para qualquer uma delas – talvez na forma o stoner seja o grande destaque. Excelentes temas e uma boa capacidade para nos prender com um som e identidade, não diria únicos mas, refrescantes.

Fernando Ferreira

13 – John Garcia And The Band Of Gold – “John Garcia And The Band Of Gold”

Napalm Records

É impossível não falar de John Garcia e não nos referirmos aos Kyuss. Provavelmente o próprio deverá estar farto disso. Afinal era a banda que ninguém ligou puto mais de vinte anos atrás e que agora o acompanha a cada passo que dá. Este “John Garcia And The Band Of Gold” é a próxima aventura de um músico que não consegue simplesmente parar quieto. E obviamente que a sonoridade que nos traz é aquele stoner/desert rock cheio de fuzz e encanto. É dos poucos casos em que temos um álbum de estreia que não é surpresa nenhuma e que é aguardado por isso mesmo. É apenas o amigo Garcia a destilar aquilo que faz melhor. Que é exactamente o que queremos.

Fernando Ferreira

12 – Oreyeon – “Ode To Oblivion”

Heavy Psych Sounds

Com uma capa de belo efeito, temos com “Ode To Oblivion” o primeiro trabalho dos italianos Oreyeon para a Heavy Psych Sounds, um trabalho que                a banda queria afastar-se dos lugares comuns do stoner. Não foram necessárias muitas audições para chegar à conclusão que a banda conseguiu. Mais peso, mais devaneios a atirar para o psicadélicos et voilá, um trabalho refrescante que não deixa de ser stoner mas é muito mais do que apenas isso. Praticamente inesgotável, está aqui um grande vício.

Fernando Ferreira

11 – Redwolves – “Future Becomes Past”

Argonauta Records

Mais uma grande estreia por parte da Argonauta Records que tem demonstrado estar bem atenta quando o assunto é stoner/doom. No caso dos Redwolves, estes estão bem mais próximos do stoner rock do que propriamente algo metal e isso é algo que lhes dá um enorme encanto. Principalmente por não se limitarem aos limites dessa fórmula. Não só apresentam uma identidade (ou o início de uma identidade) como também saem da caixa em dois temas épicos e hipnóticos que vão sendo construídos subtilmente até um climax. Seja como for, é rock nas suas várias faces e formas. Ficámos fãs!

Fernando Ferreira

10 – Bask – “III”

Season Of Mist

O progressivo é um género ao qual vemos associados a muitos outros, no entanto, a associação ao stoner não é muito comum. A não ser que estejamos a falar de Bask, claro. No entanto, resumi-los a apenas à equação “stoner+prog” é preguiçoso até porque há aqui um elemento próprio de folk norte-americana (ao qual se costuma chamar de americana) e até de um certo psicadelismo. Não, na realidade a melhor forma de os descrever é apenas através do seu nome e, sobretudo, através da sua música. Temos uma capacidade única de envolvência que músicas como “Rid Of You” ou a tocante “Maiden Mother Crone”. Um regresso de uma das mais refrescantes bandas stoner americanas. Ou prog. Vocês percebem.

Fernando Ferreira

9 – Troll – “Legend Master”

Shadow Kingdom

Como nem só de thrash metal cru e primitivo ou dos primórdios da música extrema vivem as cassetes, temos aqui o segundo álbum dos norte-americanos Troll (uma das muitas bandas com esta designação. Doom metal a espaços a tocar no stoner com cinco temas longos mas que depressa nos conquistam pela simplicidade dos seus riffs e pela magia evocada pela sua voz. Esta é uma das grandes bandas do underground do doom da actualidade. Ponto!

Fernando Ferreira

8 – Elepharmers – “Lords Of Galaxia”

Electric Valley Records

O início de “Lords Of Galaxia” no tema “Ancient Astronauts” aponta para uma maluquice qualquer retro (ou então mesmo saída da década de setenta) onde os sintetizadores tinham a palavra principal. Felizmente (não que haja alguma coisa de errado com os sintetizadores a dominar a música) saltam as guitarras ao de cima para ficarmos com uma sonoridade que tem tanto de stoner como de rock psicadélico – embora seja o primeiro que domina – e o resultado é maravilhoso. Dualidade presente em todos os temas do álbum, este é um rockão hipnótico que nos deixa completamente desarmados e sem reacção como se tivessemos visto a luz. E de certa forma até a vimos. Não sabemos muito sobre a banda, mas com música assim nem é preciso.

Fernando Ferreira

7 – Mammoth Mammoth – “Kreuzung”

Napalm Records

O stoner tem sempre uma conotação pastelona mas os Mammoth Mammoth sempre remaram contra essa maré. Mais que nunca a banda australiana injecta uma dose selvagem de rock n’ roll no seu som – basta ouvir um tema como “Wanted Man” onde prestam uma clara (pelo menos aos nossos ouvidos) aos compatriotas AC/DC. Um rockão descomunal que não se fica por aqui. Do fuzz até às sonoridades mais psicadélicas, “Kreuzung” não só é possivelmente o trabalho mais forte da banda como também o mais variado e dinâmico. Rock deste é para durar uma vida!

Fernando Ferreira

6 – Green Lung – “Woodland Rites”

Kozmik Artifactz

Mas o que é que se passa neste mundo? Temos fome, miséria, poluição, o Trump e bandas que na sua estreia lançam grandes álbuns. Bem, se pararmos para pensar, o mundo pode até estar virado do avesso, mas o facto de termos cada vez mais álbuns de estreia que nos deixam de boca aberta nem é mau de todo. Nem de todo, nem de um bocadinho, principalmente quando tem a qualidade deste “Woodland Rites” que apresentam um stoner/doom de grande (enorme!) qualidade. Este é um daqueles álbuns que ouvimos facilmente umas cento e quinhentas vezes sem cansar. Há por aqui riffs mágicos, a voz é mágica… estes rituais da terra da madeira resultam mesmo!

Fernando Ferreira

5 – Pelegrin – “Al-Mahruqa”

Edição de Autor

Que trabalho tão fantástico. Este é aquele tipo de som, mesmo estando na fronteira da sonoridade a que chamamos metal, enquadra-se perfeitamente naquilo que entendemos ser o género, ou seja, desafiador, transcendente, de certa forma rebelde e indo contra a corrente da música moderna. Ora os Pelegrin tocam uma espécie de stoner rock progressivo – esta sucessão de géneros é apenas uma fraca tentativa de fazer chegar o leitor a um ponto de satisfação em relação à sonoridade que a banda toca – que nos batem com a força de uma sala cheia de fumo de cannabis, misturada com LSD – vamos imaginar que a coisa foi vaporizada e absorvida pelas vias respiratórias. As sonoridades meio médio oriente só reforçam o poder da “trip” que não queremos que acabe. Daquele som para ouvir quando tudo o que precisamos é de desligar do mundo um bocado. Ou um bocadão.

Fernando Ferreira

4 – Godsleep – “Coming Of Age”

The Lab Records/Three Chords Records

Parece que assim que este álbum começa a soar, se vê sair das colunas um fumo etéreo. Sim, é esse tipo de álbum em que embora pareça que puxa ao consumo de canibinóides, o mesmo dispensa qualquer uso dessas substâncias já que o efeito químico que a sua sonoridade provoca no nosso cérebro é a mesma. Este é o álbum de estreia da banda mas nota-se que não são propriamente novatos – e não são, já que a banda nasceu em 2010 – pelas músicas com que apresentam, do melhor que o stoner tem para oferecer. Groove clássico que tanto poderia ter surgido em 2019 como em 1999. Ou seja, vício.

Fernando Ferreira

3 – The Black Wizards – “Reflections”

Kozmic Artifacts/Raging Planet Records

Terceiro álbum dos nossos The Black Wizards (e nossos dito com bastante orgulho). Pegando no mito urbano do terceiro álbum que define a carreira da banda, “Reflections” vai muito mais além daquilo que a banda nos apresentou agora. Mantém o fuzz, mantém aquele espírito stoner/blues que vem agarrado ao fuzz, mas acaba por mostrar tanto mais do que apenas isso. A voz de Joana Brito está cada vez melhor na forma como envolve o ouvinte assim como tem ar hipnótico que não queremos largar – “Kaleidoscope Eyes” é um exemplo perfeito – enquanto a música dá-nos precisamente aquilo que queríamos de uma forma mais… elegante, menos óbvia. Este factor poderá indicar para alguns uma aparente desilusão. Apontamos o dendo ao “aparente” e reforçamos que este é um trabalho que vai crescer como nenhum dos anteriores cresceu. E os feiticeiros negros continuam a encantar com a sua arte. Mais que nunca até.

Fernando Ferreira

2 – Sofy Major – “Total Dump”

Deadlight Records

Stoner? Doom? Sludge? Desert? Punk?…Sofy Major apresentam uma colecção de faixas que trazem recordações de um tempo em que bandas consideradas grunge conquistavam as ondas da rádio. Não é difícil decifrar que estes franceses fabricam um som que engloba tudo dos gêneros acima referidos. Guitarras e baixo bem interligados com bateria bombástica á mistura e voz penetrante. Ouve-se Soundgarden, Nirvana, Clutch, Black Sabbath, Kyuss, etc. Uma banda que passa por tanto canto do espectro musical não sera difícil de agradar aos ouvintes. De certo um álbum para ouvir mais do que uma vez. Sofy Major continuam o triunfo do album anterior com a apresentação de “Total Dump”.

Fernando Monteiro

1 – Slow Order – “Eternal Fire”

Raging Planet / Raising Legends

O segundo álbum dos Equaleft demorou a chegar. Isto a opinião por parte de qualquer fã da banda. Se “Adapt & Survive” foi um álbum de apresentam que os mostrou como uma força bruta do nosso underground nacional, “We Defy” pode ser visto como um “Adapt & Conquer”, já que se assume como o trabalho da banda até agora. Maduro, mais complexo e mais inteligente, mais profundo. Mais tudo. O desafio que é feito no título e neste conjunto de temas parece ser não só à banda mas como também ao próprio estado de coisas. Temas como “Once Upon A Failure”, o tema-título ou a furiosa “Strive” são capazes de nos levar por diversos pontos e estados de espírito mas no final, além da sensação de termos sido atropelados por um rolo compressor, a certeza que se tem é que se teve por um dos álbuns mais coesos que tivemos oportunidade de ouvir nos últimos tempos.

Fernando Ferreira

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