Review

WOM Reviews – Magnólia / Katharos XIII / Örnatorpet / Dorminn / Tyranny Of Dave / Nick Flessa / Apprentice Destroyer / Druadan Forest

Magnólia – “Cynthia”

2019 – Fat Sound Productions

Esta foi uma enorme surpresa. Não é segredo nenhum que apreciamos sonoridades que por vezes saem das fronteiras (mais fechadas apenas na cabeça de alguns) do metal, principalmente por essas mesmas sonoridades terem em comum certos ambientes, melodias ou até estados de espírito. No caso dos Magnólia, uma nova força da música nacional, temos uma fusão de elementos e influências que vão do folk (que se evidencia pela sonoridade do violino mas não se pense em nada festivo, porque todo o trabalho assenta num ambiente soturno e contemplativo), assim como uma ligação ao fado pela forma como Filipa Pinto coloca a sua entoação e alma nos poemas cantados em português. Nomes como Dwelling e Madredeus vêm-nos à mente assim como Antimatter se estes resolvessem ser mais atmosféricos.Registado no gravado nos FatSoundProductions, por Mário Rodrigues (Cavemaster, Karbonsoul e Projekt Noir) este é um álbum ambicioso com mais de setenta minutos de duração, algo que vai contra a maré do défice de atenção do público hoje em dia, mas esse é também apenas mais um motivo para o entusiasmo que temos para com este trabalho que transporta em si a mística não só de Sintra, reflectida no título, como também a mística portuguesa, raramente capturada na música, salvo raras excepções. Exigente mas que dá muito em troca do tempo que temos que lhe dedica, com participações de luxo que vão de Charles Sangnoir a Ricardo Gordo, esta é uma das grandes revelações de 2019.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


Katharos XIII – “Palindrome”

2019 – Loud Rage Music

Ora aqui está algo completamente diferente. O rótulo black metal no Metal Archives não poderia estar mais desactualizado. O black metal lá indicado praticamente não entra em “Palindrome” a não ser por ínfimos segundos ou no ambiente geral de todo o álbum. É um trabalho onde os ambientes lúgubres, a voz (vozeirão) de Manuela Marchi e o saxofone estão no centro das atenções, em música que é praticamente impossível de categorizar – mas podemos sempre começar pelo príncipio que não é black metal – mas que não interessa pelo impacto que tem. Sabemos que para os comuns gostos metálicos isto poderá ser demasiado desafiante e definitivamente é, no entanto é um desafio que não nos importamos de assumir.

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


Örnatorpet – “Vid Himinsenda”

2019 – Nodvis Produktion

Dungeon Synth. Pode parecer limitado da minha parte, mas este estilo musical sempre me faz lembrar Mortiis, talvez aquele que mais o popularizou mas não sendo de todo a única referência do mesmo. Ainda assim é aquele que me surge à memória (acredito que não esteja sozinho nesta ocorrência). Este facto aliado às limitações dinâmicas do género em si poderão fazer que logo à partida se perca um pouco interesse. Confesso que nesse aspecto “Vid Himinsenda” surpreendeu. As melodias são contagiantes, principalmente quando invariavelmente nos apontam para a época medieval. O minimalismo joga a seu favor mas isso não faz com que seja um trunfo invencível. Certos momentos se sente que menos seria mais, que um corte nalguns pontos seria benéfico. Resultado final positivo mas mais que não ser para todos, não é para ser apreciado a qualquer altura.

Nota 6.5/10
Review por Fernando Ferreira


Dorminn – “Dorminn”

2019 – Antiq

Para quem gosta de neofolk, está aqui algo que é mais que recomendado, embora seja apresentado de forma refrescante, quase mística. Isto por as vocalizações, aliadas a uma percussão fantasmagórica, vão do gutural (ao estilo mongol) à voz saída das profundezas do inferno – ou então de um filme qualquer de hollywood de possessão. Este desconforto blasfemo acaba por trazer a dinâmica necessária para que este não se assemelhe a tantas propostas semelhantes, resultando num trabalho realmente interessante e capaz de nos endrominar o miolo – no melhor sentido do termo, claro.

Nota 8.5/10
Review por Fernando Ferreira


Tyranny Of Dave – “The Decline Of America Part 3 – Silence In Brooklyn”

2019 – Mekkatone Records

Americana. Conforme me aprofundei neste meu caminho pela música, este foi um termo que fiquei a conhecer, uma outra definição da música que vem dos E.U.A., que nem é bem folk nem country mas um meio termo entre as duas. Poderá ser na sua génese um termo que não atrai particularmente o nosso público e até se percebe, no entanto, e tendo em conta o panorama actual, mais que nunca este tipo de proposta sabe muito bem e quem diria que um álbum de americana teria muito mais a ver com indie do que com aquilo que por aí anda? Um trabalho sólido, com melodias boa onda e com capacidade para criar ambientes bem conseguidos e que até seriam bem difundidos nas rádios. No entanto, já sabemos como as coisas são…

Nota 7/10
Review por Fernando Ferreira


Nick Flessa – “Flyover States”

2019 – eliterecords

Primeiro álbum a solo de Nick Flessa, que quem acompanha a cena alternativa country deverá conhecer dos Wash. Como esperado, o músico não se furta muito dos caminhos do country alternativo mas não deixa também de ir por caminhos puramente rock indie assim como uma toada por vezes próximo de algo mais noise. É uma mistura de todos estes caminhos que podemos encontrar aqui e é quando se afasta mais do country quando as coisas se tornam mais interessantes – tanto a “There Is Mercy” como “Marley” a encerrar o álbum trazem-nos um pouco de sono. Resultado final é agradável mas apenas para quem tem um gosto pelo country. Ainda que alternativo.

Nota 6/10
Review por Fernando Ferreira


Apprentice Destroyer – “Permanent Climbing Monolith”

2019 – Edição de Autor

Já muitas vezes falámos do poder benéfico da repetição no contexto musical para criar autênticas paisagens sonoras. Também já falámos como nem sempre esse poder se verifica – não é tanto a repetição pela repetição em si mas mais o saber aquilo que se deve repetir. Pois este projecto altamente experimental Apprentice Destroyer leva-nos até ao limite para tentar perceber o que é que se tem aqui. Sem dúvida que o efeito hipnótico é atingido mas sem dúvida que a repetição se sucede por vezes para além do expectável – e ainda assim, com efeitos positivos. Não é um trabalho de todo imediato, onde as várias camadas de guitarras (temos aqui quatro guitarristas!) se vão sobrepondo, tendo como companhia os sons de sintetizador, quase sempre abrasivos, e a bateria a pulsar o ritmo. Se inicialmente se estranha, depressa ficamos fascinados com esta proposta e não vaos poder deixar de ouvir mais umas quantas vezes… até decidirmos ouvir mais umas quantas vezes!

Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira


Druadan Forest – “Dismal Spells From The Dragonrealm”

2019 – Werewolf Records

Dungeon Synth é um género muito específico para o qual não é fácil encontrar um público muito vasto, principalmente hoje em dia. Confesso que eu próprio tenho os meus altos e baixos em termos de interesse em propostas do género, sendo que Mortiis é sempre uma referência em termos de interesse mas aqui Druadan Forest, ou V-Khaoz (também dos Oath) já que se trata de uma one-man band, consegue alcançar um efeito de trip através da simplicidade. Em parte aquilo que faz não é nada que Mortiis não tenha já feito antes, mas os resultados que atinge arrisco a dizer que são bem superiores.

Nota 8/10
Review por Fernando Ferreira


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