WOM Reviews – Temple Ov Perversion / Ancient Emblem / Doré / Darkhan / Trond / Praise The Plague / Kval / Olkoth
Temple Ov Perversion – “Temple Ov Perversion”
2019 – Clavis Secretorvm
Já aqui falei dos benefícios de ter uma intro instrumental sem recorrer ao facilitismo dos teclados esotéricos e este primeiro EP dos suiços Temple Ov Perversion vêm dar-nos razão. O black metal da banda surge-nos ameaçador e bem bruto, com um foco especial no groove – Sim, no groove, não se assustem, tudo tem groove mesmo aquilo que diz que não tem groove. Com alguma simplicidade na estrutura musical dos temas, os resultados são mesmo eficazes, arranjando umas melodias bem memoráveis. Pessoal a ter em conta.
Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira
Ancient Emblem – “Funeral Pyre”
2019 – Edição de Autor
Apesar de serem uma banda de black metal, o conceito lírico aproxima os nuestros hermaños Ancient Emblem de paragens mais punk do que aquilo que se esperaria à partida. Para nós tudo bem, já que não só concordamos com os pontos de vista que defendem como a música é verdadeiramente boa. Uma mistura entre black metal – o género dominante – e um certo death/crust/punk, que assenta muito bem no geral. Este é um daqueles álbuns que rapidamente gostamos e que acaba por soar curto, obrigando a consecutivas rodagens. Um segundo álbum que nos vai obrigar a procurar o que está por trás. Temos a certeza que será o mesmo com vocês.
Nota 9/10
Review por Fernando Ferreira
Doré – “Doré”
2019 – Edição de Autor
Primeiro EP dos polacos Doré (ou polaco) não temos grandes informações, apenas que é um projecto que se inspira nos trabalhos de Gustave Doré (obviamente, quer pela capa quer pelo nome do projecto) que é o artista de eleição da cena de black metal e música extrema, pelas suas representações fantásticas da mitologia cristã. A música em si traz-nos uma bateria programada demasiado alta e uns riffs de guitarra interessantes com outros leads ainda mais interessantes que colocam a fasquia no black metal melódico. Interessante início de discografia.
Nota 7/10
Review por Fernando Ferreira
Darkhan – “Darkhan”
2019 – Edição de Autor
A capa deixa logo claro o que podemos encontrar aqui. Por um lado Black Metal e por outro… não, não é ponto cruz. É mesmo 8 bits. Daqueles das consolas NES e Master System, sistema que se tornou célebre no underground da música electrónica nos trackers mods e coisas afim. Bem podemos dizer que é black metal industrial, embora este industrial seja mesmo arcaico. Se a experiência na teoria não é cativante por aí além, na prática soa a um Super Mário possuído pelo demo, embora as vozes se pudessem enquadrar numa qualquer proposta de black metal sem problemas. Ficamos indecisos se isto é bom ou mau, confesso, mas o facto de não nos dar vontade de ouvir outra vez, já é uma boa pista para a resposta a essa dúvida.
Nota 4/10
Review por Fernando Ferreira
Trond – “Willkommen Im Unheil”
2019 – Satanath Records
Álbum de estreia para esta one-man band teutónica que nos traz black metal cru mas bastante interessante. Dinâmicas nos tempos, o que é sempre agradável para fugir ao previsível embora a banda não se afaste muito daquilo o que é o esperado para o black metal. A bateria é talvez o ponto menos conseguido soando um pouco artificial principalmente quando se carrega no acelerador. Para quem não é exigente, este é um trabalho que irá facilmente agradar. Basta adorar o chifrudo, em alemão – linguagem escolhida para as letras.
Nota 7/10
Review por Fernando Ferreira
Praise The Plague – “Antagonist II”
2019 – Argonauta Records
Monstruoso EP por parte dos Praise The Plague que já tinham apresentado no ano passado um monstruoso álbum de estreia, “Antagonist”. Dois temas a rondar os sete minutos com uma atmosfera densa que até ficamos convencidos que o inferno tem tanto nevoeiro que até parece a Lezíria numa manhã de Inverno. Não são, no entanto, imediatos, é necessário por aqui descer várias vezes a este inferno feito de black/death metal tingido de sludge. Algo que acreditamos que se faça com prazer.
Nota 8.5/10
Review por Fernando Ferreira
Kval – “Laho”
2019 – Hypnotic Dirge Records
Originária da Finlândia, esta One Man Band, tem em 2016 o seu ano de formação. “Sucessora” de Khaossos, esta mudança de nome vem com uma mutação sonora levada a cabo por Kval, um jovem de 24 anos que muito cedo (aos 17 anos de idade) começou a escrever. Composto por 4 temas, “Laho” é como um pequeno passeio por paisagens cobertas de folhas vermelhas, castanhas, marcadas pela chegada do Outono, perfumadas com fragâncias doces, ainda que soturnas e pesadas. Reminiscente de outros universos musicais como o Post ou o Shoegaze, ainda que não apresentando algo genialmente inovador, consegue cativar o ouvinte. Muitos na esfera do Atmosférico, não se perde em devaneios desnecessários. Carrega consigo uma melancolia suave e leve, onde a voz é, de certo modo, um instrumento acessório e “espectador” da rede cosida pelos vários instrumentos.
O Black Metal é um Ser com tantas possibilidades, com tantas linhas condutoras que permitem o acesso a ainda mais linhas condutoras… mas dá-me ideia que o Mundo prefere seguir as bases dos restantes. Tem, sem dúvida alguma, apontamentos muito bem construídos, mas não apresenta nada de novo… não se perde em devaneios. Há momentos em que me sinto transportado para a Europa de Leste, Ucrânia, talvez, e me vem à cabela Drudkh. “Pohjanriitti” é, na minha opinião, um excelente exemplo do anteriormente referido: ainda que acelere o passo e a “luminosidade” do mesmo, há aqui pormenores Drudkhianos. As vocalizações: há sofrimento no modo como as letras são cantadas; não há uma força desmesurada nas mesmas, mas mantenho a minha ideia de que o rei, aqui, não é a voz. Há um muito maior cuidado no instrumental que no trabalho vocal. Hey, não condeno! Até acho que a música de Kval ganha imenso com isso. Não é a Next Big Thing do panorama Black Metal mundial, mas não compromete no momento de audição. Para aqueles que se sentem bem no universo Black Metal, mas que preferem aquelas melodias Outonais, plenas em melancolia e solidão.
Nota 5/10
Review por Daniel Pinheiro
Olkoth – “The Immortal Depths & Treasures of Necromancy”
2019 – Edição de Autor
O ano de 2019 está a ser riquíssimo no que ao Black Metal se refere. O género mostrou, este ano, que não há um fim à vista para a capacidade criativa daqueles que a ele se agarram! Neste caso temos, perante nós, uma entidade Norte-americana que, durante anos, permaneceu escondida nas sombras, editando duas demos (“The Immortal Depths” de 2016 e “Treasures of Necromancy” de 2017). Em 2019 a Signal Rex decidiu compilar essas Demos, adicionar-lhes um tema novo e dar a conhecer, a um público muito mais amplo, aquilo de que estes senhores eram capazes. Como já disse anteriormente, o ano de 2019 está a ser bastante frutífero no campo do Black Metal e este trabalho não é excepção.
Com uma base melódica muito presente, recorrendo a sintetizadores, criando pequenos apontamentos atmosféricos que servem de base para os brilhantes trabalhos de guitarra e bateria ou que vivem bem por si sós (“The Goulish Grail Pt. I”). Ambiências assustadoras e arrepiantes espreitam a cada momento que passa, induzindo o ouvinte para uma atmosfera muito Folk e Medieval, muito embalada por negras sinfonias. O trabalho de bateria é, novamente, imensamente bem conseguido. Os blast-beats, tão Black Metal, são inseridos sem qualquer prejuízo para o restante trabalhado… Cada pequeno pormenor ajuda a criar tensão e ritmo de apoio à guitarra, que nos transporta para os anos 90 e o Black Metal e a sua Melodia VS a Tensão do Medo. As vocalizações são indicadas para a base em que assentam. Uma perfeita mostra do que se faz, neste momento, nos Estados Unidos.
Pouco mais há a dizer, sinceramente, a mim agarrou (“Ancient Black Flame” e o trabalho de guitarra com os tais delicados pormenores de bateria… this is the 90s!) e agradou sobejamente. Um último ponto: a malha nova (“Demonic Prophecy”) é um muito bom indicador do que aí vem! Invicta Reqviem Mass VI?! Era bom, sem dúvida…
Nota 9/10
Review por Daniel Pinheiro
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