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Raios E Trovões – E Se O Fizéssemos Simplesmente?

E Se O Fizéssemos Simplesmente?

Por Lex Thunder

 

Ainda continuamos sem música ao vivo.

Pergunto-me a cada dia que passa, se as consequências de não se fazerem espectáculos ao vivo não serão maiores do que as consequências de não se cumprir a lei.

Atenção, quero deixar bem claro que não sou anarquista, e acredito seriamente na lei como espectro essencial regente de organização e paz da sociedade. Apesar das suas falhas, é graças ao estado de Direito que tenho a liberdade para pensar e escrever este texto. E afinal de contas vivemos na melhor e mais avançada fase da humanidade.

Mas se formos ao cerne da questão esta não passa de uma ato normativo abstrato para impor uma ordem social construída na base de proteger o povo de uma nação e limitar o poder dos seus governantes.

A lei não existe sem ser na nossa capacidade imaginativa de abstração, da mesma maneira que acreditamos em Deus e nunca o vimos ou tocamos. Realisticamente falando, é impossível apalpar uma lei, ou usar a lei para matar a fome, e neste caso está a impedir muita gente de comer.

E é este o ponto que quero chegar.

A partir do momento que as normas legislativas tem o fim contrário do objetivo a que são impostas, e resultam num maior sofrimento da população em vez de a proteger, até que ponto é viável continuarmos a seguir essas normas?

É possível morrer directamente de fome, mas não é fisicamente possível morrer de incumprimento da lei.

Nunca pensei em dizer isto mas felizmente não vivo da música.

Embora também tenha sofrido com esta situação, nada se compara ao ponto abismal de que quem faz disto vida está a sofrer.

São reportados cada vez mais casos de pessoas que voltaram para casa de familiares pela impossibilidade de pagar renda, ou que depois de uma carreira majestosa e de renome se vem forçados a procurar outra área, ou que estão a passar fome séria pois não tem rendimentos suficientes para alimentar as suas famílias.

Todos sabemos que existe um vírus perigoso à solta com uma grande capacidade de propagação, mas também sabemos que os casos tendem a baixar com o uso de mascara, alguns metros de distância social e se nos desinfectar-mos cuidadosamente.

Sabemos também que já existem diversos eventos socioculturais que são permitidos, (alguns deles completamente escusados como as touradas) e que não respeitam as normas de segurança.

Mas os concertos de música não.

Economicamente, o sector das artes representa 3% do PIB do país.

Pergunto então o que é que está aqui a faltar aos nossos governantes para não surgir um aprofundamento e meditação sobre este tema? Na minha opinião é apenas falta de interesses políticos. Não faz sentido que a consequência sanitária de uma tourada seja a mesma de um concerto e que estas sejam permitidas e a música ao vivo não.

Não nos podemos deixar ficar para o fim.

Sempre fui apologista do “não podes estar a espera dos outros para fazer o que tens que fazer por ti” e sinceramente creio que estamos a entrar nesse “timing”.

Começamos a ficar sem nada a perder.

A maior forma de protesto seria (obviamente com todas as medidas de segurança), voltar á atividade.

A verdade é que mesmo sem pandemia já não gozávamos de qualquer apoio do estado.

Mostraríamos sim que é possível a musica voltar, que não nos sujeitaremos a qualquer esquecimento e indiferença por parte das pessoas em quem votamos e que não estamos dependentes de uma autoridade fantasma para nos por comida na mesa (como nunca estivemos).

No final do dia bem sabemos quem continua de barriga cheia.

 “Tell me something, it’s still “We the people” right?”– Dave Mustaine, Peace Sells


 

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