WOM Reviews – Árstidir Lífsins / Enoid / Kolossus / Insaniam / Goats Of Doom / Gravespawn / Mazikeen / Sacrilegious Rite
WOM Reviews – Árstidir Lífsins / Enoid / Kolossus / Insaniam / Goats Of Doom / Gravespawn / Mazikeen / Sacrilegious Rite
Árstidir Lífsins – “Saga Á Tveim Tungum II: Eigi Fjǫll Né Firðir”
2020 – Ván Records
A primeira parte não foi perfeita mas ainda assim um bom trabalho de black metal pagão. Com esta segunda parte estavamos preparados para tudo menos para ter um início com uma música de neo folk de seis minutos. Bastante boa, por acaso. Segue-se um apontamento meio ambient (como que a funcionar como intro) e estala aquele black metal melancólico que se esperava de evocação dos velhos deuses. Mas não se pense que é assim até ao final. Até porque temos mais bolas (mais ou menos) curvas que ajudam a que o ambiente e mística sejam mais palpáveis. Não é portanto um álbum normal de black metal ou até mesmo de pagan black metal. É toda uma viagem que deverá ser ouvida em conjunto com a primeira parte lançada no ano passado. Dinâmico é dizer pouco. Não é para todos mas para quem conseguir entrar neste mundo não vai querer sair mais.
9/10
Fernando Ferreira
Enoid – “Négation Du Corps”
2020 – Satanath Records
Voltamos a Enoid, a one-man band suiça que volta à carga depois quatro anos em silêncio. Não existem grandes mudanças por aqui e perante este contexto, ainda bem. Black metal raivoso, com melodias macabras que ajudam a criar um ambiente fantástico ao qual parece impossível não ficar refém. A última música, “Le Regarde Blanc”, é o ponto perfeito neste aspecto, com uma toada lenta mas com uma atmosfera única, a qual até dispensa voz para chegar até ao ponto pretendido. Mais um álbum forte tal como esperavamos.
9/10
Fernando Ferreira
Kolossus – “The Line Of The Border”
2020 – Satanath Records
One-man bands. Não nos cansamos dela. Claro que não ser sinónimo de música manhosa ajuda bastante – estatuto que demorou a atingir desde o interesse generalizado em Burzum que não terá sido a primeira mas sem dúvida que foi a que mais impulsionou a coisa no black metal. Este é um projecto italiano, que junta ao black metal (what else?) uma dose saudável de melodia épica e até alguma dissonância. Não sendo nada de novo, os temas em questão conseguem conquistar pela simplicidade desarmante com que se instalam. Não é preciso grandes artíficios, e hoje em dia, mais que nunca, o importante é conseguir capturar o espírito certo e a música certo. Exactamente como temos aqui.
8.5/10
Fernando Ferreira
Insaniam – “Homo Insecta”
2020 – Edição de Autor
“Homo Insecta”, o terceiro álbum dos Insaniam é sem dúvida aquele que define o seu poder. Temos o seu black metal melódico ainda mais abrangente e eficaz. Algo que só faz com que a sua música se erga para lá daquilo que são as linhas orientadores do estilo e se torne mais sólida, independentemente do género. Claro que o género acaba por ser sempre por andar à volta do black metal melódico mas até mesmo os apreciadores mais fanáticos poderão ficar surpreendidos pela forma como este trabalho soa refrescante. Se o terceiro marca realmente a carreira de uma banda, o impacto é brutalmente positivo.
8.5/10
Fernando Ferreira
Goats Of Doom – “Tie On Hänen Omilleen”
2020 – Purity Through Fire
A discografia dos Goats Of Doom já é longa e apesar do nome algo parvo, fiquei bem surpreendido com a qualidade de “Tie On Hänen Omilleen”. Black metal com bastante melodia – calma pessoal – e daquelas que nos soa bastante bem aos nossos ouvidos àvidos por tremolo picking. Confesso que por vezes as melodias são felizes demais, mas a coisa resulta. De uma forma estranha, mas resulta. Poderá exigir habituação a quem goste de algo mas macabro, mas ainda assim, não deixa de dar algum gozo.
8/10
Fernando Ferreira
Gravespawn – “The Elder Darkness”
2020 – Satanath Records
Dinâmico este “The Elder Darkness”, terceiro álbum da one-man band Gravespawn que nos traz black metal a pender para o melódico mas com pêlo na venta. Se formos a ser picuinhas, podemos até não encontrar grande distinção em relação ao que se faz aqui e ao que já foi feito milhentas vezes anteriormente. No entanto a questão é o riff. Exactamente, é isso mesmo que leram. O riff. Quando estamos cheios de dúvidas, quando não sabemos bem o que decidir, mesmo que tenhamos ouvido o trabalho em questão mil vezes, o riff decide tudo. Neste caso os riffs, que são bons de uma forma simples. Acabam por conseguir cativar, com a ajuda dos teclados a reforçar a melodia. A bateria poderia estar melhor – soa programada – mas não é nada que comprometa. No final, poderemos estar desejosos de ouvir algo mais elaborado, mas no geral, é um bom entretem. Ah e o pormenor da melodia de um dos temas da banda sonora do “Conan” de Basil Poledouris na “The Primordial Dynasty” está fantástica.
7/10
Fernando Ferreira
Mazikeen – “The Solace Of Death”
2020 – Satanath Records
O black metal sinfónico não é um estilo que encontremos com profusão para os lados da Austrália, o que só faz com que tenhamos mais curiosidade perante esta estreia dos Mazikeen – cujo nome não faço a mínima ideia do que significa. O poder metálico é evidente mas a mistura precisava de um bocado de mais graves – gosto pessoal, provavelmente, mas daria mais corpo a um som que, por si só, já é bastante cheio. Essa é uma parte que provavelmente fará com que se sinta alguma saturação de tema para tema (ainda para mais nos longos) para quem não gosta deste tipo de coisa – alguém se lembra dos Anorexia Nervosa? Independentemente da forma, o conteúdo é do agrado de qualquer caçador de bombas metálicas. Sendo a primeira, temos a certeza de que mais e melhor nos chegarão no futuro. As covers, no entanto de Mayhem, Dissection, Dimmu Borgir e Darkthrone estão muito bem conseguidas.
7/10
Fernando Ferreira
Sacrilegious Rite – “De Poetica Tenebris”
2019 – Dominance Of Darkness Records
Breve viagem no tempo, até ao ano passado, para irmos buscar este EP dos alemães Sacrilegious Rite. Dois temas (sem contar com a intro) que são bem mais dinâmicos do que alguém poderia esperar de uma banda de black/death metal. Temas acima da média e alguma dinâmica nas composições que conseguem prender, ainda que se sinta alguma saturação, principalmente em “Et Diabolus Incarnatus Est”, que passa a marca dos onze minutos. Para as necessidades de negritude mais urgentes, é uma boa escolha.
6.5/10
Fernando Ferreira