WOM Reviews – Alcatrazz / Pay Pandora / V/A – “Essential NWOBHM – The Best Of Neat Records / Saints’ Anger / Ardityon / Avi Rosenfeld / Black Old Scratch / Blue Envy
WOM Reviews – Alcatrazz / Pay Pandora / V/A – “Essential NWOBHM – The Best Of Neat Records / Saints’ Anger / Ardityon / Avi Rosenfeld / Black Old Scratch / Blue Envy
Alcatrazz – “Born Innocent”
2020 – Silver Lining Music
Decorria o ano de 1984 quando um amigo me gravou uma tape com “No Parole From Rock’N’Roll”, de 1983, dos norte americanos Alcatrazz. Acreditem que o meu deck quase que já sabia de cor as músicas que ali passam vezes sem conta, tornando esta banda umas das que mais idolatrei na época. Sem dúvida que ouvir temas como “Island In The Sun” e “Hiroshima Mon Amour”, tema de natural sucesso pelo Japão, era algo único para um adolescente em fase de descoberta de sons mais rockeiros.
Hoje, é um privilégio fazer uma review de uma das bandas que mais me marcou e ter “Born Innocent” o mais recente trabalho, desde 1986, na minha playlist é algo de indescritível. Então, ao lado de toda a habilidade vocal de Graham Bonnet, vocalista e fundador, este trabalho fica marcado, digo isto com muita alegria, pelo regresso de Jimmy Waldo e Gary Shea, ambos membros originais que assim retornam a casa, contribuindo assim para fazer deste “Born Innocent” um marco muito importante na vida dos Alcatrazz.
De resto, é simples: muito hard rock pesado, com muitas melodias, tocado com muita garra e contando ainda com um desfile de colaborações especiais muito interessantes e que só uma marca como esta poderia congregar nesta altura. Assim, temos Chris Impelliteri, que escreveu e tocou todas as guitarras ena faixa “Born Innocent”, Bob Kulick que escreveu e tocou em “I Am The King”. O virtuoso da guitarra japonesa Nozomu Wakai que compos e tocou guitarras na ode guerreira irlandesa intitulada “Finn McCool” e Steve Vai que escreveu “Dirty Like The City”. De salientar ainda que “Something That I Am Missing” e “Warth Lane” foram escritos pelo guitarrista italiano Dario Mollo em parceria com o baixista dos Riot, Don Van Stavern, que tocou baixo na faixa título e em “Polar Bear”, “Finn McCool”, “London 1666”, “Dirty Like The City” e “Paper Flags”. Mas a coisa não se fica por aqui pois ainda temos a composição e o trabalho de guitarra de D. Kendall Jones em “We Still Remember” e até mesmo um solo rápido de outro convidado que foi Jeff Waters dos Annihilator ”Paper Flags”. Pronto, aberto o apetite, desfrutem, porque o disco é mesmo muito bom!
10/10
Miguel Correia
Pay Pandora – “Hunt The Prey”
2020 – Calygram Records
Os Pay Pandora são compostos por Chiara Lütje dona de uma voz incrível, Tom Ole Thomssen na bateria, o guitarrista Thies Peters e o baixista Marek Brodersen.
Entre outras coisas, a banda foi escolhida como a melhor banda jovem da Alemanha em 2016 e Chiara, recebeu o mesmo prémio pela melhor cantora jovem da Alemanha. Ela também demonstrou todo o talento da sua voz em “The Voice Of Germany”.
Tudo isto poderia servir para fazer da estreia dos Pay Pandora um sucesso e a coisa não anda muito longe de tal, pois este disco é enorme e a deixa mesmo as portas escancaradas para que a banda seja mais uma referência do meio.
Com uma sonoridade hard’n’heavy “Hunt The Prey” parece tirado de um catálogo onde podemos ouvir toda a qualidade dos seus integrantes a desfilar em onze temas (no meu caso com “Good In Bad”, uma música bónus), sólidos, pesados e nota dez!
Venham mais destes!
10/10
Miguel Correia
V/A – “Essential NWOBHM – The Best Of Neat Records”
2020 – Golden Core Records / ZYX
A Neat Records foi uma das editoras essenciais da cena NWOBHM mas será talvez seja abusado dizer que está aqui o essencial de toda esta era. Apesar da ausência de um nome como Venom, Tygers Of Pan Tang e que tais, a selecção que preenche quase por completo o espaço disponível do CD é bastante interessante, com alguns nomes bem obscuros – como Phasslayne, ao lado de outros incontornáveis como Raven e Blitzkrieg, resultando numa selecção bastante forte. Para quem gosta de olhar para o passado com curiosidade – e aqui presumimos que sejam todos que os que não consideram que a NWOBHM seja apenas Iron Maiden, Saxon e Def Leppard. Sem ter acesso à edição física, a impressão perante isto é muito boa.
9/10
Fernando Ferreira
Saints’ Anger – “Danger Metal”
1985/2020 – Golden Core Records / ZYX
É inevitável, mas assim que vi a promo pensei no malfadado álbum dos Metallica, embora o nome (e o sentido) seja algo diferente. A música também. Este é o único álbum editado por esta banda teutónica, com um hard’n’heavy old school mas que sobreviveu, de forma até surpreendente, todos estes anos. Ou então somos nós que estamos cada vez mais virados para o passado. Esta reedição é mesmo de luxo já que além dos nove temas originais – que são excelentes – temos ainda mais outros oito demos que não nos parecem que sejam retiradas, pelo menos na totalidade das demos editadas em 1982 e 1983. A qualidade sonora das primeiras três é mais crua mas não deixa de estar à altura do que se ouve antes. Já as restantes entram no domínio de podre mas não deixam de ter o seu charme. No segundo CD, composto por um concerto boogleg, que também tem uma qualidade bastante aceitável e se aceita como um extra bem apetecível. No geral, é uma viagem ao passado fantástica e recomendada.
8.5/10
Fernando Ferreira
Ardityon – “Ardityion”
2019 – Edição de Autor
Trabalho de estreia dos italianos Ardityon, uma jovem banda que se apresenta com grande poder perante um cenário onde é cada vez causar uma impressão que seja forte o suficiente para se destacar entre tudo o que é e/ou já foi feito. A diferença deles é que apresentam um fulgar instrumental (ajudados também pela produção) que não é muito comum no power metal italiano. Nesse aspecto e tirando as melodias vocais, até parece que estamos mais próximos da Alemanha. Seja como for, é bom e esta estreia é bastante interessante, ficamos curiosos para ver o que vem de seguida.
8/10
Fernando Ferreira
Avi Rosenfeld – “Very Heepy Very Purple XI”
2020 – Edição de Autor
Parece incrível mas é verdade, onze volumes da série “Very Heep Very Purple” por parte de Avi Rosenfeld que visa em capturer aquele som típico dos Deep Purple e Uriah Heep. Neste álbum temos mais dez temas de grande qualidade, onde o rock e hard rock são mesmo muito bem tratados. Como sempre, conta com uma legião de músicos onde se destaca a participação de David Stone, ex-Rainbow entre 1977 e 1978, mas é a guitarra de Avi que brilha mais. Coesão num trabalho com tantos músicos não é fácil mas aqui é conseguido com excelência. Bom gosto musical, como faz falta hoje em dia.
8/10
Fernando Ferreira
Black Old Scratch – “Black On White”
2020 – Black Old Scratch – “Black On White”
Consta que o nome da banda é uma homenagem aos Black Sabbath em bora não consigamos perceber a ligação – além da palavra “Black”, claro. Em termos sonoros temos um hard’n’heavy de boa qualidade que até tem um pé mais no hard rock mas que quando vai para o heavy, vai mesmo para os campos mais doom, típicos da banda de Tony Iommi. Curiosamente o tema “The Way Of The Soul” tem um solo que nos relembra bastante a fase Dio da mítica banda. No geral é um bom EP mas ainda a evidenciar a necessidade de um caminho a percorrer para maior definição de identidade.
6/10
Fernando Ferreira
Blue Envy – “Shipwrecked”
2020 – Edição de Autor
O hard rock tem o dom de nos agradar quase sempre mas de vez em quando somos confrontados com trabalhos que não nos conseguem convencer. Como este “Shipwrecked”. Mais suave que seria expectável num hard rock, temos boa destreza instrumental mas em termos vocais, não convence, pelo menos da forma como desejaríamos. Fica a expectative no entanto para o futuro.
5/10
Fernando Ferreira