Os Filhos Do Metal – O Futuro Do Black Metal
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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A propósito da review que fiz sobre o álbum “Clausura” de Ars Diavoli para o Blog Filhos do Metal (conferir aqui), questionei-me qual seria o futuro do Black Metal? O que me instiga é perceber qual a importância que terá daqui a 50 anos ou mais? Enquanto subgénero derivado do Heavy Metal, o Black Metal tende a assumir o papel de personagem principal, desenvolvendo uma infinidade de ramificações. Claro que as catalogações podem ser vazias de objetividade, mas servem para mais facilmente identificar tendências de estilo ou concetuais. Neste aspeto, são muitas as denominações como por exemplo: Atmospheric Black Metal, Black ‘n’ Roll, Blackened Death Metal, Blackened Doom, Melodic Black Metal, Symphonic Black Metal, Depressive Suicidal Black Metal (DSBM), Unblack Metal, Blackgaze, National Socialist Black Metal, War Metal, Epic Black Metal, Raw Black Metal, Post-Black Metal, Progressive Black Metal, Black Thrash Metal, entre muitas outras. Esta crescente multiplicidade apela a uma análise, não etimológica, mas do foro da etnomusicologia, ou da antropologia do som. Pronto! Não vou aqui dissertar sobre este assunto. Apenas refiro que seria interessante. A verdade é que ao ouvir a música do projeto Ars Diavoli de Faro, pensei se o Black Metal não estaria no caminho de se tornar algo maior que a sua criação. Por isso interrogo – será como o Punk? Ficará na história como um movimento cultural que influenciou muitas bandas, deixando rasto, mas que no fundo a sua essência foi perdendo significado? Será como o Jazz? Criará um crescente nicho de apreciadores, ganhando importância enquanto género. Passando de maldito a respeitado? Ou simplesmente cairá no esquecimento? A verdade é que o Black Metal, para além das ramificações de espetro sonoro, tem vindo a crescer em número de bandas, músicos e seguidores. Há, sem dúvida, uma aura de culto em torno do género, o que o torna atrativo. O mistério, alguma sublevação, o exacerbar das características blasfemas do Heavy Metal, tudo isto criou uma empatia ou até uma subjugação ao estilo.
A exploração do som sempre teve algo de misterioso, isto no conhecimento ocidental. Para além disso, a sensação de ouvir foi, durante séculos, dominada por uma certa consciência visual. Ora, o mistério e a componente visual são características fundamentais no Black Metal, o que indicia uma primordialidade de contexto. É certo que o género surgiu, eventualmente, nos anos 80. Apesar da curta existência, isso não significa que não possa tornar-se um padrão cultural no futuro. Talvez esteja a ser utópico, tendo em conta que muitas bandas e projetos pecam pela fraca qualidade sonora e técnica. No entanto, outras há que elevam a fasquia, explorando territórios musicais, que conjugados com as características base resultam na diversidade de estilos já mencionada. A questão é levantada porque se o Heavy Metal tem os seguidores mais leais, o Black Metal parece gerar ainda mais culto.
Em Portugal temos tradição de sonoridades tristes e melancólicas como o Fado, que é hoje Património Cultural Imaterial da Humanidade. Este apego à saudade e à taciturnidade podem servir de base a bons projetos de Black Metal. O que já acontece. Basta explorar o underground obscuro de projetos nacionais e por lá pululam algumas pérolas de negritude. Fica lançado o debate. Qual o futuro do Black Metal?
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