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WOM Reviews – Shores Of Null / Wayfarer / Death Of A Dryad / Vyrion / Ligeia Wept / Nefesh Core / Sinnrs / Steve Hughes Eternum

WOM Reviews – Shores Of Null / Wayfarer / Death Of A Dryad / Vyrion / Ligeia Wept / Nefesh Core / Sinnrs / Steve Hughes Eternum

Shores Of Null – “Beyond The Shores (On Death And Dying)”

2020 – Spikerot Records

Há uma série de coisas às quais sou, abertamente, sensível. Uma delas é o vioino. Violinho em bandas de metal, seja de forma festiva do folk metal ou seja na forma melancólica do doom, tem um efeito, normalmente positivo. Muitas vezes é o ponto de salvação em algo que seria de outra forma banal. No caso do terceiro álbum dos Shores Of Null, trata-se de apenas mais um elemento que é vencedor, numa série deles. Capa minimalista, som que junta melodia do death metal, melancolia atmosférica e peso e tudo numa única faixa de trinta e oito minutos. Totalmente contra a corrente daquilo que é o normal hoje em dia, em que não pachorra para o quer que seja. E poderiam ser trinta e oito minutos aborrecidos, sempre na mesma toada, mas não. A dinâmica está bem tratada e acabamos por ter um tema que se desenrola de forma progressiva, sem sentirmos que é apenas uma música esticada até ao limite da nossa paciência. Uma viagem a repetir com toda a atenção a ser exigida.

9/10
Fernando Ferreira

Wayfarer – “A Romance With Violence”

2020 – Profound Lore

Apesar deste nome me ser famiiar, apenas com este álbum, já o seu quarto, fui apresentado formalmente. Posso dizer que o fascínio deu-se logo nos primeiros momento. O rótulo de black metal atmosférico ou pagão pode dizer tanto como nada em relação ao que podemos ouvir em “A Romance With Violence” e foi essa forma dúbia, essa incapacidade de discernir ao certo o que contém que me atraiu. Há por aqui folk metal, daquele que nos remete para os sauadosos Agalloch mas há muito mais que isso. Muito mais que rótulos ou lugares comuns. Assim que se interioriza e aceita isto, então é aí que a viagem começa verdadeiramente. Pertencente aos álbuns que precisam de ser ouvidos por inteiro e apreciados da mesma forma, este álbum evidencia uma capacidade única de nos preenche o inconsciente (e porque, não, até o consciente) com imagens únicas. Para ouvir e sentir em contemplação.

9/10
Fernando Ferreira

Death Of A Dryad – “Hameln”

2020 – Edição de Autor

Álbum conceptual, ou espécie disso, sobre o flautista de Hamelin. Não será provavelmente das histórias que pensariamos interessante para uma banda de gothic/dark metal mas já aprendi que também não é tanto a história que contas mas sim a forma como o contas. E neste caso, a história beneficia muito do contexto musical onde é apresentado. Há aquele espírito gótico alemão, é certo, mas soa bastante fresca a forma como estes ambientes, quase Tim Burtescos são retratados e representados. Esses ambientes também vão mudando, onde por vezes embarcam também pelo folk. Não é abundantemente pesado, até porque a distorção, mesmo quando surge, não é característicamente metálica, mesmo em explosões de fúria (como na “Left To Die”). Remete mais para algo mais industrial, mas é um trabalho que vai apelar aos fãs do estilo.

8.5/10
Fernando Ferreira

Vyrion – “Nil”

2020 – Edição de Autor

O efeito monocromático da capa espalha-se também para a música, embora existam muitas nuances entre o branco e o preto que dominam a capa. Há para já, neste terceiro álbum dos Vyrion uma forte componente atmosférica sem entrar por dominíos de pós-black metal ou algo do género. A promo referia à cabeça os nomes de Enslaved e Agalloch e é algo que faz bastante sentido embora não possa dizer que tenhamos um decalcamento da sonoridade díspar das duas bandas. Mas é o ambiente que nos traz o mesmo tipo de sensações. O sentido de progressão dos primeiros trabalhos dos Enslaved e as melodias épicas dos Agalloch. Seis anos de silêncio fazem com que esta banda surja como novidade para muitos. Será uma novidade que os manterá atentos, garanto.

8.5/10
Fernando Ferreira

Ligeia Wept – “A Funeral Of Innocence”

2020 – Edição de Autor

A Austrália não é o primeiro país em que pensamos quando o assundo é doom gótico e sinfónico. Este trabalho de estreia dos Ligeia Wept vai buscar ao dramatismo e teatralidade que estava bastante em voga na década de noventa no black/death/doom metal melódico e nas suas misturas com o gothic metal. Ou seja, é algo que nos traz bastante nostalgia mas não são esses os seus únicos méritos, mas tenho que admitir que a componente doom metal roça bastante o funeral doom, algo para qual nem todos têm os seus gostos afinados. Nesse espectro, devo dizer que “A Funeral Of Innocence” está muito bem conseguido mesmo que não seja um disco que se tenha estofo para ouvir todos os dias.

7.5/10
Fernando Ferreira

Nefesh Core – “Getaway”

2020 – Rockshots Records

A primeira coisa que me passou pela cabeça assim que surge a voz no tema-título que abre este álbum foi “Fernando Ribeiro, és tu?” A semelhança vocal de Dave Brown para o tom limpo do vocalista de Moonspell é, a princípio, imensa. Depois vão surgindo as diferenças mas inicialmente é muito semelhante, algo que a tonalidade mais gótica dos Nefesh Core também ajuda. Tonalidade mais gótica mas em muito misturada com música electrónica – “Scandal” por exemplo. Rock gótico com bons temas e bom energia mas a mostrar-se mais enquadrado naquilo que se fazia duas décadas atrás do que hoje em dia. Os fãs do estilo vão de certeza apreciar porque não há aqui nada mal feito. Apenas não surpreende.

6.5/10 
Fernando Ferreira

Sinnrs – “Profound”

2018 – Edição de Autor

Estreia discográfica deste duo dinamarquês, do qual não temos muita informação. Black metal melódico que surge sem grandes surpresas mas que consegue ir mais além em termos qualitativos do que aquilo que a capa promete. Apesar dos lugares comuns em que se baseia, consegue criar alguns momentos em que nos prende a atenção. Não consegue é ir muito além disso. Se pegarmos em “The Storm Of I”, por exemplo, temos um início que se revela interessante mas conforme a música vai progredindo, esse mesmo interesse vai esmorecendo. Com boas intenções mas com poucos resultados práticos.

5/10
Fernando Ferreira

Steve Hughes Eternum – “Alone But For The Breath Of Beasts“

2020 – Dinner For Wolves

Como o nome poderá indicar, esta é uma one-man band por parte de Steve Hughes onde junta uma série de estilos diferentes com alguma personalidade própria. Ritmos compassados que encaixam no doom assim como no industrial com uma voz que me relembra a de Godkiller (outra one-man band). A intensidade está lá, já a eficácia é que não foi tanta, pelo menos não comigo. Curiosamente e por falar em eficácia, é o groove aquilo que mais fica deste conjunto de temas mas no geral é uma estreia discográfica que não convence.

5/10
Fernando Ferreira

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