WOM Reviews – Rotting Out / The Roozalepres / Social Standards / Svetlanas / Insanidade / Surut / Celebrity Stalker
WOM Reviews – Rotting Out / The Roozalepres / Social Standards / Svetlanas / Insanidade / Surut / Celebrity Stalker
Rotting Out – “Ronin”
2020 – Pure Noise Records
A voz de Walter Delgado é daquelas que marcam. É daquelas que incitam amores e ódios. É também o ponto de atracção, para mim, para o som dos Rotting Out, que tem muitos mais atractivos do que aqueles que estão evidentes na voz do frontman da banda, mas são igualmente corrosivos. É um som que é único apesar de serem evidentes as suas raízes tanto no punk como no hardcore. Depois de um hiato forçado – graças a Delgado ter sido apanhado com mais de trezentos quilos de marijuana e ter sido condenado a uma pena de prisão de dezoito meses – a banda volta em força, com um conjunto de temas vencedor. “Ronin” é um dos grandes trabalhos de 2020 de hardcore, inevitavelmente.
9/10
Fernando Ferreira
The Roozalepres – “The Roozalepres”
2020 – Go Down Records
Chris Reese e Tom Dring dos Corrupt Moral Altar têm uma nova aventura musical, estes Lake Baihal, e apesar de ser apenas um tema, em termos de duração, podemos dizer que se trata de um EP já que são quinze minutos, numa autêntica viagem de montanha-russa, com vários géneros a juntar-se do black ao doom metal, onde até solos de saxofone se fazem sentir. Tudo flui de forma perfeita. De tal forma que a cada vez que ouvimos há novos pormenores a surgir e novas perspectivas. E é apenas um tema. Imaginem um álbum inteiro.
9/10
Fernando Ferreira
Social Standards – “Worst Regards”
2020 – Argento Records
É cada vez mais comum termos bandas de black metal misteriosas das quais não há nenhuma informação. Mas no final o que interessa mesmo é a música e no caso dos holandeses Ossaert, o que temos é quatro temas longos, hipnóticos e cruz. Vistas a coisas, não é preciso saber quem são, de onde vieram e para onde vão. Nem é preciso letras nem títulos de música (por muito que seja um chavão termos “I”, “II”, “III” e “IV” como títulos, enquadra-se perfeitamente) porque a música fala por si só. E nem só consegue ser aquele black metal cru e primitivo como também consegue alcançar níveis inesperados de melancolia (conferir a “III”). No geral é um álbum surpreendente que não conseguimos ficar indiferentes.
8.5/10
Fernando Ferreira
Svetlanas – “Disco Sucks”
2020 – Demons Run Amok
Quinto álbum desta entidade que é bem mais do que apenas mais um projecto de Nick Oliveri. Aliás, o rótulo de “a banda mais perigosa do mundo” pode ser exagerado, mas a sua música é rebelde o suficiente para que possamos pelo menos entreter-nos com a possibilidade da veracidade do mesmo. Temas curtos, crus e a apelar ao movimento, é óbvio que o punk é parte fundamental daquilo que podemos ouvir aqui mas não se furte a puxar dos galões do peso e a ir buscar inspiração mais metálica. Para quem gosta da vertente feminina no punk, da irreverência e rebeldia na música, “Disco Sucks” é obrigatório.
8.5/10
Fernando Ferreira
Insanidade – “High Speed”
2021 – Edição de Autor
Os Insanidade estão em grande. Depois de um álbum de estreia lançado no ano passado, este ano já estão prontos para o segundo round. Também temos que ser sinceros, o rock deles é simples, directo e descomplicado, com uma pitada de punk. Perdão, com muito de punk! A coisa resulta de forma perfeita. Quando a música tende a ser cerebral e plástica – a tentar encontrar ganchos em poucos segundos – é bom termos este contacto com as raízes daquilo que nos puxou para a música pesada. O peso, a rebeldia e visceralidade. Tudo coisas que temos aqui em doses bem generosas. Aconselhável para quem gosta de rock apunkalhado ou para quem gosta de punk arrockalhado.
8/10
Fernando Ferreira
Surut – “Surut”
2021 – Petrichor
Mesmo quem não gosta de hardcore (ou pós-hardcore), terá de admitir que as melodias que nos esperam por aqui são altamente eficazes. Mesmo para quem não gosta deste tipo de vocalizações terá de admitir que o contraste com as melodias resulta tão bem que qualquer outro tipo de solução vocal simplesmente não iria resultar. Matemático, intenso mas também com alguns elementos metal que soam deliciosamente bem aos meus ouvidos – aquele riff da “Nousen” poderia estar a soar ad aeternum que não me importava. O comunicado de imprensa diz que é a banda-sonora para os dias actuais. Apesar de ser um chavão, tenho que concordar.
8/10
Fernando Ferreira
Celebrity Stalker – “Year Of The Thief”
2020 – Edição de Autor
Esta foi uma interessante mistura de mundos, que resultou de forma harmoniosa. Os Celebrity Stalker têm um nome parvo mas a sua música é assunto sério. Punk e metal, os dois juntos já deram frutos muito bons no passado – as referências a Slayer e Iron Maiden antigo não são descabidas embora não os possamos encontrar directamente aqui neste conjunto de temas. O punk rock perde um pouco da sua melodia esperada e mas compensa com peso boa onda que cativa facilmente. As letras também vão para além do óbvio e estão bem construídas, sendo que este “Year Of The Thief” revela-se eficaz em todos os pontos. Não é óbvio para os fãs de punk nem para os fãs de metal, mas esse até acaba por ser outro ponto a seu favor.
8/10
Fernando Ferreira
Insanidade – “Hello Suckers”
2020 – Edição de Autor
Depois de ter sido apresentado ao mais recente trabalho dos Insanidade, não resisti a ir ver como era a estreia e posso dizer que não estou desiludido embora não seja comparável com “High Speed”. Cantado em português – um ponto extra – a voz acaba por não apresentar a dinâmica do segundo álbum, como um efeito na voz que se cansa depressa. O que cansa depressa também é a tarola à la “St. Anger” que fica a soar na cabeça como um martelo pneumático muito depois da música acabar. Ainda assim, é uma estreia de uma banda que é sem dúvida um dos grandes valores da cena punk brasileira.
7/10
Fernando Ferreira