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WOM Reviews – God Is An Astronaut / Colosso / Shima / TDW / Meadows / Onsegén Ensemble / Transatlantic / Vindictive Regeneration

WOM Reviews – God Is An Astronaut / Colosso / Shima / TDW / Meadows / Onsegén Ensemble / Transatlantic / Vindictive Regeneration

God Is An Astronaut – “Ghost Tapes #10”

2021 – Napalm 

Sempre que penso em referências no pós-rock, God Is An Astronaut é um das referências omnipresentes. Tendo já essa posição, não havia expectativa para que este “Ghost Tapes #10” – que como o seu título indica é o décimo trabalho da sua carreira – a não ser que fosse um seguimento de “Epitaph”. Algo que não é, o que demonstra a sua inconformidade até mesmo com a fórmula e identidade que têm vindo a criar. Não me interpretem mal, não se trata de uma revolução no seu som, mas estando habituado a álbuns que têm sempre uma linearidade conceptual (conceptual tanto quanto um álbum instrumental consegue ser conceptual), aqui temos canções soltas em que todas elas têm a sua própria vida, a sua própria história e que, e esta é a parte admirável, todas elas conseguem soar bem uma com as outras e conseguem trazer o mesmo impacto. Enormes na forma como conseguem soar mais agressivos e crus mas ainda sem disvirtuar um mílimetro que seja da sua personalidade. É arrojado, por isso, e por mostrar que qualquer caminho é caminho quando há capacidade para a excelência.

9/10
Fernando Ferreira

Colosso – “Hateworlds”

2021 – Gruesome Records

Os Colosso foram uma das grandes bandas/projectos nacionais a surgir na última década. Apesar de alguma instabilidade, a nível de formação – começou como um projecto, passou para uma banda a “sério” até que voltou outra vez a projecto – o lado criativo não foi prejudicado. “Hateworlds” mostra até que está melhor que nunca. A mistura excelente entre o death metal mais inventivo e um lado progressivo demonstra isso mesmo. “Rebirth” soou bastante a pouco pelo que se sente que este é o verdadeiro terceiro álbum e aquele que reafirma a identidade da banda. Mais arrojado e com momentos de puro brilhantismo, tanto instrumentalmente como vocalmente, onde Max Tomé dá muitas diferentes tonalidades que trazem nova vida e elevam a fasquia destes temas. Voltamos a ter a participação de Dirk Verbeuren (Megadeth e cento e quinhentas outras bandas) e ainda Miguel Inglês dos Equaleft na “Despised”. No final, este é mesmo o melhor e mais maduro trabalho de Colosso, mas o que esperamos mesmo é estarmos a dizer o mesmo para o próximo trabalho daqui a dois (três, vá) anos.

9/10
Fernando Ferreira

Shima – “Vol.2”

2021 – Raging Planet

Gosto sempre de ficar a conhecer bandas através da Raging Planet. A garantia de qualidade é logo praticamente garantida e é sempre uma boa forma de expandir o léxico musical no que à música nacional diz respeito. Os Shima são uma banda lisboeta que se expressam através de canções instrumentais que tanto mexem no progressivo como até vão um pouco ao stoner psicadélico, muito ao de leve. O importante na música instrumental é, na minha opinião, o não se sentir falta da voz e não se sentir aborrecimento. Ser uma expressão onde o ouvinte é conduzido até outras formas, outros ganchos de prender a sua atenção. Algo que aqui é atingido de forma sublime. Estamos presos. Acho que era esse o objectivo, não era?

9/10
Fernando Ferreira

TDW – “The Days The Clocks Stopped”

2021 – Layered Reality Productions

Quando se tem um álbum conceptual onde tempo tem um lugar de destaque, esse álbum terá de ter (em menor ou maior quantidade) progressivo lá pelo meio. No caso de TDW – que representa o nome do músico, compositor, cantor e produtor Tom de Wit – é mesmo rock/metal progressivo sem grandes surpresas. Surpresas em relação ao estilo mas que surpreende pela positiva em relação à qualidade, focando-se em criar uma simbiose bem sucedida entre a história (que nos leva por quase oitenta minutos e que é fácil de nos identificarmos com ela, infelizmente) e a música, verificando-se que apesar da importância estar confinada à história, o elemento musical não é descurado. E é neste ponto onde está a verdadeira dinâmica. É possível apreciarmos momentos de rock progressivo, onde a as emoções e o minimalismo imperam para depois no momento seguinte termos uma explosão metálica onde até os guturais fazem uma aparição bem ajustada. Não é um álbum destes tempos – desconfiem dos álbuns progressivos que o sejam – já que não é imediato. Exige tempo, exige atenção. Tendo isto, tem o mundo a oferecer.

9/10
Fernando Ferreira

Meadows – “Modern Emotions”

2020 – Edição de Autor

Os holandeses Meadows são um bom exemplo de como o progressivo (tanto no rock como no metal) conseguiu evoluir de forma fantástica. Este álbum anda a deambular um pouco pelos dois mundos e por vezes até nos faz esquecer que tem voz – e não é o caso da voz não ser memorável, é mesmo pelo instrumental quando está no centro das atenções, faz esquecer tudo o mesmo. Um conjunto de canções que facilmente nos transporta para longe de tudo e de todos, numa bela viagem por melodias que soam tanto clássicas como nos surgem como urgentes pela sua novidade. Sobretudo ao nível dos solos de guitarra, que impressiona bastante pela positiva.

9/10
Fernando Ferreira

Onsegén Ensemble – “Fear”

2020 – Svart Records

Não é pelo nome ser esquisito, mas há por aqui qualquer coisa que me faz lembrar em King Crimson. Talvez seja pelos riffs a puxar ao orquestral mas sei se perderem neles por completo. Seja pela tonalidade experimental que vai sendo deslindada por aqui, seja pelo arrojado espírito de dizer (e fazer) “não há fronteiras”. Soa de forma épica como uma banda sonora para um filme experimental que nos intriga mesmo que não tenhamos o hábito de gostarmos de filmes experimentais. É música que não encaixa nos parâmetros actuais daquilo que é comerciável e por esse aspecto tem muito em comum com o que se fazia na década de setenta mas não é retro, apesar desse sentimento vintage. É sim, uma autêntica viagem, extravagante, que não quer saber de nada daquilo que nós pensamos saber, porque sabe, e tem essa confiança, que tem algo diferente para nos mostrar. E tem razão…

9/10 
Fernando Ferreira

Artificial Eden – “Artificial Eden”

2021 – InsideOut Music

Uma das grandes bandas – ou super bandas – de rock progressivo está de volta. Este, que sempre foi um sonho molhado de qualquer fã do estilo poderá ser apenas um projecto secundário para todos os seus integrantes mas os seus concertos e os seus discos soam sempre a celebrações por parte de mestres da música que continuam a ter o mesmo entusiasmo pela mesma tal como os seus fãs. Um trabalho conceptual e ambicioso mas que mostra as coisas de forma ligeiramente diferente. Em vez de concentrar tudo em dois ou mais temas, temos dois discos cheios de temas. Aliás, temos mais que dois discos, porque esta é a versão extended, sendo que ainda existe a versão abridged (entitulada “The Breath Of Life”, que traz alguns temas que não estão presentes e é apenas de um disco) e ainda a versão ultimate que tem todos os temas de ambas as versões. É, como já se esperava, uma viagem memorável e megalómana, ainda que o seja de forma diferente. Essa diferença não é uma vantagem acrescida – não é por termos temas mais curtos que a banda vai ter mais ou menos sucesso, até porque é um trabalho que continua a ser exigente e para ouvir do início ao fim. Prog de excelência, para apreciar com tempo e prazer.

8.5/10
Fernando Ferreira

Vindictive Regeneration – “Vindictive Regeneration”

2021 – Edição de Autor

Esta estreia discográfica não me cativou, tenho que ser sincero. Surgem-nos rotulados como death metal melódico mas pendem muito mais para o metal progressivo. Podemos dizer que até existem aqui elementos de death metal, nomeadamente na voz. A produção não ajuda em nada, com o som algo confuso e caótico – reverb muito estranho que as guitarras têm e que fazem divergir as atenções daquilo que interessa mesmo que são as músicas. A voz limpa também nem sempre tem o dom de nos cativar. Não é um mau álbum, não são más canções, mas há por aqui muitas arestas a limar. Potencial há sem dúvida mas parece que fica a faltar algo mais para fazer ter uma sonoridade mais cativante.

6/10
Fernando Ferreira

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