Review

WOM Reviews – Mavorim / Ad Mortem / The Rite / Ymir / The Last Seed / Zebadiah Crowe / Satanize / DeathEpoch / Golden Light

WOM Reviews – Mavorim / Ad Mortem / The Rite / Ymir / The Last Seed / Zebadiah Crowe / Satanize / DeathEpoch / Golden Light

Mavorim / Ad Mortem – “Iudicium Ultimum”

2020 – Purity Through Fire

Mavorim e Ad Mortem , Alemanha, Black Metal. Split que se veio a verificar ser uma excelente dose de Black Metal melódico, com aquele travo Folk que os alemães tão bem sabem adicionar aos seus sons pesados… ou ao seu Black Metal! Somos recebidos com um Intro, da parte de Mavorim, que como que nos indica o caminho a seguir. Doravante, a caminhada far-se-á assim, com o poderio de um Panzer (qualquer analogia ao III Reich é totalmente desprovida de “afecto” ou afiliação, mas convenhamos que os Panzer…). Toda a estrutura musical destes Mavorim é deveras agradável. O recurso à língua materna vem intensificar esse poderia acima referido e, adicionada aos também já referidos pormenores Folk, criar um híbrido de Força e Delicadeza incomum. Há Black Metal mais acelerado, com um passo mais anos 90 – Satyricon, quiçá – mas há essencialmente o Black Metal tão alemão, tão agarrado a musicalidades ancestrais, que infelizmente caem nas mãos de indivíduos “desnecessários”. ” All meine Seelen”, curiosamente, remete-me a dados momentos, para a ” Arcane Lifeforce Mysteria” (estranhamente, eu sei). Detalhes da primeira, que encontro nesta última. Nevermind. Só tomei conhecimento com o trabalho do Sr. P. este ano, e este Split vem confirmar aquilo que o “Axis Mundi” já me tinha mostrado: qualidade, personalidade, identidade.

Rumamos de Allgäu, Bavaria, para Zschorlau, Saxónia, de encontro a Ad Mortem, quarteto formado em 2017 por TF e BS, aos quais se junta, em 2018, DE e Henker. Este último é, em jeito de curiosidade, baixista ao vivo dos imensos Gehenna. Cool, right?! À semelhança dos seus parceiros de Split, estes germânicos vivem na esfera do Black Metal melódico, porventura com menos particularidades Folk, contudo, uma bela expressão do género. De ataque acutilante e preciso, qual Messerschmitt Bf 109, estes Ad Mortem dão início ao ataque com um tema de cerca de 8 minutos, delicado e pacífico intro… até que o ataque tem início! A “escola” germânica de Black Metal é bastante identificável, por vezes: descargas melódicas com apontamentos Folk. Gosto. É Black Metal enraizado nas linhas musicais de uma nação (again… ZERO louvor ao III Reich)! Recurso à Língua Alemã, como os seus parceiros; melodia embebida em agressividade e poderia musical. Há resquícios dos 90, de melodia e de presença que se faz sentir, há um cuidado na cosntrução dos temas e há “Schwarzes Blut (Exitium I)”.

Se é bom? É bastante bom!

9/10
Daniel Pinheiro

The Rite – “Liturgy of the Black”

2020 – Iron Bonehead Productions

A.Th (Black Oath) e Ustumallagam (Denial Of God) serão, quiçá, os membros mais conceituados desta entidade que vive entre a Dinamarca e a Itália. Formados em 2017, prestam homenagem a um Black Metal lento e arrastado, denso e obscuro, assimilando aqueles ritmos cadentes que associamos, em certa medida, a uns Celtic Frost ou aos primórdios de Samael… “Liturgy of the Black” é o primeiro álbum do trio (editado pela Iron Bonehead Productions), e o terceiro trabalho no seu historial. Donos de um som que pontualmente recorre a sintetizadores, dando assim uma fragância épica às composições. “Liturgy…” vive de melodia, arrastada como a linha geral da sonoridade da banda. De início a fim, este álbum dá-nos prazentosos momentos de audição, em que a experiência dá mostras da sua existência, guiando-nos por linhas sonoras de belo efeito. Sem eu contra, a duração da (larga) maioria das faixas é um tanto ou quanto… extensa. Isso pode, infelizmente, levar a um cansaço da parte daquele que se quer perder nas mesmas. A verdade é que o ritmo e fluidez são bastante “vivos”, o que faz com que tal não ocorra com muita facilidade. Na sua (também larga) maioria, os temas são refrescantes, ainda que mantendo aquele cheiro a mofo e a velho (como deve ser). Black Doom Metal não assumido, in a way. Numa era do Black Metal em que ou somos “Raw” ou “Over Produced”, estes senhores já (quase) clássicos, da cena mundial, regressam com uma excelente oferta de Black Metal, prova de que ritmos lentos não vivem somente envoltos em nevoeiros estupefacientes. Enjoy…

8/10
Daniel Pinheiro

Ymir – “Ymir”

2020 – Werewolf Records

Esta capa até parece que nos remete para a década de noventa, não é? Onde tínhamos capas que muitas vezes desafiavam o rídiculo olhando de frente e lançando as mais estranhas combinações de sempre. Como ter um logo a azul bebé. E os Ymir quase que se pode dizer que são da época já que a banda iniciou actividades (supostamente) em 1998. Mais de duas décadas depois aqui está a sua estreia, um álbum de black metal pagão e épico, bem dinâmico. É daqueles que facilmente nos coloca em estado de transe, tendo apenas o discernimento para colocar o botão do repeat activado. Quando assim é, quando cheira e soa a clássico. É porque é clássico.

8.5/10
Fernando Ferreira

The Last Seed – “Revenant”

2020 – Nihilistische KlangKunst

As terras germânicas têm, este ano, sido palco de lançamentos de bastante qualidade, e TLS não fica atrás de muito do que saiu este ano. Naturais de Nuremberga, este duo – Arges e Neideck – juntou-se em 2017, e desde então editou 2 álbuns (“Hellboy”, de 2018, e “Revenant”. De 2020). Não deixa de me fazer sorrir o ponto a chegámos desde que, em 1987, foi editado o “Deathcrush” – peguemos neste, sff. O Black Metal, como entidade que se adapta, evolui e se multiplica, mantém-se estoicamente altiva e de raízes bem afincadas em solo fértil! Já o disse um sem número de vezes, e não me farto de o declamar: não há subgénero do Heavy Metal tão dado à evolução, como o Black Metal. E de que forma estes TLS contribuem para a cadeia evolutiva do mesmo? Não serão, porventura, os arautos de mais uma vaga do género, mas são uma mostra da capacidade do mesmo! Serão assim tão awesome? Tão deveras interessantes. Melodias bastante equilibradas, ainda que por vezes tenhamos a ideia de já termos ouvido tal… no tema anterior. De certo modo a banda criou uma sonoridade para este trabalho, e anda um pouco em redor da mesma. Atenção que não é totalmente prejudicial. Gostando de um tema, provavelmente iremos gostar dos demais. A nível de som: é Black Metal com raízes nos 90, com a já referida atenção a linhas melódicas bastante cuidadas, onde há um dinamismo Lento VS Acelerado / Suave VS Agressivo. Este trabalho não vive somente na “bolha” do Black Metal, saltando da mesma com vista a recolher detalhes que enriquecem o trabalho final. O down side que encontro aqui: temas muito longos, que por vezes nos arrastam e nos suplantam, tal é a extensão. Funcionaria melhor, na minha modesta opinião, se a diversidade encontrada dentro de cada um dos temas, fosse mais explorada. De qualquer modo, não deixa de ser, de modo algum, um álbum bastante interessante e acessível.

7/10
Daniel Pinheiro

Zebadiah Crowe – “The Cloven Hand” (

2020 – Edição de Autor

Tenho que admitir que estranhei, assim que carreguei no Play, o som que saiu dos speakers. Ritmos (quase) dançáveis e maquinais assumiram o controlo, remetendo de imediato para uma realidade distópica ou um qualquer clássico de Mecha! Um som mecanizado, denso e pulsante, assim absorvi aquilo que estes Zebadiah Crowe me estavam a mostrar! Constatei igualmente que estes 3 temas eram remisturas por parte de outros artistas (retirados do álbum “Host Rider”, de 2020): Seething Akira e Gods of Ruin (bem disse que isto tresandava a OST de Anime), mas pelos vistos após este “desmantelar”, os autores originais uniram-se aos seus cúmplices e “re-reconstruiram” os temas, acabando com aquilo que temos perante nós. Freaky? Como a música ahahah em termos de comparar / encaixar estes senhores num género, nem sei bem que vos diga. A base na qual estes assentam é o Black Metal (de acordo com a banda), mas considero que isto vai mais além. Fãs de T.O.M.B. poderão rever-se neste som, tal como fãs de Anaal Nathrak ou mesmos os fãs mais extremos de White Zombie e Ministry, ou mesmo de The Berserker! Acaba por estar fora do meu scope em termos de viável / “creditada” apreciação musical; foge demasiado, para mim, da orgânica musical que me agrada: bateria real (sem intenção de insultar os programadores, que serão soberbos naquilo que fazem)! Dei uma escutadela a mais algumas malhas do back catalog, e fico com a mesma ideia, quiçá prefiro as remisturas a qualquer tema que tenha ouvido. Mas dêem o salto e arrisquem, pode ser que vos surpreenda.

6/10
Daniel Pinheiro

Satanize – “Baphomet Altar Worship”

2021 – Helter Skelter / Regain Records

Os nacionais Satanize estão de volta com mais um acto na sua herética caminhada para o Inferno, ou algo assim bem blasfemo! “Baphomet Altar Worship” é já o 6.º álbum desta dupla enraizada na tradição de Blasphemy e Black Witchery. Descargas de ódio e sangue e constantes “ataques” ao ouvinte, aos quais se adiciona uma incessante energia, pujante e pútrida, que consigo retirar de muito poucas realidades musicais dentro do próprio subgénero do Black Metal. De certa forma, uma larga maioria das bandas que encetam por esta linha de Black Metal acaba por replicar o que os seus antecessores criaram. Não podemos – não quero – vê-lo como um roubo, mas só vem confirmar que não é o mais criativo dos subgéneros (flame me you shall not). Excepções há, sem dúvida, e mesmo em Portugal, mas estes Satanize encaixam em todos os clichés do mesmo, seja o nome dos elementos que compõem a banda, seja a arte do álbum. A nível musical acaba por ser o mesmo, de certa forma: álbum composto por 9 temas, sendo que o mais longo passa 1 segundo da marca dos 4 minutos; conteúdo verdadeiramente elucidativo da temática na qual assenta a música da banda (“Shrine os Antichrist Victory”) e pouco mais. De qualquer forma este trabalho agradará, sem dúvida alguma, a quem vem seguindo a banda desde o seu início!

6/10 
Daniel Pinheiro

DeathEpoch – “Abysmal Invocation”

2020 – Putrid Cult

Podemos dizer que esta entidade malévola está mesmo fresquinha, afinal nasceu em Fevereiro do presente ano e já está aqui a apresentar o seu primeiro álbum. A sua música, à falta de melhor termo, pode-se considerar como música de dança do tinhoso. Claro que me refiro à intro na forma do tema-título que dura por uns intermináveis quase cinco minutos. Pastilha lo-fi. A coisa volta à verdadeira música de dança do tinhoso, aquela que tem alguns repentes de Revenge, com um bocado mais de letargia em cima e bastante agradável para os ouvidos metálicos. Claro que pelo meio temos mais outras experimentações que até encaixam bem dentro deste espírito. Quando se cai no meio dele, até se tem uma surpresa agradável mas dificilmente se volta aqui de propósito. Nem para ouvir uma blasfémica versão da “Bombenhagel” dos Sodom ou da “Ave Satanas” dos Acheron.

5.5/10
Fernando Ferreira

Golden Light – “Sacred Colour Of The Source Of Light”

2020 – Iron Bonehead Productions

A prova maior de que a vida actual está mais alucinante actual que nunca é este álbum dos Golden Light, a sua estreia que quando me pude dedicar a ele é que reparei que a banda já tinha acabado. Ficou a obra que é tão enigmática como o duo que a realizou. Quatro temas onde podemos dizer que se resume a black metal com uma dose forte de ambient, pelo menos na forma e no ambient criado. Este é o lado positivo, o negativo é que temos uma sensação constante de repetitividade e muita pouca dinâmica. Fica uma massa disforme que nos vai acompanhando ao longo de pouco mais de trinta minutos. Não impressionou e não fica grande legado para trás.

5/10
Fernando Ferreira

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.