Entrevistas

WOM Entrevista – Torn Fabriks

Torn Fabriks é o exemplo de que, a distância física e todas as dificuldades e obstáculos que todos vivemos no último ano, não são barreiras à criatividade nem à vontade, quando estas existem. Pandemia, vontade de criar e três músicos audaciosos, foram os ingredientes suficientes para que surgisse este “Mind Consumption” sobre o qual falámos com o Ricardo Santos, vocalista e baixista da banda. – por Rosa Soares

Como nasceu Torn Fabriks? E porquê Torn Fabriks?

Torn Fabriks nasceu de uma partilha de vídeos dos Earth Syndicate, no meu perfil do Facebook. O Jorge, que não o conhecia até então, fez ‘like’ e agradeceu a partilha. A partir daí, começamos a trocar mensagens e, numa delas, o Jorge perguntou-me se gostava de Thrash Metal. Claro que a resposta foi um incontestável ‘SIM’. Ele enviou-me umas demos de músicas que tinha ‘em arquivo’. Gostei e de imediato comecei a idealizar as vocalizações. Escrevi as letras, compus as linhas do baixo e gravei nos estúdios RMPM, pertença do Renato de Medeiros. Enviei o que tinha feito e estava dado o início de um projecto novo dentro do Old School. Quanto ao nome, o Jorge sugeriu Fabrics. Como éramos, e somos, dois tipos a beirar o meio século de idade, sugeri acrescentar Torn. E também que “Fabrics” fosse com um “K”. Dois trapos estragados a fazer mais alguma coisa para o enriquecimento do underground nacional. Pelo menos, iríamos tentar à nossa maneira.

Ricardo, tu estás nos Açores, o Jorge e o Paulo estão no Continente… como é o vosso processo de composição, como é que ensaiam e como é que foi gravar este álbum?

Sim, é verdade que estamos bem distantes! A composição de toda a parte musical é da responsabilidade do Jorge, embora com a preciosa ajuda presencial do Paulo, muitas melhorias foram feitas às ideias originais. Basicamente, a partilha de ficheiros é o método utilizado. Embora não seja um método pioneiro porque ‘n’ bandas fazem o mesmo, nós até que conseguimos trabalhar bem desta forma. Curioso que, nunca ensaiamos os três mas sente-se que nos entendemos muito bem e com a mesma linha de pensamento. Sendo assim, os ensaios são feitos de forma individual utilizando os ficheiros existentes das músicas Quanto à gravação, o baixo e vocalizações foram captadas nos RMPM Studios, em Ponta Delgada, e as guitarras e bateria, nos Oldskull Sound Studios, no Seixal. Para a mistura e masterização, o Paulo Soares foi o responsável. De salientar que, os backing vocals são do Mário Diogo, vocalista dos Earth Syndicate. Todo o artwork é da autoria do Roger Esteves. Como podem verificar, é tudo fruto de um trabalho de equipa e do qual estamos extremamente gratos pela disponibilidade e prontidão em nos ajudar.

O que pretendem transmitir com a vossa música?

Bem, o que pretendemos transmitir é boa disposição. Thrash Metal é mesmo isso: emoções ao rubro! (risos)

De que forma a situação mundial actual influenciou as vossas composições?

Poderá soar cliché, mas muita inspiração vem daí. Apenas ‘utilizamos’ esta matéria-prima e transformamos conforme o nosso ponto de vista, a nossa perspectiva.

Como é que é lançar e promover um álbum em plena pandemia, sem concertos, com o mundo da música em stand-by?

De facto é muito estranho, mas não podemos esquecer que Torn Fabriks é fruto desta pandemia. Caso não houvesse o lock-down imposto pelas autoridades, muito provavelmente as coisas não teriam acontecido tal como aconteceram. Além disso, tivemos a sorte de a Firecum Records ter gostado do nosso som e mostrou-se desde logo interessada em editar Mind Consumption. Este é o nosso ‘greeting card’ e que felizmente tem sido bem acolhido. Neste momento, e com o EP na sua contínua demanda de procurar o seu espaço no meio, estamos já a trabalhar no sucessor. Muito provavelmente, este já terá uma promoção extra com os Live Shows. Certamente que quando tal acontecer, será uma promoção dos dois trabalhos discográficos em simultâneo. Penso que será assim com a maioria das bandas que editaram os seus álbuns durante a pandemia.

As críticas e a adesão do público corresponderam às vossas expectativas?

Superaram em larga escala! Estamos mesmo muito felizes com tudo o que alcançamos em menos de um ano de existência, mas com a perfeita noção de que muito ainda tem de ser feito, com árduo trabalho e muita humildade.

O que achas que tem sido feito pela música, neste último ano, pelos seus diferentes intervenientes: músicos, promotores, fãs, meios de divulgação, comunicação social…?

Pelo que vi e continuo a ver, e pelo facto de não haver concertos, a maioria focou-se em trabalhar de maneira a engrandecer todo o underground nacional, de variadas formas. A criatividade veio ao de cima e foi transversal a toda a estrutura do meio. Houve um número considerável de lançamentos neste último ano, o que fez com que os fãs tenham-se adaptado a uma nova realidade. Mais podcasts. Mais merchandise vendido. Mais collabs, etc. Lá está, tirando o lado negativo da questão de ausência de concertos, houve uma maior atenção e disponibilidade de entreajuda ao que se fez por cá. Por vezes, certos males vêm por bem e há que enaltecer o melhor disso.

E o que pensa que vai acontecer à música quando regressarem os concertos? O público, as bandas e os promotores vão aderir em massa, vão ser cautelosos?

Existe muita matéria que os fãs estão sedentos para ver ao vivo, o que foi apresentado neste último ano, embora a maioria das bandas não vão ter oportunidade de o apresentar porque muitos foram os eventos adiados e mantêm o cartaz inicial. Além disso e apesar da sede por live acts existir, muitos não se sentirão confiantes por estar entre uma multidão. Enfim, teremos que esperar e ver como decorrerá embora acredito que mais cedo ou mais tarde, tudo voltará à normalidade possível.

O que podemos esperar de Torn Fabriks no futuro?

Um novo registo discográfico que já está a ser trabalhado. Aproveito para agradecer a todos, mas mesmo todos os que nos têm apoiado. O vosso apoio tem sido vital e prometemos dar-vos mais alegria com o sucessor de Mind Consumption. Fiquem bem!

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