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WOM Reviews – Thy Catafalque / Corr Mhóna / Folterkammer / Comfort / Die Apokalyptischen Reiter / Sylvatica / Charlotte Wessels / Lupe

WOM Reviews – Thy Catafalque / Corr Mhóna / Folterkammer /
Comfort / Die Apokalyptischen Reiter / Sylvatica / Charlotte Wessels / Lupe

Thy Catafalque – “Vadak”

2021 – Season Of Mist

Se há um projecto que continua a expandir a cada lançamento e que nos faz ter expectativas elevadas, Thy Catafalque é sem comparação ele. Tamás Kátai é um génio musical que consegue sempre surpreender de uma forma positiva ainda que por vezes possa surgir como uma proposta desequilibrada e demasiado dispersa para o seu próprio bem. “Vadak” até tem um forte potencial para se enquadrar nesse campo, passando das sonoridades electrónicas para algo tão díspar como folk. Mas não se enquadra, tudo porque apesar dessas discrepâncias estíliticas, todos os temas são de uma enorme qualidade.É ambicioso e abrangente mas é capaz de ser o trabalho mais focado da sua carreira. Focado e bem sucedido. É simplesmente viciante e impossível de ficar indiferente. Bravo!

9.5/10
Fernando Ferreira

Corr Mhóna – “Abhaim”

2021 – Satanath

É tão bom termos música, independentemente da sua qualidade, que nos consegue desafiar. Cada vez mais valoroso nos dias de hoje por ser completamente contra a corrente. Caso flagrante, os irlandeses Corr Mhóna, que tocam o que se pode chamar de um metal extremo pagão com laivos progressivos e folk. Uma espécie de fusão Enslaved/Primordial ao de leve porque a banda consegue conservar a sua própria identidade. Isto acontece de tal forma que é impossível não se ficar entusiasmado e ir à procura da estreia de 2014 – “Dair”, para comprovar se este rasgo de genialidade já se evidenciava nessa altura. Os irmãos Quinn e Farrow demonstram ter não só uma união e entendimento de sangue como musicalmente formam um frente imbatível. Fiquei fã, acredito que também irão ficar.

9/10
Fernando Ferreira

Folterkammer- “Die Lederpredigt”

2020 – Gilead Media

Primeiro álbum de Folterkammer, um projecto bastante peculiar de black metal operático e sinfónico. Temos membros de Imperial Triumphant e Coffin Sore que se unem a Andromeda Anarchia que é o elemento de grande destaque pela sua abordagem dinâmica. Pelas típicas vocalizações do black metal e também uma abordagem operática que traz uma riqueza inesperada e até única. A música também tem um papel importante neste aspecto já que assume também uma vertente sinfónica invulgar. É este ponto o principal destaque. O facto de termos uma abordagem que diria única e que resulta entre a junção perfeita entre a beleza, um efeito sinistro e o peso que não deixa de estar presente.

9/10
Fernando Ferreira

Die Apokalyptischen Reiter – “The Divine Horsemen”

2021 – Nuclear Blast

Se há algo que me faz confusão é o termos álbuns duplos que não há necessidade de o ter. Isto tendo em conta as capacidades do CD. Claro que se estivermos a falar de vinil, faz todo o sentido, obviamente e seria a devisão mais comum. Bem considerações insignificantes aparte, este é o primeiro álbum duplo dos alemães Die Apokalyptischen Reiter, uma banda que já foi causa de maravilha e espanto mas que depois convencionou-se a ser (mais ou menos) banal. A premissa deste trabalho parece ser arriscada e invulgar o suficiente para garantir o interesse. Gravado em dois dias intensos de gravações de improvisos, a banda escolheu estes quase oitenta minutos no meio de quinhentos (500!). Isto sem ensaios ou preparação. O que parece um pouco incrível tendo em conta que sem ensaio ou nada previamente escrito e já com a inclusão de letras – estando estas em alemão, até podem estar a recitar receitas culinárias ou um manual de um ferro de engomar que não vamos descobrir. Por outro lado. Termos maiotariamente descargas curtas (entre os dois e os três minutos) com alguns épicos demonstra tipicamente o que poderá resultar de uma jam. Esses épicos são por acaso os momentos mais excitantes, principalmente no primeiro disco. No geral e apesar do meu cepticismo, é capaz mesmo de ser o melhor trabalho da banda nos últimos anos se não em toda a carreira. Ainda é cedo para dizer porque há mesmo alguns contrastes valentes, mas valeu a pena o arrojo – deixando o lado mais céptico de lado.

9/10
Fernando Ferreira

Sylvatica – “Ashes And Snow”

2021 – Satanath

Sabem aquele momento da vossa vida em que há algo que tem um impacto tão grande, seja ele positivo ou negativo, que vos faz questionar “o que raio foi isto que me bateu nas fuças e me fez andar à procura do sol durante três noites seguidas?” Com mais ou menos exagero, é algo onde posso encaxar este “Ashes And Snow”. Sendo o segundo álbnum, mais espantoso é, tendo em conta que o álbum de 2014 “Evil Seeds” passou-me completamente ao lado. Ambicioso trabalho e grandioso na forma como consegue cuspir melodias vencedoras a torto e direito. Algures entre o death metal melódico, o folk metal e o metal sinfónico, a identidade da banda é secundária em relação à qualidade da sua música que consegue conter todos os elementos que qualquer fã de metal aprecia. Fantástico.

9/10 
Fernando Ferreira

Comfort – “Champ”

2021 – Bitume Prods

“Champ” é música instrumental conceptual. Algo que é sempre admirável já que se torna sempre difícil de fazer algo conceptual sem recurso a letras ou voz – curiosamente até temos voz no último tema mas apenas a entoar uma melodia sem estar propriamente a cantar. Ainda assim, a sensação que imprime no ouvinte é mesmo que há uma ligação entre os temas e uma fluidez entre eles, seis, que compõem este álbum. A descrição do álbum chega-nos como post-grunge e space metal. Sinceramente não concordo. A parte do grunge – prefiro alternativo – até poderá fazer algum sentido, mas space metal, que supõe algo psicadélico, definitivamente não. Mas mais do que importante enumerar géneros, é importante referir qualidades. Há a capacidade de nos empolgar e transportar e diria que na música instrumental, esse é o maior requisito. Ainda para mais com capacidade de o fazer de forma crescente e de o querermos repetir quando chega ao final. Uma banda intrigante.

8.5/10
Fernando Ferreira

Charlotte Wessels – “Tales From Six Feet Under”

2021 – Napalm

Assim que soube da existência deste trabalho, tinha muita curiosidade em saber o que vinha aí. Afinal Charlotte Wessels saiu dos Delain de forma inesperada, quando a banda estava/está num crescendo de popularidade. Sabia de antemão de que a abordagem musical presente aqui seria algo diferente. A voz e o talento de Charlotte daria para mais do que apenas a paisagem musical do metal gótico e sinfónico dois Delain e aqui embarca para paragens mais chillout/trip hop. Não tão bombástico, como seria de esperar, mas eficaz para quem deseja apenas um som cool e relaxante. Mais electrónico do que analógico, é a voz o ponto de destaque e que consegue liderar a atenão do ouvinte sem problema. Não é um álbum que fará esquecer Delain ou que oferece qualquer tipo de concorrência  à banda holandesa mas é um início a solo interessante o suficiente para mantermos um ouvido atento ao que Wessels vá fazendo.

8/10
Fernando Ferreira

Lupe – “Dark Room”

2021 – Edição de Autor

Segundo álbum a solo de Lupe, também conhecido por Michalis Latousakis, que criou os Mosquito e aventurou-se a solo em 2019. Essencialmente é rock gótico, quer pela estética assim como também por algumas das soluções que apresenta mas Lupe troca-nos as voltas algumas vezes, o que traz uma dinâmica própria ao álbum. Apesar dessa surpresa, não é sinal de que estamos perante um álbum memorável, ainda que tenha a capacidade de agradar aos fãs mais fanáticos do gótico.

6/10
Fernando Ferreira

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