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Reportagem Sepultura,Equaleft @ Hard Club 04 de Julho de 2017

Numa noite memorável para o metal nortenho, apresentaram-se no Hard Club os Equaleft e Sepultura. A já conhecida banda tripeira Equaleft abriu o concerto para uma casa lotada de fãs. No seu repertório estavam canções do aclamado álbum de estreia “Adapt & Survive”. Apresentou-se com um estilo pródigo que passa por várias mudanças de tempos rápidas e sólidas, transitando entre a melodia e agressividade com um groove inconfundível formando uma identidade muito própria.

O público foi extremamente receptivo, e presente em peso, prestigiando e curtindo desde o início da apresentação. O bailarico não faltou e a roda formou-se logo cedo em “New False Horizons”, “Human” e “The Chameleons”.  Com bastante dinâmica, o público foi preparado para o que viria mais tarde. Após um breve momento de pausa para agradecimentos, é anunciado por Miguel Inglês que este seria o último concerto do baterista Marcos Pereira, o “Marquito”, tendo sido muito aplaudido por todos. O concerto dos Equaleft é finalizado com “Tremble” e “Maniac” aliando velocidade, potência e um groove primoroso, levando a que o  público fosse puxado até ao limite, culminando com pessoas a serem carregadas e uma última roda mais brutal que se formou, tomando conta dos fãs mais próximos ao palco. Ao se despedirem , são novamente ovacionados demonstrando o imenso carinho,  respeito e admiração conquistado pelos Equaleft no público nacional. 
Os Sepultura trouxeram ao nosso país a digressão do seu último trabalho, “Machine Messiah”. Este álbum apresenta uma proposta moderna, oferece uma reflexão sobre os impactos da automatização no nosso tempo, e ainda mais o culto à máquina sendo a glorificação e a redenção de uma humanidade pós-moderna. Musicalmente o álbum possui elementos de thrash com instrumental poderoso e uma atmosfera progressiva e até sinfónica, tudo isto sem esquecer as raízes brasileiras presentes através do maracatu. 

Com os motores devidamente aquecidos pelos Equaleft, o início da actuação dos Sepultura ficou marcado por um ambiente envolto em mistério, com uma névoa vermelha e ao som do bombo marcado em ritmo cardíaco e uma melodia de sintetizador, a demonstrar que as máquinas estão presentes dentro e fora de nós, biologicamente e civilizacionalmente. A expectativa aumentou na medida que os membros da banda iam entrando em palco, culminando de forma brutal quando começou “I Am the Enemy”. 

Entraram com tudo, Andreas Kisser e Derrick Green a puxar pelo público, fazer headbanging,  demonstrar ao que vieram, com muita energia e sintonia com o público. Todos inspirados pelo thrash rápido e brutal e com solos frenéticos levando todos à loucura, ninguém ficou parado do início ao fim da faixa e é criada uma das maiores rodas de todo o espectáculo. Na sequência, Andreas chama o público para curtir o maracatu de “Phantom Self” ao melhor estilo “Roots”, com adição de elementos orientais. Foi muito bem recebida, por um público notoriamente admirado e atento a cada palhetada de Andreas e ao virtuoso trabalho de Eloy na bateria. De seguida, os primeiros acordes de “Desperate Cry” que dispensa apresentações, tirou todos da imersão de “Machine Messiah” e transportou todos para os tempos do “Arise”. Fosse a cantar junto com Derrick, a balançar a cabeça ao som do preciso instrumental ou a curtir ao máximo na grande roda formada.  
Uma pausa para os clássicos, uma nova música foi apresentada. A primeira “Sworn Oath” trouxe um arranjo sinfónico impecável e uma atmosfera épica única. O público mais uma vez imerso neste ambiente foi chamado novamente por Andreas para os clássicos. Do álbum “Beneath The Remains”, a inevitável “Inner Self” foi executada. Instantaneamente uma nova roda é formada, cervejas no ar e todos balançar suas cabeças, fãs sendo carregados, em suma, ninguém ficou parado e a brutalidade toma conta perante ao eterno clássico da banda tocado com extrema precisão. A dinâmica foi uma constante, onde tivemos ao lado de momentos instrumentais por parte de Andreas e Eloy, a visita a temas mais antigos como “Choke”, de “Against”, o primeiro álbum com Derrick na voz ou a interpretação dos temas de “Machine Messiah”. Com uma carga filosófica e musical, traz através da fúria e de elementos musicais mais variados o problema da dependência tecnológica e consumista da modernidade, o que leva novamente o público ficar imerso no ambiente, ajudando também as fortes e marcantes linhas de baixo de Paulo Jr., que somadas com a guitarra cortante e com os solos de Andreas e trechos orquestrados, mostram a nova cara da banda, bem acolhida pelo público no geral.  
Uma pequena pausa para respirar surge através da execução do instrumental “Brasileirinho” em versão metal. A partir daí, os clássicos tomam conta da noite, e Derrick chama todos para “Biotech is Godzilla” ainda mais brutal que a sua versão original com direito a um medley com a cover “Polícia”, original dos Titãs. “Territory”, “Refuse / Resist” seguem-se, provocando grande rebuliço como seria expectável, já que são hinos imortais da banda. Ainda havia energias para uma “Arise” devastadora que satisfez todos os fãs da primeira fase da banda. Para o encore ficaram reservadas mais três malhas, com direito a dedicatórias e tudo: Para o público do Porto, em especial para os Moonspell e para o Futebol Clube do Porto, de 2015m a música “Sepultura Under My Skin” foi executada, e apesar da bela execução instrumental e dos tambores de Derrick, a assistência ficou mais apática. No entanto, de seguida, Derrick chama todos para a “Ratamahatta”, que conseguiu contagiar tudo e todos com o seu forte ritmo e a noite seria finalizada com a também inevitável “Roots Bloody Roots” que foi cantada em uníssono pela plateia, sendo um tema universal para todos os fãs da banda.
Terminado o concerto, pode-se afirmar que o público do Hard Club teve um prato cheio, ou seja, recheado de clássicos e com mais de uma hora e meia de duração. A nova temática e sonoridade foi bem aceite pelo público, demonstrando não só a energia, qualidade e presença de palco da banda mas também muita maturidade dos próprios fãs perante a nova  (e excelente) fase musical que os Sepultura vivem. 
Reportagem por Jhoni Vieceli
Fotos por Sónia Molarinho Carmo
Agradecimentos a Prime Artists

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