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Álbum do Mês – Fevereiro 2021

Álbum do Mês – Fevereiro 2021

Que viagem! Tantas promessas para 2021 e mal se inicia Janeiro, as coisas parece que ainda ficam piores que todo o ano inteiro de 2020. Correndo o risco de me repetir, a música é das poucas tábuas de salvação que temos mesmo que ela própria esteja ainda a adaptar-se a esta realidade impiedosa. Bem para Fevereiro, temos mais uma série de excelentes propostas e um grande álbum do mês. Venham daí, no final, a música será sempre a melhor coisa a recordar.

20 – Kjeld – “Ôfstân”

Heidens Art Records

Black metal gélido. Tendo em conta os níveis de temperatura baixíssimos com que estou a escrever esta review, até que é bastante apropriado. Este segundo álbum dos Kjeld é a minha introdução para a banda holandesa e avaliando o que se tem aqui, posso concluir que o amor ao black metal escandinavo está em alta. O que poderá tornar o som bastante familiar para alguns dos fãs, demasiado até. Quanto a mim, este é um tipo de fórmula clássica que se divide em duas formas de a aplicar: a boa e a má. A melodia – sem entrar em exageros – a escolha de riffs em tremolo picking que ajudam a estabelecer um ambiente próprio e até a forma como a voz está representada, tudo isso nos coloca perante a sensação de que se trata de um clássico. Poderá não o ser ainda mas sem dúvida que tem esse potencial – embora nos dias de hoje seja sempre complicado ter o mesmo ou suplantar até o impacto de outrora. Boas dinâmicas, vitais para manter o interesse ao longo de uma hora e bons temas. O resultado é um álbum para ouvir bastantes vezes.

8.5/10
Fernando Ferreira

19 – Iotunn – “Access All Worlds”

Metal Blade

Vou já directo ao assunto, grande parte do impacto deste disco deve-se à voz de Jón Aldará (também nos Barren Earth e nos Hamferð), principalmente a voz limpa. No entanto o mérito não se deve a isso. Há aqui aquela dimensão cósmica do metal, mais ou menos progressivo, de bandas como Borknagar e Enslaved, mas com uma identidade mais própria. O facto de ser composto quase unicamente por temas enormes, faz com que não seja um trabalho fácil de absorver mas não é essa a maravilha do metal progressivo? Ou uma delas. Sendo um trabalho de estreia, o impacto ainda é maior, já que surgem praticamente de nenhures – isto partindo do princípio de que o EP lançado de forma independente em 2016 tenha passado despercebido. Futuro promissor.

8.5/10
Fernando Ferreira

18 – Abiotic – “Ikigai”

The Artisan Era

Já me queixei aqui da forma como o rótulo progressivo é usado muitas vezes como forma fácil de solucionar um problema que certas bandas colocam para as quem quer classifcar. Os Abiotics serão certamente uma dessas bandas, embora aqui seja o deathcore a colocar-se no centro do foco – haverá certamente a tentação de chamar a “Ikigai” deathcore progressivo. Seja como for, o elemento técnico e a forma como as músicas escapam por vezes ao óbvio e consegue embarcar de “A” para “B” por caminhos inesperados. Outro elemento que salta ao ouvido é mesmo o técnico. Os níveis estão absurdos por aqui e por muito que os trejeitos deathcore possam cansar qualquer comum mortal, a banda consegue contornar isso de forma bastante inteligente, com orquestrações, pormenores de world music – não sendo difícil adivinhar a inspiração – e temas no geral bem fortes. Mesmo os mais cépticos em relação ao hiato da banda de certeza que ficarão convencidos. A melhor solução é mesmo parar por um bocado às vezes.

9/10
Fernando Ferreira

17 – Ablaze My Sorrow – “Among Ashes And Monoliths”

Black Lion Records

É engraçado que esta é uma banda à qual volto aos seus primeiros álbuns e que depois lhe perdi o rasto – tendo ela também acabado e regressado já em meados da década passada. Este é o segundo álbum deste esse regresso e o quinto na conta total da banda. Poderia ser até o primeiro porque transporta (transborda) aquela raiva que normalmente associamos aos álbuns de estreia. Death metal melódico com uma escolha fantástica de riffs e melodias que funcionam como máquina do tempo em direcção à década de noventa. Não se pense que se trata de uma banda desesperada à procura de glórias antigas (que, apesar de tudo, ficou confinada ao underground), ainda que em termos práticos e sonoros, a música transmita exactamente isso. Sendo indicado para quem gosta de death metal melódico clássico vindo da Suécia, este é um álbum que surpreenderá quem pensava que eles não existiam e também para quem nunca os viu e ouviu.

8.5/10
Fernando Ferreira

16 – Angelus Apatrida – “Angelus Apatrida”

Century Media Records

Thraaaaaash! Se há uma banda que consegue passar este entusiasmo através dessa música, essa banda é sem dúvida os nuestros hermanos Angelus Apatrida. Sétimo álbum de originaios e este é especial – vejo sempre os álbuns auto-intitulados como especiais. E o que é que tem de especial, além de ser thrash metal? Nada. Absolutamente nada. Produção forte, não é novidade, a voz ácida de Guillermo Izquierdo continua em forma e as malhas, umas atrás de outras, a pedir (implorar) por acção num pit – agora provavelmente improvisado no conforto do nosso lar mas com expectativa que possa ser algo transportado por espaços mais alargados e com companhias extra para além daqueles que vivem connosco, animais domésticos incluídos. Malhas atrás de malhas num álbum que se assume como banal por apresentar aquilo que se espera dele. E a fazer um excelente trabalho nisso. Nunca a banalidade nos trouxe coisas tão boas assim.

8.5/10
Fernando Ferreira

15 – Butterfly – “Doorways Of Time”

Petrichor

Olha que boa surpresa. Os Butterfly têm nome de banda da década de setenta. A capa também anda por essa altura e já o som… bem, não há duas sem três, não é verdade? “Doorways Of time” é deliciosamente retro mas é tão bem feito que sinceramente nem penso se se trata de uma moda, se é revivalismo barato ou seja o que for. Está construído de forma inteligente, tem o riff no centro das atenções e uma sensibilidade rock que não é deste tempo. Um riff tão simples como “Climbing A Mountain” parece mesmo uma coisa de outro tempo. Dá-nos que pensar como é que ainda não tinha feito algo tão simples e tão bom assim. E quem diz esse momento diz muitos mais como esse, exemplos de que o é bom é bom sempre. Mesmo que pareça deslocado no tempo.

9/10
Fernando Ferreira

14 – Komatsu – “Rose Of Jericho”

Heavy Psych Sounds

Quarto álbum dos holandeses Komatsu que nos traz daquele fumo característico que só o stoner de excelente qualidade é capaz. “Rose Of Jericho” é cheio de groove em canções de que têm tudo para se tornar clássicos. Agora para os mais cépticos que perguntarão de certeza – então o que é que os Komatsu de agora trazem de diferente em relação aos tempos anteriores? Bem, nada, para ser franco. Não há aqui surpresas, nem o facto de ser um álbum extremamente sólido. Com nuances que demonstram a sua classe – aliás, não é preciso ir muito mais longe, o tema-título é um excelente exemplo disso mesmo. A melhor forma de nos conseguir cativar não é pela invenção, é pela reinvenção e pela aposta na identidade bem formada. Algo que os Komatsu atingem em pleno.

9/10
Fernando Ferreira

13 – We Are Among Storms – “The I In We”

Over The Under Records

A visceralidade é algo que aprecio na música. É uma daquelas características que pode-se sobrepor a tudo o resto. A questões como técnica, como produção, musicalidade até. Não é o caso da estreia dos We Are Among Storms, esta nova banda nascido por instigação de ex-membros de bandas como the Psyke Project e Eglise, que até apresentam bons argumentos em qualquer um dos campos. Mas é a visceralidade destas emoções que consegue atingir-me como se fosse um aríete. É, aliás, o meu ponto de atracção com o pós-hardcore. A sensação de estar assistir a um apocalipse muito íntimo, de um lugar priveligiado, uma sensação que se vai transformando, conforme o desfile de temas como “Cycles” e “Time Has No Favourite”, e vai mudando a nossa perspectiva. Já não estarmos de fora, estamos no olho da tempestade, tornando o título dolorosamente real.

9/10
Fernando Ferreira

12 – Lizzard – “Eroded”

Pelagic Records

Para quem chega aqui e não conhece este trio francês de lado nenhum, o som dos Lizzard poderá ser recebido da mesma forma quea  capa. Tem impacto, não se é indiferente mas demora até que se consiga perceber e retirar sentido daquilo que se está a ver. Bem, para ser justo, no caso da capa isso até poderá demorar mais tempo – se é que é um processo que possa ser finalizado com sucesso. Os nomes mencionados no comunicado de imprensa de Soen e Tool (até King Crimson) fazem todo o sentido mas há uma identidade própria. Uma forma de fazer rock progressivo e alternativo que nos atinge como fresca. Até porque dá a sensação de que isso nem é um objectivo. Canções, verdadeiras canções que nos atingem de imediato e ousam ficar por cá. Sim há esse toquezinho que caracteriza muitas das grandes canções pop – a diferença é que elas ficam mesmo. Temas como “The Decline” só para citar um dos que têm imenso poder comercial e ainda assim peso e groove, como todo e qualquer tema rock.

9/10
Fernando Ferreira

11 – Coronary – “Sinbad”

Cruz Del Sur Music

Capa sofisticadamente retro. Do logo ao som, os finlandeses Coronary não negam o seu amor imortal à década de oitenta. Algo que é bastante comum, principalmente se tivermos em conta o heavy metal. A diferença está na forma como o entusiasmo dos Coronary faz com que isso pareça mais um detalhe (que o é) e que nos apercebamos da realidade que dita que certas coisas não envelhecem mesmo. “Sinbad” tem toda aquela ingenuidade do underground do heavy metal da década de oitenta mas sempre com um alto grau de eficácia. Não se trata de malta que está a mandar para a parede para ver o que cai e o que cola. Eles sabem muito bem o que colam e fazem com que até uma espécie de balada com potencial azeiteiro como “I Can Feel This Love” se torne um grande tema. Fora os outros que são imediatos. Uma estreia em grande.

9/10
Fernando Ferreira

10 – The Ruins O Beverast – “The Thule Grimoires”

Ván Records

Temos one-man bands, com todas as suas qualidades e limitações e depois temos The Ruins Of Beverast. O nível de qualidade que este projecto de Alexander von Meilenwald (ex-Nagelfar, lembram-se deles?) tem vindo a deixar-nos a cada álbum é impressionante. A forma como usar o blackl metal na sua componente mais ritualista e o junta à componente mais hipnótica e capaz de nos pôr em transe. Longo transe porque são quase setenta minutos de música. Mas resulta – não resultando acredito que o sofrimentos seja grande, principalmente para quem não aprecia Doom, que é grande parte da componente musical aqui contida. Mas mesmo assim, é impossível não se ficar esmagado perante a magnitude deste trabalho, pelo que a minha recomendação é, caso não consigam ouvir tudo de seguida, ouçam por partes e deixem assentar bem cada tema, cada obra prima. Destaco uma “Anchoress In Furs” por ser um tema que coloca a nu toda a mística que o álbum tem.

9/10
Fernando Ferreira

9 – M.E.D.O. – “Monopólio Da Violência”

Raging Planet / Raising Legends

Terceiro álbum dos algarvios M.E.D.O., um álbum de coragem – tendo em conta que não se pode agora promovê-lo da forma mais eficaz, ou seja, ao vivo – de raiva perante tudo que estamos a viver e extremamente lúcido nas suas letras e na sua mensagem, acutilante mas que faz todo o sentido. Nos dias em que vivemos, onde a estupidez se espalha como fogo na Amazónia e a desinformação é uma arma de arremesso para esquemas de aproveitamente político, esta é a banda-sonora ideal, para não dizer extremamente necessária. Mas não se trata de meia hora a pregar aos peixes. Musicalmente esta é provavelmente a confirmação da força e poder dos M.E.D.O., algo que já sabíamos há muito mas que agora é mesmo inegável. Furioso e poderoso – a produção de Carlos Rocha conseguiu potenciar os melhores elementos do som da banda – e ao mesmo tempo conservando a identidade da banda enquanto a eleva a um nível superior.

9/10
Fernando Ferreira

8 – Appalooza – “The Holy Of Holies”

Ripple Music

O comunicado de imprensa diz que é um cruzamento entre várias entidades onde destaco os Alice In Chains, os Black Rebel Motorcycle Club e os Them Crooked Vultures. Mas mais do que ir buscar feelings e sensações de outras bandas, os Appalooza têm algo de desconcertante. Um certo groove, uma certa vibe que é difícil de definir ao certo. São as melodias meio-árabes, é a voz de Sylvain Morel que tem um poder imenso que nos remete imediatamente para o imaginátio alternativo e um ambiente quase transcendente que se submete aos nossos pés, quando na realidade somos nós que nos vamos submetendo a ele. Muito lentamente mas de forma decidida. Um teor alternativo insurge-se mas atrás dele, quase como sombra, temos uma sensibilidade progressiva que nos leva para muito mais longe do que aquilo que era inicialmente previsto. No geral, um álbum surpreendentemente completo.

9/10
Fernando Ferreira

7 – Ominous Ruin – “Amidst Voices That Echo In Stone”

Willowtip Records

Dos Estados Unidos, mais um álbum de estreia. E um álbum de peso bruto. Os Ominous Ruin já têm uma carreira com mais de dez anos mas é apenas com “Amidst Voices That Echo In Stone” que iniciam a conta dos álbuns. Ora tendo em conta a qualidade que temos aqui, até é preferível que tenham esperado tanto tempo porque valeu mesmo a espera. Confesso que a questão da perfeição não é assim descabida ao verificar os níveis de qualidade técnica que temos por aqui. Sim, poderá er algo complicado de seguir para aqueles que não apreciam tantos floreados, mas neste caso tenho que referir que os mesmos acrescentam mais à canção. Acrestam até brutalidade à mesma. As duas vertentes andam de mãos dadas e trazem-nos um álbum que até entra mais depressa do que poderia julgar à partida. Classe.

9/10
Fernando Ferreira

6 – Los Males Del Mundo – “Descent Towards Death”

Northern Silence Productions

Um dos momentos de alguma nostalgia é recordar os primeiros tempos da World Of Metal e como eu fiquei fascinado, de uma forma geral, com os lançamentos da Northern Silence. A aposta em música que juntava agressividade épica com melodia e melancolia foi algo que sempre me conquistou desde o primeiro tempo. Isto porque este álbum de estreia dos Los Males Del Mundo (ok, confesso que não sou fã da designação) condensa exactamente todos estes elementos à volta de cinco temas – uns epicos outros mais imediatos mas que no geral evidenciam talento único para apresentar black metal para além dos esperados parâmetros. Não sendo para isso revolucionário. Aliás, não chegando sequer a ir para algo mais melódico, apesar de uma proximidade assinalável ao Doom Metal em mais do que um momento. Tal como a playlist sugere, este é um álbum para ouvir de seguida e para deixar levar-nos até ao seu destino, que obviamente varia conforme o ouvinte. No entanto, o que será comum é que não ficarão indiferentes.  Enorme surpresa e grande banda da Argentina.

9/10
Fernando Ferreira

5 – Noctambulist – “Noctambulist I: Elegieën”

Northern Silence Productions

Por esta altura já começo a soar como um disco riscado, pela forma como elogio a escolha editorial da Northen Silence Productions. No entanto, não há como falsear a verdade, é impressionante o nível qualitativo dos seus lançamentos. E com isto mais uma estreia, os holandeses Noctambulist que podemos dizer que tocam Pós-Black Metal (embora se dissessemos que tocavam Black Metal Melódico com Doom Metal também não estaríamos muito longe da verdade). No entanto, ao contrário de outras propostas no género, a forma como o fazem é especialmente emocionante. As melodias são vencedoras e a emoção que criam também. A parte emocional poderá não ser eficaz de uma forma geral, admito isso, e é recomendada mais para fãs de coisas como Alcest. Idenpendentemente disso, esta é sem dúvida mais uma estreia discográfica em grande, patrocinada Northern Silence. E depois não querem que fale…

9/10
Fernando Ferreira

4 – HoChiMinH – “This Is Hell”

Edição de Autor

Sendo algo crítico do estilo que movem (um espectro compreendido entre o nu metal e o metalcore), sempre tive um fraquinho pelos HoChiMinH, fruto de ter assistido algumas das suas actuações, sempre explosivas e energéticas. Como tal tinha alguma curiosidade para este “This Is Hell”, o tão aguardado segundo trabalho da banda que chega mais de dez anos após a estreia, tendo sido intercalado por dois EPs. Essa curiosidade tornou-se numa surpresa positiva. A banda revela-se bem mais pesada mas também não perde de vista a melodia catchy dos refrões. Produção moderna que só terá o defeito de tornar o som do álbum unidimensional – poderá ter sido esse o seu objectivo mas os interlídios que ligam todas as músicas também ajudam a atenuar esse ponto. Ainda assim, não se trata de mais um álbum de metalcore, tem muitas nuances e muito potencial para causar furor. Não seria de espantar que o mesmo chegasse lá fora e que fosse bem recebido. Tem potencial para isso e muito mais.

9/10 
Fernando Ferreira

3 – Blurr Thrower – “Les Voûtes”

Les Acteurs de l’Ombre Productions

Esta será, e arrisco-me na futurologia, a capa menos atractiva de black metal do ano. De certeza de que não haverá concorrentes capaz de a destronar. E a mesma não dá indicação (nenhuma!) em relação ao que se pode ouvir aqui. Para quem não apanhou o EP da banda em 2018 “Les Avatars Du Vide” poderá ter expectativa em relação ao que vai encontrar aqui e não vai se desiludir. Pelo contrário, vai gostar bastante deste black metal meio depressivo totalmente atmosférico que em apenas quatro temas. A parte do atmosférico não é apenas uma ferramenta de marketing que funciona bem em comunicados de imprensa, longe disso, esta é mesmo uma componente extremamente importante do som dos Blurr Thrower, uma atmosfera que se sente nos ossos e é quase mística – o que só faz com que irrite mais a capa que é exactamente o oposto. Bem, que más capas fossem o nosso castigo para ter álbuns assim. Não seria uma má troca.

9/10
Fernando Ferreira

13 – Epica – “Omega”

Nuclear Blast

Cinco anos passaram desde “The Holographic Principle” mas os Epica não têm andado adormecidos, pelo contrário, têm andado até bastante ocupados com digressões e o lançamento de cinco (5!) EPs. Não seria de esperar que houvesse uma revolução sonora no som da banda mas isso não muda em nada para quem é fã de metal sinfónico. Ao contrário de muitas de outras entidades contemporâneas, não há um adociçar do seu som, nem uma tentativa de apelar a mercados mais favoráveis. Nem sequer experimentações. A banda própria admite que já encontrou o seu próprio som há muito tempo e isso é inegável. O que é inegável é que isso não tem sido impedimento para continuarem a trazer-nos metal sinfónico de qualidade ímpar. Mais do que apenas meter umas melodias por orquestra, é totalmente um mundo aparte, mais cinematográfico que nunca e com os temas, mesmo os mais épicos, a serem imediatos – destaque para o final da trilogia “Kingdom Of Heaven” que é sem dúvida um dos melhores temas da banda de toda a sua carreira.

9/10
Fernando Ferreira

1 – Significant Point – “Into The Storm”

Dying Victims Productions

Este tipo de som faz-me sentir como se fosse um miúdo outra vez, a descobrir o heavy metal e os segredos neles contidos. Só que agora em vez de estar a desbravar pelo passado, é mesmo estar atento ao presente. Este é o álbum de estreia dos japoneses Significant Point, que apesar do nome péssimo, têm um grande som, de heavy metal raçudo bem próximo do speed metal. O primeiro ponto a destacar é o vocalista. Já disse muitas vezes em relação a outras bandas japoneses que quando cantam em inglês parece japonês. Já George Itoh tem uma dicção fantástica já nem falando do timbre perfeito para esta sonoridade – ele que curiosamente participou como músico de sessão e não é membro oficial dos Significant Point. Grandes malhas, grandes riffs e especialmente grandes solos. Para mim, disparado já um dos pontos altos do heavy metal tradicional em 2021!

9.5/10
Fernando Ferreira

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