O Álbum do MêsReview

Álbum do Mês – Outubro 2020

Álbum do Mês – Outubro 2020

Apesar da música ao vivo estar parada, a criatividade tem fluido de forma forte através de muitos álbuns ao vivo. Muitos passaram pelas nossas mãos e a luta para chegar a este Top 20 foi titânica, principalmente a escolha para os primeiros lugares.  Não há contrariedades que impeçam o metal de brilhar. Estes vinte álbuns exactamente comprovam isso.

20 – Theotoxin – “Fragment : Erhabenheit”

AOP Records

Caminho impressionante que os Theotoxin têm andado a percorrer. O terceiro álbum intensifica ainda mais esse factor, com um conjunto de temas que vai buscar todas as aprendizagens e pontos altos da banda nos trabalhos anteriores. Vou ter que ser sincero, apesar de alguma melodia no tremolo picking, a violência deste álbum poderá fazer com se possa acusar o toque de alguma falta de dinâmica. Pelo menos a nível de atmosfera que é densa e opressiva como tudo. Em termos musicas já não é tão unidimensional assim, mas anda lá perto, muito perto. Poderoso ao ponto de mandar a casa abaixo com o poder de erosão das trevas.

9/10
Fernando Ferreira

19 – Veonity – “Sorrows”

Scarlet Records

“Sorrows”, é o quarto álbum de estúdio dos Veonity, que se define por malhas mais obscuras e mais pesadas que os trabalhos anteriores. Uma pequena quantidade de adições sinfónicas, bem como elementos progressivos, fazem do estilo dos Veonity algo ultra-poderoso. Em termos líricos, as músicas de “Sorrow descrevem questões de traição, tristeza e solidão – todas cuidadosamente embrulhadas em um glorioso power metal de qualidade e que não cai na banalidade de clichês musicais. Não os conhecia e como são uma banda que está dentro de um dos meus estilos mais apreciados ficam já presos à minha playlist.

10/10
Miguel Correia

18 – Manticora – “To Live To Kill To Live”

ViciSolum Productions

É de coragem começar um álbum com um tema de quase quinze minutos. Revela confiança. Ou loucura. No caso dos Manticora e tendo em conta que o nível médio da qualidade dos seus lançamentos é bem elevado diria que se deve mais a confiança naquilo que a banda já veterana tem vindo a fazer nos últimos anos. Power metal progressivo com um poder metálico impressionante. A estrutura do álbum no posicionamento talvez seja desafiante, mas ainda assim, nada que não se entranhe rapidamente. Ao fim de pouco tempo será um dos melhores trabalhos de 2020 na vossa mente. E cá for a no “mundo real” também.

9/10
Fernando Ferreira

17 – Voracious Scourge – “In Death”

Massacre Records

Que brutalidade de estreia. A banda norte-americana tinha dado os seus primeiros ares de sua graça com um EP e um split, ambos editados em 2018 e agora regressam com um excelente álbum de estreia que deixa uma boa marca. Melodia e brutalidade sempre combinaram muito bem as duas juntas e neste caso onde há uma sobriedade no equilíbrio entre as duas, esse factor ainda é muito mais apreciado. Os Voracious Scourge podem não acrescentar nada ao death metal. Ninguém lhes pedia isso. Na realidade ninguém lhes pedia grande coisa mas tiveram algo bem fantástico. Claro que a partir daqui o nível de exigência será muito superior. Temos em crer que será correspondido.

9/10
Fernando Ferreira

16 – Demolizer – “Thrashmageddon”

Mighty Music

Para falar no género apresentado teríamos de contar aqui aquilo que muitos fizeram durante anos para que hoje fosse possível fazer esta review. Os dinamarqueses Demolizer, são simplesmente um arraso com o seu thrash metal old school, sem filtros, pujante e arrebatador… wow não tenho mais adjectivos para este disco! Acreditem que há muito não ouvia algo assim, tão fiel às linhas músicas do velho e sempre bem-vindo thrash metal feito por nomes como os Slayer ou Exodus, por exemplo! São nove faixas que nos tomam de assalto e até a “pequena” “Gore” de 49 segundos é algo único! Acredito muito no sucesso deste disco e desta banda!

10/10
Miguel Correia

15 – Dead Quiet – “Truth And Ruin”

Artoffact Records

Álbumzorro. E levanta uma questão muito pertinente para quem perde o sono com a colocação de rótulos. Será stoner, será doom, será sludge ou será tudo junto. Bem qualquer justificação serve porque de uma maneira ou de outra, ele acaba por estar tão bem em qualquer um dos três. Até hard rock vitaminado serve, pela forma como encaixa uma vertente vintage da década de setenta. Seja como for, este é um disco orgânico como julgávamos não ser poder ouvir hoje em dia. Um disco que nos fala ao âmago, que é imperfeito mas que é essa a imperfeição que o torna tão perto da perfeição. Dúvidas? Ouvir um tema como “Partial Darkness” e ficam desfeitas. Garantidamente.

9/10
Fernando Ferreira

14 – Onslaught – “Generation Antichrist”

AFM Records

Os veteranos thrashers do Reino Unido, estão de volta com um novo álbum intitulado “Generation Antichrist”, mais fortes do que nunca, num disco cheio de riffs furiosos, pesado e devastador! Poderia estar aqui a descrever pormenores de um disco sólido musicalmente, mas dizer que estamos perante um dos melhores álbuns de thrash até ao momento… Simplesmente, Onslaught!

10/10
Miguel Correia

13 – Lik – “Misanthropic Breed”

Metal Blade Records

Quando soube que os Lik iriam lançar um novo trabalho, imeditamente pensei/visualizei o mesmo na minha cabeça. Isto porque já sabia exactamente ao que iria soar. Não por ser extremamente clarividente e sobredotado de uma forma sobrenatural que consigo aceder a outras dimensões de forma a distorcer a quarta dimensão e transportar a minha consciência até ao futuro. É “apenas” death metal sueco. Death metal sueco, como mandam as regras. Sendo o terceiro aquele que supostamente define a carreira e som de uma banda devo dizer que para isso não precisavamos de “Misanthropic Breed”. A carreira e som da banda já estavam definidos desde o início, como a inevitabilidade do destino numa tragédia grega. Apesar dessa inevitabilidade, nem tudo é previsível, temos algumas melodias que são invulgares mas resultam muito bem – caso do curto tema-título instrumental, algo que se calhar poderão explorar mais no futuro. Ah, só falta dizer que é viciante.

9/10
Fernando Ferreira

12 – Núll – “Entity”

Ván Records

Mistura entre doom e black metal que nos chega de for a perfeita. De onde, de onde? Da Islândia, claro está. Melancolia opressiva e com melodias marcantemente épicas, algo que se distingue da concorrência em pouco tempo. Este é um trabalho que nos faz mergulhar num mundo à parte. Não exactamente um mundo positivo e agradável. Até um bocado inóspito mas que comparado com o que vivemos actualmente acaba por ser mais atractivo e belo. O abismo a olhar de volta para nós, sem que queiramos fugir ou seconder o olhar.

9/10
Fernando Ferreira

11 – Hymn – “Breach Us”

 Fysisk Format

O duo que compõe os Hymn é uma eferência no panorama norueguês. Ole Ulvik Rokseth e Markus Stole já trabalharam juntos (e com outros músicos) em muitos projectos mas a nós ficou-nos o álbum de estreia lançado em 2017, de seu título “Perish”. E dentro desse espírito, recebemos com agrado “Breach Us” que eleva o sludge/doom a um novo patamar de excelência. Não é imediato, não é bonito (é até algo feio, de uma forma bela – sendo que a beleza está sempre nos olhos de quem a aprecia) mas é bastante forte e sólido pelos mantras sonoros que nos vai deixando ao longo de quase quareneta minutos de música. Mantras que perduram para além deste período de tempo.

9/10
Fernando Ferreira

Cult Of Lilith – “Mara”

Metal Blade Records

Bomba! Com um EP apenas lançado em 2016, os Cult Of Lilith chegam à Metal Blade com um excelente álbum de estreia. Death metal técnico, inventive e acima de tudo bastante catchy. Normalmente “técnico” e “catchy” não fazem sentido juntas na mesma frase mas aqui é mesmo a forma perfeita de descrever. Chegamos até a ter um momento de flamenco na “Profeta Paloma”, só para dar um rápido exemplo. Recomenda-se a estreia dos fãs do estilo a colocarem os ouvidos sobre “Mara”, concorrente sério a surpresa do ano.

9/10
Fernando Ferreira

9 – Raven – “Metal City”

Steamhammer

Não esperávamos que uma banda com mais de quarenta anos (quase 50!) como os Raven apresentassem um álbum assim. Uma banda que nunca foi propriamente valorizada para o impacto que teve no thrash metal, por exemplo – muito antes do termo ter sido cunhado, já a banda andava a tocar à velocidade da luz como se não houvesse amanhã. Décimo terceiro trabalho e com uma vitalidade impressionante que nos faz pensar quase que estamos perante uns jovens cheios de energia. E consegue o feito de soarem fieis à sua sonoridade de sempre como também ter uma produção moderna que os coloca facilmente nos dias actuais. “Metal City” está cheio de malhões aos quais é impossível ter defesas. Impossível e inútil, para quê ter defesas de algo tão bom?!

9/10
Fernando Ferreira

8 – Tomorrow’s Rain – “Hollow”

AOP Records

Há muitas coisas que podemos destacar dos Tomorrow’s Rain. O facto de serem israelitas , o facto de terem passado pela sua formação músicos que tocam ou tocaram em bandas como Orphaned Land, Nail Within, Salem e Distorted, ou até mesmo o facto deste ser o seu álbum de estreia após quase vinte anos de carreira. Tudo isso daria para soltar uma bela dissertação, não fosso o som o ponto principal. Death doom melódico que tem aquele toque de metal gótico e que nos faz lembrar como os anos noventa foram bons. Claro que é uma questão de romantismo em relação ao que já foi, romantismo que tende a exacerbar a realidade das coisas. Mas isso não impede que tenhamos aqui um sólido álbum onde a emotividade anda de par em par com o peso metálico, um equilíbrio que é fundamental para quem gosta da mistura destes quatro mundos (melodia, peso do death, arrastar do doom e os ambientes góticos). Tudo funciona bem.

9/10
Fernando Ferreira

7 – Attick Demons – “Daytime Stories, Nightmare Tales”

Roack Of Angels Records

Este álbum dos Attick Demons era esperado com grande ansiedade pelos fãs. Quatro anos após o lançamento de Let´s Raise Hell, é o primeiro álbum de originais gravado com Ricardo Oliveira na bateria e, já durante as gravações, tornou-se no primeiro álbum da banda sem o Luís Figueira na guitarra, substituído por Dário Antunes. É, assim, um álbum de mudanças, que começa por apresentar uma capa bem diferente das anteriores, que nos remete para um imaginário de contos e histórias, e um grafismo a fazer lembrar outras épocas, de clássicos como Helloween ou Dio.

Mas, vamos à música… O álbum é composto por nove temas, com letras bem diferentes daquelas a que estávamos habituados, e temáticas que vão desde um contrato com o Diabo a amizades que se perdem. São temas orelhudos, de refrões que se cantam facilmente e que ficam na memória.

“Daytime Stories, Nightmare Tales” apresenta uma bateria forte, rápida e consistente, o que não nos surpreende, vindo do Ricardo Oliveira. A guitarra de Nuno Martins parece mais solta, com um som mais “aberto”, menos “tímida” o que, em conjugação com o estilo dinâmico e melódico de Dário Antunes, faz com que a dupla de cordas funcione na perfeição. Sobre o baixo de João Clemente pouco mais se pode dizer do que excelente! Um álbum longe do conceptual “Atlantis” e bem diferente de “Let´s Raise Hell”, “Daytime Stories, Nightmare Tales” tem uma sonoridade mais hardrock, na qual a voz de Artur se enquadra na perfeição. Aliás, há momentos neste álbum, em que Artur Almeida atinge notas e tons que, enquanto seguidora da banda, nunca tinha visto acontecer.

Não perdendo a sua identidade ou a raiz NWOBHM, sente-se que a banda explorou outras influências, e ao longo da escuta conseguimos identificar sonoridades mais melódicas que nos remetem para o mundo do Symphonic /Power Metal.

“Daytime Stories, Nightmare Tales” é um excelente álbum, que mais uma vez mostra que os Attick Demons são uma das bandas referência do heavy metal nacional.

9/10
Rosa Soares

6 – Napalm Death – “Throes Of Joy In The Jaws Of Defeatism”

Century Media

Considerados os grandes percussores do Grindcore e quase com 40 anos de carreira os Ingleses Napalm Death estão de volta com o seu novíssimo álbum ‘Throes of Joy in the Jaws of Defeatism’. ‘Throes of Joy in the Jaws of Defeatism’ tem tudo para ser uma imponente e imparável arma de destruição tal não é o seu poder sonoro e lírico. Tal como nos foram habituando ao logo da sua carreira os Napalm Death tentam sempre inserir na sua musica uma mensagem carregada de teor politico e anti-sistema e uma vez mais isso acontece com uma firme e directa critica a uma generalizada e perigosa perda de respeito pela vida humana por esse mundo fora. Em termos musicais ‘Throes of Joy in the Jaws of Defeatism’ oferece-nos como não poderia deixar de ser, uma polida e insaciável torrente de Grindcore/Punk Hardcore onde sobressaem os vividos, sólidos e robustos riffs acompanhados por soberbos e frenéticos ritmos de bateria, um especial destaque para a fantástica sequencia ‘Backlash Just Because’, ‘That Curse Of Being In Thrall’ e ‘Contagion’. Mas os Napalm Death não se ficaram por aqui, ‘Throes of Joy in the Jaws of Defeatism’ brinda-nos também com uma espécie de homenagem ao Post-Punk Britânico muito na onda de Killing Joke na faixa ‘Amoral’ e duas surreais e angustiantes viagens ao mundo do Industrial/Noise em ‘Joie De Ne Pas Vivre’ e ‘A Bellyful Of Salt And Spleen’. Até no brilhantismo e modernidade da arte gráfica ‘Throes of Joy in the Jaws of Defeatism’ mostra a sua excelência, uma verdadeiro marco de 2020.

9/10
Jorge Pereira

5 – Vacant Eyes – “A Somber Preclusion Of Being”

Edição de Autor

Mesmo que se olhe com desconfiança para uma banda quando edita o seu álbum de estreia– porque há quem tenha especial resistência em chamar de excepcionais álbuns de estreia menos quando esse trabalho é reconhecido por (muitos) terceiros e/ou aclamados universalmente – não podemos negar aquilo que ouvimos. Não tendo problemas de audição, não precisamos disso para verificar que este primeiro álbum dos Vacant Eyes (que começou como uma one-man band em 2011), é de uma qualidade fantástica. Funeral doom emocional a fazer lembrar um bocado o estilo dos filandeses Shape Of Despair mas apresentando dinâmicas fortes e distintas que elevam a fasquia em muito. Mesmo que não seja reconhecido um clássico daqui a uns meses/anos, para nós é indiscutivelmente um dos álbuns do ano de 2020.

9.5/10
Fernando Ferreira

4 – Evoke – “Seeds Of Death”

Pulverised Records

Hoje viemos celebrar o primeiro lançamento inteiro dos Evoke. Formados em 2016 na Noruega, os Evoke são um trio de thrash/speed que apresenta em Setembro o seu primeiro álbum. E é definitivamente um excelente começo para esta banda. O estilo de thrash apresentado em Seeds of Death é um mais a puxar para o old-school e fá-lo mantendo-se sempre fresco. Ritmo acelerado de bateria, trabalho de guitarra que, mais uma vez, se mantém numa vertente nostálgica na medida em que acompanha literalmente tudo com riffs e solos viciantes sem ser um daqueles casos em que assume completamente o protagonismo, e um vocal tanto rouco como limpo ao mesmo tempo. Literalmente, não há nada que desgoste neste álbum, até a capa do mesmo é excelente e encapsula a sonoridade deste álbum. É tudo um ataque de ansiedade massivo e é nisso que a banda ganha com o seu estilo rápido de metal. Este é um daqueles casos em que é recomendação máxima para ouvir de tanta energia thrash que este álbum transmite.

10/10
Matias Melim

3 – Thurisaz – “Re-Incentive”

Edição de Autor

O meu primeiro contacto com os Thurisaz não foi o mais recomendável. Apesar de já ter ouvido falar da banda (desta mesmo e não da outra que tem a fonética semelhante), o primeiro álbum que ouvi foi o acústico/sinfónico de 2015, “Live & Acoustic”. Apesar de não representar bem o som base da banda, sem dúvida que é representativo da capacidade melódica e melancólica que têm. Abrangência. Algo que serviu para ficar logo fã. Portanto este regresso depois de cinco anos de ausência era mais que aguardado. E não fiquei desiludido. Temos um black/death metal atmosférico e melódico que nos consegue atingir em cheio nas nossas apetências melódicas. Começa logo com um épico de dez minutos que nos conquista automaticamente. “In-Balance” é fantástico, trazendo para cima da mesa uma série de emoções diferentes, uma espécie de montanha russa que acaba por se prolongar por todo o álbum. Talvez esteja apenas entusiasmado mas quase que posso apostar que este é o álbum mais marcante de toda a carreira da banda, pela forma como puxa para ouvir do início ao fim e também para voltar a repetir a dose. Fantástico!

9.5/10 
Fernando Ferreira

2 – The Ocean Collective – “Phanerozoic II: Mesozoic | Cenozoic”

Metal Blade Records

Os The Ocean, como se designam nos últimos temos, The Ocean Collective estão de volta e a expectative é um misto. Grande devido a ser uma banda que praticamente não tem nenhum trabalho mau (é sempre discutível mas é inegável que é uma discografia de luxo dentro do género em que se inserem) e mesmo quando se tem, nalgum acesso de loucura, a sensação de que não há muita forma de nos conseguirem surpreender, acabamos sempre por ter de comer as nossas palavras. “Phanerozoic II: Mesozoic | Cenozoic” segue precisamente a formula de “Phanerozoic I: Palaeozoic”, com a fusão de sludge e pós-metal, só que mais do que cumprir rigorosamente à letra as especificidades deste ou daquele género, o que sentimos é que estamos perante música intemporal e até mesmo universal que nos eleva para além do que é suposto sentirmos num simples trabalho musical. A voz, se antes tinha alguma resistência a ela, aqui surge inseparável – ainda que o trabalho se sustente de igualmente forma e excelência sem a mesma – do impacto que fica após poucas audições. Não são precisas muitas para se ficar apaixonado por isto nem para achar que está aqui um dos discos do ano.

9.5/10
Fernando Ferreira

1 – Dogma – “Mallevs Malleficarvum”

Ethereal Sound Works

A expectativa era grande para o segundo álbum dos Dogma. A estreia tinha sido ambiciosa e já recebeu da nossa parte um enorme louvor, tendo sido uma das grandes surpresas de 2017. Não podemos dizer que agora seja uma surpresa, até porque como disse, a expectativa era grande, mas ainda assim conseguiu surpreender. Pela positiva, claro. A compomente teatral é fundamental no conceito da banda e é esse elemento que faz com que este álbum seja muito mais do que uma colecção de músicas com destaque para este ou aquele pormenor. Tal como qualquer obra artística que se preze, tem de ser ouvida e apreciada por inteiro. Isso não impede de destacar uma série de temas como “Aqua Benedicta”, “O Ser Do Nada” e “Deus Assassino” (este ultimo, o primeiro tema que ouvimos do trabalho nos concertos que a banda deu no ano passado), como representativos de uma enorme qualidade que se estende para além de uma hora. É inútil comparer este trabalho ou até mesmo aquilo que os Dogma fazem com quem quer que seja. Não é uma questão de ser original, é questão de ter uma alma única. Inigualável.

9.5/10
Fernando Ferreira

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