Filhos do Metal – Tarantula
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Rendido à potência dominadora do Heavy Metal, procurava encontrar todas as atividades que me permitissem conhecer mais bandas e novos sons, perante a escassez de soluções que a década de 80 padecia. Nesse deserto, existia um oásis de música ao vivo – o Rock Rendez Vous, em Lisboa. Numa das idas ao Nº175 da Rua da Beneficência para assistir a um concerto tive o primeiro contato visual com os Tarantula. Mesmo antes de os ver em palco, pude observar os músicos a subirem a rua nas suas vestes negras de pele (ou napa), com cabelos compridos. Aquela imagem impressionou-me e ficou para sempre marcada na minha memória. Os Tarantula representavam tudo aquilo que nós esperávamos de uma banda de Heavy Metal e eram Portugueses. O concerto foi, também ele, marcante. Aquela foi a primeira vez que vi a banda ao vivo. Na altura não imaginava que mais tarde viria a ter o privilégio de os conhecer pessoalmente e disfrutar do talento e simpatia daqueles músicos, mas acima de tudo dos excelentes seres humanos que são.
Numa altura em que os Tarantula comemoram 40 anos de carreira e lançam o seu 9º álbum de originais, é mais do que oportuno dedicar algumas palavras àquela que é uma das mais importantes bandas do Metal nacional. Para mim, os Tarantula são o mais relevante grupo de músicos Portugueses do género. Pioneiros, corajosos, persistentes, verdadeiros, talentosos, criativos, altruístas, simpáticos, profissionais e muitos outros adjetivos elogiosos que atestam a dimensão de um nome que extravasa a própria banda. A admiração e respeito que nos merecem assenta num trajeto de décadas dedicado à música e em particular às sonoridades mais pesadas. Criaram músicas de elevada qualidade, que reuniram em álbuns apelativos. Ofereceram prestações ao vivo memoráveis, sempre com atenção aos pormenores técnicos e estéticos. Ajudaram imensas outras bandas a crescer e a serem melhores músicos. Espalharam uma aura de assertividade e humanismo. Com os Tarantula dignificaram o Heavy Metal Português cá e em outros países. Com a escola e o estúdio Rec’n’Roll fabricaram talento e lapidaram alguns diamantes da história do Metal em Portugal. Tudo feito com dedicação e sem concessões. Desde o álbum de estreia “Tarantula” até ao atual “Thunder Tunes From Lusitania”, a música que compuseram e as mensagens que espalharam, foram sempre de elevado nível e com positividade, enaltecendo o país de origem. Atingiram a maturidade, e isso está patente no novo álbum. Uma produção irrepreensível que suporta músicas inteligentes com riffs perfurantes, ritmos ponderados e bem construídos. A essência das canções espalha o seu perfume, vaporizado pela voz sempre cativante.
Foi todo esse potencial que me atraiu e me levou a convidá-los para concertos e festivais que realizei. O resultado foi sempre sublime. Mais do que uma vez nos cruzámos em concertos, quando bandas com quem trabalhei partilharam o palco com os Tarantula. Uma dessas ocasiões levou-nos aos Açores, a qual recordo com saudade. Sempre com humildade e simpatia, o Luis, o Paulo, o Jorge e mais tarde o José souberam e sabem fazer do Heavy Metal, não só a música que todos adoramos, como também um polo de união, com qualidade e criatividade. 40 Anos são uma vida de dedicação. Parabéns pelo esforço e espero que nos cruzemos de novo dentro em breve.
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