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WOM Reviews – Scour / Nathr / Uthullun / Pest / Hadopelagyal / Thorybos / Dodenkrocht / Taake / Helheim / Hörnhammer

WOM Reviews – Scour / Nathr / Uthullun / Pest / Hadopelagyal / Thorybos / Dodenkrocht / Taake / Helheim / Hörnhammer

Scour – “Black”

2020 – Nuclear Blast

Apesar da Nuclear Blast ser uma editora com um alcance muito grande e vasto, confesso que não esperava algo tão selvagem como o que os Scour apresentam. “Doom” é um tema que ainda tenta enganar no início, com uns riffs a fazer lembrar coisas mais industriais mas depressa estala a bela da riffalhada em tremolo picking e fica logo tudo esclarecido. É black metal e do bom. Com um certo quê de Anaal Nathraakh, é um assalto aos sentidos e que poderá apreciar tanto os fãs de black metal como os de grind – a abordagem vocal parece ir na maior parte das vezes nessa direcção. Depois de “Grey” e “Red” (pela Housecore de Phil Anselmo) chega “Black” a deixar o apetite para um álbum.

9/10
Fernando Ferreira

Nathr – “Beinahrúga”

2021 – Signal Rex

Em primeiro lugar: já comentei aqui que “Funeral Harvest”, dos Funeral Harvest, foi um dos meus lançamentos preferidos de 2020?! Tendes que ouvir estes rapazes… Tremendos! Agora imaginem, dois membros de F.H. (voz e bateria), mais o Northr (guitarras, baixo, teclados, paisagens sonoras). Qual será o resultado? Não é Black Metal, mas acredito que ninguém esperava que fosse depois de ler o press release da Signal Rex, mas não imaginei que fosse gostar tanto. Metal-Archives diz que é Blackened Funeral Doom Metal, ou o que quer que seja, para ser honesto. Os rótulos realmente fazem a diferença? Bem… essa é uma conversa muito diferente… foco, foco! Como dito antes, eu não esperava apreciar este lançamento tanto quanto apreciei, já que Doom não é a minha praia (clássico, é outra coisa), e Funeral Whatever Black Metal parece ir pelo mesmo caminho.

Mas ouvi, e descobri o lado Doomish deste pessoal. Eu sinto mais dinâmica, neste lançamento, do que na maioria do Doom Funeral Whatever Metal que encontro na internet. De certa forma, remete-me para alguns momentos que podemos encontrar em Defuntos (alguns momentos, apenas): lento e profundo, embora encerre a essência de um Black Metal mais melancólico. Ok, isso é Doom, Danny, não Black Metal. Exactamente! Mas flui tão bem, tão facilmente, tão correcto, percebeis? As vocalizaçõess são incríveis, na lógica de que são profundos e avassaladores; ainda assim, oferecem melodia e atmosfera. Os vocais trabalham juntamente  com os instrumentos, criando uma unidade, um som unido.

Não nos esqueçamos dos sintetizadores, aqueles pequenos detalhes quase imperceptíveis que “elevam” a Música para um patamar superior (ou inferior, se estivermos a falar de Black Doom Metal), preenchendo aqui e ali, proporcionando uma parede completa e mais espessa de som. Surpresa agradável.

8/10
Daniel Pinheiro

Uthullun – “Dirges For The Void”

2020 – Wolves Of Hades Records

“Sunless”, o EP lançado no ano passado abriu o caminho para esta estreia da one-man band americana. One-man band enigmática, o que também já é comum mas até aprecio pelo facto de obrigar a que se concentre atenções na música. Ora Uthullun move-se pelo campo do black metal levemente contemplativo e mais interessado em criar ambientes do que andar a correr a mais de mil quilómetros por hora – embora tenhamos alguns momentos de intensidade por aqui. A coesão destes temas é assinalável mesmo que se note que no contexto geral, a toda seja toda semelhante, algo que tanto pode jogar contra como a favor. Para quem gosta de black metal com algumas dissonâncias. Pequena nota, este álbum foi lançado de forma digital e é agora lançado em vinil. Lembram-se dos tempos em que tínhamos lançamento de trabalhos apenas em vinil? O mundo dá mesmo voltas.

7.5/10
Fernando Ferreira

Pest – “Ad Se Ipsum”

2002/2020 – Ketzer Records

Os Pest são um nome de culto do black metal alemão e este “Ad Se Ipsum” é o seu segundo trabalho. Black metal cru e sempre com um contexto medieval no seu conceito, musicalmente é quase minimalista na forma como o seus riffs em loop conseguem criar uma aura hipnótica bem conseguida. Claro que é um gosto adquirido, já que não há aquela atracção imediata para quem seguia a segunda vaga escandinava atentamente, mas é esse também o seu principal ponto de atracção. Esta é uma reedição que interessa particularmente aos fãs da banda já que traz algumas versões demo que só tinham sido disponibilizadas na compilação “Nekrolog”.

7/10
Fernando Ferreira

Hadopelagyal / Thorybos – “Conjuring Subterranean Vortex”

2020 – Amor Fati Productions

Segundo split dos Hadopelagyal neste ano de 2020 e terceiro lançamento em geral da sua carreira. Novatos, certo? Sim, de certa forma mas longe de serem inexperientes já que o duo por trás da banda participa noutros projectos. Mas ainda assim, a forma como se apresentam faz com que sejam uma entidade a ter em conta. Do outro lado do split temos Thorybos, uma banda bem mais experiente – essa sim – e com uma longa discografia. Com o seu lado death metal a estar mais assente do que a sua companheira de disco, o lado dos Thorybos mantem a mesma aura negra e densa embora, explorando-a de outra forma. No geral são duas diferentes faces da mesma moeda que resultam na ilustração perfeita daquilo que a capa evidencia.

7/10
Fernando Ferreira

Dodenkrocht – “The Dying All”

2020 – Auric Records

Os misteriosos Dodenkrocht estão de volta aos álbuns após quatro anos de espera. Não seriam expectáveis mudanças musicais e efectivamente elas não surgem. As ambiências continuam cá assim como os andamentos mais compassados que reforçam a atmosfera tétrica que se pretende criar. E consegue. Ainda que por momentos a nossa atenção possa divergir em temas mais longos como “And The Abyss Was Silent”, temos outros mais mais dinâmicos que compensam esse impacto. Confesso que não é um trabalho que tenha entrado à primeira. Nem à segunda, mas com algumas audições, a sua eficácia vai crescendo. Recomenda-se que se dê a devida hipótese.

6.5/10 
Fernando ferreira

Taake / Helheim – “Henholdsvis”

2021 – Dark Essence Records

Antes de mais, fica a ideia que o COVID trouxe algo de bom: o Hoest não parou de lançar Splits e o raio! Mas foquemo-nos naquilo que aqui nos trouxe hoje: o Split entre estas duas bandas norueguesas. Uma tradução muito rough, do título deste trabalho, resultou na palavra “Respectivamente”, só assim em jeito de curiosidade. Verdade é que, os Helheim arriscam aqui – e bem – uma malha de Taake (“Orkan”), para de seguida darem a sua visão de um tema de Emperor (“Heksesabbat”). Não sou grande conhecedor de Helheim, mas do muitíssimo pouco que conheço, considero bastante agradável. Neste trabalho partilhado, não falham. Excelentes executores de duas malhas com história na cena norueguesa de Black Metal.

O lado destinado ao Taake traz-nos mais de Taake… claro. Não, a sério. A verdade é que o Hoest tem trabalhado que nem um maluco desde que o vírus estourou (Split com Whoredom Rife e Deathcult), e temos aqui mais uma mostra da política criativa do homem. Que dizer? Dois temas, bem valentes e reminiscentes do que Hoest nos tem dado nos últimos trabalhos. Os Taake já soam a Taake, que é o melhor elogio que lhes posso fazer, I guess!

Ambos os lados do vinil estão equilibrados (sendo que o lado Helheim rodou com outro entusiasmo, deste lado), mostrando que os bons, bons se manterão.

6/10
Daniel Pinheiro

Hörnhammer – “Visions Of Storm“

2017/2018 – Vacula Productions

One-man band italiana e o seu segundo álbum, um trabalho que pega naquilo que o underground do black metal tem andado a mostrar ao mundo nas últimas décadas. Sem nos deixar particularmente entusiasmados, este é um álbum que dificilmente nos vamos de lembrar mesmo que tenham alguns riffs interessantes. No entanto no geral acaba por não chamar a atenção e a ficar esquecido nos confins de 2017. Mesmo tendo sido repescado em 2018.

5/10
Fernando Ferreira

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